Em uma semana tudo virou de cabeça para baixo. Como não aceitei um acordo com a Big Hit, nosso caso iria a julgamento. Eu estava tranquila quanto a isso, pois meus advogados asseguraram que eles não podiam me obrigar a ceder nada.
Jungkook tinha se envolvido em um acidente de carro - eu evitava entrar na internet, mas em todos os lugares só se falava disso - que não foi grave, mas para mim era como se tivesse sido. Eu tentava não me apegar e me preocupar, mas quando ia dormir ficava tramando um jeito de conseguir informações de algum dos meninos. Eu tentei mandar mensagens e ligar, mas aparentemente eles tinham me bloqueado.
O que acabou abalando meu emocional de fato, foi que alguém tinha vazado informações à Dispatch sobre minha briga judicial com a Big Hit. Não havia muita informação e não falava exatamente sobre isso, mas tinha chegado a conhecimento público que ‘’aparentemente’’ eu não fazia mais parte da empresa e que a Big Hit tinha me boicotado da indústria musical coreana. Os boatos também se estendiam para o ‘’pagamento de multas abusivas’’. Eu achei que isso causaria uma nova onda de hate, pois os fãs tendem a defender o grupo com unhas e dentes, e isso inclui qualquer coisa que tenha a ver com o seu trabalho e principalmente quando se trata de punir a ‘’namorada’’ do Jungkook que se aproveitou da fama dele, mas, para minha surpresa, tinha uma parcela do army me defendendo.
A partir daí, as teorias do que estava acontecendo de fato não paravam de surgir, e algumas até que acertavam. Uns diziam que eu iria comprar a Big Hit, ou que eu era uma espiã, e já outros iam pelo lado de que a Big Hit estava separando nós dois, o que não estava errado. O acidente só contribuiu para aumentar ainda mais as teorias. A mais falada era de que a Big Hit tinha forjado isso para desviar a atenção do army sobre o assunto do namoro. Eu até que queria acreditar nisso, mas não podia me apegar em uma teoria criada por pessoas que diziam que eu era uma espiã da YG.
De qualquer forma, alguém tinha vazado essa história. Eu não fazia ideia de quem era, mas aparentemente essa pessoa era amiga, pois só divulgou informações que faziam da Big Hit a vilã da história.
Eu já estava cogitando seguir o conselho de Jiyong e ir para os Estados Unidos. Ele conhecia pessoas lá e eu poderia ir para esse caminho. Eu também podia tentar entrar em alguma empresa pequena do k-pop, mas isso era um gatilho enorme para mim. Eu não tinha forças para começar tudo de novo do zero, sem contar o fato de que as emissoras coreanas e japonesas não iriam promover o grupo pelo fato de eu ser a produtora deles.
Eu me arrastava entre os dias e minha única válvula de escape eram as músicas. Eu podia vendê-las facilmente, e não sei o porquê, mas esse pensamento me deixava menos ansiosa. Acho que porque me dava a sensação de autonomia e de que eu não precisava tomar um rumo já.
Eu havia acordado muito cedo naquele dia, pois tinha conseguido dormir um pouco. Eu não tinha horário para dormir, na verdade. Só tinha sonos curtos ao longo do dia, e já tinha me acostumado com isso.
Me arrastei até a cozinha e preparei um café, ainda sonolenta. Peguei meu kindle que estava jogado em cima da mesa, e decidi ler enquanto tomava o café e tentava acordar totalmente. Enchi minha caneca e tomei um gole, abrindo o livro que estava lendo na tarde anterior - Mulheres Que Correm Com Os Lobos -. Eu estava prestes a começar minha leitura quando meu celular tocou em cima da mesa.
Jin?
Meu coração começou a palpitar. Fiquei tão eufórica com a possibilidade de poder conversar com ele, de poder ouvir a voz de algum dos meninos, que nem me importei com qual poderia ser o assunto.
-Jin! - Atendi, sentindo um pouco de vida em minha voz, finalmente. Era como se um pequeno feixe de luz solar estivesse entrando pela minha janela pequena e escura.
-É o Jungkook.
…
Era… Ele mesmo?
Não podia ser.
Tantas emoções diferentes tomaram conta de mim assim que ouvi sua voz doce, que meu coração falhou uma batida.
Era a voz dele.
Eu estava triste e feliz ao mesmo tempo, incrédula, confusa, com medo, com raiva, mas principalmente e acima de tudo, com saudades. Eu desejei mais do que tudo poder entrar no celular para abraçá-lo apenas mais uma vez. Senti que ia desabar ali mesmo, naquele instante, sem nem saber o que ele tinha para falar.
-S/n, me escute com atenção - Ele disse de forma apressada e cautelosa - Você está aí? Está me ouvindo?
-Sim… - Respondi com a voz falha. Tinha tanta coisa que eu queria dizer a ele, perguntar, xingar, gritar, mas tudo o que eu consegui dizer foi um ‘’sim’’ sussurrado e confuso.
- Vamos para Busan comigo hoje. Agora. Vamos passar o dia juntos - Falou com firmeza.
-Kookie… - Eu nem sabia por onde começar. Aquilo era loucura. Ele não tinha terminado comigo?
-Eu sei que eu terminei com você de um jeito horrível, mas... S/n, tem tanta coisa que eu quero te falar... - Sua voz ficou vacilante - Por favor, vamos para Busan. Só hoje. Vamos ter um dia normal, sem seguranças, sem nos esconder…
-Jungkook, você ficou louco?
- Talvez - Ele respondeu sério - Mas eu não me importo. Não estou nem aí. Também não estou nem aí se vão nos ver… Eu já te perdi mesmo. Acho que merecemos ao menos uma despedida - Sua voz falhou novamente e ele deu uma pausa antes de continuar - Vou entender se você não quiser...
Engoli em seco e fechei os olhos. Talvez aquilo fosse piorar tudo. Não com a Big Hit, mas comigo mesma. Eu não sei se conseguiria me despedir de Jungkook. Não sei se seria capaz de soltá-lo depois ou de ver ele se virando outra vez, sorrindo, dessa vez sabendo que não o veria mais.
Mas meu coração queria muito encontrá-lo de novo.
-Eu quero - Tentei manter minha voz firme, em vão.
-Tudo bem - Disse de forma eufórica. Eu podia jurar que ele estava sorrindo do outro lado da linha - Me encontre na frente do Hotel Dongdaemun em meia hora. Vamos no seu carro. Ninguém conhece a placa.
-Tudo bem - Respondi, ainda atordoada com aquilo. Eu era incapaz de reagir, não estava acreditando. Era real?
-Eu preciso ir, tenho que devolver o celular do Jin. Eu te encontro daqui a pouco, ok?
-Ok…
-Então até daqui a pouco - Ele ficou ofegante e desligou.
Fiquei alguns segundos paralisada, segurando o celular contra o peito, ainda ouvindo a voz dele ecoar na minha cabeça.
Eu ia vê-lo? Ou aquilo era algum tipo de armadilha? Jungkook não faria isso… De qualquer forma, eu tinha que tirar a prova. Eu me sentia uma idiota, porque afinal, ele tinha me deixado, e ainda assim, se houvesse um por cento de chance de revê-lo, eu iria atrás, mesmo depois de tudo. Eu queria explicações, mas também queria apenas abraçá-lo de novo em silêncio.
Me apressei e me arrumei rapidamente, ainda tremendo de ansiedade. A cada minuto aquilo parecia mais real: eu ia encontrar Jungkook.
Dirigi o mais rápido que pude, e foi a primeira vez que eu prestava atenção na rua enquanto dirigia nervosa. Eu estava cinco minutos atrasada e com certeza ele já estava lá. Assim que entrei na rua do hotel, senti meu coração acelerar. E se não fosse ele quem estivesse lá? E se fosse algum atirador? Ótimo, eu só esperava que fosse indolor.
Andei vagarosamente com o carro, procurando Jungkook. Minhas mãos começaram a suar assim que cheguei perto do hotel. Meu coração disparou e abri um sorriso com os olhos marejados, sentindo um enorme alívio assim que vi de longe sua silhueta impaciente, me esperando. Me curvei sobre o volante e tive que me controlar para não perder o controle. Ele estava usando suas típicas roupas pretas e seu chapéu, junto com uma máscara, olhando agitado para ambos os lados da rua. Acelerei e parei do outro lado, sem saber se chorava ou se sorria.
Kokie veio correndo até a porta do passageiro e a abriu de forma apressada. Ele mal fechou a porta e me envolveu em seus braços finalmente. Eu senti toda a minha angústia e tristeza indo embora, ainda não acreditando que ele estava ali.
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