Stigma
S/n ponto de vista:
- Você, o que faz aqui? – Perguntei ao homem a minha frente. – Chanyeol, não é?
- Sim, e respondendo sua pergunta, eu dou aula aqui.
- Aulas? Nessa universidade? – Apontei para a construção ao lado.
- Exato, sou professor de filosofia, dou algumas aulas para os alunos de direito. – Sorriu.
- Você deve ser professor do Ren então.
- Ren? – Indagou – Assim, Choi Ren, agora me lembrei. Ele é um ótimo aluno, muito calado, mas parece saber de tudo.
- Não me surpreende, parece bem o perfil dele mesmo. – Ri
- Você está graduando em que?
- Medicina.
- Interessante, mas algo me diz que você não é coreana. – Olhou para mim dos pés à cabeça e sorriu. – Intercambista?
- Adivinhou. – Disse. – Sou brasileira.
- Brasil? Que legal, tem um tio meu que é brasileiro, estou pensando em passar as férias lá. Vai ser bom levar o Jung-Su para conhecer outro país.
- Seu filho?
- Sim. – Começou a sorrir – Talvez pudesse ir conosco, aproveitaria para ver sua família.
- Seria bom. – Me animei com a ideia de vê-los. – Mas acho que não vai dar.
- E por que não?
- Estou sem dinheiro para ficar viajando. – Abaixei a cabeça meio decepcionada.
- Eu estou convidando, eu pago. – Falou
- O que? Nem pensar, não quero causar problema. – Me espantei com suas palavras, nós nem nos conhecíamos direito e ele já queria me pagar uma passagem de avião, que absurdo.
- Qual o problema? Não é tão caro assim. – Deu de ombros. – Além disso, você parece gente boa, adoraria te ajudar a ver sua família. – Me lançou um sorriso simpático.
- Bem, eu agradeço, mas ainda não tenho certeza. – Disse, estava meio sem graça por sua gentileza.
- Tudo bem, temos tempo ainda, até lá vou ficar esperando sua resposta. – Piscou para mim.
- Obrigada Chanyeol. – Sorri.
- Chega de agradecer, o prazer é meu. – Riu o que me fez rir também.
Enquanto eu e o Park trocávamos ideias senti algo me incomodando, uma pergunta que não saia da cabeça, “onde está Taehyung? ”
Taehyung ponto de vista:
Acabei abandonando S/n sozinha quando vi algo estranho em uma encruzilhada que ficava entre dois prédios velhos em frente a universidade. Não era nada muito nítido, mas jurava ter visto algo nos observando, só que quando olhei de volta tinha sumido.
Tentei perseguir a tal figura e quase fui atropelado, não que isso importasse muito para mim, mas fatos a parte, acabei perdendo de vista e me encontrei encurralado.
- Será que atravessou a parede? – Me perguntei olhando para todos os lados, não havia como escapar então como desapareceu? – Estranho.
Estava pronto para voltar, mas algo me impediu, era um cheiro ferroso e muito forte por sinal que se impregnava nas minhas narinas, olhei para os lados para ver o que era e me surpreendi com a vista nojenta ao meu lado.
- Sangue? – Haviam várias posas daquele liquido viscoso e algumas moscas pairavam por cima atraídas pelo cheiro mofado.
Não estava entendendo como tudo aquilo foi parar ali, mas comecei a me sentir mal e algo em mim gritou para que eu voltasse correndo para a S/n, e bem, foi o que fiz.
Corri mais rápido do que eu achei que era possível, e quando vi sua figura parada conversando com alguém, senti um alivio percorrer o meu corpo.
- Ainda bem. – Suspirei, comecei a andar em sua direção, mas parei assim que vi com quem ela estava conversando.
- Chanyeol, Park Chanyeol? – Me perguntei. – Droga, será que são amigos? Isso vai dificultar tudo agora, não posso deixar que ele me veja. – Passei a mão pelo meu cabelo com raiva. – Preciso continuar morto para ele.
S/n ponto de vista:
Assim que Chanyeol foi em bora vi a silhueta de Tae se aproximando.
- Taehyung, onde foi?
- Tinha que resolver uma coisa. – Coçou a nuca constrangido. – Desculpa.
- Tudo bem, mas o que você poderia resolver naquele prédio abandonado. – Cruzei os braços. – Quer dizer, se não se importa em falar, é claro.
- Falar com um colega sobre nosso projeto. – Disse, eu não acreditei nele, mas mesmo assim concordei.
- Ok. – Falei. – Quer ver um filme comigo? Comprei pipoca e já até separei o CD.
Ele pareceu pensar sobre o assunto.
- Por favor. – Completei com os olhos pidões.
- Está bem, está bem. – Suspirou. – Mas só por eu ter ti deixado plantada aqui.
- Valeu Taehyung. – Sorri.
- De nada baixinha. – Riu.
Quando chegamos no meu apartamento coloquei a pipoca no micro-ondas e pedi para Taehyung colocar o filme enquanto eu ia no banheiro.
Liguei a torneira e joguei um pouco de água no meu rosto para me deixar acordada, queria conseguir ver o final do filme sem que o cansaço me atrapalhasse. Quando fui pegar a toalha para enxugar gritei ao olhar no espelho e me deparar com o meu rosto todo vermelho, o cheiro era horrível e me lembrava das aulas práticas e as visitas ao hospital, aquilo era sangue, muito sangue.
A torneira jorrava o liquido viscoso fazendo com que a pia branca se manchasse de vermelho, comecei a ficar desesperada olhando para aquela cena grotesca e apavorante.
- Taehyung. – Gritei – Kim Taehyung!
Ouvi a porta se abrir com um estrondo e vi um Taehyung ofegante entrar correndo.
- S/n! O que aconteceu? – Me puxou para os seus braços.
- Sangue! – Apontei para torneira sem ter coragem de abrir meus olhos.
- Do que está falando?
- Tem sangue saindo da torneira, olha para o meu rosto! – Disse desesperada.
- Não tem nada no seu rosto S/n. – Abri meus olhos e me surpreendi ao ver que ele estava certo, meu reflexo mostrava meu rosto molhado por água e a torneira escorria aquele liquido transparente, mas nada estava vermelho, somente minhas bochechas coradas.
- Não é possível, eu juro que tinha visto! Tinha tanto sangue e cheirava tão mal. – Falei ainda com medo, por um segundo vi espanto em seus olhos, mas logo sua expressão voltou ao normal.
- Você deve ter imaginado isso, deve estar muito cansada de estudar aqueles vasos sanguíneos e acabou vendo o que não era para ver.
- Mas era tão real...
- A mente humana gosta de pregar truques, não se preocupe, um pouco de sono vai te fazer bem. – Acariciou minha cabeça.
- Obrigada Tae, mas e o filme? – Perguntei.
- Deixamos para próxima.
- Está bem. – Suspirei. – Acho que vou dormir um pouco então.
- Faça isso, vou deixar que descanse. – Antes que ele pudesse sair eu o puxei.
- Você pode ficar aqui hoje? Estou um pouco abalada ainda. – Pedi e ele sorriu.
- Claro.
Ponto de vista Taehyung:
Estava no sofá do apartamento da S/n pensando nos ocorridos de hoje, não acho que foi coincidência eu ver algo nos observando e depois aparecer todo esse sangue. Não sabia bem o que estava acontecendo, até mesmo porque Myung- Soo não estava aqui para me ajudar, mas podia chutar que a sombra está por perto e eu tenho que começar a agir.
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