História Na calada da noite - Im what?

Na mansão Malfoy o clima estava pesado. Narcisa encarava Snape como se estivesse tentando decifrar sua alma, os dois se encontravam no salão principal da casa falando aos sussurros para que mais ninguém ouvisse a conversa. Uma hora havia se passado desde que Severo chegará à mansão para tratar de assuntos extremamente importantes, assuntos que ninguém poderia saber.  

         Escutaram passos do lado de fora, Snape se levantou rapidamente e com passos calmos se dirigiu a porta abrindo-a e dando espaço para que Draco pudesse adentrar o local. Narcisa estava sentada no sofá localizado ao centro, bateu a mão em seu assento indicando o lugar em que o garoto deveria se sentar. Draco não estava entendendo nada, havia recebido um recado de Dumbledore para que voltasse imediatamente a sua casa, sua mãe estaria o esperando para uma reunião de extrema urgência.  

         -Draco! – sussurrou Narcisa abraçando o filho lateralmente – precisamos conversar com você.

         Draco estava desconfiado, o que poderia ser agora? Analisou o rosto de sua mãe e percebeu seu olhar preocupado, sua boca tremia levemente e passava as mãos freneticamente por suas vestes. Passou o olhar para Snape que estava sentado na poltrona a sua frente, o homem parecia calmo e assustador como sempre. Voltou seus olhos para sua mãe e assendiu dando a oportunidade de Narcisa continuar.

         -Temos uma coisa importante para revelar á você filho mas preciso que prometa não contar a ninguém, nem mesmo ao seu pai. – Draco concordou com a cabeça, isso já estava deixando-o apreensivo.

         -Draco, existem bruxos que nascem com capacidades maiores e melhores que outros bruxos de realizar certos feitiços e existem também bruxos que possuem certos poderes que não são redirecionados a outras pessoas. Bruxos com poderes “especiais” precisam saber usá-los e controlá-los para que não haja suspeitas de que eles o possuem. – Draco se remexia desconfortavelmente, o que ela estava querendo dizer?

         -Há algum tempo venho desconfiando de que você possui um desses poderes especiais. Pedi para que Snape me ajudasse a descobrir se realmente você os tem em seu sangue. E bom, descobrimos que você é um Poverzat.

         -Eu sou O QUE?

Foi como levar um soco na cara, aquilo caiu como peso sobre Draco, ele já não tinha problemas o suficiente não é, agora ele era o que? Um Poverzat? Mas que porra de nome era esse? Levantou-se irritado ficando de frente para Narcisa. Cerrou os dentes em desaprovação e começou a andar de um lado para o outro, Snape permaneceu sentado olhando cautelosamente o garoto. A mulher levantou e delicadamente pousou a mão sobre o ombro de Draco o puxando de volta ao sofá, com certa resistência se sentou novamente e esbravejou:

         -Eu sou um maldito o que? Vocês não acham que eu já tenho problemas demais na minha vida? Vocês estão de brincadeira comigo não é...

         -Você ao menos sabe o que é um Poverzat Malfoy? – indagou Snape com sua voz arrastada massageando a nuca.

         -Não.

         -Pois bem – começou Narcisa – como já disse existem bruxos que possuem poderes especiais e você é um deles Draco. Você é um Poverzat o que significa que você consegue sentir as dores, sofrimentos e alegrias de uma pessoa, se está pessoa estiver conectada a você, sendo de forma amorosa ou uma forte amizade, você poderá saber o lugar onde ela está.  Quando descobrir quem ela é, a  sua obrigação é protegê-la, você será como seu anjo da guarda, será seu porto seguro, isso é o mais importante Draco, pois aquele que é o conectado de um Poverzat passou por grandes dificuldades e traumas e a sua obrigação é ser a fortaleça dela. Esse poder é um dos mais poderosos que pode existir e por isso é preciso que você tenha muito cuidado.

         -Se alguém do lado das trevas saber que você o tem você correrá um imenso perigo. Não á nada que você-sabe-quem queira mais do que isso. Se ele conseguir seu poder ele saberá onde seus servos estão o tempo inteiro e será mais fácil conseguir lutar pelo que quer... – Snape falava calmamente.

         -Espera um pouco – interrompeu Draco – vocês estão me dizendo que Voldemort pode querer me matar e pegar meu poder, ele pode fazer isso??

         -Sim ele pode, mas antes de matá-lo é preciso fazer uma “cerimônia” para que seus poderes sejam passados a outro corpo. Para isso é utilizado, além de você, a pessoa com quem você é conectado. Se alguém descobrir vocês dois correram grande perigo.

         Narcisa passou os braços pelo corpo do filho o apertando em um abraço preocupado. Draco estava mais pálido que o normal, os olhos sustentavam as orbitas escuras de Snape quase em como um pedido desesperado de socorro. Não podia ser verdade, ele era poderoso, era um Poverzat, mas além de tudo ele poderia ser morto por isso. Seu coração batia tão forte em seu peito que chegava a doer, sua respiração estava descontrolada e sua cabeça começava a latejar.

         -Querido, quero que fique calmo, nós vamos te ajudar. Snape te ensinara como controlar e como usá-lo a seu favor. Você aprenderá a escondê-lo e tudo ficará bem. Quero que confie em nós mas não pode contar a seu pai, de maneira alguma.

         -Mãe, porque a senhora sabe que sou assim e o papai não? – perguntou quase em um sussurro com medo da resposta.

         -Eu sou uma Poverzat também Draco, isso é genético. Seu pai não sabe que sou e não pode saber jamais.

         -Ele é seu companheiro mãe? Quer dizer, a pessoa conectada a senhora?

         -Sim querido, ele é.

         Draco abriu um sorriso fraco. Quer dizer então que sua mãe esteve sempre protegendo seu pai, sendo sempre seu anjo da guarda. De certa forma esse poder era incrível, ser conectado á sua alma gêmea a ponto de poder sentir suas emoções e a proteger de todo o mal, era incrível.

         -E quem é a minha conectada mãe?

         -Nós não sabemos querido, você terá que descobrir sozinho, só você poderá dizer quem é.

         -E como eu vou saber?

         -Não existe uma forma de descobrir. Você irá sentir. Ela vai chegar devagar e aos poucos você vai notar que ela é diferente, que ela te faz se sentir leve. Quando ela estiver afastada você sentira como se não estivesse respirando, como se precisa-se dela para que o ar possa entrar em seus pulmões. Quando menos esperar ela precisará de você, ela ira te chamar mesmo que de forma oculta, você irá escutar sua voz e assim saberá, saberá que ela é sua conectada, sua alma gêmea, aquela que você precisa para não se afundar na escuridão e nas trevas. Ela irá te salva assim como você á salvará. Você irá saber Draco.

         Draco abaixou a cabeça e sorriu para si mesmo. Aquela raiva que antes o tomara já havia sumido e dado lugar ao uma sensação diferente, uma mistura de medo e surpresa, estava atordoado mas feliz. Ele mal podia esperar para encontrar a sua conectada, milhares de coisas se passavam em sua mente agora, milhares de nomes e imagens rondavam seus pensamentos, quem será ela?

         -Mas Draco é preciso o máximo de cuidado, por favor, me prometa que você irá se esforçar para escondê-lo.

         -Eu vou mãe, prometo.

         Narcisa abraçou Draco afagando seus cabelos. Como estava preocupada com seu bebê. Apesar do extremo medo que corria em seu corpo, Draco, já voltará à cor natural de sua pele e podia-se dizer que seus olhos estavam um pouco mais brilhantes. Snape se levantou e pigarreou chamando atenção dos dois Malfoys. Draco entendeu o recado e se despediu da mãe com um beijo em sua testa. Tinha que voltar para Hogwarts. Levantou-se e seguiu o professor até o portão da mansão, colocou a mão em seu ombro e foi engolido para dentro do buraco, aparatando.

         É, Draco Malfoy era um Poverzat.