Com um suspiro, eu como mais um pedaço da minha torta de pêssego com os olhos fixos na porta de saída da lanchonete do campus. Na minha frente, Mel rola os olhos e fecha seu livro.
— Ele não vai sumir, mesmo que você o encare para sempre. — sua voz está impaciente e cansada, porque é a terceira vez que ela me alerta.
Mas também, o que posso fazer nessa situação? O grande homem parado do lado de fora, vestido com um terno preto e óculos escuros, era uma personificação viva de MIB Homens de Preto, o que não é muito sutil. E Charles, meu novo segurança particular, estava em todo lugar, mesmo que Sasuke tenha dito que seria como se ele nem existisse.
Bom, é claro que ele existe. E isso é ridículo!
Uma semana atrás, depois do episódio do meu apartamento invadido, Sasuke pediu ao seu irmão mais velho, Itachi, que liberasse um de seus seguranças para que cuidasse da minha segurança, o que é irritante; desde quando Itachi tinha seguranças? Os dele eram mesmo como se nem existissem.
Para o empresário mais bem sucedido da Austrália no ramo de imóveis, e sócio de uma das maiores empresas de tecnologia, era totalmente cabível que Itachi Uchiha tivesse seguranças. Mas e eu? Sou só uma garota com um possível namorado louco nas costas.
— Eu ainda não entendo o motivo dele estar aqui. — Mel fala, fazendo um bico com os olhos pensativos. Ela está com um laço rosa prendendo a franja escura e o cabelo parece estar mais longo. Ela é bem fofa. — Mas também não entendo como você, de todas as pessoas, está namorando Sasuke Uchiha, então tudo bem.
Não estava tudo bem, obviamente. Os olhos azuis de Mel estavam me sondando, como se pudessem ver através de mim, e isso me assustava.
Antes que ela usasse de seus dons sensitivos, eu soltei minha respiração com força.
— Só aconteceu, Mel. Nós já falamos sobre isso. — ela aperta os olhos, como se não acreditasse. Desisto! — Tudo bem, no início era só sexo...
Ela bate palmas, chamando a atenção de várias pessoas para nós.
— Há! Sabia! Então, o negócio é o... amor que vocês fazem?
Era meio engraçado que Mel fosse tão atual, muito independente, mas corasse com a palavra “sexo” ou “transar”, mesmo que tivesse uma desenvoltura para fazer coisas radicais, como transar com Joshua no banheiro do local onde trabalha.
— Basicamente, é o jeito que fodemos, sim. — ela faz uma careta para a palavra que eu uso, então eu rio. — Mas tem algo a mais, eu acho. Sasuke é legal.
Sua careta se intensifica, fazendo suas sobrancelhas quase chegarem até o meio da testa.
— Só... legal? Poxa, não era bem isso que eu estava esperando ouvir.
— O que mais queria ouvir?
— Algo como ele te deixar sem ar toda vez que sorri, ou te deixar sem chão quando toca sua pele, ou te fazer sorrir sem que você perceba... e acabar com seu mundo, se você ousar se imaginar sem ele. Essas coisas que acontecem quando estamos apaixonados.
Mordo o lábio, pensando no que Mel disse sobre todas essas coisas idiotas e... reais. Sasuke têm o poder de me tornar uma pessoa idiota, e toda vez que eu imagino uma situação em que ele não esteja mais comigo, me sinto péssima.
Mas Melanie não precisa saber disso.
— Hm, então você se sente assim em relação a Joshua? — limpo a garganta, chamando a sua atenção para que ela faça desaparecer sua expressão apaixonada do rosto, meio assustada até.
Mas antes que ela responda, meus olhos focam no corpo alto do meu irmão passando pela porta. Ele deixa um olhar estranho para o cara fortão na porta, o que me faz suspirar.
— Esse é o tal segurança que o Sasuke contratou para você? — ele pergunta, quando chega até a minha mesa, se sentando ao lado de Mel. — Oi, Melanie. Bonito laço.
Ela não se dá ao trabalho de responder, o que parece ser divertido para o meu irmão traidor. Se antes eu não queria intervir a seu favor, mesmo sem saber o que está acontecendo entre esses dois, agora é que eu não farei isso mesmo.
Para não dizer que sua atitude era muito exagerada, Sasuke abriu uma votação para decidir se deveria ou não cuidar da minha segurança. O conselho de pessoas contava com: Itachi, Sai e, para minha surpresa, Ren em ligação.
Porque meu namorado extremista contou tudo a ele, alegando que isso era importante demais para se esconder do meu irmão. Menos um ponto comigo, mas Sasuke ganhou alguns pontos com Ren.
E, mais incrível ainda, foi que nem Sai ficou ao meu lado, mesmo dizendo que achava aquilo tudo um exagero. Tenho certeza absoluta que ele ainda está bravo comigo por estar namorando Sasuke, e vê tudo isso como uma punição.
Eu odeio o Sai.
— É, sim. — resmungo, com a voz baixa, para ele saber que ainda estou irritada.
— Ainda está brava? Poxa, já faz uma semana. — ele balança os ombros e Mel se mexe em sua cadeira, inquieta.
— E era para ser diferente? Faz uma semana que Sasuke está me buscando e me levando para casa e, quando ele não pode, é você que vem. Isso é ridículo!
Ren pretende dizer mil e quinhentos tipos de argumento, porque é dessa forma que ele age: com fatos. Mas meu irmão sabe que fazer isso comigo é apenas uma perda de tempo, então se resigna.
— Realmente, tudo isso porque a Sakura é namorada do Sasuke? Tudo bem que ele vem de uma família importante e que é perigoso, mas ainda é bem exagerado. — Mel fala, rodando seu canudo no seu copo de suco, com os olhos fixos em seus movimentos.
Me sinto uma péssima amiga, porque sei que Mel estaria do lado deles caso soubesse da real verdade, mas não quero envolvê-la nisso. Mel é muito protetora e odeia injustiças, por isso definitivamente não pode saber sobre Hidan. Ela certamente seria capaz de achá-lo nos confins do mundo para xingá-lo.
— Pois é. — digo, recebendo um olhar zangado de Ren, que não aprova a minha forma de usar a situação. — Nós podemos ir embora?
— Quem é o cara-feia lá fora? — pergunta Joshua, se aproximando de nós, assim que eu me levanto.
Mel e Ren também se levantam. Mel com um sorriso amarelo, enquanto Ren parece meio incomodado com a situação... segundo ele, não sentia que Joshua era uma boa pessoa, e não entendia como Mel não conseguia ver isso.
— O segurança da Sakura. — Mel responde, segurando o braço dele. — É nisso que dá se envolver com caras ricos e poderosos.
Joshua solta uma risadinha, enquanto eu rolo os olhos.
— Ainda bem que eu sou só um soldado. — ele beija suavemente o nariz de Mel, que sorri, mas não se derrete como costume.
Talvez tenha algo a ver com a expressão fria de Ren.
Meu celular toca, indicando uma mensagem de Sasuke.
Satã: Quer fazer algo hoje?
Ele sabe que não estou gostando de ser seguida, por isso está me tratando na defensiva.
Eu: Algo que não envolva sexo?
Sua resposta é quase automática.
Satã: Já faz uma semana, linda! Até quando?
Eu tremo um pouco, porque ele adquiriu a mania adorável de me chamar de “linda” e, em raras vezes, “amor”. Gosto desse Sasuke, uma mistura do Sasuke cretino com o lado mais adorável de Sasuke que, nossa, eu não sabia que existia.
E, tudo bem, também estou sentindo falta do nosso sexo.
Eu: Nenhuma chance de você sair mais cedo?
Satã: Meu professor tá me fodendo, infelizmente não. Mas a gente pode se encontrar no shopping, que tal?
Eu: Ok. Por que parou de abreviar as palavras?
Satã: é cansativo e eu não preciso mais te irritar.
Solto uma risadinha, bloqueando minha tela. Joshua está falando algo no ouvido de Mel, que ri baixinho, enquanto Ren finge que está interessado em algo no seu celular.
Me despeço de Mel e Joshua, quase ouvindo o grito de libertação de Ren. Quando estamos do lado de fora da lanchonete, caminhamos em direção ao estacionamento da faculdade. Estou prestes a questionar e até me divertir as custas do meu irmão, quando ele pega o próprio celular.
— Meu carro está logo na frente daquele Jaguar preto, pode me esperar? É da empresa.
— Tá bom. — digo, enquanto ele se afasta para atender a ligação.
Está um dia ensolarado, bem atípico para essa época do ano em Nova York. Eu pego meus óculos escuro da bolsa, colocando no meu rosto, para então jogar minha mochila dentro do carro de Ren. Quando fecho a porta, percebo que não estou sozinha.
— Hã, me desculpa, parece que parei muito encostada no seu carro. — me diz uma voz feminina e agradável.
Eu a encaro, um pouco impactada com sua beleza. Ela tem cabelos longos e iluminados, com a pele bem bronzeada e está sobre um par de saltos enormes e pretos. Não há muito que eu possa falar sobre seu rosto, já que os óculos escuros são enormes, mas ela provavelmente está na casa dos quarenta anos, embora seja muito bem conservada.
Olho para o carro dela, o Jaguar preto, então para o Sedan prata do meu irmão, preso entre dois carros.
— Acho que só precisamos de um pouco mais de espaço, mas tudo bem. — digo, tentando imitar sua voz agradável, para que ela não ache que sou uma pessoa super estressada e intolerante.
Embora, eu confesso que seja.
— Ah, claro! Só um minuto.
Ela entra dentro do carro, o liga e então dá ré, se afastando um pouco. Fico aliviada porque, embora Ren seja um ótimo motorista, sair daqui daria muito trabalho.
E, vendo o estacionamento com várias vagas disponíveis, eu até diria que a senhora bonitona fez isso de propósito, se não fosse sua gentileza. Talvez ela quisesse forçar uma situação com o meu irmão já que, embora ele não fosse mais do que meu irmão mais velho, até eu precisava admitir que Ren era muito cobiçado pelas mulheres.
— Você estuda aqui?
Franzo as sobrancelhas quando ela pergunta, toda sorriso retos e brancos, inclinando a cabeça para falar comigo.
— Hã, sim.
— Qual o curso? — pergunta, mas então levanta uma mão com grandes unhas pintadas de vermelho. — Espera, não me diga. Hmmm... Você faz curso de Literatura Inglesa, certo?
Novamente, estou fazendo uma careta, porque ela acertou, mas também porque as pessoas costumam dizer que eu não pareço estudar esse curso.
— Você provavelmente é a única pessoa no mundo que chutou certo.
— Mas você tem uma cara de quem adora os clássicos. — ela sorri ainda mais, assumindo uma pose bem despojada. — Minha filha também gosta dos clássicos, é uma romântica incurável! Aliás, ela tem a sua idade.
— E estuda aqui?
— Oh, não, não... ela sequer mora aqui, mas seu nome é Hayley.
Mesmo com os óculos, sinto que sua frase tem algum sentido implícito por trás, como se ela estivesse me analisando profundamente.
Por que esse nome é familiar?
— É um bonito nome. — digo, porque é a única coisa que acho certo dizer.
Talvez ela goste muito desse nome.
— Oh, sim. — seu sorriso se derrete, como se fosse exatamente isso que ela queria ouvir. — Ela também é muito bonita, assim como você.
— Obrigada...
— Hana. Meu nome é Hana. — ela estende a mão, num impulso simpático. Eu a pego, mesmo que me sinta estranha com a situação. — Foi um prazer te conhecer, Sakura.
Ela se afasta, ainda sorrindo, então segue em direção à rua. Fico observando ela sumir entre as pessoas, então me dou conta de algo.
Eu não disse meu nome à ela.
— Vou precisar voltar para a empresa, será que você pode ir embora com a sua babá?
Eu encaro Ren, que tem um sorriso divertido que se dispersa a medida em que eu não o encaro feio.
— Tá tudo bem?
— Hm... está, sim. — limpo a garganta, me desfazendo dos estranhos pensamentos. — Tá tudo bem, eu vou embora com Charles, só toma cuidado.
Por que estou sentindo que perdi algo muito importante?
Quando encontro Sasuke, ele está encostado em seu carro, com um cigarro entre os lábios, mas sem o seu moletom típico — graças a Deus! Felizmente, ele estava usando uma regata preta, que deixava seus braços tatuados a mostra para aproveitar o Sol.
Muito embora eu achasse impossível que Sasuke pudesse conseguir se bronzear tendo a pele tão pálida.
— O que vamos fazer no shopping? — pergunto, quando já estou perto o suficiente dele, ficando na ponta dos pés para beijar rapidamente seus lábios com gosto de tabaco de menta.
É estranhamente bom.
— Pensei em comprarmos os móveis que foram destruídos da sua sala, e então fazermos algo como assistir um filme e transar pelo resto da noite. — ele diz, jogando a bituca do cigarro no lixo quando a esfrega num dos pilares do estacionamento.
Sasuke é uma pessoa estranhamente de bem com a natureza.
— Parece um bom plano, mas eu não sei se você está merecendo sexo.
Quando eu caminho até a entrada do shopping, ele segura a minha mão. Meu coração bate um pouco mais forte e minha garganta fica seca, não porque eu nunca segurei a mão de um cara antes, mas porque estou fazendo isso com o Sasuke, em público.
— Não pensa que eu estou adorando essa situação. É horrível, ainda mais para mim. Nós nem podemos dar uma rapidinha no carro como antes.
Eu o encaro, me deparando com seu sorriso cretino. Claro, claro, meu namorado de verdade tem essa mania de se tornar a vítima da situação.
— Eu odeio você.
— Nós já falamos sobre isso, Sakura. Você não me odeia.
Eu finjo que estou observando as vitrines das lojas que estão do meu lado, apenas para ele não ver que estou corando por causa do tom rouco da sua voz. A pior parte de namorar Sasuke Uchiha é não ter controle nenhum das minhas emoções, o que não rolava com Naruto.
Na verdade, eu sabia muito bem como esconder minhas emoções dele, desde que eu estivesse sóbria.
Acabou que fazer compras para o meu apartamento com Sasuke foi bem divertido. Meu namorado de verdade estava realmente empenhado em me ajudar a escolher o sofá novo, vetando cores e partindo do princípio de que o novo sofá tinha que ser, no mínimo, confortável para fazermos sexo.
Em certo momento, ele me puxou entre seus braços e seu colo, sentado num dos sofás, para o espanto das bochechas coradas da vendedora.
— Hmm... durinho e cheio. — ele me deu um tapinha na bunda, antes de dizer isso e murmurar no meu ouvido: — E eu não estou falando do sofá.
Novamente, minha nova mania de corar com qualquer coisa que esse cara fala me irritou, mas eu não disse nada. Depois de escolher o sofá, compramos uma nova mesinha de centro, quadros de parede e até porta retratos. Rindo e respondendo uma mensagem de Mel em meu celular, disse a Sasuke que não tínhamos muitas fotos nossas para colocar.
Então ele colocou o braço ao redor dos meus ombros, beijou meu pescoço — o que me fez rir um pouco, com a menção de cócegas nessa área sensível — e colocou seu celular que mantinha uma imagem de nós dois na tela pela câmera frontal.
— Temos mais uma, agora.
Nossa tarde foi bem agradável, muito mais que isso até. Sasuke e eu temos uma maneira diferente de sermos um casal e, caramba, eu amo isso em nossa relação. No entanto, gosto da sensação de mostrar a todos que ele é meu namorado, de assistir o quanto é fácil esquecer o mundo quando estou com ele.
Putz, somos mesmo um casal.
Quando chegamos no apartamento, que agora tem a sala vazia — não sei exatamente como Sasuke se livrou de tudo, mas ele fez — Sasuke pegou uma coberta no meu quarto e colocou no meio do cômodo vazio. A única coisa que conseguimos trazer mesmo, foi a tevê, mas os meus móveis ainda vão chegar em torno de uma semana.
Teria sido menos, se eu tivesse deixado Sasuke pagar com seu cartão de débito que também era um passe para a sala da riqueza, como eu gosto de falar. Qualquer pessoa que veja o cartão de Sasuke, sabe que ele é podre de rico.
Mas, pelo menos, meu namorado soube respeitar meu desejo de pagar tudo sozinha, uma vez que estou comprando coisas para o meu apartamento.
Ainda que, por um momento, parecíamos os dois estar escolhendo móveis para o nosso apartamento.
— Vou pedir comida japonesa, mas pode demorar um pouco. Quer tomar um banho?
Eu provavelmente deveria ceder a ele, manter minha promessa de greve de sexo, uma vez que ele me fodeu com esse segurança — que só se tornava invisível quando ele estava comigo.
Mas, a quem quero enganar?
— Pode ser.
Ele enche a banheira com água quente e sais de banho. Enquanto ele toca a água, para sentir a boa temperatura, eu tiro a minha roupa, deixando no chão de banheiro.
Então, sem seguida, eu passo minhas mãos pelo vão de seus braços, pegando na barra da regata.
— Tira essa roupa.
Não preciso de muita insistência, para que ele faça o que eu peço. Sasuke se livra rapidamente de suas roupas e, fechando a torneira, ele se senta na banheira, me esperando. É um pouco engraçado a forma que suas pernas longas ficam dobradas porque, obviamente, ele é muito grande para essa banheira.
Ele é muito grande para várias coisas.
Eu me sento, encostando minhas costas no peito dele. A água tem uma temperatura agradável, mas eu ainda sinto o choque assoprar meu corpo quando seus dedos tocam meus braços.
— Tudo bem?
Balanço a cabeça, sentindo meu coração na garganta quando sua voz soa baixo na minha orelha. Por que estou tão nervosa?
Seus dedos começam a passar pela minha clavícula, então pelo meu cabelo preso, na minha nuca e desenhando círculos nas minhas costas.
— Você está tão silenciosa.
— Acho que estou um pouco nervosa.
— Por minha causa? — com custo, balanço a cabeça. Ele ri, baixinho. — Nunca pensei que isso pudesse acontecer.
— Sou uma pessoa também, tenho esse tipo de reação.
— Não fica brava, eu gosto de saber disso.
Novamente, ele ri. Com os lábios entreabertos, eu fecho os olhos e respiro com calma, porque posso sentir na minha bunda a reação dele à minha confissão.
Seus dedos colocam alguns fios de cabelo atrás da minha orelha, descendo de novo pelas minhas costas. Respiro, respiro...
— Preciso ir até a Austrália.
Eu tremo um pouco, quando ele diz isso. Fora seu sotaque pesado de australiano, às vezes eu quase esquecia que tinha pouco mais de dois meses que Sasuke estava na América.
— Ah, por quê?
— Coisas para resolver. — ele diz, cheio de mistérios em sua voz. — Quero que venha comigo.
Oh, tudo bem, isso sim é uma surpresa. Confusa, eu me viro um pouco em sua direção, encarando seu rosto por cima do meu ombro cheio de espuma.
— Você quer que eu vá com você? Por quê?
Ele desvia os olhos, ponderando.
— Você disse que queria conhecer os cangurus.
Eu franzo o nariz, sorrindo com essa lembrança.
— Não, eu teria dito isso se você não tivesse aberto a boca para ser um babaca. — claro, em nosso primeiro encontro, quando ele foi um verdadeiro idiota.
Sasuke não parece gostar dessa lembrança.
— Nós dois concordamos que eu sou um babaca às vezes, mas essa não é a questão. — sua voz está baixa e quase estrangulada. Pobre Sasuke! — Quero que venha comigo, conheça a minha casa e, bem, minha família é só o Itachi, então eu vou ficar te devendo isso.
Mordo a ponta do lábio inferior, porque odeio quando ele menciona sua família, mais do que só odiar, detesto saber que o Sasuke passou por tanta coisa ruim.
E também, eu quero conhecer os cangurus.
— Quando vamos?
— Próximo fim de semana.
Junto as sobrancelhas, quando ele ri descaradamente.
— Você já comprou as passagens? — ele não responde, mas também não precisa. Dou um tapa cheio de espuma nele, o fazendo gemer. — Isso tudo foi só encenação? Que des...
— Ei! Isso doeu. — ele me corta, massageando o ombro que eu bati. — Você é tão monstra às vezes. E eu aqui, só querendo que a minha namorada me acompanhe em uma viagem...
Deito minha cabeça no ombro dele, de repente me sentindo ansiosa para conhecer a Austrália e um pouco mais do meu namorado de verdade. Fecho os olhos quando ele começa a fazer massagem nos meus ombros.
— Você está um pouco tensa. Como foi seu dia hoje?
Quando me lembro do dia de hoje, antes das nossas compras em casal, fico um pouco frustrada. Sasuke percebe isso.
— Quer me contar algo?
— Hm... não sei.
— Não sabe se quer ou não sabe se deve contar? — pergunta, apertando seus dedos nos meus ombros de uma forma deliciosa. — Vamos, o que houve? Mais tensão sexual entre a Mel e o seu irmão? Digo, ela não está com o Joshua?
— Sim... ou quase, não sei. — suspiro, pois realmente não entendo o que há entre Mel e Joshua. — Não entendo eles, mas não acho que seja da minha conta. De qualquer forma, não é exatamente esse o problema...
— Hmm, e qual é?
— Uma mulher falou comigo no estacionamento da faculdade hoje. — digo, brincando com as espumas na minhas frente. — Parecia só casualidade por causa do carro dela que estava prendendo o carro do Ren, mas depois... não sei, ela parecia saber muito sobre mim, tipo até meu nome.
Eu não percebi, até terminar de falar, que os movimentos de Sasuke haviam parado. Ele estava quieto, e por um tempo ficou assim.
— Como essa mulher era?
— Alta, bonita, mais velha... o cabelo era castanho iluminado. — explico com uma sensação estranha.
— O carro era um Jaguar?
— Sim, preto. — digo, então me viro e encaro seu rosto de novo. Ele está sério e muito tenso. — Você conhece ela? Por isso ela sabe quem eu sou eu?
Ele não responde, mas seus olhos me encaram como se ele estivesse paralisado. Passo a língua entre os lábios, os umedecendo, então falo:
— Ela citou que tinha uma filha, seu nome é Hayley. — eu digo esse nome com cuidado, observando sua expressão que não muda. — Eu achei esse nome familiar, então me lembrei que Itachi citou ele quando eu atendi o seu celular daquela vez.
Ele continua em silêncio e isso me deixa impaciente.
— Sasuke...
Ele segura meu rosto pelos dois lados, me beijando, passando sua língua pela minha quando respiro surpresa.
— Sasuke... — eu gemo, perdendo meu foco por um segundo. — Fala comigo, você pode me contar qualquer coisa.
— Não agora. — ele fala, sob um suspiro, colando sua testa na minha de olhos fechados. — Prometo que te conto tudo depois, só não agora. Nesse momento, eu só preciso estar dentro de você, tudo bem?
Não está tudo bem, realmente, mas, como sempre, perco para a razão e balanço a cabeça. Sasuke só precisa desse sinal para me levantar e se encaixar entre minhas pernas, segurando meus seios e entrando dentro de mim com tanta força que meu gemido quase se torna um grito.
De repente, é fácil esquecer de tudo quando ele mete com força sob mim. Com uma mão amassando meus seios e a outra com os dedos em meu clitóris, fazendo círculos rápidos e precisos, Sasuke estava empenhado apenas em fazer com que nós dois chegássemos ao orgasmos.
E, claro, ele conseguiu, mesmo que sem as suas palavras sujas ditas com seus lábios colados em minha orelha. A única coisa que ouvi durante o sexo foi sua respiração pesada e, após ele, um silêncio absoluto, mas que continha muito mais receio do que eu imaginava.
Subitamente, me peguei pensando se quero mesmo saber sobre o que Sasuke precisa me contar.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.