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História Não Conte Nosso Segredo - Capítulo 02


Escrita por: vauseman_damie

Notas do Autor


Último de hj!

Capítulo 2 - Capítulo 02


 

CAPÍTULO 2

Assim que abri a porta dos fundos, Mamãe chamou:

— Piper, é você? Preciso de você aqui.

Deixei minhas mochilas ao lado da escada e segui a voz vinda da sala.

— Ah, ótimo! — Mamãe disse. — Você pode terminar de dar mamadeira para a Hannah? Preciso muito fazer xixi.

Libertei Mamãe da bebê e da mamadeira.

— Oi, Hannie! — Cantarolei, erguendo-a no ar para que ela sorrisse, mostrando suas covinhas para mim. Tão fofa. Aconcheguei-a na dobra do meu braço e inseri o bico da mamadeira em sua boquinha lambuzada, depois cruzei a sala para ir me acomodar no sofá. Apoiei Hannah nos meus joelhos dobrados. Ela mamou e agitou os bracinhos gordos, fazendo-me rir. Meu Deus, ela era uma preciosidade! Às vezes, era como se fosse minha filha.

Mamãe voltou, respirando aliviada e prendendo os cabelos com a presilha. Ao desmoronar na poltrona, ela perguntou:

— Como foi seu dia?

— Bom. — Deixei os dedinhos de Hanna agarrarem meu polegar. — E como foi o seu?

— Cansativo. Você foi ver a Bonnie Lucas? Pedi pra ela arranjar mais uns catálogos e fichas de inscrição pra você… só por garantia.

— Ah, droga! — Minha cabeça desabou no braço do sofá. — Desculpa, eu esqueci. — “Por garantia” significava para o caso de Vassar e Brown me rejeitarem, assim como fez Harvard. Essas universidades estavam bem longe do meu alcance, mas tentei explicar isso para Mamãe. Ela me obrigou a fazer a inscrição antecipada, apesar de que eu já poderia ter contado a ela qual seria o resultado, antecipado ou não.

— O prazo para fazer a inscrição nas outras universidades é dia primeiro de fevereiro, Piper — ela disse. — Não temos muito tempo. E você não quer ir para uma universidade estadual como a Metro Urban. — Ela franziu o nariz.

— Vou lá amanhã. Pode me passar essa toalha? — Hannah estava derramando um fio de baba no peito.

Mamãe se levantou e me entregou a toalha que trazia no ombro.

— Faith vai vir neste fim de semana.

— De novo? Mas a gente acabou de se livrar dela.

— Piper! — Mamãe me censurou.

— Tá, desculpa, é que… — Mordi a língua. Ela já tinha ouvido isso antes.

Se tenho que defini-la como parente, Faith era minha irmã adotiva má. Era um show de horrores ambulante. Atualmente bancava a gótica, o que era um tanto obsceno por ser logo depois do massacre de Columbine. Eu e ela nos entendíamos como dois polos magnéticos que se repelem. Neal, o meu padrasto, nos apresentou poucas semanas antes que ele e Mamãe se casassem, e naquele mesmo instante eu soube que jamais seríamos uma família unida e feliz. No máximo, eu conseguia tolerar a Faith em fins de semana alternados, mas depois que a Hannah chegou e meu quarto virou um berçário, tive que dividir um quarto com a Faith no andar de baixo. No dia do meu julgamento, o júri vai entender que a ré cometeu assassinato por motivos justificáveis.

Não era todo mundo que conseguia esgotar minha paciência, mas Faith conseguia e sabia disso. Sabia e fazia de propósito.

Acariciei a bochecha sedosa de Hannah com os nós dos dedos, me perguntando se algum dia tive uma pele tão perfeita.

Mamãe se sentou no braço do sofá, passando os dedos pela minha franja.

— Sei o que você acha da Faith. Mas ela ainda é muito nova.

— Ela tem quinze anos. — Em um murmúrio, acrescentei: — Indo pra dezesseis!

Mamãe suspirou:

— Obrigada por ter paciência com ela.

Como se eu tivesse alguma.

— Não vai ser por muito tempo. Logo, você vai sair de casa para ir à universidade. Não demora nada. — Mamãe beliscou meu nariz. Ela se inclinou para pegar Hannah e perguntou: — E para onde vai o Larry? Ele já decidiu?

— Stanford, da última vez que ouvi. — Fugíamos desse assunto como o diabo foge da cruz. Larry queria que estudássemos na mesma universidade, mas a probabilidade de isso acontecer era menor que zero, levando em consideração que ele podia se dar ao luxo de escolher. Larry tinha objetivos. Queria ser microbiologista. Aos vinte e cinco anos, ele estaria casado e feliz, com dois filhos e um a caminho, um cachorro e uma garagem com três carros, ou seja, o pacote completo. Ele disse que não suportava pensar que estaríamos separados por quatro anos e que, mesmo se não estudássemos na mesma universidade, deveríamos dar um jeito de ficarmos juntos. Fisicamente juntos. Ele andava me pressionando a assumir. Um compromisso. Qualquer coisa.

Rolei para fora do sofá e me pus de pé. Estiquei a coluna e bocejei.

Mamãe disse:

— Já tem um cronograma de trabalho?

— Ainda não. Preciso saber dos treinos de natação. Vou fazer isso amanhã. — Seguindo Mamãe e Hannah para dentro da cozinha, pensei alto: — Cacete, tenho uma montanha de lição de casa!

Mamãe se virou e franziu a testa para mim.

— Desculpa, Hannie — protegi as orelhinhas dela com minhas mãos em concha. — Você não ouviu a maninha falar palavrão.

Mamãe me olhou feio, mas não conseguiu reprimir um sorriso.

— Me diz, por que tenho que aturar tanta bobagem neste semestre? — Pendurei a mochila da natação em um ombro e a da escola no outro.

— Porque você vai precisar de uma bolsa. Não é justo esperar que o Neal pague a faculdade pra você, e minhas economias não cobrem nem um semestre em Harvard.

A respeito disso, ela não precisava se preocupar, uma vez que Harvard recusou a minha oferta de encerar aqueles corredores sagrados por meros quarenta mil ao ano.

— Aquelas aulas vão cair bem no seu histórico escolar. — Mamãe falou. — Vão mostrar que você está determinada.

— A me formar bacharel em masoquismo?

Ela me ignorou.

— Vai ajudar você a galgar degraus na carreira. Ah, e peça pra Bonnie emprestar aquele livro sobre bolsas de fundações privadas, tá? Só por garantia.

Só por garantia, caso eu seja um fracasso completo.

— Piper? — Mamãe me chamou pelas costas. — Eu fui na farmácia pegar meus medicamentos, e eles me deram os seus no lugar.

Meu rosto queimou.

— Está na sua escrivaninha. Pode me pagar depois, quando você receber.

Murmurei:

— Ok, obrigada. — E corri pelas escadas. Se por acaso ela já tinha suspeitas sobre mim e Larry, agora estavam confirmadas. A cripta, também conhecida como meu quarto no porão, era escura, mesmo com todas as luzes acesas. Mamãe e o Neal tentaram transformá-la em um cubículo aconchegante, com cortinas, e estantes, e divisórias entre nossos quartos. Mas, para mim, esse sempre seria “o porão inacabado”.

Não é que eu estivesse ressentida por ter dado meu quarto antigo para Hannah, o problema era dividir minha privacidade com a deusa gótica. “Fins de semana alternados”, falei às vigas do cômodo, por onde passava bastante vento. Se Faith fosse ficar por aqui com tanta frequência, meus amigos iam cansar de receber visitas minhas.

Suspirando, joguei a mochila na cama e comecei a tirar a roupa. A sacola da farmácia na escrivaninha me chamou a atenção, então a peguei e levei para o banheiro, rasgando a embalagem. Uau, até tinha esquecido de passar na farmácia depois da escola para buscar as pílulas. Não me lembrava de ter pedido a reposição e minha menstruação tinha terminado havia dois dias. Eu era mesmo um desastre.

Peguei as pílulas da segunda e da terça-feira para colocar a cartela em dia. Afinal, Mamãe teria um colapso se eu ficasse grávida no ensino médio. Ela me mataria. Tinha planos para Piper Chapman. Planos que não incluíam o que Piper Chapman queria, não importava o que fosse. Vesti a calça de moletom e aproveitei minha estadia.

O toque do meu celular me fez dar um salto no meio de Beowulf. Dobrei a página do livro e desabei por cima da mochila para agarrar o celular no quarto toque.

— Alô?

— Gata, precisa de uma pausa dos estudos? — Larry perguntou com a mais insinuante das vozes.

— Preciso. Mas, se a gente fizer isso, eu não vou conseguir voltar pra eles.

Ele riu.

— Posso ir até aí?

Conferi a hora. Vinte para as onze.

— Só pra ficar um pouquinho. Ainda nem comecei a resolver as equações de cálculo.

— Estarei aí em dez minutos — ele disse e desligou.

Fechei o celular e continuei a ler. Alguns minutos depois, uma batida soou na janela do porão. Saltei da cama e corri pelas escadas; o rosto de Larry se materializou atrás do visor da porta dos fundos.

Ele deu um passo para dentro e espreitou a cozinha.

— O Neal está por aqui? — Murmurou.

— Não, ele está em Baltimore a trabalho. — Murmurei em resposta.

— A dragoa já foi dormir? — As sobrancelhas de Larry saltitaram.

— Estou falando sério, Larry. Não é pra demorar, ok?

Ele desceu a escada na ponta dos pés, atrás de mim.

Tínhamos ficado muito bons em fazer sexo rápido e sem ruído. Depois de um ano praticando, parecia até que sexo era para ser assim. Fácil. Ensaiado. Larry foi embora pouco antes da meia-noite, me deixando com mais duas horas de lição de casa. Nova regra, decidi. Isso não aconteceria mais nas noites de estudos, incluindo o domingo. Minha mãe não deveria ficar orgulhosa?


Notas Finais


Até a proxima!


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