História Não entre - Dramione - Sensação

Não sabia se aquela era a decisão correta, porém, havia sido convencida por sua melhor amiga que o adequado era ficar longe de todo aquele caos que infelizmente poderia comprometer mais ainda sua saúde física e mental. Afinal, ouvir a sinceridade vindo de Astória doeu profundamente, contudo, suas palavras eram verdadeiras e saber disso lhe fazia questionar se não era mais fácil desistir de tudo e voltar para o inferno onde vivia.

Poderia continuar vivendo daquela maneira, porém, Hermione por mais que quisesse desistir de toda aquela luta por não ter mais forças para combater Luna, a mídia e comentários maldosos, não conseguiria desistir do pouco da liberdade que havia conseguido. Não quando todos já sabiam sobre a verdade, nada voltaria a ser como antes se retornasse para aquela casa, principalmente, Ronald que iria trancá-la em algum quarto e deixá-la morrer de fome.

Então, encarar a paisagem sendo modificada de prédios altos, comércios, carros, uma sociedade recheada de diversos tipos de seres humanos para observar as árvores, os poucos estabelecimentos, as casas, as crianças sujas de lama, os animais e recebendo uma tranquilidade que uma cidade grande não deixava ter.

" Vai ser o melhor Hermione, confie em mim"

Foi o que Gina havia lhe dito, confiava na melhor amiga, porém, isso não impedia que sentisse medo de ir para um lugar desconhecido e conviver com pessoas que nunca viu. Admitia que só estava dentro daquele carro, pois, Draco era o motorista. Algo dentro de si sabia que ele nunca lhe machucaria.

Naqueles dias que os pais deles estavam na casa do único filho conseguiu descobrir mais sobre o homem de olhos azuis, Narcisa era uma mulher inteligente e forte, Lucius era um arquiteto animado e simpático, ambos estavam em um relacionamento a mais de vinte anos e nunca se separaram. Haviam construído uma vida boa, tanto financeiramente, como um lar caloroso e não duvidava disso, porém, Draco não queria utilizar o dinheiro que tinha direito, então, ainda jovem após finalizar a escola começou a batalhar pelos próprios sonhos sem precisa usar o dinheiro dos pais.

Uma família de classe média, uma família de verdade.

E Draco mais uma vez mostrou que era diferente e sabia que tinha tudo haver com a criação que teve, tendo pais fortes, justos e batalhadores. Qualquer inspiração para uma criança que era apegado a família. Não poderia dizer que sua família fosse diferente, pois não era, havia sido criada em um ambiente acolhedor e tranquilo, sabendo que poderia contar sempre com seus pais, não sabia quando havia perdido a esperança na palavra "família", contudo, naqueles poucos dias conseguiu sentir a fé surgindo novamente dentro de si e a vontade de ter uma família unida e amorosa despertou novamente e apertou seu pobre coração ao perceber que passou anos desperdiçando sua vida com um homem cruel.

— Fique tranquila. — a voz de Draco lhe despertou quando percebeu que ele estava estacionando o carro. — Não vai ser tão ruim assim.

Hermione respirou fundo, observou que ele havia parado perto de uma ponte de madeira. Observou-o abrir a porta do carro e sair, meio indecisa sobre o que fazer a seguir, mexeu na maçaneta do automóvel e também saiu sentindo o vento fresco atingindo seu corpo. Percebeu que Draco mexia no porta-malas, onde, pegava suas bagagens que não era tanto assim, apenas uma mala sua e uma dele, visto que, suas roupas se resumiam naquelas que ganhou de presentes de Narcisa e Astória.

— Por que está pegando elas? — questionou Hermione, andando em direção do homem.

— O carro não passa por essa ponte. — explicou Draco olhando para o lugar, Hermione seguiu sua visão. — Ela é muito frágil também, então, desde sempre os carros param por aqui o resto do caminho vamos fazer à pé.

— E você vai deixar seu carro? — questionou chocada, percebeu que tinha mais três estacionados.

— Não passa uma alma viva por aqui linda. — respondeu rindo. — Não se preocupe com isso.

Hermione assentiu, tentou ignorar o que havia escutado, não iria deixar que a palavra "linda" lhe trouxesse lembranças do início do seu namoro quando pensou que tudo era verdadeiro e bonito.

— Quer ajuda? — perguntou ela.

— Não precisa, eu levo.

— Mas…

— Pode ir na frente Hermione, vá conhecer o lugar que iremos passar uns dias. — disse Draco, indicando o caminho com a cabeça enquanto fechava a porta. — Acredite, esse lugar vai te fazer bem.

Ela respirou fundo, assentiu e seguiu andando, vendo Draco com duas malas lhe seguindo, não era difícil errar o caminho, visto que, tinha uma trilha única que começava na ponte de madeira, seguia pela grama aparada, pela terra seca e parava metros de uma enorme casa, onde, havia o celeiro do lado esquerdo e um poço de água do direito. Uma árvore com um balanço um pouco mais a frente, e tinha uma mesa de concreto com bancos também do mesmo material do outro lado.

Antes mesmo de conseguir chegar na entrada na casa, onde, consistia numa varanda com uma banco de madeira a porta foi aberta e de lá saiu um rapaz sem camisa.

— DRACO! ATÉ QUE FIM!

Hermione se perguntou como ele havia os visto metros da casa, mas não achou estranho sendo que a área na frente da casa é completamente vazia, apostava que a parte de trás de também, como um grande quintal com uma grama parada e algumas árvores ao redor.

Draco pôs as malas ao chão quando viu o homem animado correndo em direção de ambos, ele usava apenas um short jeans preto, chinelos, e o peitoral definido com uma tatuagem de uma serpente que subia na lateral da sua costela direita, ele era forte e branco, Hermione notou os olhos verdes e os cabelos negros caindo sobre a testa. Automaticamente a foto que observou na casa de Draco surgiu em sua mente.

— Demorou heim. — comentou o rapaz.

— Foi o trânsito. — retrucou Draco.

Hermione apenas olhou para ele, sabia que não foi isso, ela havia hesitado e se trancado no banheiro dizendo que não iria até Gina e Narcisa conseguisse lhe tirar de lá e conseguisse lhe acalmar, até concordar em ir para aquela fazenda.

— Mas está todo mundo aqui? — perguntou Draco.

— Sim, só faltava vocês. — disse ele, então olhou para Hermione. — Então, você é a futura senhora Malfoy? — ela ficou vermelha com aquela frase. — Prazer, sou o Theo, amigo de infância do Draco.

Ele esticou a mão em sua direção, mesmo envergonhada Hermione apertou a mão do rapaz que apertou gentilmente.

— Bem-vinda, vai passar dias incríveis por aqui e esquecer lembranças horríveis. — comentou o rapaz fazendo-a rir. — Agora vem aqui. — Theo soltou a mão de Hermione e abraçou Draco. — Estava com saudades, você não sair mais com a gente.

— O que Astória disse, heim? — acusou ele, sabendo que a amiga tinha um dedo podre nessa história.

— Nada, apenas que você abandonou todos.

Draco revirou os olhos, era muito drama. Se soltou dele encarando-o, então, desistiu do que iria falar.

— São quantas pessoas na casa? — perguntou no fim.

— São 8. — respondeu Theo. — Crystal e Chris são os responsáveis pela casa, estão aqui desde sempre, qualquer quiser que precisar é só pedir para um dos dois, tem a Pansy, Natasha, Valerie, vocês dois e eu.

— Pensei que iria vir mais pessoas.

— Nem todos conseguiram vir, porém, Pansy minha futura namorada quis conhecer Hermione e trouxe as duas escuderias dela, vai ser legal. Então, pensei que poderia trazer mais duas pessoas, mas depois vemos isso, vamos entrar.

Hermione seguiu os homens, não sabia se ficava apreensiva ou animada por estar naquele lugar, onde, pudesse começar um tratamento de verdade, mesmo que pela recente informação ela fosse a única a ser tratada no momento e talvez por isso ela estava se sentindo mais confiante em passar um tempo por lá.

— Pessoal, eles chegaram. — Theo disse alto, os dois convidados entraram na casa, Hermione hesitou na porta, apreensiva.

Hermione olhou para a escada na sala de estar, notando três mulheres descendo as escadas, o trio já estava vestindo roupas confortáveis para passar um tempo na fazenda, havia a loira com o cabelo enorme cacheado, o rosto tinha uma cicatriz que desenhava sua bela pele, vindo do início da lateral da testa e descendo até o final, como um grande risco.

Havia uma ruiva a mais baixa de todas, com um sobrepeso maior dentre todos, vestindo um vestido azul claro deixando-a a mais fofa e talvez a mais nova, até imaginou que era até mais velha que a garota. Então, vinha uma magra e alta, com cabelos escuros atingindo o pescoço, tinha uma expressão alegre, vinha com um sorriso na face.

— Minha Deusa. — exclamou Theo, enlaçando o braço pelo pescoço da mais alta. — Olha quem surgiu finalmente, estava na hora, né?

— Oh, claro. — exclamou ela, abraçando Draco. — Fico feliz que tenha vindo, faz uns meses que não nos reencontramos.

— Muito estudo e trabalho.

— É o que ele sempre diz. — retrucou Theo, então, apontou para Hermione. — E essa é a futura senhora Malfoy…

— Theo! — exclamou.

— Foi o Blásio que disse…

Ela revirou os olhos, virou-se para Hermione.

— Olá, sou Pansy Parkinson. —  cumprimentou-a com um aperto de mão. — Bem-vinda Hermione, espero que goste daqui.

— Obrigada.

— Bem, a loira é a Valerie e a ruiva é a Natasha. — explicou Pansy. — Vamos mostrar o seu quarto e explicarei como funciona o grupo de apoio anônimo "três almas".

Hermione seguiu Pansy e a garotas pela escada, nunca imaginou que em pouco tempo iria conhecer tantas pessoas diferentes. Porém, admitia que depois de longos anos ela conseguia se sentir um pouco mais da liberdade que havia perdido.