História Não entre - Dramione - Bolha

Girou a chave tentando não fazer ruídos, afinal, por mais que sua carta apenas informava que gostaria que Hermione pudesse deixá-lo entrar Draco sabia que a resposta seria um “não”, então, não foi complicado roubar a chave reserva da porta da lavanderia. O seu íntimo parecia lhe sufocar para não ignorar aquela mulher que se auto destruía por um homem que não desejava conhecer, pelo simples fato de que acabaria com o rosto do cretino.

Suspirou, Draco fechou a porta do ambiente limpo, guardou a chave novamente no bolso da sua calça jeans, poderia está fazendo besteira, ela já tinha medo de pessoas, principalmente, homens e ali estava ele invadido a casa dela porque sabia que Hermione não abriria a porta para si.

Era fácil prever seus movimentos: Hermione não confiava em si, Hermione nunca passou por uma situação parecia, se não teria se saído muito bem quando acordou, e era um completo desconhecido.

Seria tão fácil virar as costas, seria tão fácil fingir que não viu os hematomas, os machucados, os olhos tristes, poderia, mas não queria, mesmo que não pudesse fazer muita coisa Draco queria ajudar, ele precisava. Por ela, por si mesmo.

Andou cautelosamente, passou pela cozinha, o silêncio que a casa mantinha era desconfortável, naquela situação qualquer lugar silencioso deixaria qualquer um ansioso, seus pés calçados pelo tênis preto lhe levou até a sala. Os orbes de um azul acinzentados vasculhou o ambiente, se não fosse por um pé enfaixado não acharia Hermione atrás do sofá.

Automaticamente andou rapidamente para trás do móvel, seu coração acelerou quando observou aquela cena, Hermione estava deitada ao chão ao lado de uma garrafa de álcool, o cheiro forte de uísque embriagava o ambiente, porém, os seus batimentos cardíacos aceleraram mais ainda ao ver uma caixa de comprimidos ao lado dela.

— Hermione. — chamou ansioso, abaixou-se tirando os fios castanhos do rosto dela, visualizando a face pálida. — Hermione? Meu Deus!Hermione... — chamou Draco, com o coração batendo tão rápido. — Hermione, o que eu faço?

O loiro fechou os olhos preocupado, nunca passou por uma situação como aquela, então, tentando pensar com calma apenas enfiou seus dois dedos na garganta dela, ele não pensava, nem sabia se funcionaria, porém, o lado tentando ser lógico naquela situação pensava que o melhor seria ela vomitar.

Antes mesmo de fazer algo parou.

— Não, não… — sussurrou consigo mesmo, lembrando-se das aulas da faculdade. Pegou o celular discando o número da pessoa que lhe ajudaria naquele momento. — Atende. 

Fechou os olhos, respirando fundo, observava o rosto de Hermione tentando captar algum sinal de que estava acordada. Nada. Hermione parecia estar morta.

— Atende…

“ Isso é horas de me ligar Draco? Eu…”

— Preciso da sua ajuda.- —disse ele, ansioso.

“ O que houve? “

O tom de voz dela mudou radicalmente percebendo que algo estava errado.

— Astória ela tentou cometer suicídio.

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“ — Como foi? Como foi? Ele foi educado? Raivoso? Um príncipe?

Hermione apenas ria da agitação da sua melhor amiga, Gina, não parava de pular pelos corredores da faculdade animada. Faltava gritar pra todo mundo que sua melhor amiga namorava seu irmão.

— Ele deu em cima de você? Rolou algo quente, heim? — perguntou ela, maliciosamente.

Hermione corou.

— GINA!

— Então, conta. Por favor. — pediu, fazendo biquinho e juntando as mãos em um sinal de oração.

Hermione suspirou, revirou os olhos rindo.

— Tudo bem. — rendeu-se. — Ele foi perfeito.

— Eu sabia…

— Um completo cavalheiro.

— Eu sabia…

— Mas…

— Mas? — Gina incentivou.

— Não sei se ele gostou de mim. — disse ela, cruzando os braços. Entraram na sala de aula.

Gina suspirou, pegou na mão dela a arrastando até sentarem nos seus lugares.

— Se ele não gostar o problema é dele que vai está perdendo um mulherão. — Gina disse, dando de ombros. — Você é linda, inteligente, simpática, chata, amiga, leal, insuportável… — Gina ignorou o tapa de leve que recebeu dela por está indignada por sua frase. — Eu gostaria muito que fosse minha cunhada, mas se você não gostar dele ou vice-versa não vou ficar com raiva.

— Não? — perguntou Hermione.

— Não. — afirmou Gina. — O importante é que você seja feliz com Ron ou sem Ron. O importante é vê-la bem e o resto é nada.”

O som característico de um dos aparelhos que continha em hospitais foi o que Hermione ouviu assim que voltou a consciência. Sentia uma dor aguda em sua cabeça, latejava, o gosto metálico era forte em sua boca, sentia a dormência em seu corpo. Os orbes castanhos visualizaram o teto branco, piscaram algumas vezes tentando entender o que estava acontecendo, sentia o corpo aquecido pela coberta, isso lhe dava uma sensação aconchegante.

— Você está no hospital.

Hermione assustou-se ao ouvir uma voz próxima a ela, virou sua cabeça encontrando Draco sentado na poltrona do quarto, lendo um gibi, estava tão diferente de quando o via pela sua casa naquela semana, usava uma camisa branca, uma calça jeans surrada e os fios loiros caíam sobre seus olhos.

— O quê…

— Sente algo? — perguntou ele fechando o gibi.

Hermione engoliu em seco, balançou a cabeça negando. Foi quando a última lembrava que tinha veio forte em sua mente: Ela chorando após aquela ligação, o coração se partindo mais vezes do que gostaria, o fato que não pensava direito, caminhando para a estante de bebidas, pegando uma garrafa, ingerindo mais álcool do que já bebeu em sua vida e logo o desejo de dormir. Não demorou a pegar um remédio, beber, caminhar pela casa até seu corpo dar sinais terríveis que não estava bem.

Antes mesmo de conseguir perguntar como ele a encontrou, temendo ser algo realmente difícil de falar, uma loira vestindo um jaleco adentrou no quarto. Os grandes fios loiros estavam presos em uma trança, as mãos dentro dos bolsos e o sorriso afetuoso em seu rosto.

— Olá Hermione, como se sente? — perguntou ela, aproximando-se da cama, pegando um prancheta que estava pendurada no leito. — Draco pode nos deixar a sós, por favor.

Hermione apenas viu Draco suspirar antes de sair do quarto, então, focou sua atenção na loira que parecia analisar algo na sua prancheta.

— Quem é você?

— Astória Greengrass, médica geral do Hospital. — respondeu ela, deixou a prancheta de lado. — Sabe o porquê de vim parar aqui?

Hermione negou, realmente não sabia.

— Draco a encontrou inconsciente em sua casa. — explicou ela. — Havia uma garrafa de álcool vazia e uma caixa de remédios.

A surpresa lhe atingiu em cheio, fechou os olhos, compreendendo o que a médica insinuou.

— Não queria me matar. — sussurrou, abaixou sua cabeça abrindo os olhos, encarou suas magras e pálidas mãos. — Eu só queria dormir…

— Bom, não encontrou a forma certa para isso. — Astória falou, o seu tom era suave. — Eu sei o que  está acontecendo, eu vi…

Rapidamente Hermione levantou a cabeça para encará-la assustada com sua confissão.

— Tratei dos machucados, tirei a mistura fatal que instalou em seu organismo. — explicou ela. — Já faz algumas horas que está aqui, pode ir para casa. Mas antes de ir… —Astória aproximando-se lhe entregando um cartão. — Se quiser conversar, se quiser sair dessa vida pode telefonar, irei te ajudar.

Hermione segurou o cartão com os dedos trêmulos.

— Eu…

— Deixe ele te ajudar Hermione, deixa eu te ajudar. — disse Astória sensibilizada. —Não fique presa dentro dessa bolha, acho que está na hora de sair, não é?

Antes mesmo de Hermione conseguir dizer algo Astória saiu do quarto, então, ali estava ela sozinha, perdida em pensamentos e em suas dores. Contudo, poderia pensar que não foi por muito tempo, visto que, Draco adentrou no quarto novamente.

— Vamos sair daqui, já ganhou alta.

Hermione engoliu em seco, assentiu. Não disse nada enquanto uma enfermeira entrou e lhe ajudou, pegou uma bolsa com algumas de suas roupas, não queria pensar que tivesse sido Draco a mexer nas suas vestimentas, visto que, a vergonha lhe abateria. Quando vestiu um vestido folgado de um cor neutra Hermione suspirou ansiosa, apenas desejava voltar para casa e se trancar lá dentro. Não queria ver ninguém, contudo, quando saiu do banheiro logo visualizou Draco parado em frente da porta segurando sua pequena bolsa.

— Aqui é a receita que a Doutora Greengrass pediu para lhe entregar. — disse a enfermeira, entregou para Hermione um papel. — Fique bem.

— Obrigada.

Draco caminhou na frente sendo seguida por Hermione que mordia seu lábio inferior preocupada.

— Olha… — murmurou ele, vendo-a parar e lhe encarar. Os olhos castanhos demonstravam medo, então, tudo o que ele pensou em dizer ficou preso em sua garganta. — Vamos comer algo.

Hermione ficou calada, não sabia como reagir, apenas seguiu Draco pelo hospital até chegar no estacionamento e observar o carro simples que ele tinha, entrou no automóvel respirando fundo.

Ela estava louca? Talvez.

Ela deveria fugir? Provavelmente sim.

Poderia se arrepender? Talvez.

Contudo, a batalha interna era intensa dentro de si, um lado sentia o medo percorrer seu corpo e o outro apenas queria ser protegida. Pela primeira vez observou rapaz ao seu lado que dirigia tranquilamente, então, deduziu que deveria dar uma chance para o seu lado que queria ser protegida.

— Obrigada. — agradeceu.

Hermione virou o rosto para o lado da janela, sentindo o vento gelado e observando a cidade pela primeira vez, encarando o mundo depois de muito tempo presa. Por causa disso não viu o sorriso simples que Draco lhe ofereceu.