1. Spirit Fanfics >
  2. Nerd >
  3. Capítulo 19 - The way you always made me look.

História Nerd - Capítulo 19 - The way you always made me look.


Escrita por: Lu141

Capítulo 20 - Capítulo 19 - The way you always made me look.


Acho que eu nunca comentei como é o meu quarto. Tirando as coisas que Larissa costuma chamar de nerd, ele até que é bem reconfortante, se você quer saber. É azul, tem milhões de estantes para meus livros, uma escrivaninha para o meu laptop, minha cama e uma televisão presa num suporte da parede. Mas o que eu mais gosto é a vista da minha janela, que dá para o meu jardim, onde consigo ver minha casa da árvore. Eu e meu pai a construímos quando eu era pequeno, mas ela está lá, firme e forte até hoje.

Já era noite e eu não ouvi notícias de Lari, ou de Júlia, o que estava começando a me preocupar. Coloquei um agasalho qualquer e saí de casa, indo até a casa de Tho, que provavelmente estaria com Ther e Tho deve ter convidado João para ir lá e Júlia deve ter ido junto. E se não tivesse, eu teria que espancá-lo até seu nariz virar uma batata. Toquei a campainha do rapaz, que atendeu alguns minutos depois com um pedaço de pizza na mão, o que acabou me lembrando de que eu não comi nada o dia inteiro, já que estava preocupado demais em esperar Larissa voltar para mim.

Tho: Fala, Oliveira! - disse, dando uma mordida. - To jantando com uns amigos.

Di: E eu estou procurando Júlia. - Nesse momento Tho arregalou os olhos e fez uma pausa, tentando compreender o que eu havia dito. - Ela não voltou para casa ontem à noite, então se ela vier aqui, mande-a voltar para casa.

Tho: Ela dormiu aqui, com o João. - disse o rapaz pegando mais um pedaço da pizza e puxando o queijo com os dentes. - Ela disse que ia te avisar, desculpa, cara.

Di: Não faz mal, desde que ela esteja bem. - respondi, colocando meu gorro do casaco sobre o rosto. - Diga que eu estive procurando por ela, está bem? -  assentiu. - E você viu a Lari?

Tho parou de mastigar no mesmo momento e começou a negar com a cabeça repetitivamente, o que deu a entender que ele estava escondendo algo de mim.

Di: Ela está aí também, né? - disse, entrando mesmo que Tho não tivesse me convidado. No mesmo momento vi Júlia sentada com João e Ther na sala, comendo uns pedaços de pizza.

Ther: Ela não está aqui, Oliveira. - disse, tentando me impedir.

Di: MENTIRA. - gritei, vendo que eu estava certo através dos olhos de Tho, que tentavam encontrar alguma desculpa. - Eu só quero falar com ela. Cadê ela?

Júlia: Primo! - se intrometeu. - Quer comer um pedaço de pizza? - e abriu um sorriso falso, tentando acalmar a situação, provavelmente também sabendo onde Lari estava.

Di: E você! Você dormiu fora de casa e olha a sua idade. Júlia, você só tem 15 anos, não tem idade para dormir na casa do Tho com seu “namorado”. - eu comecei, estressado. - Cadê a Larissa?

Ther: Ela não está aqui. - Continuava afirmando, quando ouvi um barulho vindo do piso superior.

Olhei para o mesmo e saí correndo, subindo as escadas apressado, ainda que Ther e Tho estivessem tentando me impedir a todo o custo. Foi quando ouvi gemidos vindos do quarto de Costa. Senti meus olhos ficarem marejados, já imaginando quem estaria por detrás daquela porta, e passei a mão sobre os mesmos, secando-os antes que alguma lágrima caísse de meus olhos.

Tho: Vem, cara, vamos descer. - disse, me pegando pelo braço com calma, tentando me levar até a sala por bem. Mas eu não dei ouvido, balancei meu braço e soltei-me de Tho, abrindo a porta. E foi então que eu vi o que eu não queria ver. O que eu não imaginava nem em meus pesadelos mais perturbadores. É, exatamente o que você está imaginando. A dona dos gemidos era Larissa, e quem estava os provocando era Silva. Maldito Silva.

Di: Elias. - disse, sentindo um nó na garganta, meu estômago revirar e uma vontade imensa de vomitar. Minha voz estava chorosa, meus olhos não podiam mais conter meus sentimentos. E ela me ouviu chamando, tanto que olhou para mim, empurrando Le de cima dela no mesmo momento e se cobriu com o lençol que estava na cama, que provavelmente era de Tho.

Lari: Di...

Não deixei que ela acabasse de falar. Sinceramente, já não me importava. Eu queria que ela morresse. Mentira, eu não queria. Mas meus olhos não concordavam, e meu coração, que agora eu sentia se despedaçar, queimar e virar pó não dizia a mesma coisa. Eu não queria que ela morresse porque eu ainda a amava.

Entrei em casa, ainda sozinho, afinal, devia ser cerca de nove horas da noite. Eu parecia aquelas menininhas de treze anos que choram quando levavam um fora, mas eu tinha muito mais motivo. Subi para o meu quarto e me joguei em minha cama. Sim, que nem uma bicha. Me deixa em paz. Tudo o que eu queria naquele momento era nunca ter visto Larissa se mudando. Queria nunca ter entrado naquele grupinho de merda. Queria ainda ser o nerd excluído que seu único amigo é o dono da banca de jornais, que já está cansado de te ver ir lá comprar mangás todos os dias. É aquela frase que todo mundo me diz: “O mundo dá voltas, numa dessas você roda”. Mas tudo o que eu queria era minha vida antiga e sem complicações de volta.

No meio de tanto chorar acabei adormecendo e quando acordei Júlia estava sentada no canto de cama, passando a mão em minha cabeça. Ela sorriu ao me ver abrindo os olhos.

Júlia: Tá tudo bem? - perguntou, delicadamente. Eu nunca havia visto ela me tratar daquela maneira.

Di: Não, não tá. - disse, com a voz rouca, provavelmente com os gritos que dava ao chorar. Até cheguei a soluçar. - Eu to cansado, Juju. A Larissa sempre faz alguma coisa e estraga tudo, eu estou cansado de ir e voltar, e ter que dividir o amor dela com Le.

Júlia: Então não volta mais com ela. - respondeu, com calma. - Nada vai desesperá-la mais do que ver você ir embora e deixar o mundo dela de cabeça pra baixo.

Sentei-me em minha própria cama e abracei minha prima, sentindo-me seguro para fazer isso sem que ela fosse me agarrar e tentar me consolar da maneira menos apropriada.

Di: Eu vou fazer isso. - afirmei para ela, ainda a abraçando.

Júlia: Mas você não pode desistir e voltar com ela dois dias depois. Você tem que agir como um Oliveira. - e sorriu. - E pode contar comigo se precisar.

Eu sorri e a soltei. Júlia não era uma pessoa tão perturbada quanto eu imaginava. Ela se ofereceu para fazer pipoca para nós dois assistirmos “Hércules”. Esse era o meu filme e o dela. Nós o assistíamos todos os dias quando éramos pequenos, e talvez fosse bom relembrar aqueles anos. Depois de Júlia sair, esfreguei meus olhos que agora doíam devido aos trilhões de lágrimas que caíram e comecei a ouvir meu celular apitando sem parar. Percebi que ele estava embaixo de um amontoado de roupas, e então comecei a tirá-las do lugar, a procura do mesmo.

Peguei o aparelho e li “21 chamadas perdidas”. Suspirei, ao ver que quem havia ligado tanto havia sido Larissa, e vi que havia um recado no correio eletrônico. Hesitei com medo de ser de Larissa, mas a curiosidade falou mais alto.

Lari: “ O-Oi, Di. - Pude ouvi-la dizer com a voz tímida e chorosa. - Eu sei que você deve estar muito bravo comigo, mas eu tenho motivos. Quero dizer, eu tive. Você sabe, para ter feito aquilo com Le. Eu queria poder te explicar tudo, mas acho que vai ser melhor pra você se você não souber. Vamos fingir que o que houve entre eu e você nunca aconteceu, tá? Acho que vai ser melhor para nós dois se eu continuar com Le e ignorarmos esse ataque que tivemos um pelo outro. Afinal, eu sei que o que eu senti por você não foi real, foi só uma paixonite. E o mesmo para você. Nos vemos amanhã está escola... Beijos.” – E desligou.

O que me restou fazer foi enfiar mais uma vez a cara no travesseiro e chorar mais um pouco antes que Júlia acabasse de fazer a pipoca.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...