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História Nerd - Capítulo 20 - It's over now and I can't save you.


Escrita por: Lu141

Capítulo 21 - Capítulo 20 - It's over now and I can't save you.


Eu acordei com o despertador pulando do lado da minha cama, sobre o criado mudo. Segunda feira. Levantei sem o mínimo entusiasmo e abri a janela, sem medo de que alguém me visse sem a camiseta do pijama. Mas até aí meu dia parecia o mesmo, era como se tudo o que tinha acontecido um dia antes havia sido apenas um sonho, só que meu raciocínio avançado me fazia lembrar que não era. Que tudo aquilo foi real. Que machucou por dentro, de verdade.

Quando entrei nos portões de Clinton Ferruci School eu senti todos os alunos me encarando. Normal. Não, não era, porque eles me olhavam com um olhar de compaixão e simpatia, e não com os típicos pensamentos “O nerd chegou” e sim “O Amigo de Larissa Elias entrou. Vamos falar com ele?”. Ainda bem que nenhum deles devia ter a mínima ideia de que em um mísero fim de semana nós salvamos Maísa de ir para um manicômio, eu dormi com Larissa, que terminou e voltou com Le, e acabou me deixando plantado enquanto fazia coisas impróprias com ele.

James: Ei, Oliveira. - disse uma voz rouca, e ao olhar vi James, o capitão do time de futebol. Até os treze anos ele me batia e roubava meu lanche, não estou brincando. Mas aí um dia Silva se meteu no meio de uma briga e disse que eu fazia academia e só não brigava com ele porque eu era bonzinho, mas que era pra James nunca mais se meter comigo senão o próprio Le bateria nele. - Quer almoçar com a gente hoje?

Devia ser alguma piadinha. Em um dos filmes que eu não me lembro bem umas meninas populares a chamaram para almoçar com elas só para elas terem mais “popularidade”, porque a menina era, em minha opinião, uma gata. Por esse motivo, não sei o que aconteceu dentro de mim que eu respondi de maneira simpática, coisa que eu jamais faria se eu ainda fosse excluído.

Di: Não, James, obrigado. Eu já combinei de almoçar com Larissa, Le e o resto das pessoas. - e abri um sorriso vitorioso, que fez com que pessoas começassem a sussurrar coisas ao meu respeito.

Ao entrar em minha primeira aula, vi novamente todos os olhares se voltarem para mim. Levantei um braço de cada vez discretamente e cheirei embaixo do mesmo, afinal, para todos fazerem algo desse tipo, era de se notar que eu provavelmente estaria exalando algum cheiro não muito agradável. Sentei-me em meu lugar habitual e no mesmo momento Kimmy Bridget, uma das animadoras de torcida (que foi expulsa da aula de Conor, alguns meses atrás por chegar atrasada), apoiou-se em minha mesa sensualmente, fazendo aquela coisa de apertar os peitos com o braço para eles parecerem maiores... Não sei se vocês sabem como é.

Kimmy: Oi, Di ... - disse com um sorriso estonteante e dando uma piscadinha para mim. - O que você vai fazer esse fim de semana?

Di: Jogar videogame. - menti, sabendo que o único motivo para ela estar fazendo isso era o fato de Larissa ter me abraçado na festa que deu sexta feira.

Kimmy: Parece divertido. - respondeu, desviando o olhar. - Posso ir junto? - disse olhando mais uma vez para mim.

Xxx: Não, porque só os amigos dele que vão. - disse uma voz que eu pude reconhecer imediatamente. Era Mah.

Kimmy: Mah! - disse. - Como vai, querida? Fiquei sabendo que você foi novamente para a “rehab”. Espero que você esteja melhor.

Cara, mulheres são bem cínicas quando querem.

Mah: Maísa. - corrigiu com um sorriso. - Ótima! Na verdade, eu até pretendo dar uma festa esse fim de semana, mas é só para quem não liga que eu fui pela terceira vez para a reabilitação. E se você quer saber, até que lá é bem legal. Você perde aula e fica assistindo televisão, fazendo o que você quiser.

Kimmy percebeu que não devia ter comentado sobre a reabilitação e se calou. Respirou fundo durante a pausa e continuou, abrindo um novo sorriso.

Kimmy: Bom, é claro que eu não tenho nada contra a reabilitação, pra mim é como um spa, se você quer saber. Que bom que está melhor.

O professor entrou na sala e Kimmy foi até seu lugar. Só que Mah não foi até a última carteira e se sentou lá. Não, ela se sentou na cadeira ao lado da minha.

Mah: Eu fiquei sabendo do que aconteceu ontem, Larissa me ligou chorando para contar. - sussurrou.

Di: Bom pra ela. - respondi secamente. - O que ela fez não foi nada, eu não estou nem aí.

Mah: Eu sei que está. Eu te conheço, Diego.

Professor: Prova surpresa. - anunciou o professor de trigonometria, fazendo com que todos pulassem de susto, inclusive Maísa.

Mah: Fudeu. - sussurrou. - Eu preciso de nove para passar esse trimestre.

O professor começou a distribuir as folhas pelas carteiras, e ao terminar de fazê-lo, sentou-se em seu lugar. Ele olhava para todos os alunos, tentando ao máximo ver se tinha alguém trapaceando. Eu fiz a minha prova em cerca de vinte minutos e entreguei, afinal, era fácil até demais. Mas eu olhei por um momento para Maísa e vi que ela tinha sua cabeça apoiada em sua mão, e seu cotovelo apoiado sobre a mesa. Ela não sabia absolutamente nada. Fiquei com pena, afinal, ela sempre me apoiou apesar de também ser amiga de Larissa, e se repetisse o ano era provável que ela sairia da escola. E eu não queria uma nova pessoa no grupo.

Anotei todos os cálculos e respostas numa folha qualquer e ao sair, fingi que deixei a mesma cair. Dei a prova ao professor, que me mandou sentar em meu lugar novamente. Maísa viu a folha e olhou para mim.

Di: Pega. - sussurrei para ela.

Ela deixou seu lápis cair “sem querer” no chão e pegou o mesmo, junto a folha de respostas. Abriu a mesma com cuidado e a deixou embaixo da carteira, protegida, enquanto copiava as respostas. Após fazê-lo, entregou a prova e saiu da sala, porque faltavam apenas dez minutos para o fim da prova, seguida por mim e por outros alunos que já haviam terminado a mesma.

Mah: Por que você fez aquilo, Di? - perguntou quando saí da sala.

Di: Porque eu não queria que você fosse mal, e pela sua reação ao ler cada questão, você não parecia estar muito bem na matéria.

Ela sorriu para mim.

Mah: Bom, obrigada. Você vai almoçar conosco hoje, certo?

Di: Não sei se devo. - respondi. - Não sei como vou ter coragem de olhar para Elias depois do que ela fez comigo.

Mah: Olha, eu posso dizer uma coisa? Larissa e Le estão predestinados a ficar juntos, e eu descobri que a prima dela está totalmente apaixonada por ti.

Di: O QUÊ? - perguntei em voz alta, reproduzindo o que meus pensamentos haviam ecoando em minha mente.

Mah: Larissa não sabe disso, mas Mha e Le estavam tendo um caso depois que eles deram um tempo, e na balada que nós fomos Mha te beijou para fazer ciúmes em Le, lembra? -  assenti. - Então, a verdade é que ela gostou, e muito. E agora gosta de você.

Di: O QUÊ? – repeti. – Não pode ser.

Mah: Pois é. Não é à toa que Larissa teve que escolher entre magoar a prima ou ficar com Le.

Di: O QUÊ? - gritei pela terceira vez e Maísa me olhou com desprezo.

Mah: Cara, você é surdo ou só sabe falar isso? - disse ela, me olhando com desprezo. Engoli seco, relembrando a cena de Larissa e Le fazendo aquilo noite passada. - Escuta só, eu se fosse você desistiria dela.

Di: Eu não vou desistir. - respondi prontamente. - Qual é, Mah, eu esperei por ela por quase dez anos!

Mah: Mas agora a Mha gosta de você. Olha, eu até já sei como você pode fazer. Lembra que mês que vem tem o baile de formatura do terceiro ano, e você pode pedir ela lá. Vai ser romântico, todo mundo vai estar vendo e vocês vão ser o quarto casal.

Di: Quarto?- questionei a baixinha, e imediatamente eu vi suas bochechas corarem.

Mah Gui me pediu em namoro ontem. - disse, corada. Dei uma gargalhada e seu rubor se transformou numa cara de negação à minha risada, que fez com que eu me calasse imediatamente. Abri um imenso sorriso de satisfação.

Di: Viu? Você tá com o garoto que você gosta. Por que eu não posso ficar com a garota que eu gosto? - perguntei. Percebi por um momento que ela precisava torcer seu rosto para cima para poder me ver e tentei não transparecer o riso em meus lábios.

Mah: Porque ela não pode gostar. Você é um nerd! - afirmou com convicção, sem entender que garotos também têm sentimentos.

Aquilo fez com que eu me calasse. Não podia dizer que não era meio perturbador lembrar que nem tão pouco tempo atrás eu me orgulhava de ser nerd. E foi aí que eu entendi o que havia acontecido comigo. Sabe aquele filme lá da menina que veio da África? Aquele tal de Meninas Malvadas? Sabe a hora em que a garota vê o que ela havia se tornado e viu que isso a fez perder pessoas que de fato gostavam dela? Foi o que aconteceu comigo. Olhei para mim mesmo, reparando em meu casaco preto com uma espécie de onça no meio, minha calça jeans cortada reta em meu corpo e meu tênis da Nike. E eu sempre fui um anti tênis da Nike. Saí de perto da garota enquanto ela ainda gritava meu nome histericamente, me chamando para voltar lá.

O fato é que ser nerd foi a melhor coisa que me aconteceu, porque pelo menos eu sabia que as pessoas gostavam de mim pelo o que eu era, e não pelas modinhas ridículas e as coisas que todo um do gosta hoje em dia. E então fui para o meu antigo refúgio. Quando os meninos do time de futebol tentavam me trancar dentro dos armários do vestiário, eu saía correndo para o meu refúgio, e eles nunca me alcançavam. Fugir sempre foi algo em que fui bom em fazer. Eu mesmo havia construído aquele lugar. A professora de biologia queria um jardim para quando ela fosse ensinar botânica, e eu me ofereci para ajudá-la. No final não deu muito certo, e aquele lugar acabou sendo abandonado.

Mas eu fiz dar certo. Plantei milhares de espécies diferentes de plantas e logo aquele lugar se tornou minha estufa. Meu refúgio. Eu cuidava das plantas porque eu não sabia cuidar de mim mesmo.



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