História No choices - Imagine Kim TaeHyung - Persecuted

 

Ayame não fazia ideia de como cuidar de alguém, sabia poucas coisas sobre como baixar uma febre, porém não se sentia confortável para se aproximar do garoto, se nem estando saudável se dava bem com Taehyung, imagine doente e pior, doente por culpa dela.

- E agora eu acho que ele está doente.

“Ayame, você sabe muito bem que é fraca para bebidas.” - Suly falou do outro lado do telefone. - “O que foi que deu em você?”.

Ayame estava deitada na cama desde quando Taehyung saiu do quarto. Não conseguiu ficar em paz desde que percebera que o rapaz não estava muito bem. Ligou para Suly para ver se a sua amiga conseguia aliviar aquela culpa que estava sentindo. Suly por outro lado achava graça da situação, imaginava sua amiga totalmente perdida e estava disposta a ajudar.

-Eu sei... Mas eu estava querendo me sentir livre, sabe. - Aya respondeu virando de bruços no colchão.

Suly sorriu ao ouvir aquilo.

“Entendo”. - Falou. - “Agora é a sua vez de fazer alguma coisa.”

Suly ainda não havia entendido do porque Aya ligou para ela, a única coisa que Ayame teria que fazer era simples, teria que cuidar dele obviamente.

-Como assim? - Ayame perguntou sentando na cama.

Ela estava disposta a tudo para recompensar o trabalho que deu noite passada. Mas não tinha ideia de como, Taehyung não dava a oportunidade para ela se aproximar.

“Ele está doente, precisa fazer-lo ir para o hospital.” - Suly respondeu.

-Bom, acho que ele vai. - Ayame falou. - Não pode ficar doente.

Ninguém em sã consciência ficaria doente sem fazer nada. E Ayame sabia que ele não era tão irresponsável assim.

“Nunca se sabe, só fique de olho nele”. - Suly falou. - “Preste a atenção se a febre dele aumenta, isso pode ser perigoso. Agora preciso ir amiga, depois nos falamos.”

-Ok. - Ayame se despediu dela e desligou o telefone.

Ela levantou da cama e caminhou até a varanda do quarto. O tempo estava ótimo naquela tarde. Ayame queria sim corrigir o erro da noite passada, mas não estava arrependida do que havia feito, beber até esquecer dos seus problemas a fez se sentir bem e livre por alguns minutos.

Calçou seus saltos e saiu do quarto, iria falar com ele de novo e dessa vez evitaria uma briga. Entrou no elevador e desceu, Taehyung deveria estar tomando café ou alguma coisa assim. Caminhou até a recepção e o viu de longe, estava sentado em uma mesa e bebia alguma coisa.

Ela se aproximou dele e raspou a garganta. Ele por outro lado continuou focado em seu celular, digitava alguma coisa e de vez em quando levava a xicara até os lábios.

-Podemos conversar? - Ela perguntou sentando na poltrona de frente com ele.

Olhou para ele e ficou esperando alguma resposta, mas ele apenas continuou fazendo o que fazia. Ela fechou os olhos e respirou fundo.

Taehyung estava focado em seu celular, resolvia problemas da empresa por ali e não estava interessado em conversar. Ainda se sentia um pouco tonto por causa da febre, porém não estava se importando já que tinha coisas importantes para fazer.

-Olha, me desculpa. - Ela falou. - Eu não vou mais beber daquela maneira, mas o assunto agora é outro...

Taehyung levantou seu olhar por cima do celular e esporou ela terminar de falar. Ainda estava irritado, mas estava tentando esquecer noite passada e se ela terminasse de falar o quanto antes, melhor.

-Você está doente? - Ayame perguntou o obvio.

Ele fechou seus olhos e suspirou.

- A conta, por favor. - Falou olhando para um garçom que passava por ali.

Ayame sabia que ele não estava bem. O suor nas têmporas dele provava isso, até mesmo seu rosto levemente avermelhado. Estava febril e sabia que aquilo era culpa dela, eles caíram no mar noite passada e se lembrava disso perfeitamente.

-Taehyung. - Ela exclamou ficando em pé quando o mesmo se levantou. - Precisa pelo menos tomar algum remédio.

Taehyung entregou o dinheiro para o garçom e saiu andando. Ayame agradeceu com a cabeça o garçom que ainda estava ali e saiu correndo atrás do rapaz. Ele entrou no elevador e ela entrou atrás, assim que a porta se fechou, Ayame criou coragem e o pegou de surpresa quando empurrou Taehyung contra a parede do elevador.

-O que... - Ele começou a falar, mas parou quando Ayame levantou um pouco seus pés e colocou sua mão na testa dele.

A palma da mão dela estava fria e de certa forma foi bom sentir sobre sua pele quente.

-Meu Deus, você está fervendo. - Ela falou arregalando seus olhos.

Taehyung levou sua mão no pulso dela que ainda estava em sua testa e puxou sua mão dali. Ela se afastou um pouco com o gesto e o encarou.

-Tem como não encostar em mim? - Perguntou.

Ayame sorriu soprado e olhou para o lado. Aquilo estava ficando difícil.

-Você não é mais uma criança, tome pelo menos um remédio. Seja responsável. - Ela falou olhando para ele.

Taehyung deu um passo em sua direção e a encarou nos fundo dos olhos.

- Vai mesmo querer falar sobre atitudes infantis? - Perguntou. - Tudo isso aqui só está acontecendo por que você resolveu beber. Eu fui responsável quando a trouxe para cá, e você?

Ayame prendeu o ar e ficou pensando em alguma coisa para rebater, mas sabia que ele tinha razão, embora não achasse que beber até apagar fosse uma atitude infantil, mas resolveu não questionar sua opinião. A irresponsável ali era ela, ele não tinha a obrigação de ter cuidado dela ontem e muito menos trazê-la de volta para o Hotel, ela já era uma adulta e não agiu como uma.

Quando pensou em falar alguma coisa, a porta do elevador abriu e ele saiu andando sem dar chance alguma para ela responder. Ayame soltou o ar e o seguiu direto para o quarto, entrou antes que a porta batesse e sentou no sofá quando ele foi para o banheiro e bateu a porta.

A ideia de não brigar outra vez tinha ido por água abaixo. Assim que ele abriu a porta, Ayame levantou a cabeça e o encarou, ele não olhou para ela sequer uma vez, caminhou em direção à cama e deitou.

Taehyung havia tomado o remédio assim que desceu para tomar café, mas seu corpo ainda estava ruim e precisava repousar. Desde criança ele reagia assim a qualquer chuva e frio que enfrentava, ficava doente facilmente e a partir disso evitava situações como as de ontem.

Ayame queria chegar perto e fazer alguma coisa, mas sabia que isso só o deixaria mais irritado. Tirou seus saltos e cruzou as pernas sobre o sofá e ficou ali mexendo em seu celular.

...

Assim que se passaram algumas horas, Taehyung tossiu algumas vezes e isso chamou a atenção da garota que estava prestes a dormir no sofá. Ayame ficou em pé e se aproximou da cama, ele dormia e parecia estar com frio. Ela puxou o edredom que estava dobrado ao lado e o cobriu, receosa levou sua mão até a testa dele e se assustou com a temperatura. Ele estava com muita febre.

-Ah meu Deus. - Ela exclamou se afastando. - O que eu faço?

Olhou para os lados perdida e saiu correndo em direção ao banheiro. Abriu uma das gavetas e tirou uma toalha limpa dali de dentro e a encharcou de água na torneira. Após torcê-la um pouco voltou para a cama e sentou ao lado dele, puxou a franja do rapaz para cima e colocou a toalha ali em sua testa. Sua mãe havia feito isso uma vez quando era criança, ainda lembrava-se de como aquilo foi bom.

-Eu preciso ligar para alguém. - Ela falou a si mesma, afinal, se o garoto piorasse seria novamente culpa dela.

Quando foi levantar da cama o sentiu segurar seu pulso. Ayame olhou para ele e o encontrou de olhos abertos.

-Não. - Ele falou.

- Taehyung, você está com muita febre. - Ela falou voltando a se sentar. - Preciso ligar para alguém sim, eu não sou boa com isso.

Ele fechou os olhos e tossiu algumas vezes. Estava se sentindo péssimo, não se lembrava da última vez que havia ficado tão doente assim. Não queria que ela ligasse para ninguém, odiava quando sua mãe entrava em desespero por causa de um simples resfriado.

-Eu vou ficar bem. - Falou puxando a toalha que repousava em sua testa.

Ayama não iria contra ele, se rapaz não queria que ela ligasse para ninguém, não ligaria.

-Tudo bem, eu não vou ligar para ninguém. - Ela falou. - Mas vamos para um hospital.

A melhor opção seria o hospital, poderiam dar alguma coisa para ele tomar para que a febre abaixasse.

-Eu já tomei remédio, só preciso descansar. - Ele falou se sentando na cama.

Ayame arregalou os olhos minimamente, ela havia o chamado de irresponsável quando ele já tinha tomado o remédio? Aproximou-se mais um pouco e colocou a mão no ombro dele.

-Então fique deitado, eu vou pedir alguma coisa para você comer. - Falou.

Quando ele foi protestar, ela o empurrou para trás, Taehyung caiu deitado e rapidamente ela colocou a toalha em sua testa novamente.

-Fique com isso, ajuda. - Falou e saiu dali.

Taehyung fechou os olhos e respirou fundo, não tinha forças para ir contra ela no momento. Sentia seu corpo ruim e queria melhorar o quanto antes.

-Pronto. - Ela sentou novamente ao lado dele.

Ayame arrumou as cobertas em cima dele novamente, ela nunca precisou cuidar de alguém doente antes, estava perdida. Mas iria fazer o que ele pediu, não iria ligar para ninguém.

-Ayame... - Ele falou.

-Oi. - Respondeu rapidamente.

-Pegue meu celular. - Ele falou tossindo.

Ayame olhou em volta e avistou o aparelho em cima da escrivaninha ao lado. Inclinou seu corpo e o pegou.

-Aqui. - Colocou na mão dele.

Taehyung sentou novamente e começou a digitar alguma coisa. Ela sentiu uma vontade imensa de perguntar o que estava fazendo na situação em que se encontrava, mas achou melhor não. Assim que ele terminou de fazer o que fazia colocou o celular do lado e voltou a deitar.

-Está trabalhando? - Ela perguntou não aguentando a curiosidade.

Afinal, ele era o CEO das empresas Kim, com certeza tinha que ficar a par das situações.  Ele não respondeu nada e voltou a fechar os olhos.

-Ei, avisa eles que está doente. - Ela falou.

-Não. - Taehyung respondeu. - Minha mãe é capaz de vir a Paris se souber, então não.

Ayame respirou fundo e apenas concordou com a cabeça. Sentiu um pouco de inveja disso, Sakura jamais viria à paris somente por que estava resfriada. Quando ela foi continuar questionando ouviu batidas na porta e levantou correndo. Era o pedido que havia feito um pouco antes, abriu a porta e pegou a bandeja.

-Obrigada. - Falou e fechou a porta.

Voltou para a cama e sentou ao lado dele.

-Aqui, eu pedi um mingau. - Falou. - Tente comer um pouco.

Já estava na hora do almoço e era bom ele comer. Taehyung sentou na cama e olhou para o prato nas mãos dela, logo em seguida levantou seu olhar até ela, viu os olhos negros da garota brilhar, notou o quanto estava arrependida de tê-lo feito passar pelo o passou noite passada. Respirou fundo e puxou a bandeja até o seu colo.

-Não sou muito fã de mingau. - Falou rodando a colher na sopa.

- Mingau é bom para resfriados sabia? Tome logo.

Ayame pegou a tolha da cama e levou até o banheiro, passou água de novo e a deixou em cima da pia. Saiu do banheiro e viu que ele ainda encarava o prato.

-Não vai comer?- Perguntou.

Taehyung respirou fundo e começou a comer, se queira melhorar, era melhor comer. Ayame caminhou até o sofá e sentou ali, essa era a primeira vez que eles ficavam juntos no quarto sem brigar e não queria causar alguma coisa para isso.

Sentiu seu celular vibrar e saiu do quarto para atender.

-Alo.

“Tudo bem?” - Suly perguntou.

-Por enquanto sim, ele esta comendo, pedi mingau. - Ela respondeu encostando-se à parede ao lado da porta.

A garota estava aliviada por ver que Taehyung estava comendo sem reclamar, embora tenha dito que não gostava de mingau. Queria vê-lo bem logo e poder tirar de cima de si aquela culpa que sentia.

“Quem bom.” - Suly respondeu. - “Mas eu liguei por causa de outra coisa e ao julgar pela sua tranquilidade, não ficou sabendo ainda”.

Ayame endireitou seu corpo e apertou o telefone em sua mão.

-Fala logo Suly. - Exclamou nervosa.

Ela sabia que coisa boa não era quando Suly falava daquela maneira. Sempre fora ansiosa, e qualquer coisinha conseguia deixa-la louca de nervoso.

“Saiu uma foto sua com o Taehyung na praia, está em todos os jornais.” - Ela respondeu. - “‘O mais novo casal em sua lua de mel’, você está nas costas dele”.

Ayame arregalou os olhos e encostou-se à parede novamente. Se Taehyung ainda não a havia matado ainda, seria agora. Passou a mão no cabelo e sorriu soprado.

-Nos seguiram até aqui? - Perguntou o obvio.

“Provavelmente, o que esses jornalistas não fazem para terem uma noticia na primeira pagina?” - Suly respondeu.

Ayame não conseguiu nem se despedir, desligou o celular e passou a mão no rosto. Será que era visível de que ela estava bêbada na foto? Sakura deve estar borbulhando de nervoso se for visível. Ela entrou no quarto, tinha que contar a ele, era melhor ele bravo agora do que quando eles chegassem à Coreia.

-Taehyung? - O chamou.

Ele estava deitado na cama e parecia dormir. O prato estava na mesa ao lado e havia comido tudo. Ayame respirou aliviada e se aproximou da cama, no fundo se sentiu melhor por não ter que contar ainda. Sentou na cama e levou sua mão na testa dele, sorriu quando sentiu a febre mais baixa. Puxou sua franja para o lado e o encarou, ele estava sereno, não estava com aquele olhar frio e a expressão séria no rosto.

E pela primeira vez gostou de olhar para ele.

 

...

 

Taehyung sentia seu corpo mais leve, levantou sua mão e passou no cabelo jogando as madeixas para trás. Virou para o lado e sentiu o cheiro doce que achou agradável quando Ayame entrou em seu carro pela primeira vez. Abriu os olhos lentamente e viu a garota deitada ao seu lado, ela dormia profundamente e estava bem próxima dele.

Ela estava com as mãos em baixo do seu rosto e encolhida por causa do vento gelado que entrava pela varanda aberta. Ele se afastou um pouco e a encarou, ela respirava lentamente e não mexia sequer um dedo.

Taehyung sentou na cama e olhou em volta, estava cuidando de uma reunião pela celular antes de dormir e precisava ver o que aconteceu. Pegou o celular da mesa ao lado e viu as mensagens não lidas. Uma foto que Kook havia lhe enviado chamou sua atenção, abriu a mensagem e arregalou os olhos minimamente quando viu ele e Ayame na praia, ele a carregava nas costas.

-Eu mereço. - Ele falou fechando seus olhos.

Ayame o ouviu e abriu os olhos. Levantou rapidamente quando viu ele acordado, arrumou os cabelos, estava apenas sentada na cama e não fazia ideia de como parou deitada ali.

-Melhorou? - Perguntou.

Taehyung jogou as pernas para o lado e levantou, estava visivelmente melhor aos olhos dela.

- Sabia dessa foto? - Ele preguntou virando celular na direção dela.

Ayame arregalou os olhos e passou por cima da cama ficando em pé também, pegou o aparelho da mão dele. Ela queria muito ver a foto e ficou aliviada quando viu que ela parecia dormir nas costas dele.

-Eu fiquei sabendo. - Ela respondeu entregando o celular para ele. - Eu ia te contar, mas você estava dormindo.

Taehyung respirou fundo e olhou para o lado, era só o que faltava. Se tinha uma coisa que odiava era ser motivo de noticia.

-Olha, não vamos brigar de novo por causa disso. - Ela falou rapidamente. - Tenho certeza que isso já vai ter passado quando voltarmos.

Ele colocou o celular do lado e olhou para ela. Estava de vestido ainda, descabelada e o rosto levemente inchado de sono. Já havia escurecido, passou o dia inteiro ruim e não estava com disposição para continuar implicando com aquilo.

-Vamos descer e comer alguma coisa. - Ayame continuou falando. - Não está cem por cento bem, pode piorar se não comer mais nada além do mingau.

Ela virou e foi direto para o banheiro. Estava claramente evitando uma briga, tinha medo dele continuar discutindo com ela sobre a noite anterior. Taehyung suspirou e foi trocar a roupa, estava amassada e úmida por causa do pano que ela colocou em sua testa.

 

...

 

Ayame tirou o vestido e colocou uma calça jeans e um moletom azul, não queria vestir salto e vestido, se estava querendo ficar livre iria se vestir como quisesse. Sakura odiava vê-la daquela forma e isso a impedia um pouco de vestir calças.

Saiu do banheiro e viu Taehyung sentado no sofá, estava de calça jeans e uma camisa social como sempre. Notou que ele olhou para ela despercebidamente e ficou em pé.

-Vamos comer fora? - Ela perguntou.

-Nunca mais. - Ele respondeu saindo do quarto.

Ayame revirou os olhos e logo fez uma careta por trás do garoto, seguiu ele para fora do quarto. Entrou no elevador e olhou para ele, seu rosto não estava mais vermelho e parecia muito melhor.

-Vai ficar me encarando?- Ele perguntou assim que a porta abriu.

-Você melhorou? - Ela perguntou andando atrás dele.

-Está esperando um obrigado? - Ele perguntou se respondê-la.

Ela parou de andar e sorriu soprado, não estava acreditando que ele dissera aquilo. Taehyung por outro lado apenas agiu como sempre, era obvio que se sentia grato pelo os cuidados da garota, mas também achou que foi obrigação dela fazer aquilo, afinal, ficou doente por causa da sua bebedeira sem limites.

-Eu não ajudo as pessoas esperando que elas me agradeçam. - Ayame falou.

Ele parou de andar e olhou para trás. Ela não tinha reparado no quarto, mas Taehyung não havia mexido no cabelo e esse estava levemente bagunçado e o achou de alguma forma atraente.

-Ótimo. - Ele falou e continuou andando.

Ayame não estava esperando que ele agradecesse, afinal, ele estava doente justamente por ter ajudado ela. Era mais do que a sua obrigação cuidar dele, respirou fundo e continuou andando. Sentaram em uma mesa e notou ele pegar o celular novamente.

Ela olhou para os lados e em cada mesa sentavam uma família, casal, todos pareciam se divertir e sorriam com isso. Encarou o cardápio em cima da mesa e o pegou para escolher alguma coisa para comer, não tinha almoçado e seu estômago implorava por alguma coisa.

-Vem. - Sentiu Taehyung pegar em seu pulso rapidamente e a puxar da cadeira.

Ayame ficou em pé desajeitadamente e antes mesmo que pudesse perguntar alguma coisa, ele começou a andar.

-O que está acontecendo? - Perguntou tentando acompanhar os passos dele.

Taehyung deu a volta no salão e passou por uma porta, estavam dentro da cozinha do restaurante do Hotel. Os funcionários pararam o que estavam fazendo e os encaravam assustados.

-Tem alguma saída por aqui? - Ele parou de puxa-la e perguntou para um homem que mexia uma panela enorme.

-Sim, por ali. - O homem respondeu perdido.

Ayame não deixava de se surpreender com o francês de Taehyung, ele parecia fluente na língua quando falava com alguém. Sentiu-o puxar seu braço novamente e passaram por outra porta, saíram em um beco estreito e escuro.

-O que está acontecendo? - Ela perguntou de novo.

-Tinha repórteres lá dentro. - Taehyung a respondeu.

Ela arregalou os olhos e continuou andando. Tinham mesmo seguido eles até Paris, patético.

-Para onde vamos? - Ela perguntou.

Ele parou de andar e tirou o celular do bolso, digitou alguma coisa e encostou-se à parede. Estavam em uma rua escura, a cada dez minutos alguns carros passavam por ali. Ayame se aproximou dele e encostou do seu lado, estava começando a esfriar.

-Não acredito que nos seguiram até aqui. - Ela exclamou indignada. - Sinto a mão da minha mãe nisso.

Sakura era capaz de tudo para ter o que queria, e se o povo coreano acreditasse que os dois estavam realmente apaixonados, apenas rumores ótimos se espalhariam sobre as empresas Choi e Kim.

Depois de alguns minutos um carro preto estacionou na frente deles. Taehyung endireitou seu corpo e caminhou até a porta de trás.

-Vem. - Falou para ela.

Ayame correu e entrou antes dele, era um motorista coreano e isso a deixou surpresa. Taehyung sentou ao lado dela e fechou a porta.

-Para onde senhor? - O homem perguntou em coreano.

Ela olhou para ele, Taehyung realmente era uma pessoa poderosa. Ele tinha motorista em Paris? Ainda se lembrava de que ele dissera que não havia empresas Kim no País, mas tinha tudo ao seu dispor.

-Para outro Hotel. - O rapaz respondeu e o homem saiu com o carro.

-E a nossas coisas? - Ela perguntou ainda olhando para ele.

-Não se preocupe com isso Senhorita. - O homem a respondeu. - Já mandei alguém pega-las.

Ayame encostou-se ao banco e entrelaçou seus dedos uns nos outros. Isso foi muito rápido, não saberia o que fazer nessa situação se estivesse sozinha. Sentiu seu estômago roncar e rapidamente levou a mão ali na intenção de conter o barulho. Seu rosto certamente havia ganhado um tom avermelhado pela vergonha que sentiu quando viu que Taehyung notou o seu gesto.

Ele virou o rosto e olhou para ela ao lado. Não tinha ouvido nada, mas notou o gesto da garota e percebeu que estava faminta. Fechou os olhos e suspirou.

-Pare ali. - Falou para seu motorista.

Ayame olhou para ele surpresa e não deixou de sorrir.

-Vamos comer? - Perguntou.

Ele permaneceu em silêncio e ela murchou os olhos. Estava até prevendo de quantas vezes seria ignorada durante um ano. O homem estacionou o carro e eles desceram, era um restaurante, não era tão luxuoso como o que foram noite passada. Esse era em céu aberto e as pessoas ali se vestiam como ela, calça e moletom.

-Sejam bem vindos. - Um moço educado falou em inglês quando eles entraram.

Não precisava fazer reservas, apenas entraram e sentaram em uma das mesas vagas. Ayame olhou em volta e notou a praia do outro lado da avenida.

-Nem pense nisso. - Ele falou chamando a atenção dela.

Ela sorriu e olhou para ele.

-Não estava pensando em nada. - Ela se arrumou na cadeira e pegou o cardápio na mesa.

Só ai percebeu que era uma lanchonete e isso de alguma forma a deixou animada. Sakura não a deixava comer hambúrguer, e agora iria aproveitar o máximo que pudesse.

-Eu quero um desse. - Falou para uma garota que se aproximou da mesa.

A senhorita parecia ter mais ou menos uns dezoito anos e já trabalhava. Ayame se sentiu estranha, já tinha vinte e três anos e nunca havia lavado uma louça sequer na vida.

-Eu vou querer apenas um suco. - Taehyung falou.

-Precisa comer, você ficou muito mal. - Ayame falou olhando para ele. - E se ficar somente com o mingau não vai ajudar.

-Estou sem fome. - Ele a cortou sério.

Ela apenas respirou fundo e olhou para o lado, não iria insistir. Ele já estava melhor e a culpa em seu peito já tinha ido embora, se ele não queria comer o problema era dele.

- Você cursou administração?- Ela perguntou para ele.

Não estava a fim de ficar o tempo todo sem conversar, então criou coragem e resolveu saber mais sobre seu marido. Taehyung virou o rosto e a encarou nos olhos, o vento balançava os cabelos dela e ele gostou de vê-la daquela maneira, sem toda aquela formalidade de maquiagens, vestidos e cabelo bem arrumado. Ele não sabia o porquê, mas os cabelos dela lhe chamavam muito a atenção.

-Sim. - Respondeu a deixando surpresa.

-O último ano é o mais difícil? - Ela tornou a perguntar. - Sempre falam isso para mim, isso me assusta um pouco.

Antes que ele pudesse responder, a garota de antes voltou e pousou na mesa o copo de suco que ele havia pedido mais cedo e saiu andando. Taehyung pegou o copo da mesa e bebeu um pouco do líquido.

- Você queria cursar administração? - Ela continuou perguntando. - No começo eu estava infeliz com o curso, eu sempre quis fazer moda. Mas agora eu gosto, meu pai disse que como sou a única filha, é minha obrigação fazer administração para levar a empresa para frente.

Ayame não era de falar muito, mas de alguma forma queria saber mais sobre ele. Sabia que não era filho único, e jamais tocaria no assunto sobre seu irmão. Mas estava curiosa para saber o que o levou a fazer administração se seu Hyung já estava nesse cargo.

-Nunca fez algo por que quis? - Ele perguntou de repente.

Ela parou de mexer na ponta da flor que tinha ali na mesa e olhou para ele. O vento jogou a franja do garoto sobre seus olhos e as mãos de Aya formigaram para puxa-la para o lado.

-Eu... - Ela começou a falar e parou para pensar.

Ayame já havia pintado seus cabelos de louro quando era nova, mas achou isso muito ‘fraco’ para dizer a ele, não foi algo significativo, foi apenas uma revolta de adolescente querendo apenas desafiar a mãe. Fora isso, nunca havia feito nada e se sentiu péssima por isso.

-Já. - Mentiu.

Taehyung sorriu minimamente e olhou para o lado. Ela queria falar alguma coisa, mas percebeu que ele viu em seus olhos que mentia.

-Tabom, eu não sei. - Ela exclamou. - Eu não consigo pensar em nada agora, mas com certeza eu fiz.

Ele pegou o copo da mesa e tornou a beber. Quando foi continuar falando, a menina se aproximou novamente e colocou o lanche na mesa.

-Obrigada. - Sorriu.

Olhou para ele e aproveitou que o mesmo olhava para o lado e começou a comer, não queria continuar com aquele assunto então não falou mais nada. Assim que terminou o lanche, levantaram da mesa e saíram do local.

-Bom, eu vim para cá por que eu quis. - Ela falou enquanto caminhavam em direção ao carro.

Ayame decidiu vir a Paris para ficar livre de sua mãe e estava gostando, era algo que ela desejou.

-Estamos aqui por que sua mãe organizou essa viagem. - Ele falou colocando as mãos nos bolsos da calça.

Ela olhou para o chão e continuou andando, ele tinha razão. Só estava ali por que foram obrigados a se casarem. Ayame nunca fez nada por que quis e era a primeira vez que parou para pensar nisso. Ouviu o barulho da porta e notou que já estavam ao lado do carro.

-Senhor, as suas malas já estão no Hotel aqui perto. - O motorista falou ao Taehyung.

Ayame ao notar que ele permaneceu em silêncio, sorriu para o rapaz.

-Obrigada. - Falou e entrou no carro.

Seguiram em silêncio ao novo hotel em que se hospedariam, desceram do carro. Foram bem recebidos assim que entraram e guiados até o quarto em que se encontravam as malas de ambos.

Ayame gostou da vista para o mar, a cama era muito maior e não seria desconfortável dormir os dois ali, mas mesmo assim, dormiria no sofá para que ele pudesse ficar com a cama dessa vez. Ela aproveitou que Taehyung entrou no banheiro e trocou suas roupas ali mesmo, colocou uma roupa quente para dormir e sentou na poltrona que tinha na varanda. Era quase duas horas da manhã e não estava com sono.

Ouviu o barulho da porta abrir e olhou para trás. Taehyung estava com seus cabelos molhados, mexia no celular e vestia roupas informais, era a primeira vez o vendo daquela forma, calça moletom em conjunto com o moletom preto que usava.

-Iremos embora amanhã? - Ela perguntou virando o corpo na varanda. - Minha mãe disse que ficaríamos dois dias.

Ele tirou a toalha dos ombros e passou no cabelo.

-Não tem voos amanhã. - Respondeu sentando na cama. - Vamos depois da manhã às seis e meia da manhã.

Ela apenas balançou a cabeça e voltou a encarar o mar, não tinha ideia de como seria sua vida quando voltassem para a Coréia e estava com medo, eles iriam morar juntos e isso duraria um ano.

Ficou em pé e entrou no quarto, o vento estava começando a ficar forte do lado de fora, fechou as portas e as cortinas.

-Pode ficar com a cama essa noite. - Falou para ele. - Da última vez que dormiu no sofá não acordou muito bem.

Taehyung colocou o celular do lado e olhou para ela.

- Pode ter certeza que não foi o sofá que me deixou ruim. - Falou.

Ayame olhou para o lado e raspou a garganta. Ela sabia muito bem por que ele ficou doente e não estava a fim de voltar naquele assunto.

-Não importa. - Ela falou. - Pode ficar com a cama dessa vez.

Caminhou até o sofá e sentou, era confortável também e dormiria ali mesmo.

-Pode deitar aqui se quiser. - Ele falou se arrumando em baixo dos edredons.

Ayame levantou a cabeça surpresa e olhou para ele, mas antes de falar alguma coisa ele se arrumou e virou para o lado. Ela suspirou e ficou em pé, não seria um problema, a cama era enorme e eles nem notariam que tinha alguém do lado. Caminhou até o outro lado da cama e se arrumou em baixo das cobertas, ela conseguia esticar os braços e mesmo assim ainda não alcançava ele. A cama era enorme. Taehyung no fundo era gentil e estava começando a notar isso.

Virou de lado e viu que ele ainda estava com os cabelos molhados. Iria questionar sobre isso, afinal, ele estava com uma febre fortíssima há pouco tempo, mas achou melhor não falar nada, não queria ser expulsa da cama quando se sentiu quentinha. Fechou os olhos e adormeceu.

 

...

 

Aquela noite estava sendo a mais fria desde que eles chegaram a Paris, Ayame sentia seus pés gelados e isso a deixava com muito frio, se encolheu um pouco e sentiu seu corpo esquentar. Arrumou-se e pressionou os olhos para dormir mais um pouco, um movimento em seu braço a fez abrir os olhos lentamente, arregalou eles quando notou que estava encolhida no peito de Taehyung, ele dormia profundamente e seu braço pesava sobre ela.

Fechou os olhos e torceu para ser um sonho, mas a respiração do garoto ainda batia em rosto.  Queria sair dali, mas estava com medo de acordá-lo, seu coração acelerou em puro nervoso, o que faria para sair dali?

-Ah meu deus. - Murmurou baixinho.

Sentiu ele se mexer e notou que o mesmo estava acordando, Ayame entrou em desespero e a única coisa que conseguiu fazer foi fingir que estava dormindo.

Taehyung olhou para ela e se afastou devagar quando notou que a abraçava enquanto dormia.  Ayame se mexeu e virou para o outro lado, ele sentou na cama e olhou para o lado, estava de manhã, jogou as pernas para o lado e saiu da cama.

Passou sua mão nos cabelos e encarou novamente a garota dormir. Como foi que acabaram se abraçando com a cama sendo daquele tamanho? Foi para o banheiro e jogou água no rosto. Trocou as roupas e quando saiu do banheiro Aya estava sentada na cama e penteava seus cabelos.

-B-Bom dia. - Ela falou perdida.

Ele apenas olhou para ela e caminhou em direção a sua mala. Ayame ficou em pé e entrou no banheiro, ainda estava nervosa por ter acordado nos braços dele e isso estava deixando ela envergonhada.

-Nossa Ayame, o que fez? - Perguntou a si mesma olhando no espelho. - Ele estava do lado certo da cama, você que se arrastou durante a noite.

Ela jogou água no rosto e fez sua higiene matinal. Trocou as roupas e saiu do banheiro, ele não se encontrava mais ali. De certo desceu tomar café e ela achou melhor assim, não sabia como olhar para ele.

Pegou o elevador e enquanto ele descia sentiu seu celular vibrar, viu o nome da Suly piscar na tela e o atendeu rapidamente.

-Oi! - Falou.

“Tudo bem?” - Suly perguntou em seguida. - “Me diz que ele não surtou por causa da foto”.

Surpreendentemente não, Taehyung se irritou um pouco sim, mas lidou com a situação melhor do que Ayame imaginaria.

-Não, graças a Deus, esse garoto se irrita por tudo! - Ayame respondeu.

Suly sorriu do outro lado.

“O que está fazendo agora?” - Perguntou.

-Descendo para tomar café, melhor, descendo e torcendo para... - Ayame parou de falar, afinal, Suly não sabia que ela havia acordado nos braços de Taehyung.

“Torcendo?” - Ouviu Suly perguntar confusa.

A garota respirou fundo.

-Eu acordei hoje de manhã e notei que estava nos braços dele Suly, estou envergonhada, por isso estou descendo e torcendo para ele agir normalmente. - Falou por fim.

Afinal, foi um acidente!

“Entendi.” - Suly falou depois de rir por alguns segundos. - “Mas haja com naturalidade, se ficar nervosa e envergonhada na frente dele, vai parecer que sentiu algo”.

-Você é um gênio Suly. - Ela falou assim que a porta do elevador abriu. - Eu não senti nada e se eu ficar agindo assim vai só parecer que sim, afinal, fomos abrigados a nos casar, por que eu sentiria algo da noite para o dia? Ele com certeza não está nem ligando.

Ouviu a amiga sorrir do outro lado e ela desligou o telefone. Passou pela porta e travou quando viu um homem em pé, era coreano e segurava uma câmera na mão.

-O que foi que disse? - Ele perguntou arrumando o gravador na mão. - Poderia repetir? Você disse que foram obrigados a se casar?

Ayame arregalou os olhos, era um repórter, como foi que ele achou esse hotel? Eles chegaram noite passada ali, era impossível já terem os encontrados.

-Por favor, repete. - O Homem falou.

Ela notou que ele ligara o gravador somente agora então virou e saiu correndo. Precisava corrigir aquilo, se não seria o fim de tudo.

-Espere senhorita. - O homem começou a correr atrás dela.

-Droga! - Ela exclamou.

Parou de correr e olhou em volta, muitas pessoas caminhavam e comiam no salão. Avistou Taehyung em pé, ele parecia estar chegando a uma das mesas.

-Taehyung! - Gritou.

Ele parou de andar e olhou para ela.

-Senhorita. - O homem já estava atrás dela.

Ela fechou suas mãos em punhos e saiu andando, precisava fazer aquilo ou estaria ferrada. Iria perder tudo o que combinou com seus pais no segundo dia do casamento e não estava disposta a arcar com a responsabilidade. Iria fazer a primeira coisa que veio em sua mente e depois lidaria com as consequências.

Aproximou-se do garoto e levantou os pés, colocou as duas mãos em seu peito e o beijou.