Ayame já havia feito várias coisas impensadas em seus vinte e três anos de vida, óbvio, quem nunca fez algo do qual pudesse ou não se arrepender? Beijar Taehyung foi uma delas, porém não houve alternativa sem ser essa, teria que ‘mostrar’ àquele repórter que ambos eram casados por livre e espontânea vontade.
Seu coração acelerou loucamente quando sentiu seus lábios pressionarem os dele, segurou firme nos braços do rapaz e torceu mentalmente para que o seu ‘plano’ repentino funcionasse. Taehyung deu um pequeno passo para trás com o impacto de Ayame, o garoto viu o repórter a seguindo, mas foi pego de surpresa quando ela o beijou.
Os dois permaneceram com os olhos abertos, um encarava o outro enquanto seus lábios se pressionavam em um beijo casto. A franja de Taehyung estava entre eles e Ayame conseguia sentir o roçar das madeixas dele em sua testa. Ela se mantinha firme nas pontas dos pés, Taehyung por outro lado permaneceu com os braços ao lado do corpo, não podia negar que sentir o cheiro que o impregnou em um quase delírio a viagem toda, o agitou por dentro.
Quando Ayame achou que foi tempo suficiente o ‘beijo’ que deu em seu marido, se separou dele minimamente e não deixou de encará-lo.
-Tem... - Ela começou a falar, mas foi surpreendida quando Taehyung levantou a mão direita e arrumou uma mexa do seu cabelo atrás da orelha.
O garoto já havia notado o ‘plano’ de Ayame, certamente cogitou a possibilidade da mesma ter feito uma grande burrada e teria que arrumar, se não fosse algo sério ela não teria o beijado. Teria que agir como o ‘marido’ dela, já que o repórter ainda continuava ali.
-Eu vi. - Ele falou baixo. - Só fique quieta.
Ayame soltou o ar aliviada, ficou com medo do rapaz se revoltar. Taehyung suspirou e virou minimamente o corpo e posou sua mão na cintura de Ayame, a mesma sentiu uma eletricidade no toque do garoto contra o tecido fino de seu vestido e precisou fechar sua mão para não arfar surpresa.
-O que você está fazendo aqui? - Taehyung perguntou para o repórter.
O homem com a câmera pendurada em seu pescoço e o gravador nas mãos arregalou seus olhos quando o rapaz dirigiu a palavra a ele. Afinal, ele era um intruso, estava no lugar onde somente hospedes do hotel podiam frequentar.
-Eu... É... - O repórter gaguejou visivelmente nervoso.
-Eu vou te dar três minutos para sumir da minha frente ou chamarei os seguranças. - Taehyung falou irritado, estava cansado de lidar com repórteres.
-Não se preocupe. - O homem tornou a falar. - Eu só vim atrás dela porque eu a ouvi falar que...
-Eu não quero saber! - Taehyung o cortou. - Agora você só tem dois minutos!
O repórter deu um passo para trás visivelmente preocupado em ser carregado pelos seguranças e saiu andando apressadamente. Aliás, ele viu Choi Ayame beijar seu marido naturalmente, não parecia ser um casamento arranjado, talvez tenha ouvido errado.
Quando o homem sumiu da visão dos dois, Taehyung se afastou dela e a encarou. Cruzou seus braços sobre o peito e esperou uma explicação.
-O que foi? - Ela perguntou confusa.
Ayame estava nervosa, seu coração ainda batia aceleradamente por causa daquele beijo.
-O que foi que você fez? - Ele perguntou sério.
-Ah... - Ayame sorriu sem graça e levou sua mão na nuca. - Ele ouviu uma conversa minha com a Suly no telefone.
-Uma conversa sua? - Taehyung arqueou apenas uma sobrancelha.
O garoto tinha o costume de fazer isso, mas aquela era a primeira vez de Ayame o vendo fazer uma expressão diferente sem ser sério ou irritado.
-Sim, eu estava falando... - Ela não fazia ideia de como explicar a ele. - Ai Taehyung, não importa! Já está resolvido.
Taehyung respirou fundo e voltou a caminhar em direção a mesa que escolhera antes de ser interrompido por Ayame. Sentou em uma das cadeiras e pegou na mão o seu celular, Aya encarou seu gesto e suspirou, seu nervosismo foi duplicado, acordou nos braços dele e agora havia acabado de beijá-lo, não tinha como ficar pior.
Foi até a cadeira da frente e sentou ali, pegou o pequeno cardápio da mesa e abriu na página dos cafés. Logo uma funcionária do hotel veio anotar seus pedidos e ambos pediram um simples café puro.
Ayame já estava se acostumando ao fato de Taehyung sempre ficar em silêncio quando estavam juntos, mas tomar aquele café sem falar nada foi realmente torturador. Quando terminaram, voltaram para o quarto, Taehyung não saiu nenhuma vez do celular, parecia estar fazendo alguma coisa importante.
-Arruma as suas coisas, vamos embora essa tarde. - Ele falou de repente.
Ela virou rapidamente para encará-lo.
-Mas você disse que só tinha voos para amanhã de manhã. - Ela falou.
-E só tem para amanhã, eu pedi um particular. Não dá para continuarmos aqui, mais repórteres vão aparecer. - Taehyung respondeu jogando seu celular na cama.
Ayame sabia que ele tinha razão, por mais que ela estivesse usando aquela viagem para ficar um pouco livre da sua mãe, não havia condições de permanecerem ali com aqueles repórteres irritantes.
-Tem razão. - Ela suspirou caminhando em direção a sua bolsa.
Os dois começaram arrumar suas coisas em silêncio, e aos poucos esse silêncio trouxe à memória de ambos aquele beijo. Ayame chacoalhou sua cabeça rapidamente na intenção de despistar aquela lembrança, olhou despercebidamente para o garoto e o viu arrumando suas roupas normalmente. Mas o que ela não sabia era que as mesmas lembranças pesavam na cabeça de Taehyung também, porém o que marcou para ele foi o cheiro dela, especificamente o de seu cabelo.
Taehyung ainda não conseguia entender como foi gostar tanto daquele aroma, sempre viveu rodeado de perfumes diferentes, sentiu cheiros de várias garotas e nenhum o intrigou tanto como o de Ayame.
Seu celular vibrou e ele o pegou rapidamente, recebera o horário que o voo particular chegaria e seriam em exatas duas horas.
-Precisamos nos apressar. - Falou para Ayame.
-Já terminei. - Ela falou fechando sua mala.
-Ótimo, vamos. - Ele falou.
Dois funcionários do hotel já os esperavam na porta do quarto e desceram na frente com as malas deles, Taehyung foi até a recepção organizar as coisas e ela o esperou em frente ao prédio. Logo o carro parou em frente a ela, Aya entrou no veículo e minutos depois Taehyung entrou.
-Acha que devemos avisar que estamos voltando? - Ela perguntou.
-Kang já esta sabendo, de certo contou ao meu pai. - Ele respondeu arrumando o cinto.
Minutos depois foram deixados no aeroporto e guiados até a pista dos voos particulares, entraram no avião e se arrumaram para decolar. Ayame dormiu o percurso inteiro e acordou só quando pousaram na Coréia, suas noites no hotel não foram as das melhores e apagou completamente dentro do avião.
Quando desceram, Taehyung reconheceu o motorista do seu pai, ele estava perto da porta e os esperavam.
-O que está fazendo aqui? Eu pedi o meu carro! - Taehyung falou quando se aproximaram dele.
-Seu pai ordenou que eu os pegasse pessoalmente. - Respondeu sorrindo.
Taehyung respirou fundo e fechou os olhos, sabia que isso não era normal, seu pai certamente estava planejando mais alguma coisa. O homem pegou as malas de Ayame e já foi arrumá-las no porta-malas, logo voltou e fez a mesma coisa com as dele. Taehyung sentou no banco de trás junto a Ayame e o motorista do seu pai partiu.
-O que ele está planejando agora? - O garoto perguntou ao motorista.
-Seu pai pediu apenas que eu os levasse para um determinado endereço. - Respondeu.
-Qual endereço? - Quem perguntou dessa vez foi Ayame, ela também estava bem curiosa para saber para onde iriam.
Já estava noite na Coreia, queria chegar em casa e descansar.
-Já estamos chegando e logo verão.
Taehyung apoiou sua cabeça para trás e respirou fundo, odiava ter a paciência curta. E o motorista não havia mentido, em questão de minutos chegaram ao ‘tal’ endereço. Ayame arregalou seus olhos quando viu uma casa enorme, o portão era gigantesco, porém o que chamou a atenção da garota não foi a bela mansão e sim os pais de ambos parados em frente a ela.
-Eu não acredito nisso! - Taehyung exclamou abrindo a porta.
Ele desceu do veículo seguido por Ayame.
-Pai, o que é isso? - Ela perguntou quando se aproximaram deles.
Por um momento Ayame cogitou a ideia de que voltaria para a sua casa, que dormiria em seu quarto, porém somente agora lhe caiu a ‘ficha’ de que realmente estava casada com Kim Taehyung e que teriam que morar juntos.
-É a casa de vocês! - Sakura respondeu eufórica.
Dona Sakura não mediu esforços para escolher a casa mais cara e a maior de todo o condomínio.
-É o nosso presente para vocês. - Senhor Kim respondeu. - Agora entrem que teremos um jantar em família.
Exatamente como Taehyung previra, claro que saberiam sobre a chegada deles e agora teriam que lidar com os pais durante um jantar inteiro quando o que mais queriam era descansar e sumir da vista deles.
A mãe de Taehyung não estava presente, somente sua madrasta. Os mais velhos praticamente empurram os dois para dentro da casa e os fizeram sentar à mesa de jantar.
-Antes de comermos, temos que conversar com vocês. - O senhor Kim começou a falar.
-O que foi agora pai? - Taehyung perguntou como sempre no seu tom sério.
-Vocês têm muito funcionários aqui, e todos estarão ao dispor de vocês dois. - O velho continuou. - Mas há uma coisa... Eles não podem saber que esse casamento é apenas arranjado, ninguém pode saber. Isso seria ruim para as duas empresas, por isso terão que dividir o mesmo quarto e serem um casal ‘normal’ na frente de todos eles.
Ok, Ayame sabia que teriam que agir como um casal apaixonado em frente à mídia, mas nunca pensou que até mesmo em frente aos funcionários da casa teria que fazer isso. E principalmente, dividir o quarto com ele.
-É tão importante assim ninguém saber que o casamento foi arranjado? Afinal, isso acontece sempre, digo, casamentos arranjados. - Ayame falou.
-É! É importante! - Sua mãe respondeu um pouco grosseira. - Vamos manter o acordo com vocês e em um ano poderão se divorciar como bem quiserem.
Taehyung por outro lado não falou nada, e isso deixou Ayame surpresa, ela pensou que ele diria algo, bom, se até o garoto estava levando isso da maneira como queriam, teria que aceitar também. Afinal, eles aceitaram aquele acordo e agora teriam que lidar com a situação.
-Ok, vamos comer agora. - O pai de Ayame falou e bateu uma mão na outra.
O jantar não foi muito demorado, pelo contrário, o silêncio que se instalou naquele salão fez com que o tempo passasse rápido. E quando Ayame se deu conta, os mais velhos já estavam indo embora e logo ela e Taehyung ficariam sós na casa.
-Vem comigo filha. - Sakura puxou a menina pelo braço.
Aya seguiu a mãe até o canto, a garota até suspeitava um pouco sobre o que ela queria conversar.
-Como foi? - Perguntou assim que pararam na sala da casa.
-O que? - Ayame perguntou em seguida.
-O que Ayame?! - Sua mãe levou suas mãos até a cintura. - Como foi a viajem?!
Bingo, ela sempre soube o que se passava na cabeça da sua mãe.
-Foi normal. - Respondeu.
-Normal? Vocês não fizeram nada? - Sakura perguntou indignada. - Eu falei que você precisa segurá-lo por um ano Ayame!
A garota fechou os olhos respirou fundo, não conseguia pensar em nada que pudesse mudar esse jeito da sua mãe, nem mesmo se um meteoro caísse na terra e atingisse a cabeça dela mudaria alguma coisa.
-Eu vou levar esse casamento por um ano mãe, mas não da maneira que a Senhora quer! - Ela respondeu.
Ayame não estava com a intenção de se relacionar com Taehyung, os dois mais brigavam do que conversavam, isso seria quase impossível de acontecer.
-Vamos querida! - Seu pai chamou pela sua mãe.
Sakura respirou fundo e saiu andando, custe o custasse ela faria aquele casamento dar certo, e se em um ano não conseguisse o que queria, não os deixariam se separar até ter o que pretendia.
-Tudo bem querido? - Sooun perguntou ao Taehyung.
Sooun se preocupava com o garoto como se fosse seu próprio filho, tinha medo por ele e estava triste com o fato do menino não estar feliz com a situação em que se encontrava.
-Estou, obrigado. - Ele respondeu.
-Estamos indo filho, não precisa ir para a empresa amanhã, descanse. - Seu pai falou.
Jamais, Taehyung estava louco para voltar para a empresa e ver com os próprios olhos de como a empresa ficou sem a sua presença durante dois dias inteiros.
-Não preciso descansar, eu vou para a empresa amanhã. - Falou somente.
-Já imaginava. - Seu pai sorriu e saiu acompanhado de Sooun.
Logo os pais de Ayame passaram por ele e fizeram um leve cumprimento com a cabeça e saíram também. Taehyung fechou as portas e suspirou, olhou para o lado e encontrou Ayame encostada no pilar da sala, ela olhava para o chão e parecia pensar em qualquer coisa.
-Temos que conversar. - Ele falou chamando a atenção ela.
-Ok. - Ela endireitou o corpo.
-Aqui não. - Respondeu e saiu andando.
Uma senhora se encontrava no começo da escadaria, mantinha seu corpo curvado e Taehyung se aproximou dela.
-Qual é o seu nome? - Perguntou sério.
-Yona, Senhor Kim, ao seu dispor. - A senhora respondeu.
-Yona, onde fica o nosso quarto? - Perguntou.
Se ele queria falar com Ayame, teria que ser em um lugar que os funcionários da casa não os ouvissem.
-No terceiro andar, é o único quarto do corredor principal, as malas de vocês já estão lá. - Respondeu ainda com o seu corpo curvado.
Taehyung virou e começou a subir a escada, Ayame apressou os passos, passou por Yona e sorriu em agradecimento e Yona retribuiu o sorriso feliz pela simpatia da nova ‘patroa’ dela.
Ayame acompanhou Taehyung até o terceiro andar da casa, a mansão era enorme, somente os dois morariam ali e aquilo era um exagero, não era como se tivessem a intenção de lotar a casa de filhos, afinal, em um ano não estariam mais juntos.
Como a senhora Yona disse, havia apenas um quarto no corredor principal do terceiro andar, Taehyung entrou e Aya foi logo atrás, o rapaz fechou a porta e olhou para ela.
-Sobre o que quer conversar? - Ela perguntou olhando em volta.
O quarto era enorme e ela ficou imensamente feliz em ver que a cama era grande, embora o tamanho não tenha adiantado nada, já que acordou nos braços dele com a cama sendo do mesmo tamanho no hotel, porém isso a deixou um pouco aliviada, era só treinar a não invadir o espaço dele.
-Você também ouviu que teremos que agir como um casal normal. - Taehyung começou a falar e ela virou para prestar atenção. - Provavelmente não teremos muito tempo juntos aqui na casa, eu passo a maior parte do meu tempo no escritório e os funcionários não terão a chance de ver como nos relacionamos. Eu chego de noite e isso é o suficiente, vamos dividir o mesmo quarto, porém cada um respeitando o espaço do outro.
Ayame sentiu seu rosto queimar, aquilo definitivamente foi para ela.
-Eu sei. - Ela falou.
-Não precisamos ficar ligando um para o outro, na verdade não há nada que nos faça ligar para o outro. - Ele continuou falando.
Ayame se segurou muito para não revirar os olhos, por que diabos ela ligaria para ele?
-Taehyung, tudo isso que você está falando é meio obvio. - Ayame suspirou. - Vai direto ao ponto.
-Esses são os pontos e é bom que não se esqueça de nenhum. - Taehyung falou.
Ele virou e caminhou em direção ao banheiro, Ayame se jogou na cama e sentou nela, por algum motivo ficou irritada. Não era como se Taehyung mandasse nela, aquele ano seria longo e ela estava quase desistindo no primeiro dia.
Depois de respirar fundo e calmamente por alguns segundos se levantou e foi arrumar suas coisas, o guarda-roupa era enorme e ela se surpreendeu quando viu todas as suas roupas ali dentro, certamente sua mãe mandara trazer e arrumar. Apenas arrumou as que havia levado para a viagem e saiu do quarto logo em seguida.
Desceu as escadas e chegou à cozinha, encontrou com um pouco de dificuldade e se deparou com algumas pessoas lá e quando a viram se curvaram rapidamente para ela.
-Não precisam fazer isso. - Ayame sorriu sem graça.
Ela sempre deixou claro para os funcionários da sua casa para que não fizessem isso e havia se acostumado, agora teria que fazer a mesma coisa nessa casa.
-Precisa de alguma coisa senhora Kim? - Yona perguntou gentilmente.
-Não, estou apenas andando pela casa. - Ayame respondeu.
-Ah sim, se precisar é só chamar. - A senhora falou logo em seguida.
Ayame assentiu e saiu andando, embora tivesse pedido para não curvarem para ela, eles curvaram quando ela deixou o recinto. Ela andou por mais um pouco e desistiu de querer conhecer a casa inteira, teria tempo para isso. Decidiu voltar para o quarto, quando entrou encontrou Taehyung sentado na cama, digitava alguma coisa em seu notebook e seus cabelos estavam molhados.
Ela pegou uma peça de roupa para dormir e entrou no banheiro.
Taehyung colocava alguns arquivos em ordem, teria muito trabalho amanhã e queria adiantar o suficiente. Logo sentiu seu celular vibrar e viu o nome de Jimin piscar na tela.
-Alô. - Atendeu apoiando o celular entre sua mandíbula e ombro.
“Fiquei sabendo que chegou!” - Jimin falou do outro lado.
-Sim, já estou em casa. - Taehyung falou sem deixar de digitar no notebook.
“Deve estar cheio de coisas para fazer na empresa, mas se quiser sair depois.” - Jimin falou.
-Porque eu sinto que Kook te mandou ligar? - Taehyung falou pegando o celular corretamente em sua mão.
Jimin sorriu do outro lado, era obvio que sair para beber era sempre ideia do Kook, por algum motivo Jungkook e Yoongi achavam que Taehyung não negaria algum pedido de Jimin.
“Sempre né.” - Jimin falou entre risos.
-Vou ver ainda como anda as coisas na empresa e depois eu falo com vocês. - Taehyung respondeu e logo ouviu a porta do banheiro abrir.
Ayame saiu com os cabelos úmidos e olhou para ele. Taehyung estava acostumado a morar sozinho desde que começou a faculdade, além de estar casado teria que se acostumar com isso também. Desligou o telefone e voltou sua atenção para o Notebook.
- Eu saio cedo para a faculdade e fico até a hora do almoço...
- Não preciso saber da sua agenda. - Ele a cortou ainda focando no que fazia.
Ayame fechou os olhos e suspirou.
-Estou dizendo que saio cedo e posso acabar te acordando, então...
Taehyung fechou o Notebook e ficou em pé, isso fez com que ela parasse de falar. Ele caminhou até a mesa e colocou o computador ali. Ayame fechou suas mãos em punhos e se controlou muito para não iniciar uma discussão. Teria que se acostumar com a arrogância dele ou esse casamento não duraria um mês.
-Quer saber, eu não me importo. - Ela falou e voltou para o banheiro.
Ainda precisava secar seus cabelos, diferente do dele que já estava praticamente seco. Taehyung voltou para a cama e se arrumou em baixo das cobertas e fechou os olhos, aquilo seria mais difícil do que ele imaginava, e para conseguir levar isso até o fim, precisaria manter parte da sua vida normal.
Ayame após secar seus cabelos voltou para o quarto e caminhou até o seu lado da cama sem acender as luzes. Taehyung estava virado de costas e ela não sabia se ele já estava dormindo ou não. Arrumou-se em baixo dos cobertores e encarou o teto, isso iria durar um ano e precisava aguentar. Virou para o outro lado e fechou os olhos, apesar de toda a situação estava extremamente cansada e precisava muito dormir.
...
-Bom dia Senhora. - Yona reverenciou a garota assim que a viu no topo da escada.
Ayame havia acordado meia hora atrasada e descia os degraus o mais rápido que podia. Taehyung já não estava mais na cama, certamente já se encontrava na empresa e ela sequer acordou com ele saindo.
-Bom dia Yona. - Ayame respondeu. - Estou muito atrasada.
Calçou os sapatos na porta e pegou seu casaco que pendurou ali noite passada. Sua aula começaria em dez minutos e não queria perder nem mais um minuto.
-Não vai tomar o café? - Yona perguntou quando Ayame abriu a porta.
-Não da tempo. - Ela respondeu. - Mas estarei de volta para o almoço. - Sorriu para a senhora e saiu correndo em direção ao carro que a esperava no portão.
Taehyung dirigia seu próprio carro, certamente o motorista ficaria para ela. Assim que chegou em frente ao prédio, desceu correndo e foi direto para a sua sala. Arrumou a bolsa nos ombros e entrou, como o esperado, todos direcionaram seus olhares para ela, afinal, agora ela era uma Kim e seu casamento deve ter passado em todas as emissoras.
-Me desculpe o atraso. - Reverenciou ao professor.
-Tudo bem Ayame. - Ele respondeu. - Estava viajando.
Ayame sorriu sem graça e caminhou até uma mesa vaga. Suly estava sentada do outro lado e a encarava com um sorriso no rosto. Não teve tempo de avisa-la que chegaria mais cedo e queria muito conversar com ela.
As aulas passaram em questões de segundos, quando o sinal indicando o fim das aulas tocou, Ayame arrumou suas coisas e foi direto a mesa de sua amiga.
-Suly. - Sorriu.
Suly levantou rapidamente e a abraçou, foi apenas um dia e meio, mas sentiu falta dela como se fossem muitos dias.
-Por que não me avisou que chegaria um dia mais cedo? - Perguntou pegando sua bolsa.
-Ah, foi de última hora. - Ayame respondeu. - Mas agora estou de volta.
Suly sorriu e saiu andando junto com ela em direção ao corredor. Estar de volta à faculdade e com Suly fazia com que Ayame sentisse como se não tivesse casado e que teria que voltar para uma casa diferente quando saísse.
- Como foi? - Suly perguntou quando elas começaram a descer os degraus da frente.
-Normal. - Ela respondeu. - Nos seguiram até lá, por isso voltamos antes.
Ayame não queria falar sobre o beijo que deu em Taehyung, além de não ter significado nada a nenhum dos dois, queria esquecer aquela cena e se for ficar falando sobre, seria difícil.
- Fica tranquila sobre isso, as fotos pararam de aparecer. - Suly falou.
Ayame sorriu e olhou para o chão, estava torcendo para que aquele repórter não tenha tirado uma foto do beijo, se não, outra foto aparecerá logo. Quando foi perguntar como Suly estava, Hoseok passou ao lado delas e isso fez com que Ayame segurasse o braço dele rapidamente.
-Hobi. - Falou.
Ele iria passar reto? Hoseok parou de andar, mas permaneceu olhando para frente. Não queria olhar para ela, viu de longe a aliança brilhar no dedo da garota e aquilo acabou com ele.
- Podemos conversar? - Ayame perguntou a ele.
Suly olhou para a amiga e sorriu.
-Eu vou indo, nos vemos amanhã. - Falou e saiu andando.
Ela mais do que ninguém sabia que aqueles dois precisavam conversar. Hobi não sorriu uma vez sequer desde que Ayame casou, e aquilo a deixava muito mal.
-Hobi... - Ayame o chamou de novo.
Ele suspirou no lugar e encarou a amiga pela primeira vez, queria dar um abraço apertado nela, mas não conseguia mover um dedo sequer. Se fizesse isso, a levaria para longe sem o consentimento dela.
-Ayame, eu...
-Não quer mais falar comigo? - Ela o cortou.
-Não é isso. - Hoseok exclamou dando um passo na direção da garota. - Eu só...
Ele parou de falar e olhou para o lado, não tinha o que falar. Se fosse explicar o que estava acontecendo, acabaria confessando seus sentimentos ali mesmo e não queria que fosse dessa maneira.
- Eu estou bem Hobi. - Ela sorriu. - Eu estou aqui ainda e sempre estarei com você, acredite, eu não estaria fazendo isso contra a minha vontade.
Precisava conforta-lo de alguma maneira, Ayame estava com medo de perdê-lo, e ver como estava agindo deixava ela um pouco desesperada.
-Quando vezes vai dizer isso? - Ele perguntou. - Eu sei que não está bem, eu sei que não ama aquele garoto, eu sei tá legal. E se continuar mentindo para mim e para você mesma, as coisas vão ficar muito pior.
Ayame fechou suas mãos em punhos e prendeu o ar. Queria contar a ele que em um ano tudo isso acabaria, tinha certeza que ele não contaria a ninguém. Mas ele não deixaria isso quieto sabendo que casou por que não queria perder seus amigos e o estudo. Se sentiria culpado e as coisas ficariam pior.
-Eu...
-Eu estou aqui também, não vou te abandonar. - Ele a cortou. - Eu só preciso de um tempo, só um tempo.
Antes mesmo que Ayame pudesse falar mais alguma coisa, Hoseok virou e saiu andando. Ela soltou o ar lentamente e encostou-se a um dos pilares que tinha ali, queria correr atrás dele, mas sabia que só iria piorar a situação.
-Olha se não é Kim Ayame. - Ouviu alguém falar.
Aya virou o rosto e fechou os olhos quando viu Fu Xiao Lin vindo em sua direção. Não gostou da última conversa que tivera com a garota e queria sair correndo antes mesmo dela se aproximar.
-Como foi a lua de mel?- Perguntou sorrindo.
Ayame desencostou do pilar e olhou para o relógio em seu pulso. Não queria conversar com ela.
-Preciso ir. - Falou e começou a caminhar em direção ao portão.
-Ei. - Xiao Lin a segurou pelo braço.
Ayame parou de andar e encarou a menina, aqueles cabelos ruivos chamavam atenção na maquiagem verde que usava. Xiao Lin fazia de tudo para chamar atenção.
-O que foi? - Ela perguntou puxando seu braço do aperto de Lin.
- Por que está me evitando? Eu não mordo. - Sorriu novamente.
Aya respirou fundo e arrumou sua bolsa nos ombros. Não conseguia parar de pensar em Hobi, queria conversar com Suly, queria correr para o seu quarto que não tinha mais. E ficar aturando Xiao Lin não estava em seus planos.
- Por que não vai direto ao ponto. - Ayame falou. - Eu preciso mesmo ir.
-Sei que agora é uma esposa e tem compromissos. - Lin falou jogando seus cabelos para trás. - Mas eu vou dar uma festa essa noite, por que não aparece?
Ayame sorriu soprado e olhou para lado.
- Olha, eu...
-Eu sei que vai negar, mas eu estou mesmo sendo sincera aqui. - Xiao Lin a cortou. - Vem relaxar um pouco, consigo ver a tensão em seus ombros de longe.
Virou e saiu andando antes que Ayame pudesse negar. Xiao Lin sempre dava festas em sua casa e nunca sequer a chamou para uma, mesmo por que Ayame jamais aceitaria, as duas nunca se deram bem e ver Xiao Lin se aproximar dessa maneira a deixava muito desconfortável. Nunca se interessou em ir a uma, por que agora ela iria? Balançou a cabeça e saiu andando em direção ao carro que a esperava.
-Boa Tarde senhora. - O motorista curvou o corpo quando a viu se aproximar.
-Como é o seu nome?- Ela perguntou.
Não teve tempo de conversar com o homem quando veio essa manhã, queria chegar o quanto antes na faculdade.
-Eu sou Yuta senhora. - Ele respondeu ainda com o corpo curvado.
Yuta. Ele era japonês e isso a fez lembrar de sua mãe.
-Entendi. - Sorriu. - Yuta, não precisa de toda essa formalidade, eu não gosto muito.
O homem endireitou seu corpo rapidamente e olhou para ela. Sempre usou formalidades com seus patrões e nunca ninguém reclamou. Mas iria seguir as ordens dela.
-Me desculpe. - Falou juntando suas mãos em frente ao corpo.
Ayame sorriu e abriu a porta de trás antes que ele desse a volta para abrir para ela. Sentou no banco de trás, só queria chegar em casa, e de alguma forma estava animada, não iria ter que aturar sua mãe pela primeira vez depois da aula.
...
-Quem arrumou isso? - Taehyung perguntou a Kang com os olhos fechados.
Kang se aproximou da mesa e olhou para onde ele apontava. Eram relatórios que acumularam enquanto ele estava em Paris.
-Foi o Jyo, ele ficou com essa parte enquanto o senhor esteve fora. - Ela respondeu se afastando.
Taehyung olhou para ela e enrugou suas sobrancelhas, sabia o nome de todos os seus funcionários, mas nunca havia ouvido o nome Jyo na empresa.
-E quem é Jyo? - Perguntou novamente.
-Ah, ele veio da empresa Choi, ficou encarregado pelo departamento de contabilidade. - Kang respondeu rapidamente.
Era só o que faltava, seu pai estava unindo as empresas em uma só? Ficou em pé e entregou os papéis nas mãos de sua secretaria.
- O mande refazer, diga que ficou um lixo e que eu não vou aceitar se não for do meu jeito, e se ele não souber qual é, eu não me importo, mande ele dar um jeito. - Falou nervoso e saiu andando para fora da sala.
Não gostava quando seu pai agia sem falar com ele e iria mudar isso. Caminhou até o departamento responsável por contratar as pessoas e entrou, todos ficaram em pé rapidamente e olharam para ele.
-Quem é o responsável? - Ele perguntou sério.
-S-Sou eu senhor. - Um homem saiu de trás de alguns deles e curvou seu corpo.
Aparentava ter mais que sessenta anos e Taehyung conhecia muito bem o rosto dele, o homem trabalhava para as empresas Kim há nove anos e sempre esteve ao lado do seu pai e do seu irmão quando ambos administraram a empresa.
-A partir de hoje eu quero ficar informado se alguém da empresa Choi for transferido para cá, entendeu? - Perguntou ao homem ainda curvado.
-S-sim senhor. - O homem concordou.
Taehyung virou o corpo e saiu da sala, antes que pudesse andar os ouviu fazer um comentário dentro da sala.
-Leehyuk era tão amável, por que ele é tão cheio de ódio?
Ele fechou suas mãos em punhos com forças que sentiu a palma de suas mãos queimarem. Sua respiração começou a ficar desregulada, ele virou o corpo e voltou para dentro da sala.
-Quem disse isso? - Perguntou.
Todos ficaram em pé novamente, só que dessa vez bem mais aterrorizados. Nenhum deles falou nada e isso o deixou mais irritado.
-EU PERGUNTEI QUEM ACABOU DE DIZER ISSO? - Gritou.
Uma mulher deu um passo para frente, suas mãos tremiam em frente ao corpo. Ele sabia muito bem quem era ela também, esteva com eles há oito anos e isso iria terminar agora.
-Arrume suas coisas, eu te quero fora daqui. - Ele falou e saiu andando.
Seu peito estava fechado, ouvir o nome do irmão o deixou sem ar, sabia que estava sendo egoísta. Mas não conseguia ouvir o nome dele, já havia se passado seis anos e a dor ainda era insuportável, a saudade em seu peito machucava e sempre que isso acontecia, ele tinha uma vontade imensa de fazer alguma loucura.
-Senhor. - Kang veio em sua direção.
-Cancele minha agenda por hoje. - Ele a cortou e saiu andando em direção à saída.
Precisava de ar, depois de muito tempo aquelas paredes estava lembrado seu irmão e não queria ficar ali mais nenhum segundo. Caminhou até seu carro.
-Boa noite senhor. - O manobrista entregou a chave sorrindo.
Taehyung a pegou rapidamente e entrou no carro. O sol já estava se pondo, o céu alaranjado brilhava em cima dele, dirigiu até sua nova casa e entrou. Tirou os sapatos e caminhou em direção à escada.
-Boa noite senhor Taehyung. - Yona apareceu na porta da cozinha.
Ele subiu até o terceiro andar e entrou no quarto, fechou a porta e deitou na cama. Fechou os olhos e sentiu aquele aroma doce que vem gostando impregnar o lugar. Ele estava deitado no travesseiro em que Ayame dormia e soube disso na mesma hora em que sentiu o cheiro e por alguma razão, não queria sair dali por enquanto.
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