História No sex - Capítulo único

– Ei, Jongin.

Sehun foi o primeiro a falar, ainda que sua respiração permanecesse ofegante devido ao ato concretizado poucos instantes antes. Jongin, ao seu lado, não estava muito diferente; os dois se encontravam deitados, cada um num banco da frente do carro. O ritmo com que os peitos subiam e desciam diminuía aos poucos.

– O quê? – foi o que o moreno conseguiu responder, a voz um tanto mais rouca que o normal devido aos gemidos que soltou naquele mesmo carro minutos antes.

– Eu tô cansado – murmurou, o tom de voz ainda baixo e o olhar a encarar um ponto fixo no volante.

– Foi mal... Acho que peguei pesado com você dessa vez – Jongin virou o rosto devagar para o lado a fim de observar melhor o loiro, acabando por virar um pouco o próprio corpo junto. O sorriso no canto dos lábios carnudos se fez presente, denunciando o rumo sujo que os pensamentos do rapaz haviam tomado.

– Não estou falando disso, idiota. Você foi... sensacional. Mas é outra coisa.

– Então o que é?

O loiro respirou fundo antes de colocar para fora em palavras os pensamentos que tanto rondavam sua mente. A verdade era que já fazia alguns dias desde que começou a pensar naquilo e simplesmente não conseguia deixar de lado. Precisava tirar aquilo a limpo com o moreno.

– Você não acha que a gente anda transando demais?

Se Jongin tivesse algo líquido na boca teria cuspido naquele exato momento. “Como é que é?”  foi tudo o que saiu dos lábios do moreno que ainda se encontrava assustado com o que havia saído de forma quase repentina pelo maior ao seu lado.

Simplesmente não conseguia acreditar que Sehun havia se cansado de toda aquela química e calor que havia entre o casal. É certo que namoravam seriamente há quase dois anos – desde que o moreno passara uma cantada fajuta e completamente falha para cima do loiro – e que durante todos aqueles meses, sexo era uma coisa que definitivamente não faltava. Fosse na cama, na cozinha, no escritório onde Sehun trabalhava ou mesmo ali – no estacionamento da clínica veterinária administrada pelo Kim.

O fogo que tinham quando estavam juntos era incomparável, tal como a forma como se encaixavam tão bem quando se tornavam um só. E Jongin não conseguia crer que Sehun, justamente aquele que parecia quase sempre tomar a iniciativa, estava incomodado com a frequência com que faziam sexo. Quer dizer, e daí que algumas vezes passavam um dia inteiro tomando um ao outro em todos os cantos do apartamento que dividiam há alguns meses?

– Você enjoou de mim? É isso? – Jongin tornou a perguntar, dessa vez já respirando devidamente e com uma expressão notoriamente confusa em seu rosto.

A atenção de Sehun voltou ao namorado na mesma hora. O que havia dito para que o moreno pensasse daquela forma? Arrumou-se melhor no banco do motorista, sentando-se quase que completamente virado para o homem ao seu lado.

– Jamais! Eu te amo, Kai. De verdade, doutra forma jamais teria aceitado morar contigo – as mãos do loiro foram até os ombros do namorado, apertando-os brevemente. As orbes se encaravam e Sehun suspirou outra vez, não conseguia encará-lo por muito tempo sem conseguir desejar beijá-lo. – Eu só acho que de vez em quando a gente bem que podia fazer um programinha de casal, sabe? – subiu a destra até o rosto, acariciando as bochechas enquanto tentava desviar o olhar que naquele momento havia começado a encarar os lábios do Kim.

– Ué... Mas a gente faz programas de casal, Sehun-ah – o sorriso malicioso voltou aos lábios do moreno quando o mesmo notou para onde o campo de visão de Sehun havia sido direcionado. Sabia bem que o loiro perdia a razão quando o via sorrindo daquela forma.

Jongin estava a tentar tortura-lo, era isso. Só podia ser. Enquanto tentava uma conversa séria e discutir um assunto importante, o moreno continuava naquele jogo eterno de sedução para consigo. Mas não se deixaria levar por aquele maldito e sexy sorriso, não quando finalmente reuniu coragem suficiente para tratar daquilo.

– Transar no cinema não conta! – exclamou e levou de imediato a destra até a boca do Kim tapando-a de seu campo de visão, porém sem realmente tocá-la.

– Pois você pareceu gostar da ideia naquele dia – retrucou o moreno, levando a própria mão até a do namorado e abaixando-a. O sorriso em seu rosto se desfez para que um tom um pouco mais sério o ocupasse.

– É claro que eu gostei, foi incrível... – e novamente lá estava ele, tentando persuadi-lo. Sehun lançou um olhar sério outra vez para Jongin e tossiu um pouco antes de voltar a falar. – Mas eu queria que algumas vezes nós fôssemos ao cinema e realmente assistíssemos o filme, sabe? Ou ao Sky Rose Garden, ou um café temático ou mesmo para um bar e jogar conversa fora. Eu só queria um tempo junto com você sem acabar transando, mesmo que fosse para assistir algum desenho chato na TV que você tanto gosta.

– Ei, meus desenhos não são chatos! – o moreno não pôde deixar de reclamar. – E você gosta deles também que eu sei.

– Tá, eu gosto. Mas... Você entendeu o que eu quis dizer, Jongin?

Foi a vez de Jongin de soltar um longo e baixo suspiro. É claro que havia entendido, não era tão lerdo assim. Entretanto, não podia deixar-se por baixo. Não naquele momento, quando tinha a chance de brincar com a cara de Sehun novamente.

– Eu entendi... E tive uma outra ideia. Inclusive acho que você vai amar essa.

– Qual? – indagou receoso. As ideias de Jongin quase sempre o assustavam, embora algumas vezes pudessem ser prazerosas, como a citada anteriormente sobre o cinema.

– Dois meses. Já que você parece tanto querer um tempo mais... romântico, não vai se importar se ficar sem sexo durante um tempo, amor. Vai ser puro romance, você vai ver. Aliás, vamos naquele café temático que você tanto gosta hoje a noite.

Sehun arregalou os olhos ao ouvir o Kim. Dois meses? Está bem que queria um tempo mais romântico ao lado do moreno e talvez alguns encontros por semana, mas dois meses inteiros sem sexo estava completamente fora de cogitação.

– Tchau, Sehun-ah! Até mais tarde e não esquece do nosso compromisso hoje à noite, bebê.

O tom de voz extremamente doce com que Jongin havia se despedido para sair do carro e iniciar o trabalho o assustou. Antes que pudesse retrucar e iniciar outra conversa sobre o quanto sexo era importante e que dois meses era muito tempo, o moreno saiu de seu campo de visão.

Derrotado, suspirou. Como é que uma conversa simples como aquela havia virado o início de uma greve de sexo?