História Noctua - Leave it to me. - X. Latte Macchiato - Parte II.

"Já que prometi, vou ser mais forte. Não digo adeus, porque basta fechar os olhos, para vê-lo. Lembro-me de você"

Capítulo X - Latte Macchiato

Parte II

Acordei na manhã seguinte e estava deitado em uma cama um tanto confortável, era um quarto de hóspedes. Não fazia muita ideia de como eu havia ido parar ali, mas não reclamava muito disso, meu colchão estava gasto e minhas costas não reclamavam. Sentei na cama e uma figura abatida e cansada me observava, a aparência de Yoongi não estava em seus melhores dias, não que isso fosse relevante naquele momento, e mesmo com seus sinais de uma forte crise, estava feliz por vê-lo em minha frente novamente, vivo.

- Você saiu do quarto, Yoongi. Então... Eu acertei tudo sobre você, não é mesmo? - Perguntei, segurando-me para não abraçá-lo apertado. Mas Yoongi apenas deu de ombros. Olhei o relógio, que marcavam 07:30, voltei a observá-lo. - Você está fraco e não come a dois dias, não vamos sair daqui hoje.

- Não importa, vamos. - Suas palavras eram firmes. E contrariá-lo havia se tornado umas das piores atitudes a se tomar, desde que eu o conheci. 

- Ainda está muito cedo, vamos comer algo então e vamos andando. - Levantei da cama e calcei os sapatos, Yoongi me seguiu e fomos a cozinha, onde seu pai lia um jornal.

Yoongi comeu cereais e bebeu suco, já que seu estomago não aguentaria um verdadeiro café da manhã. Seu pai não nos impediu ou questionou ao ver Yoongi indo em direção a porta. Ele apenas me chamou e sussurou um "muito obrigado, a mãe dele já o viu e está dormindo agora". 

"Acho que ele confia em mim, Yoongi! Estou feliz por ter a confiança de seu pai". Seguimos até a estação, pegamos o primeiro trem, no ultimo vagão, que ainda estava vazio, nos ajeitamos em bancos duplos e Yoongi observava a paisagem correr pela janela.

- Você gostava de pegar o trem neste horário, porque não corria o risco de encontrar ninguém conhecido, podendo aproveitar a paisagem melhor. 

Coisas a se fazer com Min Yoongi:

Pegar o trem das 08:00 am. ✓

Descemos três estações depois. Fomos andando calmamente até chegar a um parque, sentamos em um banco não tão desconhecido. Nos sentamos e observamos o campo e sua beleza ensolarada como se algo nela o tocasse internamente. "Você já está se lembrando, Yoongi? Desculpe escolher lugares que gostávamos de frequentar juntos, de propósito".

- Você gostava de vir aqui, principalmente para fotografar em seu tempo livre, e na primavera, dividia esse tempo em fugir de borboletas. - Ri ao contar, como se estivesse vendo em minha frente tal cena nitidamente.

Sentar calmamente no banco em que Yoongi decretou que eu o pertencia, e rir sobre as borboletas. ✓

Levantei e indiquei que prosseguiriamos com nossa caminhada. Passamos ao lado da quadra de basquete, onde eu e Yoongi disputamos nossa primeira partida, e confesso que ele é realmente um jogador incrível! E  como se já não fosse uma novidade, eu acabei perdendo.

- Você ganhou de mim aqui. E passou a ser a quadra que costumava jogar com seus amigos também. Você nunca aceitou uma derrota! - Encarei o rosto esmorecido de Yoongi, que tomara um meio sorriso.

Ir até a quadra onde o "Deus no Basquete" nunca perdeu. ✓

Chegamos ao ponto de ônibus, e pegamos um que iria em direção ao próximo destino. Seguimos até a cafeteria onde eu trabalhava faziam alguns meses, não sabia ainda se eu deveria contar a ele sobre o item que pulei na noite anterior, sobre nosso relacionamento, mas de alguma forma, esconder não passaria de um erro, o qual eu jamais quis cometer até então. 

- Bem, este é o seu lugar favorito! - Paramos em frente a porta de vidro e eu a empurrei. - Não podemos falar de Min Yoongi sem uma boa dose de café desse lugar. - Sorri. - Sente-se, eu vou buscar algo. - Andei por entre as mesas com ta ideia fixa na cabeça, pedi dois expressos e voltei em direção a ele, que acabava de desligar o celular. 

- Está tudo bem? - Sentei na cadeira em frente. Ansioso e determinado.

- Preciso passar na minha casa, bem... obrigado pelo passeio de hoje, Jimin. Eu realmente fazia coisas divertidas e prezerosas! Mas minha mãe está me esperando lá. - Yoongi parecia confuso.

- N-não vá agora... Eu preciso dizer algo a você! - Não conseguia manter discreta minha agitação. Yoongi se levantou e eu o segurei pelo braço. - Não vai demorar, eu prometo. - Minhas palavras começavam a ficar confusas dentro de mim. 

Yoongi afastou minha mão de seu braço e olhou fundo em meus olhos.

- Eu entendo que você queira ajudar, Jimin. Mas todas as vezes que você está perto de mim, eu tenho uma sensação sufocante, como se algo me reprimisse por dentro. Eu não sei quem é você e todas as vezes que você está perto de mim, você chora e eu acabo sentindo o mesmo em relação a você. Ver você chorar me deprime mais do que meu corpo faz por si só, então por favor, não me impeça de sair e não venha atrás de mim, Park Jimin. - Ao dizer isso, Yoongi saiu pela porta, a passos firmes.

E eu? O que se faz após escutar tais palavras depois de tudo?

# # #

Caminhei eufórico pela calçada, não havia mentido em relação a como eu me sentia quando Jimin se aproximava de mim, "Porque esse mal estar? O que ele tem...", eu não queria ouvir o que ele tinha a dizer, eu não sabia o que poderia vir e não me interessava descobrir, "Talvez você só esteja com medo de não ser o que você espera...", eu não havia recebido um telofonema da minha mãe, ela não estava me esperando, eu só precisava procurar alguma resposta antes de mais nada, eu só queria entender o porque de tudo aquilo.

O doutor Kim Seokjin, antes de me dar alta, falou sobre procurar o mais fundo possível se eu quisesse lembrar das minhas memórias recentes. Ele disse que esqueci as lembranças mais intensas que meu cérebro possuía. "Jimin, você estava tão intenso assim em minha vida?".

Abri a porta e passei meu olhos pelos cômodos. Percebi que o copo de café ainda estava em minhas mãos ao sentir algumas gotas respingarem logo após tropeçar em um tapete, queimando minha pele. Fui em direção a cozinha e repousei o copo sobre a bancada, lavei as mãos e voltei a pega-lo. Meus olhos pecorriam cada elemento daquele lugar intocado. Me aproximei da geladeira, onde havia um papel dobrado, cerrei os olhos e o peguei, abrindo-o cuidadosamente. As letrinhas miúdas pareciam ter manchado aquela folha a algum tempo, lia atentamente cada palavra enquanto começava a bebericar meu expresso, fazia isso, até tudo em meu corpo congelar, até soltar o copo e borrar todo o chão com aquele líquido marrom, até minha boca entreabrir e meu coração bater forte, até eu sussurar um nome, só que dessa vez, sabendo exatamente sobre quem eu estava falando. 

Como se uma pancada tivesse feito um emaranhado de engrenagens voltar a girar, trazendo imagens vivas o suficiente para crer em qualquer coisa novamente.

- Meu Jiminnie...

"Bom dia, meu amor.

Obrigado pelo nosso aniversário de cem dias! Tivemos uma noite incrível e é claro, porque você possui o melhor namorado do mundo inteiro. (Eu me sinto um tanto afeminado por isso, mas você fica fofo quando está corado, my sweet Sugar ~). 

Se um dia eu tivesse que escolher um único desejo, seria o de jamais esquecer o quanto você é especial pra mim e o quanto eu sou grato pela existência do café (Nossa história começou como um pequeno expresso, você se lembra?). Quero levar esse sentimento para além dessa vida, e estar ao seu lado até mesmo em todas as inevitáveis vezes que o seu mundo desabar. Prometa que jamais deixara de me amar, certo? E eu o amarei até o ultimo dia da minha vida, porque você é a unica forma de amor que eu encontrei para me fazer feliz por esta vida.  

Espero que todos os seus dias possam ser bons daqui para frente, desde que você esteja sempre ao meu lado.

Do seu namorado, Jimin".