História Nosso Amor Doentio - Ajuda

KAROL ON

Estávamos aproveitando aquele momento pai e filha, estava tudo tão perfeito, observar aquelas árvores, as borboletas, sentir a respiração da Shiva na minha perna enquanto ela dormia, parecia tudo tão perfeito, mas tudo que é bom dura pouco.

Mateus: Ezekiel?! – Ele veio correndo até nós. – Tem uma gente no portão, disseram que querem falar com a Karol e o grupo novo que chegou.

Ele estava aflito e me encarava com se a culpa disso tudo fosse minha, como se eu tivesse atraído todas essas pessoas para cá. O pior é que toda essa aflição só deixava a Shiva mais nervosa, e ver um tigre nervoso não é exatamente muito bonito.

Ezekiel: Vamos lá ver. – Ele se levantou calmamente e pegou a coleira da Shiva, ele gostava de estar com ela quando apareciam pessoas novas, era um modo de mostrar superioridade

Andamos até a frente do Reino e pude ver Aaron e Luke se debatendo enquanto os soldados os seguravam.

Eu: Solte eles, são meus amigos. – Falei alto enquanto corria até eles para checar se estão bem.

Mateus: Parece que você é amiga de muita gente né?! – Falou sarcástico.

Eu: Vai se ferrar Mateus, você está bem Aaron? – Perguntei me ajoelhando ao seu lado, já que ele estava de joelhos no chão tentando se recuperar.

Aaron: Estou, só fiquei um pouco cansado. – Disse ofegante.

Ezekiel: Então você é o famoso Aaron que cuida da minha filha?! – Ele se aproximou.

Aaron: Ah, sim senhor, sou eu. – Ele ficou de pé.

Ezekiel: Pois bem, NINGUÉM VAI MACHUCAR ESSES GAROTOS, ELES AJUDARAM A KAROL, E SE AJUDAM UMA DE NÓS, AJUDAM TODOS NÓS. – Ele falou para o pessoal que estava a nossa volta.

Luke: Karol. – Ele me abraçou e eu retribui. – Fiquei tão preocupado.

Eu: Eu também. – Mas me toquei de uma coisa e nos separei rapidamente. – Como nos encontraram?

Luke: Isso. – Ele me entregou o antigo mapa que eu tinha feito do caminho de Alexandria até o Reino. – Não se preocupem não contamos para ninguém.

Mateus: E o que vieram fazer aqui? – Ele estava zangado, era visível isso.

Aaron: Vocês precisam nos ajudar, por favor, Alexandria corre grave perigo. – Ele disse para o meu pai.

Ezekiel: E que perigo seria esse?

Aaron: Tem um lugar que está repleto de zumbis, eles são segurados apenas por três caminhões e um barranco, mas um deles já está para cair e todas aquelas coisas vão vir em direção de Alexandria.

Mateus: Problema de vocês, o que esperam que a gente faça? – Ele se sentou num latão de lixo.

Aaron: A questão é que não é só problema nosso, aqueles zumbis podem vir para cá também e mesmo que não cheguem até aqui, vão ficar espalhados pela floresta e vai ser mais difícil de vocês caçarem e pegarem comida. – Ele tentava nos convencer.

Rick: Ele tem razão. – Chegou com o resto do pessoal. – De onde nós viemos tem muitas daquelas coisas, é difícil ficar com uma comunidade desse tamanho com tantos deles lá fora, até agora esses muros suportaram porque por aqui só aparece um ou dois, mas se for um grupo grande são capazes de derrubar esses ônibus e invadirem tudo por aqui.

Mateus: E como tem tanta certeza? – Ele tentava á todo custo fazer meu pai recusar.

Rick: É o que aconteceu com as nossas duas primeiras comunidade, o nosso acampamento foi destruído e a fazenda também, tudo por causa de zumbis, eles são destrutivos e vai por mim, é mais fácil tirar eles do seu caminho agora que estão presos, porque depois só nos resta correr e rezar para não ser mordido.

Pelo que o Carl me disse o Rick sempre foi bom em fazer discursos, acho que ele consegue ser mais convincente do que o discurso de ódio do Mateus.

Ezekiel: Está bem, faremos uma votação, quem for a favor de ajudarmos levantem as mãos. – Uma grande parte levantou as mãos. – Muito bem, agora quem for contra levante as mãos. – Poucos levantaram. – Então a maioria vence, iremos ajudar vocês.

Aaron: Muito obrigado. – Falou agradecido.

Ezekiel: Um pouco do meu grupo irá com vocês, apenas os que se oferecerem, se precisarem de mais ajuda a minha filha estará com um Walkie-Talkie, vai ser útil. – Meu pai disse e Aaron apenas assentiu.

Voltamos para Alexandria de carro, éramos todo o grupo do Rick no trailer que o Aaron e o Luke trouxe, e mais alguns carros com o meu pai e o seu pessoal atrás.

O trailer estava silencioso, o Carl não parava de encarar o Luke que simplesmente não percebia nada.

Eu: Se continuar olhando assim para ele, vai ficar meio na cara. – Falei para o Carl indo enquanto me sentava do seu lado.

Carl: Só porque fizemos as pazes ontem, não significa que eu tenha que ir com a cara dele. – Falou irônico.

Comecei a gargalhar, passei um bom tempo conversando com o Carl no trailer, tanto que nem vi o tempo passar e finalmente chegamos em Alexandria.

Deanna: Sejam Bem vindos. – Ela nos recebeu assim que saímos do trailer.

Rick: Não foi o que me disse da última vez. – Falou sarcástico.

Deanna: Rick, por favor entenda o meu lado, estava abalada, triste, e ainda estou, não pensei racionalmente, então... Me perdoe. – Pareceu ser sincera.

Rick: Vamos resolvendo isso com o tempo, agora me diga o que quer que eu faça? – Ele colocou as mãos na cintura fazendo a mesma pose de sempre.

Deanna: Esses dois vão explicar melhor. – Ela inclinou a cabeça para apontar para a Enid e o Ron.

Enid me encarou com raiva, ela não gosta de mim desde que descobriu que eu transei com o Ron, mas a culpa não foi minha, eu não sabia que eles estavam namorando, só que ela não quis me ouvir.

Enid: Não vou falar nada enquanto ela estiver aqui. – Ela apontou para mim e cruzou os braços.

Ezekiel: Então fala para mim. – Ele saiu do carro com a Shiva que aparentemente veio no banco do carona. – Por que eu vim de muito longe para sair de mãos vazias.

A Enid ficou em silencio por um tempo, mas suspirou e logo começou a falar.

Enid: Eu saí para refrescar a cabeça quando... – Ela olhou pro Ron. – Quando eu estava zangada, aí eu encontrei um lugar lotado de zumbis e eles estavam sendo segurados por dois caminhões.
 

Ron: Eu tinha seguido ela então eu também vi, voltamos para Alexandria e resolvemos contar para a Deanna.

Ezekiel: Vocês nos mostram onde é, se vermos o lugar será mais fácil resolver essa situação.

Ninguém pensou em recusar, Ezekiel era diferente da Deanna, ele não colocava roupas bonitinhas e fingia que tudo estava bem, era mais sincero, mais direto e acho que o pessoal de Alexandria que olhava em volta percebeu isso.

Todos começamos a nos arrumar dentro dos carros e do trailer, então Ezekiel vem até mim.

Ezekiel: Leva a Shiva. – Ele me deu a “coleira” dela. – Não é que eu não confie nessas pessoas, mas sabe com é... Pai é pai.

Eu: Está bem. – Dei um beijo na sua bochecha e ele logo foi para o carro dele.

Entrei no trailer com a Shiva e me sentei num banco, aqui era melhor para ela, mais espaçoso. Enid se sentou no bando da minha frente, e ficou lendo uma revista, a única coisa que nos separava era a mesa.

Eu: Você sabe que a culpa não foi minha não é?! – Falei enquanto acariciava a Shiva.

Enid: Não sei do que está falando. – Continuou folheando a revista.

Eu: Sabe que eu ter transado com o Ron não foi culpa minha, quero dizer, você sabe que eu não teria feito isso se soubesse que ele estava namorando com você... Poxa Enid, éramos amigas.

Enid: Você transou com o meu namorado, não vou ter perdoar. – Ela colocou a revista na mesa e começou a me encarar.

Eu: Já parou pra pensar que a culpa disso tudo é do Ron?! Que ele é o culpado porque ele sabia que vocês estavam namorando e mesmo assim quis transar comigo que nem sequer estava sabendo de nada?!

Ela ficou parada me encarando, apenas me levantei e me sentei no banco do lado dela.

Eu: Somos mulheres em um mundo pós-apocalíptico, onde o machismo é ainda maior que antigamente e todo mundo nos manda ficar em casa porque “É mais seguro” ou “Você não conseguiria se defender sozinha”. – Disse fazendo aspas com as mãos. – Vai por mim, num mundo acabado a última coisa que você tem que fazer é ficar com um garoto lixo que não quer nada com você e te traiu.

Ela me encarou por um tempo e logo me abraçou, eu logicamente, retribui.

Enid: Obrigada. – Sussurrou no meu ouvido. – Terminamos ontem cedo, foi por isso que eu saí correndo e encontrei esse lugar.

Eu: Vai por mim, não perdeu absolutamente nada. – Sorri quando nos separamos. – Ele transa mal pra caramba.

Começamos a sorrir, era bom, como antigamente, a Enid sempre foi minha amiga, desde que cheguei em Alexandria, mas graças ao idiota do Ron, ela ficou sem falar comigo, é bom estarmos voltando com a amizade.

                                                                       10 minutos depois.

Ron: Chegamos. – Ele saiu da cabine do motorista e seu olhar pairou em mim e na Enid.

Descemos do carro e vimos tudo do alto de um morro, era bem pior do que eu pensava, são muitos zumbis e um dos caminhões já está caindo do barranco.

Ezekiel: Isso vai ser complicado Rick, o que acha? – Ele olhou com um binóculo e depois passou ele ao Rick.

Rick: Realmente. – Ele olhou no binóculo. – Vamos precisar de um plano.