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História Notre destin - The power of your love


Escrita por: tatah_mirac

Notas do Autor


Olá, pessoal!!
Então...
Ufa!
Deixa eu respirar aqui...
Foi difícil escrever esse capítulo, viu?
Primeiro porque ele vai ter várias referências ao desenho, em alguns momentos, vocês vão ver, e espero que gostem dessa visão dos fatos que eu coloquei aqui.
Aconselho vocês a pegarem os lencinhos porque eu (que dizem ser fria😅) chorei mesmo... Me peguei afastando umas lágrimas aqui entre os parágrafos, enfim...
Não vou me alongar mais, porém, não poderia deixar de dar essa impressão a vocês antes de postar.

Só mais uma coisa, queria agradecer muito aos novos favoritos. Somos 161 agora! Uhul!!
Obrigada pelos comentários, pelos incentivos, cada 'continue', surtos e afins de vocês (😂😂) é muito importante para a gente que escreve, de verdade.

Espero que gostem.
Boa leitura! 😊😘

Capítulo 43 - The power of your love


Fanfic / Fanfiction Notre destin - The power of your love

When no one seems to notice
Mesmo quando ninguém perceber
And your days, they seem so hard
Que seus dias estão tão difíceis
My darling, you should know this
Meu querido, saiba de uma coisa
My love is everywhere you are
Meu amor estará onde você estiver

(Conversations in the dark – John Legend)

 

 

O esquadrão ficou em silêncio, paralisado diante da cena do amigo à frente. As lágrimas rolavam livres pelo rosto avermelhado. Sua expressão era de puro desespero.

Hawk Moth era o seu próprio pai...

Vérité começava a sentir seu peito ferver ainda mais, movido por toda aquela raiva, tristeza, solidão...

Sua namorada não havia sido fiel e sincera com ele...

Mas ele poderia culpá-la?

Ele era um poço de problemas, de inseguranças, de limitações, de amarras... Amarras essas criadas por seu próprio pai: o grande vilão de Paris. Nada mais apropriado a ele do que ser portador daquele Miraculous.

O controlador de vidas a seu bel prazer...

Ele pensava ironicamente.

Aquele homem era seu progenitor. Do qual praticamente mendigava um mísero gesto de carinho, um abraço a cada três meses ou mais, uma refeição juntos... Ele era o seu maior inimigo, contra o qual Adrien havia lutado durante quase três anos a fim de proteger a vida e a paz de inúmeras pessoas. Inclusive a sua própria e a de Marinette.

E agora, o que mais lhe restava?

Sem sua mãe, sem aquele amor que ele acreditou ser real.

Ele se via completamente só, afundado naquela escuridão profunda dentro de si mesmo.

Sem nada.

Até mesmo de Plagg, ele abriu mão, pois não conseguira resistir àquela manipulação. Mais uma vez, o grande Gabriel Agreste vencera. Como seu pai, e agora também como vilão, invadindo os espaços no seu íntimo sem pedir licença.

Em meio ao frenesi, Vérité deu um salto para fugir. O que mais queria era ficar sozinho e longe dali. Porém, rapidamente, Ryuko acionou seu bracelete com a segunda chance.

Sass estava coberto de razão.

Ela precisava mesmo daquele poder. Era bem difícil controlar as habilidades de dois Miraculous ao mesmo tempo, mas se o kwami havia dito que ela era capaz, assim iria até o fim.

Persistência era algo de sua natureza competitiva e perfeccionista.

Apesar de estar sendo controlada para dizer somente a verdade, nada a impedia de agir como bem quisesse. Se ela pudesse evitar que aquela dor toda fosse despejada em seu amigo daquela forma, faria o que fosse preciso, cruzaria todos os limites que aqueles poderes permitissem.

Ao voltar à cena em que Adrien fazia exatamente aquela pergunta para ela, sobre os sentimentos de Luka, respondeu normalmente, mas sem deixar de sinalizar com a cabeça para os heróis que faria uma investida contra ele. Usou seu dragão de vento e o imobilizou como um tornado contra a parede. Enquanto ele se debatia contra aquela força, Mister Bug lançou o ioiô, prendendo seus braços contra do corpo. Vérité grunhia, raivoso.

Afinal, detestava se sentir preso.

Lady Noir acionou o cataclismo, mas era tarde demais novamente. Ele se debatia com a sombra arroxeada nos olhos, e a heroína dragão/cobra sabia o que ele estava vendo. Tentara todas as estratégias, inúmeras vezes, para que Adrien não passasse por uma descoberta tão dolorosa daquela forma.

Parecia não ter mesmo como escapar daquele resultado...

Um sentimento de impotência tomou conta de Ryuko ao notar que já estava fraca demais. Todo aquele poder combinado, todas aquelas chances que usara em inúmeras versões diferentes, a levara à extrema exaustão de tal modo que ela deixou-se cair de joelhos, perdendo a transformação do Miraculous da Cobra, e voltando a ser apenas a heroína-dragão.

Suspirou, derrotada, e a única coisa que pôde assistir foi seu amigo fugir dali, completamente transtornado por aquela verdade avassaladora.

🐞

Marinette abriu seus olhos lentamente. Fitou o teto cinza do quarto de hotel. Sua cabeça latejava e seus olhos ainda estavam turvos pela intensa sonolência. Sentou-se sobre a cama, olhou em volta e deu um sobressalto ao ver o músico ao seu lado que despertava da mesma forma que ela.

– Luka? – ela arregalou os olhos e encarou o semblante dele tão confuso quanto o seu.

– Marinette? Você tá bem? Mas... o que a gente tá fazendo aqui? – ele questionava e olhava em volta.

– Eu não faço a mínima ideia...

A menina se levantou em um ímpeto, procurando sua bolsinha. Chamou por Tikki, mas ela não lhe respondia.

– Ela não tá aqui... – disse e levou as mãos aos brincos. Um desespero atingiu em cheio seu peito ao notar a ausência deles – Luka, alguém pegou meus brincos! – ela passou os dedos sobre a testa.

Andava de um lado para o outro do quarto.

O rapaz imediatamente levantou os punhos da blusa social para constatar que seu bracelete também não estava ali. Sinalizou esse fato para Marinette.

– Como eu deixei isso acontecer... – ela dizia e sentia os olhos arderem.

Luka ficou de pé. Ainda que estivesse transtornado por constatar que havia perdido o Miraculous, apoiou as mãos nos ombros dela, tentando fazer com que o encarasse.

– Ei, fica calma... Vamos descobrir. – ele suspirou, pensativo – temos que sair daqui.

Nesse mesmo instante, a porta se abriu. Lady Noir, Mister Bug, Ryuko, Queen Bee e Pegasus olharam para os dois aliviados e surpresos por terem conseguido despertar. Esses dois últimos estavam bem confusos por ainda nem saberem das identidades dos dois heróis, muito menos a do amigo akumatizado.

Marinette tremeu da cabeça aos pés, nervosa.

Quem são esses dois?

O transtorno em sua mente sonolenta a fez demorar naquele raciocínio.

– Calma, amiga. – Lady Noir pegou em suas mãos, e sentiu como estavam geladas – sou eu, Alya... É o Nino que está com seu Miraculous, me desculpe, mas na ausência da portadora, tivemos que ouvir a joaninha-mor... – sorriu, referindo-se à ordem de Tikki sobre os dois usarem os Miraculous naquela situação – e, sim, os dois – apontou para Queen Bee e Pegasus – estão descobrindo a sua identidade agora. Acho que a Bourgeois vai dar um ataque por ter sido uma bitch com a Ladybug... – Alya completou, tentando deixando deixar o clima mais leve, mesmo que não tivesse muito sucesso.

Queen Bee estava com os olhos arregalados, boquiaberta. De fato, por essa ela não esperava. Ainda mais por deduzir que seu amigo de infância, perfeito, lindo e maravilhoso, deveria ser... o gato de rua?

Não conseguia dizer nada, tamanha surpresa.

Apenas olhava para os outros que já pareciam estar confortáveis com todas aquelas informações. Ela ainda levaria um tempo para conseguir se pronunciar sobre tudo aquilo. Se fosse em outros tempos, certamente já estaria resmungando o seu famoso: ridículo, totalmente ridículo...

– Alya, mas... Peraí. – Marinette tentava organizar os pensamentos, e as novas máscaras que caíam ali eram a sua menor preocupação, já que estavam entre amigos aliados mesmo – quem fez isso com a gente? – disse apontando para ela e Luka.

– Você ainda tem dúvidas? – ela trocou um olhar cúmplice com a heroína-dragão, pensando que as três justiceiras teriam mais contas a acertar – não pense mais nisso... – Alya suspirou – nós temos muita coisa pra contar...

Os heróis desfizeram a transformação, e devolveram o Miraculous da Joaninha e da Serpente aos dois portadores que haviam ficado desacordados. O do Gato ficou nas mãos da mestiça sobressalente.

– Alya, por que você teve que usar o anel? – Marinette perguntou com os olhos turvos pelas lágrimas, pensando em várias possibilidades do que poderia ter acontecido com Adrien.

A morena pegou em suas mãos, olhou em seus olhos.

– Isso foi um plano, dos mais cruéis, Marinette... Pra... – ela fez uma pausa – akumatizar o Adrien.

A mestiça levou as mãos ao peito. Uma dor intensa se espalhava por imaginar como aquilo poderia ter acontecido.

– O kwami do Luka, esqueci o nome dele...

– Sass... – o músico respondeu, ainda com seu pequeno amigo bem fraco, alimentando-se na palma de sua mão sobre o colo.

– Isso. Ele viu quase tudo, pois sentiu um impacto pelo fato do Luka ter caído com ele dentro do paletó. Vocês foram levados para o quarto, e até mensagem no celular Adrien recebeu pra vir conferir... enfim. – a morena coçou a cabeça, era constrangedor contar isso aos dois ali, ainda mais na presença de outros – vocês dois foram apagados e... despidos, colocados aqui... E o resto vocês já sabem...

– Me perdoa, Marinette... Ficou tão tarde, e eu acabei dormindo e... tudo estava tão tranquilo. – Tikki tentava se justificar, mas logo a mestiça a pegou nas mãos com um sorriso compreensivo.

– Tikki, por favor... Não se culpe. Não tinha como prever uma coisa dessas aqui. Afinal de contas, acabamos de enfrentar um akuma bem recente, e bem forte... – Marinette respirou fundo, apertando os olhos.

– Eu fui atrás dele, Marinette... – Nino suspirou – o Plagg já estava lá tentando conversar com ele. Mas ele estava em um tipo de choque. Não conseguia ouvir ninguém, eu... – ele se interrompeu, sem saber mais como falar sobre aquilo – não consegui impedir.

Marinette forçou-se a dar um sorriso, compreensiva ao ver que Nino se sentia impotente também, assim como ela.

Mas quem poderia ter calculado tão friamente isso tudo, e justo para akumatizar o Adrien? – Marinette se questionava em pensamento.

Aquilo parecia tão específico...

Um frio percorreu sua espinha ao pensar que Lila novamente poderia estar envolvida em uma nova aliança com o vilão. Porém, pela conversa que Luka havia escutado no café, ainda não fazia sentido, pois ela mencionara que Hawk Moth havia desistido de se aliar a ela.

Será que ele a havia procurado de novo?

E Félix?

Marinette sabia que ali na festa ele descobriria seu relacionamento com o primo. Entretanto, algo dentro dela dizia que aquele tipo de coisa não era compatível com o garoto. Ela lembrou-se sim da montagem daquela foto, a fim de causar transtorno na vida de Cat Noir, por puro ciúme, talvez.

Mas isso?

Era outro nível, além de ser muito elaborado para pouco tempo, já que ela e Adrien tornaram o relacionamento público ali na festa.

Alguém descobriu antes... Ou poderia ser alguém que já sabia?

Ela conjecturava, sem conseguir culpar nenhum dos seus amigos mais próximos.

Enquanto a mestiça refletia, Kyoko tentava explicar ao músico sobre aquilo tudo. Ele ainda estava meio atônito com toda a armação, além de sentir uma leve tontura pelo sonífero.

Provavelmente foram os dois espumantes servidos na pista de dança... - pensava.

À medida que Alya, Nino e os outros relatavam os fatos, Marinette sentia que o ar poderia faltar a qualquer instante dos pulmões. Ela pensava em Adrien sozinho, sob o controle de Hawk Moth, imaginando uma suposta traição por parte dela. Todavia uma peça do quebra-cabeça ainda não havia fechado.

Por que ele havia fugido?

Disso, os heróis não faziam ideia, exceto a heroína que usara inúmeras chances para modificar aquele triste resultado.

Na última chance, Adrien não havia pronunciado nenhuma palavra. Apenas ficou com o semblante, e as lágrimas marcadas por dor e angústia. Mas a japonesa tinha a onisciência de tudo aquilo, durante aquelas incontáveis horas em que ficou ali tentando e tentando mudar as agruras daquele destino.

Pediu, enfim, para conversar a sós com a mestiça. Não havia outro jeito senão contar a ela. Marinette era Ladybug, guardiã da caixa dos Miraculous e sua líder. Por mais que aquilo lhe doesse, ela teria que saber sobre a menção do loiro, em diversas chances, à identidade do vilão.

E ali estavam as duas, além dos três kwamis: Longg, Tikki e Plagg.

Esses últimos sentiam, em seu âmago, que chegara o momento daquela cruel verdade ser revelada. Oras, eles sentiram isso desde o instante em que Adrien saíra por aquela porta em desespero.

– Marinette, eu preciso te contar uma coisa... importante... – Kyoko iniciou a conversa, hesitante – que eu vi em várias das chances que eu usei para isso não acontecer.

Marinette suspirou longamente. Via a dificuldade da garota em falar sobre aquilo.

O que de mais sério poderia ser?

Ela não fazia ainda a mínima ideia.

Kyoko, por sua vez, se colocava muitas vezes no lugar de Adrien. Os dois lidavam com a ausência de um dos pais; além daquela, a pior de todas: a ausência de carinho daquele que ficou, e as extremas exigências sufocantes até de suas próprias vontades. Não poderia imaginar como se sentiria se fizesse uma descoberta do tipo sobre sua mãe, por exemplo.

– O Adrien, quando estava sendo manipulado, em certo momento, disse o nome de duas pessoas... – ela se referia às vezes em que o loiro vira Nathalie e falava apenas o nome dela – que eu acredito serem... pela lógica, Hawk Moth e Mayura. Mas... claro, isso deve ser investigado.

– Quem? – Marinette perguntou apreensiva, enquanto Tikki e Plagg trocaram um olhar triste.

Kyoko apertou as mãos entre si. Soltou mais um longo suspiro.

– Gabriel Agreste e Nathalie... – ela disse sem coragem de encarar o rosto completamente perplexo da menina à frente – eu o vi se referir a ele como pai, e, outras vezes, ele dizia Nathalie... Provável que a visão, quando os dois se comuniquem, seja... – a japonesa continuou falando, mas sua voz saía cada vez mais longe.

Marinette estava em choque.

Seus olhos azuis se fixaram em uma de suas pernas cruzadas sobre a cama.

Não pode ser...

O próprio pai dele? Sua fonte de inspiração profissional?

Lembrou-se da aliança que ele fizera com Lila, da tortura física infligida a ela própria. Aquilo não fazia sentido, principalmente ao lembrar-se de sua recepção cordial como namorada de Adrien. Além disso, como ele teria coragem de armar um plano desses para akumatizar o próprio filho? Se bem que ele já havia sido o primeiro e único suspeito, quando o Livro de Feitiços foi encontrado na mansão.

Mestre Fu disse que era improvável alguém akumatizar si próprio, não impossível...

Cerrou os olhos, tentou buscar uma compreensão naquele turbilhão de coisas que lhe vinham à mente.

– Marinette? – a japonesa buscou o olhar perdido da amiga à sua frente.

– Desculpe, Kyoko... Eu só... – balbuciou.

– Não, tudo bem – a asiática engoliu em seco – olha, eu fiz de tudo para tentar mudar esse final, Marinette. Mas eu falhei. Me desculpe.

– Você não tem culpa, Kyoko. Nós vamos investigar isso e... – logo Tikki a interrompeu, com os olhos azuis banhado em lágrimas, enquanto Plagg permanecia cabisbaixo.

– Não precisa, Marinette... – a pequena disse e aos poucos, a compreensão sobre o que ela lhe dizia a atingia como um baque no peito – ela está certa. O Mestre nunca descartou essa possibilidade, e nós tivemos algumas evidências depois. A Nathalie tentou roubar o anel do Adrien, Marinette... – a mestiça arregalou os olhos – antes do Hawk Moth atacar em Xangai.

Então essas eram as novas informações sobre o vilão que eles tanto investigavam, sem dar nenhuma pista. Marinette não sabia o que dizer. Então até eles haviam desconfiado da identidade do felino. Pela coincidência de se estar em Xangai, pelo relacionamento com ela...

– Entende agora por que eu e Plagg não queríamos falar, até termos certeza? – Tikki suspirou, vendo as lágrimas incessantes desceram sobre o rosto da mestiça, enquanto a japonesa tomava uma de suas mãos tentando lhe transmitir o mínimo de tranquilidade – nós quisemos dar a vocês uma semana, Marinette – sua voz doce falhava pelo choro – uma semana para curtir essa felicidade que vocês tanto esperaram... até nós descobrirmos mais coisas. – ela se interrompeu, levando os bracinhos ao rosto e enxugando as pequenas lágrimas – essa era a nossa conversa com vocês amanhã, me desculpe... Eu sei que isso é cruel demais, mas... É a mais pura verdade. – a kwami soltou a frase como um murmúrio entre soluços e logo abraçou o rosto de sua portadora.

– Mas... – Marinette afagou-a com as mãos, enxugou o rosto, tentando se recompor – vocês... sabem por que ele quer os Miraculous?

– Ele tem uma forte motivação, Marinette... Mas podemos falar disso outra hora... – Plagg se pronunciou.

– Não! – ela meneou a cabeça, apertou a beirada da cama, ainda tentando se controlar – eu quero saber agora. – Plagg voltou seu olhar para a japonesa.

– Vou deixar vocês sozinhos... – Kyoko disse, levantando-se, mas Marinette a conteve tomando um de seus pulsos.

– Não, por favor. Fica. – ela pediu à japonesa, que a encarava apreensiva por ver seu sofrimento – vocês terão que saber de tudo depois, então... por favor, eu preciso dividir isso com alguém... – ela pediu, sentindo o peso do mundo em suas costas com toda aquela situação.

As duas fitaram o pequeno rosto do kwami gato e aguardaram que ele prosseguisse. Tikki apenas lançou um olhar encorajador para o companheiro. Ele era, de fato, emocionalmente muito mais forte que ela nessas situações.

– É a mãe do Adrien, Marinette... Ele quer trazê-la de volta.

Marinette levantou o olhar para a menina à sua frente. As duas tinham lágrimas nos olhos, mesmo que a Tsurugi tentasse controlar muito. Adrien era uma pessoa especial para ela, alguém que muitas vezes fez com que o fardo de cumprir obrigações impostas por seus pais ficasse mais leve.

Marinette sentiu o peito apertar de dor.

Lembrou-se do sonho de Adrien, do quão emotivo ele estava. Hawk Moth, que era Gabriel Agreste, queria o Poder Absoluto, durante todo esse tempo, para trazer sua esposa de volta? A mãe de Adrien, que tanto fazia falta para ele... Com corpo trêmulo ainda, Marinette respirou fundo várias vezes.

Aquilo era... a pior coisa que poderia enfrentar.

O Poder Absoluto era algo que não poderia ser usado sem um preço a pagar. Era vida por vida. Além de poder corromper seu portador de tal forma a mudar completamente a realidade a seu favor, ocasionando inúmeros problemas no equilíbrio, e na vida de tantas pessoas.

Marinette sabia disso.

Adrien também, pois já haviam estudado sobre isso nos livros e anotações que Mestre Fu havia deixado para eles.

Mas seria ele capaz de abdicar desse poder, mesmo com a vida de sua mãe em jogo?

Era o que Marinette se perguntava.

Lembrou-se das palavras do Mestre naquela carta:

 

O mal que vocês irão enfrentar é o próprio amor, Marinette. Mas um amor corrompido pela obsessão. Esse sentimento é o único capaz de manchar o mais puro coração. Não se deixe enganar, querida. Seja firme, busque a sabedoria com aqueles que a possuem, conte com as verdadeiras amizades para serem seus aliados.”

 

Aquilo não poderia fazer mais sentido como agora.

Gabriel Agreste era um homem que amava, porém, obcecado por trazer a esposa de volta, a ponto de colocar a vida de inúmeros cidadãos de Paris em risco, aproveitando-se da fragilidade deles, até mesmo de seu próprio filho... Aliou-se a pessoas cruéis, como Lila, tentou roubar a caixa dos Miraculous do Mestre, ocasionando sua perda de memória. Ele estava descontrolado, sedento por aquele poder. O que motivava toda essa obsessão, ela não saberia dizer. Talvez uma culpa imensa sobre algo passado, Marinette fazia especulações.

Certamente não demoraria a descobrir.

Respirou fundo, de volta daqueles pensamentos.

– Certo... – disse, levantou-se, sinalizando para a amiga à frente – temos que ir agora. Precisamos salvar o Adrien...

🐞

Nathalie estava sentada sobre o pequeno banco, dentro da ambulância, enquanto via os paramédicos em volta de Gabriel. Ele ainda permanecia desacordado sobre a maca. A mulher passou as mãos pelo rosto, tentou espantar as lágrimas que não deixavam de descer. Os batimentos dele eram fracos, ela via todo aquele alvoroço em volta de si em câmera lenta. Respondia as perguntas no automático.

Depois de pedir ao motorista que procurasse notícias de Adrien, ela não viu outra alternativa senão acompanhar aquele homem que estava sozinho. Suas mãos buscaram sem pudor uma das dele. E ela sentiu aquele leve aperto que a encheu de esperanças.

Debruçou-se sobre ele.

– Não se preocupe, senhor... Estou cuidando de tudo.

Por um instante, ele abriu os olhos e viu a silhueta da mulher à sua frente. Sentiu um desespero ao lembrar-se daquela ameaça a ela. Ele precisava avisá-la de alguma forma. Precisava fazê-la ler a carta que deixara camuflada dentro de uma estatueta.

Gabriel pediu para que ela se aproximasse, em um ato de desespero. Muito ofegante, ele conseguiu murmurar.

– V-voc-cê... pre-c-cisa... sab-ber...

Ela meneou a cabeça, para que ele não se exaltasse.

– Não se esforce assim, Gabriel... – ela disse – você vai ficar bem.

– Não... – ele tossiu – ap-penas v-veja... a estátua. M-marco Antônio... – ele não conseguiu completar a frase, pois já perdia a consciência novamente.

Nathalie não havia compreendido o que ele queria dizer naquele momento. Apenas se via desesperada ao vê-lo desse modo. Ela o tinha alertado tantas vezes sobre os riscos de usar aquele poder, mas mesmo assim, ele não desistia.

Parecia que... não se importava em perder a própria vida?

Um gelo alcançou a sua espinha com aquele pensamento, mesmo que não fizesse sentido, pois se ele morresse, Emilie também não voltaria, ele não usaria o Poder Absoluto.

Ela realmente não entendia.

🐞

No saguão daquele hotel, algumas pessoas ainda circulavam meio sem entender o que havia acontecido. Todo o evento havia sido encerrado assim que anunciaram o alerta de akuma ali dentro. Marinette permanecia recolhida em um canto, próxima às cadeiras, assim como os outros. Ainda se sentia meio tonta pelos efeitos do sonífero.

Mas ela tinha agora uma missão a cumprir.

Tinha que salvar seu gatinho, seu amor... E agora, mais do que nunca, ela entendia o significado de outras palavras do Mestre, na carta sobre a profecia.

 

Você terá papel fundamental, Marinette, de ser suporte ao Adrien nesse embate. Na hora certa, saberá e sentirá isso em cada fibra de seu corpo.”

 

– Certo... – ela suspirou, olhando para todos do esquadrão à sua volta – preciso que vocês se transformem da mesma forma que fizeram e me levem à Torre Eiffel.

– Você enlouqueceu, amiga? – Alya pousou as mãos no colo, com os olhos arregalados.

– Não. De modo algum. Eu já sei como salvar ele... – ela disse, olhando-os, sem hesitar – e eu não preciso arriscar que seja com meu uniforme, Alya. – suspirou, enquanto os outros heróis a encaravam surpresos – confiem em mim, só mais uma vez...

Ali eles viam tão claramente agora a postura dela como Ladybug. Em meio a todo aquele caos, a desastrada e outrora tímida Marinette não parecia se abalar, mesmo que por dentro aquele turbilhão de sentimentos parecessem querer transbordar. Olhou para Tikki dentro da bolsinha e a pequena apenas lhe deu um aceno de cabeça como confirmação. Ela tinha plena consciência de que Marinette sabia o que estava fazendo.

– Nós podemos nos transformar nos fundos do hotel, ou dentro de algum cômodo... – Max acrescentou – e eu levo vocês direto até lá, Marinette.

– Ótimo, Max. – ela sorriu – muito obrigada, por tudo. Sei que deve estar se sentindo perdido com todas essas informações...

– Não, Marinette... – ele meneou a cabeça – na verdade, se fosse pensar nas chances de alguém da nossa turma para ser a Ladybug, a probabilidade seria de ser quase cem por cento você. Afinal, até lá você é nossa representante. – ele concluiu aquele raciocínio tão típico de sua mente, em torno das ciências exatas.

A menina deu um grande sorriso. Tempos atrás, não se via mesmo eficiente com aquela responsabilidade. Mas depois de tanta coisa, ela começou a confiar bem mais em si mesma.

– Obrigada, Max...

🐞

O esquadrão passou pelo portal, feito por Pegasus, a fim de chegarem ao local em que a sua líder dera certeza de que o encontraria. Marinette sentia seu coração dar sobressaltos no peito, ainda que parecesse calma. Chegaram até um local mais alto da Torre, onde conseguiram logo avistar Adrien, ainda na forma akumatizada, sentado, de costas para a grade. As luzes noturnas do monumento mostravam a silhueta do garoto. Os joelhos estavam dobrados e a cabeça entre eles.

– Não saiam daqui, por favor... Só se eu estiver em extremo risco de vida. O que eu espero que não vá acontecer. – suspirou, viu os semblantes encorajadores daqueles amigos e parceiros.

Ela precisaria sempre deles, a cada dia mais, naquela batalha. Afinal de contas, Hawk Moth não era mais apenas o vilão de Paris, mas sim pai do garoto que ela amava. E suas motivações eram nobres, apesar dos meios serem completamente escusos.

Isso não seria algo nada fácil de lidar.

Os heróis apenas concordaram e permaneceram em silêncio a fim de não chamar a atenção de Vérité logo embaixo. Marinette desceu pelo elevador da Torre, até o andar onde ele se encontrava.

Em questão de poucos segundos, a porta já se abria. Assim que saiu, deu alguns passos à sua frente. Seus olhos azuis se moveram, ansiosos por encontrá-lo.

E então ela viu de perto...

Aquela figura vestida de branco, a pele avermelhada brilhava contra a luz fraca do local, os fios loiros apenas que lhe remetiam ao seu amado.

– Adrien... – ela disse quase em um murmúrio baixo – nós precisamos conversar.

No momento em que ele se levantou, ela enxergou. Tanta dor, raiva, decepção, tudo o que ele guardava ali dentro do peito com aquelas emoções negativas remexidas.

Aqueles olhos azuis dele...

Idênticos ao de Cat Blanc.

Era assustador.

– Eu não sei pra que você veio, ainda mais assim... – ele apontou com as mãos de cima abaixo se referindo à sua forma civil.

Marinette engoliu em seco pelo fato de ele fazer menção sobre sua identidade.

– Não se preocupe, ele não está me controlando mais. – Vérité disse ainda com certo desdém.

– Eu vim porque você precisa voltar ao normal, Adrien...

– Ele me deu o nome de Vérité, Marinette. Vérité! Então, vamos obedecê-lo. Afinal de contas, ele é o grande manipulador de toda a minha vida mesmo... – ele disse e mordeu os lábios sentindo aquele turbilhão ferver dentro de si.

Ela suspirou profundamente ao confirmar o que sua amiga japonesa lhe contara. Ele realmente sabia quem era o próprio pai dele, e da pior forma possível.

– Ei... – ela tentou se aproximar, mas ele se afastou – eu preciso de você, Adrien...

– Mentira! Pra quê? – ele levantou-lhe o olhar repleto de raiva – você mentiu pra mim... Fique com o Luka, Marinette. Ele não tem um pai monstro como o meu, ele não tem que ser manipulado o tempo todo, ele pode ser ele mesmo! Então, não... – ele meneou a cabeça, as lágrimas rolando livres pelo rosto, aquela decepção era tão grande que ele não conseguia mantê-la mais no peito – você não precisa de mim!

– Você não acredita em mim, Adrien. – ela bufou – Então use o seu poder! – ela se aproximou dele, de modo impetuoso, abrindo os braços, mas ele se esquivava – use, Adrien! Anda, me ataque! Você não quer a verdade? Então é isso que vai ter...

Os heróis assistiam a tudo aquilo de cima. Tensos com o que o garoto poderia fazer a ela. Viam que ele estava fora de si. Alya estava nervosa, as garras do uniforme quase fincavam nas próprias mãos. Achava mesmo que sua amiga era louca por executar aquele plano. Porém, pelos anos em que assistira a joaninha nas batalhas, e na vida civil, ela sabia que deveria confiar.

Já Luka pensava no quão irônico aquilo era... Pelos gritos do loiro, ele não pôde deixar de ouvir. Ao contrário do que Adrien pensava, Luka sabia muito bem, e desde criança, o que era ter um pai monstro dentro de sua própria casa. Os tipos de danos causados eram completamente diferentes, assim como os problemas eram outros.

Mas ainda assim era como se ele pudesse se colocar no lugar do loiro, de certo modo.

Vérité, ao se ver desafiado, lançou o poder direto no abdome de Marinette. Ela levou as mãos, sentindo uma ardência, respirou fundo. Alya quase pulara sobre a cena, mas Nino a conteve. Ainda não era extremo risco, como Marinette havia alertado. Sob a influência dele agora, apenas verdades poderiam sair de sua boca.

– Vamos, me pergunte, qualquer coisa. – a mestiça disse com os braços cruzados.

– Você ainda gosta dele? Vocês... – ele hesitou – estão juntos ainda, Marinette? Não minta pra mim, por favor...

– Adrien... Não. Eu gosto do Luka como um amigo, nada mais que isso... Ainda que eu tenha tentado me apaixonar por ele, nunca consegui, porque eu te amo, sempre te amei. Isso não vai mudar. E, claro, nós não estamos juntos. Tudo foi uma armação para nós dois... Nós fomos drogados e colocados lá. Não me lembro de nada. Acredite em mim, por favor... – ela disse as palavras, e sentia mesmo não terem mais controle ao saírem de sua boca.

Aproximou-se dele.

Viu os olhos azuis gélidos cabisbaixos que evitavam lhe encarar.

Era o mesmo olhar de Cat Blanc.

Sentiu um arrepio percorrer pela espinha, mas não se intimidou.

– Eu preciso de você na minha vida, gatinho... – ela o olhou profundamente – não consigo viver sem você... – Marinette disse e encostou sua testa na dele, uma de suas palmas em seu rosto, sem recusa por parte de Adrien.

Os dois fecharam os olhos.

Adrien olhava para dentro de si e apenas se via quebrado em mil pedacinhos, como se fosse impossível juntar aquilo tudo.

O desejo de Marinette foi tão forte, de que ele sentisse o seu amor através daquela conexão deles, que Adrien começou a ver pelos próprios olhos dela...

E ela também conseguia ver pelos dele, as origens de toda aquela dor... de todas as inseguranças.

Eles visitavam as lembranças um do outro...

Tantos momentos que Adrien presenciara, mas jamais soubera os verdadeiros sentimentos que rondavam o coração da garota enquanto tudo acontecia...

 

“Adrien estava no quarto dela... Os dois sentados, era o dia em que treinavam para o campeonato de videogame. Ele apertava os botões freneticamente, mas ela o vencia tão fácil.

– Nossa, outra vitória, graças a você... – ele se via dizendo.

– É... nós ganhamos! – ele sentiu as palavras que saíram da boca dela com uma timidez, ainda que ela tentasse disfarçar.

– Nós? Praticamente foi você sozinha... Você é incrível, Marinette... Acho que nem precisa de mim... Eu sou tão fraco comparado a você...

Adrien se via recostado sobre a cadeira, com o controle de videogame nas mãos. Sentiu o coração dela quase falhar uma batida, pois não tinha a mínima coragem de se declarar. Ele ficou pasmo ao notar que o seu próprio olhar para ela já era como se ele a reconhecesse por trás da máscara, era diferente estar com ela... Sempre havia sido...”

 

Era o Dia dos Heróis. Ele agora se via de pé, pelos olhos dela, entristecido pelo fato de ter sido chamado pelo pai em meio a uma confraternização com os amigos.

Hoje foi a nossa de vez de te ajudar. Você é a nossa Ladybug do dia a dia... tenha uma ótima tarde, Super Marinette...ele se viu dizendo, na frente de todos.

Ele sentiu que aquele sutil reconhecimento por trás de seu disfarce fez com que ela o amasse ainda mais. Aquele olhar apaixonado, dirigido a ele, deixando o lugar... Era o mais puro amor que poderia existir. Ela gritava por dentro, pedindo coragem para se declarar... Por um breve instante, encheu-se de coragem, mesmo em meio àquela profunda timidez.

– Adrien... – ela deu um beijo em sua bochecha... – obrigada...

E mais uma vez ele sentia o amor transbordando pelo coração dela...

Ainda mais, via o seu próprio semblante naquela lembrança, seu olhar... Dali ele concluía o porquê de todos terem percebido seus sentimentos, exceto ele mesmo...”

 

– Parabéns... – ele se via agora estendendo uma caixinha azul para ela – com tudo o que aconteceu, você acabou não conseguindo abrir...

Ele sentiu, mais uma vez, os saltos que o coração da menina dava ao olhar para o objeto parecido com o seu. Um gesto para ele tão simples, havia significado tudo para ela.

– Eu sempre carrego o talismã que você me deu. E tem me ajudado muito. Então eu achei que era minha vez de fazer um pra você...

E depois, aquelas palavras embaralhadas que tentavam sair da boca dela em agradecimento... Ele sorriu ao sentir absolutamente tudo o que ela sentia.”

 

Sem perceber, e sem conseguir ainda sair daquele sonho acordado, ele deixava as lágrimas escaparem por ver as coisas daquele ângulo. Era algo tão íntimo que eles compartilhavam ali que ele nem mesmo acreditava no que estava acontecendo.

Marinette, por sua vez, soluçava ao ver tantas lembranças de dor e solidão passar por sua mente pelos olhos de Adrien.

 

“Era um fim de tarde ensolarado. Ele permanecia sentado nos degraus do lado de fora da mansão. Nathalie se aproximava dele. Era mais um dia sem notícias de sua mãe.

– Adrien, você precisa se alimentar direito... – ela viu o semblante da mulher à sua frente pelos olhos dele, mesmo frio, preocupado – o jantar está na mesa.

Ele se sentia sozinho, pois sabia que era mais um dia que seu pai não estaria na mesa com ele, como ultimamente. Mesmo com aquilo latejando dentro de si, ele conseguiu esboçar um sorriso em agradecimento a ela.

– Não se preocupe, eu já vou...

O que devastou Marinette foi sentir aquela dor, da falta que ela lhe fazia. E como ele lidava com aquilo? Era algo que não tinha explicação...”

 

“Era seu primeiro dia de aula em uma escola...

Ele corria desesperado para chegar no Françoise Dupont, já que seu pai o proibira mais uma vez. Ao chegar nas escadas, via que Nathalie e Gorila vieram atrás dele.

– Por favor reconsidere... sabe o que o seu pai quer... – Marinette conseguia sentir no peito dele o desespero por estar prestes a ser aprisionado novamente naquela mansão.

– Mas eu quero fazer isso! – ele resistia.

Porém, mesmo com o ímpeto de querer fugir dali, ela sentiu que ele não conseguiu deixar de notar o senhor que caía no chão, com a bengala do lado.

Era o Mestre Fu.

Marinette sorriu com aquela visão entre as lágrimas.

Então ele havia feito isso com Adrien também... – ela pensava em meio à lembrança dele...

– Eu só quero ir para a escola como todo mundo... – ele suplicava aos dois que permaneciam ali para lhe carregar de volta para casa – o que tem de errado nisso? – o sentimento de frustração pela tentativa mais uma vez fracassada. – por favor, não conta pro meu pai...”

 

“– Você não vai para a escola! – ela via agora Gabriel lhe dizendo, naquele tom frio, de ordem – tudo o que você precisa está aqui dentro de casa. Eu não vou permitir que você saia para esse mundo perigoso!

– Mas pai...

E mais uma vez a esperança de aplacar aquela solidão, fazer amigos, como um garoto normal, se esvaía mais um pouco...”

 

“– Plagg, mostrar as garras! – e então ela sentiu, aquela primeira vez em que ele se transformou, o que aquilo realmente significava para ele.

Sua liberdade.

Saltava pelos prédios, andava sobre o bastão tentando se equilibrar a uma certa altura.

E o que mais doía nessa lembrança era que ela via a força que ele fazia para libertar-se daquelas amarras criadas por seu pai. Quando ele dizia, de modo galanteador, que seus melhores momentos eram como Cat Noir, ela não fazia ideia do significado daquilo.

Plagg não havia oferecido apenas poderes a ele para salvar os parisienses, mas também ele próprio.”

 

“ – O melhor que o dinheiro pode comprar – ele suspirou frustrado, porque mais uma vez seu pai não estaria presente ao seu lado naquele dia.”

 

Todo o dinheiro, todo aquele conforto, ela viu e sentiu, através dele, que nunca foi o suficiente. Aquele vazio era imenso, e só se tornava menor nos momentos em que ele lutava ao lado dela, que sentia o poder do Miraculous correndo por suas veias e, posteriormente, quando sentia o carinho de seus amigos.

 

“ – Cat Noir, nós somos super-heróis... Não temos escolha. – ela se via dizendo aquelas palavras duras a ele.

Ainda que achasse que doeria mais em si mesma ao ver a tristeza estampada no rosto dele.

Mas ele ainda resistia.

– Eu entendo, Ladybug... A sua amizade é tudo para mim... – ele sorriu, e lhe deu um beijo na bochecha, indo para casa feliz.

Ele se esforçava para esboçar aquele sorriso, e se sentia feliz por apenas ser seu parceiro, seu amigo.”

 

Ela conseguiu ver o que o coração dele verdadeiramente sentiu, mesmo nessas inúmeras vezes em que ela lhe rejeitara amorosamente. Ainda assim, ele queria que ela fosse feliz, com quem quer que fosse...

Era um amor tão puro.

Se ela tivesse ideia disso... certamente aceitaria todas as rosas, vermelhas, brancas, e quantas mais significassem a extensão daquele sentimento por ela.

Ela era importante demais para ele, sendo ou não sua namorada.

Naqueles breves minutos, eles viravam uma só mente, um só coração, perdidos nas lembranças alheias... A sorte alcançava o azar, a luz se embrenhava na escuridão densa dentro do coração do garoto. E, assim, aqueles mil pedaços dentro dele começavam a se juntar, os sentimentos negativos em seu peito se acalmavam, como se uma fera fosse domada.

 

Sempre foi você, minha princesa... – Adrien se viu dizer, trajado de herói, naquela noite chuvosa.

E então pôde sentir tudo o que também ardia no coração dela, no momento daquele primeiro beijo.

Ela não racionalizava mais aquele amor...

E nem ele.”

 

“– Eu te amo, Marinette. Não importa o que eu faça tentando te proteger, guarde essas minhas palavras...

Eu também te amo, gatinho...

Ele sentiu o peso daquela declaração, o quanto ela foi verdadeira. Todo o desejo que ela também tinha por cada parte dele, há tanto tempo...”

 

Quando finalmente conseguiram abrir os olhos, depois daqueles minutos que pareceram uma eternidade de lembranças, ambos se assustaram com aquele fenômeno visível. As mãos de Marinette brilhavam sobre o rosto molhado dele.

Ela o olhava, e sentia cada significado daquela profecia.

Como ele havia conseguido aguentar aquilo tudo sozinho?

A bravura e a força inestimável...

Não tinham nem mais palavras que pudessem expressar o peso daquilo. Ladybug era muitas vezes vangloriada acima dele, sempre essencial nas batalhas. Mas a verdade era que Cat Noir era muito mais forte que ela. Marinette reconhecia isso agora, na própria pele. Não conseguia se ver aguentando toda uma vida daquelas, com um sorriso no rosto, sendo uma filha obediente, e gentil com todos.

Logo ela viu Adrien despencar no chão já em sua forma normal, e a borboleta branca subiu. Os heróis, que vigiavam tudo do alto, desceram até ali impressionados com aquela ação. Não foi necessário nem que Nino purificasse o akuma. Marinette olhou para eles, sorriu ainda sem ter uma explicação para aquilo tudo, e voltou seu olhar ao garoto em seus braços.

– Nós conseguimos... – disse para Adrien, e deixou as lágrimas correrem pelo rosto em meio aos soluços, vendo-o em seus braços ainda despertando daquele pesadelo.

Adrien a abraçou tão forte.

Ele podia sentir todo aquele encaixe entre os dois.

Aquele sentimento, aquela conexão...

Ele sabia que era muito forte.

Mas aquilo?

Havia sido uma experiência única. Ele sentiu, em cada fibra do seu corpo, o amor daquela garota por ele; assim como ela sentiu toda a coragem e força que ele carregava dentro de si diante de tantos infortúnios.

– Você conseguiu me salvar, Mari... – ele sorriu com as duas esmeraldas brilhando em seus olhos – me perdoe por duvidar de você... Eu te amo tanto. – ele disse, com  aquele amor que quase esmagava seu peito.

O Mestre estava mesmo certo...

Era aquele amor, o amor da sua Lady, que o salvaria sempre...

Ele não tinha mais dúvidas disso.

Ainda que se lembrasse com pesar de tudo, de que seu pai era mesmo Hawk Moth, ela era sua luz.

Sua única luz, em meio àquelas trevas.

E isso era mais do que suficiente para que ele se sustentasse de pé, dia a dia, até aquele embate.

– Tá tudo bem... – ela disse afagando o rosto dele, de modo compassivo – você... se lembra de... – ela hesitou, apreensiva.

– Sim. – ele a interrompeu e suspirou – infelizmente eu me lembro de que o monstro que coloca a vida de inúmeras pessoas em Paris em perigo é o meu próprio pai, a única família que eu tinha... – ele usou o verbo no passado e Marinette achou que fosse desabar ao sentir toda aquela dor dele novamente. Os heróis quase prenderam a respiração ao ouvir isso dele.

– Mas eu sei que nós vamos conseguir, Mari... E você tinha razão, mas não é você quem precisa de mim... – suspirou – eu é que preciso de você.

Marinette engoliu em seco, e abraçou-o de volta. Ainda teria que lidar com aquela informação sobre a mãe dele. Aquilo era o que mais preocupava-a.

– Nós vamos conseguir um jeito... E você vai ser muito feliz. Eu prometo... – ela apertou o abraço entre os ombros dele, e selou um beijo carinhoso em seus lábios.

Os heróis os olhavam atônitos, alguns com tantas lágrimas nos olhos como os dois.

– Adrien... – Queen Bee se aproximou com um meio sorriso – você não está sozinho, ok? Nós todos estamos aqui pra você também... – ela sentiu um bolo entalado na garganta por ver o amigo daquela forma.

– Isso mesmo, meu amigo. Cada um de nós aqui te considera como nossa família, Adrien. Você é importante pra nós e a gente vai fazer de tudo para te ajudar, cara... – Nino disse apertando o ombro do loiro em uma de suas mãos.

– Obrigado, a todos vocês, de verdade... – ele passou os olhos por cada herói, até mesmo por aquele que outrora considerara seu rival – e me perdoem, alguns, mais do que outros... – ele coçou a nuca, olhando bem para o herói-cobra que apenas sorriu em confirmação.

Viperion se aproximou, estendendo a mão para que ele se levantasse. Deu dois tapinhas em suas costas e até conversaram um pouco sobre diversas coisas, inclusive sobre os pais abusivos que ambos tinham, ainda que o de Luka já tivesse saído da convivência deles, e de modo bem trágico.

Depois Adrien deu um meio sorriso, vendo seu melhor amigo transformado com o Miraculous da Joaninha.

– Que foi, cara? – Nino perguntou confuso, franzindo o cenho.

– Você ficou uma graça vestido de My Lady... – riu ainda que timidamente, e Marinette se encheu de esperança pelo fato de ainda enxergar o bom humor de seu parceiro nesses pequenos detalhes, mesmo em meio aquele caos.

 

“Mesmo advindo da Escuridão, ele terá o dom de não se consumir por ela...”

 

Ela refletia mais sobre aquele trecho da profecia.

– Ah... sinto muito, Agreste, mas essa Lady aqui já tem dono. – Alya disse com uma voz engrossada e deu uma piscadela, tentando representar ele próprio quando estava trajado como Cat Noir.

Em meio àquelas conversas, todos tentando entender aquele fenômeno que havia acontecido entre os dois, mesmo sem portarem os Miraculous, Queen Bee se aproximou de Marinette com um meio sorriso.

– Marinette... – ela suspirou – minha chefe.

A mestiça deu um risinho, um pouco mais calma com aquela situação.

– Espero que a sua amizade com a Ladybug não fique abalada por essa descoberta, Chloé... – ela gracejou.

A menina sorriu, timidamente. Mas estava sentindo um peso por ter tantas vezes feito coisas horríveis com Marinette. E, mesmo assim, ela havia reconhecido seu potencial, e ainda proporcionado aquela oportunidade que havia sido como uma redenção.

– Eu nunca te disse isso, mas... – ela suspirou – acho que passou da hora. – olhou para o alto, tentando segurar as lágrimas – perdão, Marinette...

– Chloé, tá tudo bem... Mesmo. Eu sou a mesma pessoa.

– Mas eu nunca pedi perdão para a Marinette, sabe? – ela enfatizou, e desviou os olhos azuis turvos pelas lágrimas – e eu preciso fazer isso, não só porque você é a Ladybug. Mas porque... hoje, você também me proporcionou uma coisa que a minha vida inteira eu não tive.

Marinette se emocionou com as palavras da menina e a abraçou.

– Aquelas palavras da minha mãe... – ela suspirou, apoiada nos ombros da mestiça – se não fosse por você ter me escolhido como sua modelo, ter me elogiado para ela...

– Chloé... – Marinette a pegou pelos ombros – você é uma grande profissional. E... aproveitou muito bem aquela oportunidade, mas foi seu esforço também. Sua mãe reconheceu o nosso trabalho em conjunto.

Chloé apenas assentiu, enquanto Adrien se aproximou das duas com um meio sorriso.

– Adrienzinho! – ela o abraçou – eu não acredito ainda que você é o gato de rua!

Adrien soltou uma gargalhada gostosa que, por breves segundos, o fizera esquecer de toda aquela confusão.

– Eu sempre fui, Chloé... Na verdade, eu sou muito mais ele, sinto te decepcionar. – riu.

– Não... Gatinhos são fofos. Apesar de você ser bem... convencido às vezes, e aquelas piadinhas de segunda categoria... – ela suspirou, retorcendo a expressão – mas, fazer o que, né? Foi bom descobrir que a perfeição tem defeitos...

– Ah, muito obrigado por isso! – ele sorriu – eu fico feliz mesmo por ter defeitos.

🐞

Depois de ver todos partirem normalmente de volta a suas casas, Ladybug e Cat Noir ainda estavam sentados sobre as grades da Torre Eiffel. Eles observavam as luzes da cidade naquele silêncio cúmplice.

– Gatinho... – ela suspirou, apoiada no braço dele – você precisa retornar essas ligações da Nathalie e do Gorila. E eu preciso voltar para casa. Você pode ficar lá comigo essa noite.

Cat Noir olhava para um ponto fixo, uma das luzes dos postes que iluminavam as ruas de Paris. Ele se sentia sem lugar. Sabia que retornar à mansão agora seria como se estivesse entrando no covil do inimigo.

E de certa forma até era.

– Eu... preciso enfrentar isso, Mylady. Você tem razão, como sempre. – sorriu, dando um beijo carinhoso na bochecha dela ao seu lado – eu não vou negar o abrigo da minha dona hoje...

Ela sorriu. Era tão bom apenas tê-lo por perto.

Os dois foram até a casa de Marinette. O felino subiu pela sacada, e Marinette entrou pela porta, cumprimentando seus pais normalmente. Eles ainda estavam acordados na sala assistindo um programa de TV. Como a menina enviara mensagem no celular de que estava tudo bem, eles não se preocuparam mais.

Ela subiu as escadas para o seu quarto e destravou o alçapão. Tikki planou para fora da bolsinha, e logo foi até a mesa onde Marinette lhe oferecera os cookies.

Cat Noir desceu, e desfez a transformação, pegando Plagg em suas mãos. O kwami não abriu a boca nem mesmo para reclamar de fome.

– Plagg... – Adrien o olhou, ele estava cabisbaixo, sério – não vai querer seu queijo?

– Adrien... eu sinto muito. – o pequeno o abraçou tão forte, escondendo os olhos verdes na blusa do loiro.

Adrien deu um sorriso fraco, retribuindo o carinho com uma das mãos. Tikki e Marinette apenas observavam os dois.

– Tudo bem, meu amigo... – Adrien disse e o kwami viu o quanto de esforço ele fazia ainda para lhe sorrir – pelo menos eu sei que sempre vou poder contar com você... – revirou os olhos – ainda que você me persiga com esse fedor de queijo...

– Ah, mas você adora, né? – ele brincou – fala a verdade?

– Acho que meu olfato acostumou... um pouco. É bem diferente de gostar.

Adrien retirou do bolso do paletó um pequeno potinho que havia guardado com queijo, e ofereceu ao kwami. Ele, claro, abocanhou tudo de uma vez só.

Marinette deixou-o sozinho, conversando com a secretária no celular. Ela estava no hospital com Gabriel. Adrien desligou o telefone. Apesar de ter recebido essa notícia, não conseguia se desesperar pelo seu pai. Parecia que o tinha perdido mesmo, mais ainda depois daquela revelação.

– Eu nem sei se vou ter coragem de voltar a ver meu pai, Mari... – ele suspirou, cabisbaixo, olhando para o assoalho do quarto.

– Adrien – Marinette sentou-se ao seu lado, na espreguiçadeira – apesar de tudo, ele ainda é o seu pai. – ela mordeu os lábios ao lembrar das motivações dele, mas não achou que era o momento ainda de entrar naquele assunto – eu entendo que você queira confrontá-lo, que queira respostas. Você tem direito a isso. Mas... fugir? Não é bem uma solução. – ela fez uma pausa – descanse aqui hoje, enquanto a Nathalie acompanha ele lá. Ele ainda está desacordado, não? – ele apenas concordou com a cabeça – então, não há muito o que fazer...

– Eu vi o sangue nas mãos dele, Mari... – ele a olhou, e ela lembrou daquela cena que também havia passado em sua mente – não sei o que está acontecendo com ele, mas... Acho que ele pode estar me escondendo mais coisas.

Marinette suspirou profundamente. Plagg e Tikki olhavam os dois, lembrando-se do alerta de Nooroo sobre a evolução de poderes. Talvez fosse algo escuso, perigoso mesmo, de quando os Miraculous eram usados para o mal.

– Talvez... – Marinette suspirou – mas tente não pensar ainda nisso. Amanhã, eu acompanho você no hospital. Não vou te deixar sozinho, Adrien. – ela sorriu.

– Obrigado, meu amor... – ele acariciou com as mãos o rosto da menina sentada ao seu lado e deu um selinho demorado nela.

Marinette levantou-se, e olhou preocupada para o guarda-roupa, revirando algumas partes onde acreditava ter roupas ainda esquecidas de seus primos.

– O que você tanto revira aí, Mari? Quer ajuda?

– Eu tô tentando achar as roupas dos meus primos, que sempre ficam perdidas por aqui... – ela puxou uma peça, mas ainda não era aquela.

– Hum... Para os gatos que entram pela sua janela? – ele brincou.

Marinette virou-se, com as mãos na cintura.

– Gato, você quer dizer, não? – ela completou, puxando, enfim, a camisa que sabia que estava esquecida ali – são meus primos de Xangai. Eles sempre esquecem alguma coisa quando vêm aqui.

– Ah, sei... Eu não tenho nenhuma camisola sensual perdida no meu quarto, de primas... – ele a provocou.

– Adrien! Mas, por um acaso, você tem primas? – ela cruzou os braços.

– Não, só o Félix mesmo... – revirou os olhos.

– Ah, ótimo. Ele não deve usar camisolas. Então, já sei que, quando eu for pular a sua janela, preciso me prevenir... – ela disse, sentou-se ao lado dele novamente, abraçando-o pela cintura, enquanto ele beijava o topo da cabeça dela.

– Uhum... – ele suspirou, sentindo o cheiro daqueles cabelos – mas se você não quiser usar nada também, eu nem me importo. – ela deu um soco fraco no braço dele, e ele sorriu.

– Eu te amo muito, sabia? – ela disse, e acariciou o rosto dele.

Adrien lembrou-se daquelas memórias

– Eu sei... Eu meio que... vi.

Ela fechou o semblante.

Será que ele havia visto também alguma memória minha naquele momento?

Marinette ainda estava receosa de contar aquilo para ele, e o deixar triste.

– O quê? – ela questionou.

– Bem, naquela hora que... você simplesmente me desakumatizou, antes, era como seu eu pudesse ver algumas lembranças nossas, sabe? Algumas bem remotas mesmo, mas... Eu via e sentia tudo pelos seus olhos. – Marinette gelou. Então ele também havia sentido.

– Adrien... eu também vi, mas... eu vi algumas suas e nossas... Me conte mais sobre essa sua invasão na minha cabeça, mocinho. – ela riu.

– Bem – ele pigarreou – eu vi você no dia dos heróis, por exemplo... Quando eu te chamei de Super Marinette, Ladybug do dia a dia... – ela sorriu. Aquela lembrança era mesmo especial.

Os dois ficaram ali trocando as informações sobre aquele fenômeno, que nem os próprios kwamis sabiam explicar o que era. Só sabiam que era algo muito especial por nunca terem visto acontecer em todos aqueles milênios de vida. 

Marinette deixou escapar um bocejo.

– Bem, eu vou tomar banho, porque acho que não aguento muito mais esse dia. – ela se espreguiçou com os braços para o alto.

– Ah, achei que você fosse me fazer um convite...

Marinette levantou uma sobrancelha.

– Gatinho, esse convite será você deitar na minha cama, abraçadinho comigo... e dormir.

Adrien fez um bico, e ela riu.

– Bem... – ela fez uma pausa, teria que explicar aquilo a ele – digamos que eu não possa fazer mais que isso hoje, Adrien. Entende?

– Hum... tá bom. Você tá cansada.

Marinette levou as mãos a testa. Ele era realmente muito inocente a ponto de não saber daqueles períodos femininos do mês, ou não se lembrar pelo menos que as mulheres têm essa coisa para lidar sempre. Teria que tentar ser mais direta.

– Adrien, não é isso. É que... – ela suspirou, e ele ainda fazia os olhos de gatinho abandonado – para de fazer essa cara!

– Vai que cola? – ele disse, rindo.

– Olha, você sabe... tem alguns dias do mês assim que... não dá pra gente fazer, enfim.

– Oh... – ele abriu a boca em compreensão – entendi agora. Desculpe pela minha lerdeza, princess... – ele mesmo riu de si mesmo – não convivo com muitas mulheres na minha vida.

– Ainda bem, né? – ela riu – só se você tivesse irmãs, aí tudo bem...

– E as primas? – ele perguntou arqueando as sobrancelhas, brincando com ela.

– Primas eu não deixo também... – ela fez um bico.

– Ah, que engraçado! Eu não posso ter ciúmes desses 'primos' – ele fez o sinal de aspas – que deixam roupas no seu quarto, e que são reais, inclusive. Ao contrário dessas primas minhas imaginárias...

Os dois entraram naquela discussão divertida, de ciúmes bobos, que terminou em uma sessão de cócegas por cima da espreguiçadeira. Por alguns momentos, Adrien queria não se lembrar de tudo o que havia passado, e de tudo o que iria ter que enfrentar. E era somente com ela que conseguia isso.

– Adrien! Me deixa sair... Meus pais vão vir aqui!

Ele prendeu os braços dela para o alto, e apenas dava um sorriso de canto.

– Então, princesa... Você tem que aprender a ser mais discreta. – disse com a voz enrouquecida, semicerrando os olhos.

Aproximou bem os lábios do ouvido dela, soltando a respiração quente, deixando beijos em toda aquela curva do seu pescoço, clavícula. Os pelos de Marinette se arrepiavam.

– Adrien... – ela suspirou – não faz isso comigo, não é justo...

– São só beijos... – ele sorriu, lembrando-se daquelas justificativas que ela lhe dava quando o provocava.

Ele voltou seus lábios para os dela, deslizando-os lentamente contra os dele, provando aquele sabor doce e extasiante para ele. Suas línguas se entrelaçavam em uma carícia sensual. Ele desceu as mãos para uma das coxas dela. Resolveu provocá-la, pressionando uma das suas próprias coxas no meio das pernas dela. Apertou-a. Marinette deixou escapar um gemido baixo.

– Me deixa sair, Adrien... – ela ofegava entre os beijos – não seja tão malvado assim, gatinho. Está frio para eu ligar a água gelada – ela brincou, fazendo-o rir, e logo ele lhe estendeu as mãos.

– Tudo bem, princesa... – suspirou e viu a menina pegar suas roupas com um bico de frustração no rosto – não fica assim, vai? – ele disse e ela apenas o encarou levantando a sobrancelha – daqui a alguns dias a gente desconta toda essa tensão sua...

– Só minha, né? – ela cruzou os braços, olhando bem para as calças dele, e ele corou abrindo a boca para dizer alguma coisa, mas acabou rindo novamente.

Os dois tomaram o banho, separadamente. Assim que Adrien saiu do banheiro, vestiu suas roupas e acomodou-se ao lado dela na cama. Viu que Marinette já dormia profundamente. Ajeitou-a em seus braços, beijou sua testa.

Sorriu.

Não se imaginava mais sem aquela garota. Não tinha dúvidas: queria dormir e acordar assim com ela pelo resto de suas vidas. Todavia, mesmo cansado, sua mente não parava de trabalhar antes de pegar no sono, e sempre voltava à mesma pergunta:

Por que meu pai está tão obcecado com esse poder?

O que mais ele esconde?


Notas Finais


Então é isso, gente!
Segue o link da música do John Legend, Conversations in the dark (gosto muito das músicas dele tb!) que está no início do capítulo:
https://www.youtube.com/watch?v=JeQ6_iJAihw

Desculpem a demora, era pra ter postado mais cedo, mas tive que sair... 😌

Espero que tenham gostado porque foi um capítulo que me emocionou bastante, tanto pelos momentos do casal, como pela cumplicidade ali dos amigos, parceiros do esquadrão. Tentei terminar mesmo ele mais levinho porque... Ufa! Nós merecemos um pouquinho só de romance no meio dessa confusão toda, não é?

Vou dar uma de professora agora. 😂😂😂 'Entre a Aurora e o Ocaso' é leitura praticamente obrigatória para entender as próximas ações do Félix aqui, ok? Se não, vocês vão ficar perdidos... Estou com a maioria dos capítulos prontos, e postando lá de 2 em 2 dias. São beeeem resumidos, um estilo bem diferente do que eu tô acostumada a postar aqui, não vai cansar muito vocês. E a história vai ficar bem emocionante!
Segue o link (propaganda! 😜):
https://www.spiritfanfiction.com/historia/entre-a-aurora-e-o-ocaso-21377069

A próxima postagem de capítulo aqui de 'Notre Destin' pode demorar mais do que uma semana dessa vez, ok? Isso porque vou entregar diários da outra escola agora semana que vem. (não aguento mais! 🥺 2020 ainda não acabou pra mim...)

Beijos a vocês, obrigada pelo apoio de sempre!
Até o próximo! 😉😘

P.S.: @CrisAgreste, você é mesmo vidente das minhas ideias. 😂
Estou conformadíssima com isso. Lembra do seu comentário no capítulo passado? Então, né? Eu nem quis falar nada pra guardar surpresa um pouco mais de tempo. Hahahaha... Românticas incuráveis!


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