História Nunca é Tarde Para o Amor - Conversas ao telefone entre outras coisas.

Capítulo 26 – Conversas ao telefone entre outras coisas .

No dia seguinte – Mansão dos Mills.

Cora não conseguia conter o sorriso ao lembrar de seu encontro com Mary ontem a noite. E lembrou de cada detalhe. As trocas de olhares, sorrisos, beijos.

Cora parecia uma adolescente novamente e sabia que de agora em diante era assim que seria até os últimos dias de sua vida.

A mulher mais velha até pensou em mandar uma mensagem para Mary, mas não sabia se era muito cedo ou não. E continuou preparando o café da manhã para suas filhas que provavelmente logo estariam na cozinha.

Depois de alguns minutos sonhando acordada, Cora ouviu seu celular tocar. E deu um lindo sorriso pensando ser sua musa inspiradora.

“Oh! A minha menina já sentiu a minha falta e quis ouvir a minha voz. É melhor atender. Não devemos deixar nossas mulheres esperando”. Cora riu enquanto sussurrou feliz e logo em seguida atendeu a chamada.

“Olá Cora. Bom dia. É a Mary. Já posso te ligar ou é muito cedo? Devo esperar algumas horas ou dias para te ligar? Eu nunca sei o que devo fazer. Eu não entendo muito bem essas novas regras de namoro ou relacionamento de hoje em dia”.

Cora deu um grande sorriso e viu quem Emma puxou quando nervosa.

“Olá meu amor. Você me ligou na hora certa. Eu estava pensando em você quando eu vi seu número. Não se preocupe com as novas regras e sim com o que você sente por mim”. Cora ouviu um suspiro aliviado e não pode deixar de pensar que isso era encantador.

“Oh Cora. Assim fica muito mais fácil para mim. Eu quis te dar um oi e saber como você está... Se você teve uma boa noite de sono... Bem... Eu não quero te pressionar nem nada. Sei que falei sobre novos namoros ou relacionamentos, mas estou nervosa. E não estamos namorando. Apenas tivemos nosso primeiro encontro. Perdoe-me por um comentário ou outro constrangedor”. Mary comentou sem graça.

“Eu achei a coisa mais encantadora do mundo você me ligar e balbuciar dessa forma. Agora sei que a Emma te puxou. É charmoso demais. Eu adoraria ser sua namorada e estar em um relacionamento sério contigo. Eu sempre fui apaixonada por você. Eu tive uma noite maravilhosa e sonhei contigo em meus braços. Eu não poderia estar mais feliz, mesmo que eu quisesse. E como foi sua noite? Você dormiu bem?” Cora pensou por um segundo se deveria ia até a casa dos Swan, mas achou melhor não. Logo ela teria que dar os comprimidos de Allison e Emma.

“Eu quase não dormi essa noite, mas estou ótima. Melhor agora. Obrigada pela noite maravilhosa, meu amor. Tenho que pensar em algo perfeito para o nosso segundo encontro. Se ele ainda estiver de pé, Claro”. Mary mordeu o lábio ao pensar mais uma vez nós beijos trocados e no incrível encontro que elas tiveram a noite anterior.

“E por que não estaria de pé nosso próximo encontro, meu amor? Te deixei toda fogosa é? Você queria dormir com o meu corpo grudado ao seu, depois de fazermos amor por horas ininterruptas? Foi isso que te deixou acordada quase a noite toda? Oh Mary! Eu passei pelo mesmo. Muito em breve estaremos juntas e realizando todas as nossas fantasias. Vai valer a pena”.

“Cora! Amor não faz isso comigo! Vou ter de tomar um banho gelado agora mesmo e não sei se vai ajudar muito”. Mary gemeu e engoliu seco.

“Eu adoraria estar aí e esfregar as suas costas e outras coisitas mais, porém não posso. De qualquer forma pense em mim quando você estiver lavando suas partes íntimas”. Cora fez sua voz sexy e rouca e ouviu outro gemido profundo de Mary.

“Cora! Você está sendo uma menina muito má! Essa é sua voz pós sexo? Que delícia!”. Mary estava se contorcendo toda e acabou colocando o celular no vibra voz enquanto pegava um copo de água gelado.

“Eu sou a rainha de copas, é claro que sei ser uma mulher má. Essa é a minha voz sedutora. Pós sexo? Não. Essa voz eu fiz especialmente para você. Nós não iremos fazer sexo. E sim, amor. Tem diferença”.

“Eu acho melhor não pensar nisso agora. Vou desligar. Um beijo, meu amor. Nos falamos depois”. Mary falou rapidamente e nem esperou a resposta de Cora. Se ela ficasse mais tempo com certeza essa ligação iria render mais do que já estava e ela já estava extremamente excitada.

Cora deu risada ao ver seu amor desligar com tanta pressa. “É. Pelo jeito terei que me redimir com a minha mulher e ser extremamente gentil e carinhosa. Mas não agora. Tenho coisas para fazer aqui em casa. Mais tarde pensarei nisso”.

Enquanto isso, no hospital, Zelena Mills tinha acabado seu turno e foi com sua amiga Victória até a sala dos médicos.

“E aí Zel? Quando nós vamos poder sair para jantarmos, cantarmos em algum karaokê ou até mesmo pescar ou apreciar uma praia? Confesso que estou com saudades das nossas saídas. Sei que você virou babá, mas sinto falta de passar um tempo com você”. Victória fez biquinho ao ver sua amiga tão quieta e ao ponto de desmaiar.

“Eu não sei, Vic. Eu também sinto falta, mas quem vai cuidar da Aly? Eu não acho justo sair por aí enquanto minha mulher está lá deitada na nossa cama. Ela está em coma. Eu não acho justo deixá-la sozinha. E por mais que eu saiba o quanto minha família é poderosa estou com medo. Medo de perder a mulher que eu amo. Quem eu escolhi para viver junto. Não acho que o Hades vai tentar matá-la novamente. Não depois desse último encontro dele com a Steph, mas eu não sei. Eu estou tão cansada que nem sei o que pensar, Vic”.

“Zel, eu sei que você tem motivos de estar com medo de perder a Allison. Eu no seu lugar também estaria assim. A forma como Hades quase a matou nas três vezes foi um pouco a mais que ela estava esperando ao se envolver com você. Ela provavelmente irá tentar fugir de todas as formas possíveis. Para mim Hades vai tentar atormentar a vida da sua mulher por um bom tempo.

“Eu sei disso, Vic. A Emily será um meio. Se eu pudesse voltar ao tempo e mudar esse último mês eu o faria. Mas, infelizmente eu não posso. Ainda bem que você não está passando por isso e tem um namorado que venera o chão que você pisa. Graham é um cara bacana. Não o deixe fugir. Senão eu falo para a Katie tem de prender por uns tempos sem direito a fiança. E não se esqueça que tenho visto muito a sua cunhada. Todos os dias ela passa na mansão da minha mãe para ver como as coisas estão fluindo”. Zelena riu da cara de desdém da amiga.

“Ei. Eu estou muito bem com Graham. Muito obrigada. Você não vai precisar se unir contra mim nisso. Eu pretendo levar esse meu namoro com ele muito a sério. Quem sabe daqui há alguns anos a casar e você será uma das minhas madrinhas. E espero ser chamada para ser madrinha do seu casamento com a cabeça dura da Cameron”. Victória bufou pensando em quanto sua amiga estava sofrendo desde o dia que conheceu Allison Cameron.

“Eu já tenho tudo esquematizado sobre o dia do meu casamento. Mas sei que irá demorar um bom tempo até isso acontecer. Estou tendo uns sonhos premonitórios e sei que minha mulher irá me dar trabalho para convencê-la que não há nada que ela faça que me fará mudar de ideia. Eu só espero que nossa filha Helena aproveite esse tempo que a mãe cabeçuda está em coma para explicar algumas coisas para ela”.

“Helena é a filha que é a sua cara? Aquela que atacou a Emily no mar? Eu dou muita risada quando eu lembro da história. A Emily nunca conseguirá nada com a Allison. Mesmo ela sendo uma ruiva sexy e gostosa”.

“Valeu pela força, Victoria Sanders. E eu pensando que você fosse minha melhor amiga ou uma das. Sei que a Emily é até charmosa, atraente, mas eu sou uma deusa. E tenho a ajuda da minha filha, sobrinha e amigos. Ela não é páreo para mim”.

Zelena e Victoria começaram a rir que nem duas adolescentes quando viram Regina e Stephanie chegando na sala dos médicos e pararam naquele instante curiosas por vê-las por lá.

“Olá Victoria. Olá tia Zel. Nós estamos bem. Eu pedi pra Gina me trazer aqui. Quis te dar um beijo e te desejar sorte. Não se preocupa tia, a Allison não vai conseguir fugir do seu próprio destino. Ela te ama, mas tem muito medo do Hades. E das coisas que ele é capaz”. Steph foi até a sua tia Zel e a beijou com muito carinho.

“Ei. Assim eu vou ficar com ciúmes. Eu vou querer receber um beijo desses também”. Victoria comentou fazendo biquinho.

“Tudo bem, eu darei um beijo em você, Victoria”. Zelena ainda estava abraçada com a sobrinha e começou a fazer cócegas na Steph.

Stephanie começou a dar gargalhadas. E teve uma hora que pediu trégua. “Mae Gina? Me ajuda. Estou com falta de ar”.

Regina olhou com tanto carinho e orgulho para a filha mais velha que por um momento ficou estática. Ela adorava quando Stephanie a chamava de mãe. “Filha, use sua mágica. Vamos testar o que te ensinei”.

Stephanie olhou para Regina de uma forma confusa. “Mas Gina, eu não devo. Essa é a minha tia Zee. Eu não posso machucá-la. Eu tenho que tratar com amor e carinho. E respeito. Ela é a uma das mães da minha melhor amiga. Não devo ser má com ela”.

Regina, Zelena e Victoria deram um suspiro completamente encantadas com a atitude da Mascote dos Mills.

“Eu quero uma sobrinha dessas. Acho que vou adotar a Stephanie para me tratar desse jeito tão gentil e carinhoso. Eu adoraria tê-la ao meu lado todos os dias”. Victoria comentou sincera e ouviu dois não das irmãs Mills.

“Sinto muito, mas esse posto já foi tomado. Eu te amo, Vic. Mas a Steph já tem duas tias e não precisa de mais uma. Você que consiga outra. Essa já é minha e só divido com a minha mulher”. Zel fez pose de uma rainha.

Regina e Steph caíram na risada. Victoria acabou sorrindo, mas retrucou a amiga. “Quando eu tiver uma sobrinha também não te emprestarei. E será só minha. Obrigada Stephanie por fazer a sua tia sorrir, dar gargalhada, brincar. Isso é o que ela estava precisando. Um pouco de carinho”.

“Eu amo minha tia Zee. É claro que vou sempre tratá-la bem”. Stephanie deu outro beijo estalado em sua tia ruiva e depois voltou aos braços de Regina.

“Bem... Acho melhor voltarmos para a casa da Emma. Está quase na hora da Sophia aparecer por lá. E não quero deixar minha namorada sozinha com a ex. Desculpa Steph, mas a sua outra mãe não vai conseguir nada além de amizade. E você sabe disso”.

“Eu sei mãe Gina. Até ela está sabendo disso. É melhor não atiçarmos a fera com vara curta. Até mais tarde Victória. Até mais tarde tia Zee”.

E assim Regina e Stephanie saíram do hospital deixando as duas amigas sozinhas e bem mais relaxadas.

“É tão bom te ver assim, minha amiga. Agora só falta a gente voltar a sair juntas. Espero poder sair com você e a Allison. Eu sinto falta das nossas conversas, dos nossos momentos e quero ter de volta”.

“Eu também sinto falta disso, Vic. Mas agora no momento não posso sair e deixar a Ally sozinha. Quem sabe quando ela voltar ao mundo dos vivos. Bem, eu acho melhor descansar um pouco. Estou exausta”.

Victoria resolveu sair da sala e deixar sua amiga descansar um pouco.

Sonhos Premonitório da Zel on

Casa de Allison Cameron.

Já fazia algumas semanas que Allison tinha voltado do coma, e como era esperado não tinha aceitado namorar com Zelena abertamente. E até mesmo fora do hospital mantinha uma distância segura da outra mulher.

Allison tinha decidido que voltaria para Chicago, mas dessa vez iria de madrugada e sem deixar pistas.

Nem mesmo tinha avisado Robert Chase de sua ida. E assim não correr o risco de sua família descobrir sem querer.

“Eu amo a Zelena, mas não posso ficar nessa cidade. Não mais. Foi por pouco que ela não se convidou para dormir na minha casa quando nos beijamos pela última vez. Se não tivesse entrado uma funcionária estaria nos braços da minha ruiva até agora. Faz tempo que apenas nos beijamos, só que estava sendo muito difícil para eu resistir todos os encantos de Zelena Mills. Oh! Mulher perfeita essa! Em todos os sentidos”.

Allison suspirou e pegou sua mala e deu uma última olhada na casa antes de ir para a rodoviária. Daqui uma hora ela estaria embarcando com rumo a Chicago. “Adeus amigos e família. Espero um dia poder vê-los novamente. Eu amo todos vocês. Até mesmo a Victoria quem fica me provocando ciúmes a todo momento em que pode”.

“Que pena que não tenho o poder da Zelena de me locomover com fumaça. Isso é algo bem útil quando a gente precisa chegar a tempo nos lugares. Apesar que tenho bastante tempo ainda. Acho melhor levar um romance para ler. Não é muito movimentado a rodoviária as 4 horas da manhã”.

Allison pegou um livro de romance que ela tinha comprado dias atrás e colocou em sua bolsa de mão. E saiu de sua casa com uma blusa de capuz e assim não seria reconhecida. “Tomara que eu não encontre ninguém conhecido. Isso já seria uma tentação a mais para eu ficar por aqui. Eu não quero morrer agora. E já passei por 3 experiências bem ruins. Além de ter ficado em coma por um mês. Meus amigos e familiares não entendem que enquanto eu estiver por aqui correrei risco de vida. A única coisa que posso fazer é viver o resto da minha vida em Chicago e lembrando dos momentos inesquecíveis que passei desde o momento que conheci minha prima, tia e a Zel. Só espero que ela seja feliz da maneira que ela encontrar. Com Hades ou não”.

Allison continuou a caminhar até chegar a rodoviária totalmente perdida em pensamentos na mulher que ama. Durante o caminho ela começou a chorar e até mesmo soluçar. Se ela pudesse ficar nessa cidade seria uma benção. Ela tinha cansado da vida solitária que tinha antes. A doutora sabia que no momento que partisse sua felicidade ficaria aqui e que iria vegetar até seu último suspiro.

O coração de Allison estava em um milhão de pedaços e sabia que o da Zelena também iria ficar. “Me desculpa, amor da minha vida. Zelena Mills por não ter coragem de encarar Hades de frente e ficar com você. Pode me chamar de covarde, mas eu não posso ficar com você. Nos seus braços e correr o risco de morrer ou vê-la morrer. Meu amor por você é imenso. Não sei se eu conseguiria te ver morrendo. Eu não iria me perdoar se isso acontecesse!”.

Zelena estava por perto e escutou o que Allison estava pondo para fora. Vê-la soluçando daquela forma estava deixando seu próprio coração em um milhão de pedaços. Ela sabia que não deveria interferir, mas não conseguiu se controlar mais. A bruxa tinha acompanhado desde o início. Quando Cameron ainda estava arrumando as malas.

“Então mostre esse amor imenso que você diz sentir por mim. Você quer meu perdão? Então fique aqui. Comigo, nos meus braços. Não jogue fora esse amor que sentimos uma pela outra. Você não pode me ver morrendo? Ou se ver morrendo? Adivinha? Eu também não. Mas isso vai acontecer se você for embora. Sabe o que vai acontecer? Nós duas vamos vegetar. Como você comentou a pouco. Eu não teria mais ânimo para nada. Vou virar um zumbi humano. Até o momento de morrer. E você? Talvez quando estiver velhinha vai se sentir culpada de ter estragado nossas vidas, o vazio vai te engolir e você vai preferir ter ficado por aqui. Então faça esse favor para nós duas e venha para nossa casa comigo”. Zelena também começou a chorar. Isso estava matando as duas e ela teve que pôr para fora.

“Zelena? O que você está fazendo por aqui? Você é o grande amor da minha vida, mas eu não posso ficar. Eu não devo ficar. Se algo acontecer contigo irei me sentir culpada a vida inteira. Se bem que de qualquer jeito irei sentir, não é? Pelo que você comentou a pouco. Estou vendo que é uma cilada. Quando eu encontro o amor da minha vida tenho que escolher se vivo esse amor ou longe e descubro que não importa a decisão que eu tomar, pois, terá sofrimento em ambos os caminhos. Eu não deveria ter vindo para cá. Se eu não tivesse vindo não teria causado todo esse sofrimento para você e a sua família”. Allison começou a soluçar mais forte e Zelena segurou o seu braço.

Allison viu mais algumas cenas tanto do passado de Zelena quanto seu presente e futuro e não conseguiu conter um gemido triste e confuso. Essas imagens foram compartilhadas entre elas.

“Eu não pude deixar você cometer o maior erro de sua vida. Desculpa, amor. Mas não pude. Eu sei que você está morrendo de medo do Hades e dos poderes que ele possui, mas nossa família irá enfrentá-lo toda e qualquer vez se ele vir a cruzar o nosso caminho. Nós somos páreos a ele. A nossa sobrinha Steph já o enfrentou e quase o derrotou. Não é a toa que ela é a nossa nova mascote. Se você realmente me amar como disse... Bem... Você fica comigo. Lute pelo nosso amor. Não faça isso conosco, não maldiz a sua vinda aqui. Isso foi a melhor ideia que você teve em toda a sua vida. Não é só eu quem te ama. A nossa família toda. Até mesmo Victoria te ama. Isso tudo vai passar e vamos poder sermos felizes até nosso último suspiro”. Zelena viu dúvidas, mas também amor nos olhos aguados de sua mulher.

“Confie em mim, Allison Mills. Eu sei o que estou te falando. Vem amor, vamos voltar para a nossa casa. Isso tudo vai passar. E nós vamos lutar todas juntas. Não jogue fora essa linda história de amor. Nós vamos conseguir superar todos esses problemas que têm surgido”.

“Eu não sei, Zel. E se nosso amor, e a magia de vocês não forem o suficiente para derrotar o Hades? Não que eu duvide da magia da sua família, mas estamos falando de um Deus aqui. E se ele vier atrás de mim ou de você? Eu não sei se consigo te ver morrer. Vai ser muito dolorido para mim. Eu não sei, Zel”.

“Eu só vou deixar você partir, Allison Mills... Se você me provar que não sente mais nada por mim. Que não me ama. E que nossa história acabou. Mas não adianta falar da boca para fora. Eu sei quando você está mentindo. Se você não conseguir, não deixo. Então Allison. Olha na minha cara e me diga que não sou mais nada para você. Que a nossa noite de amor foi horrível. Que não faço você suspirar. Que quando eu te toco sua pele não fica arrepiada. Que seu estômago não fica cheia de borboletas. Sua respiração não fica rasa e seu coração não bate milhas por segundo. Me diga, meu amor. Quero ver você me dizer que não me ama tanto quanto eu te amo”.

“Eu não posso dizer isso. Eu te amo, Zel. E muito. Não consigo dizer ao contrário. Não com a convicção que você quer. Eu não sei o que fazer, mas não posso mentir para você”. Allison foi cortada por Zelena que a agarrou pelo colarinho e a beijou com força.

Allison até ficou parada por um único segundo, mas não conseguiu resistir e retribuiu o beijo na mesma urgência. Elas se beijaram por alguns minutos até terem que parar para respirar.

“Uau. Você sabe como beijar uma mulher, hein. Você tirou o meu fôlego. Ah! Amor. O que eu faço com você? Como eu vou resistir aos seus encantos dessa forma? Eu me senti o Tom Cruise em dias de trovão quando a Nicole Kidman o pega pelo colarinho e lhe tasca um beijo. Você é tão linda quanto a Nicole, e até tem uma leve semelhança. Não sei se ela beija tão bem quanto você. Acho que vou perguntar ao Tom”. Zelena a puxa de novo para ela e trocam mais alguns beijos cheios de amor e desejo até ouvirem uma voz alta e feminina.

“Passageiros com destino a Chicago, por favor procurar a recepção”.

“E o que vai ser, Allison Mills? Você vai subir naquele ônibus ou vai ficar comigo? Essa é a sua última chamada para a felicidade. Você vai ficar vegetando sozinha até morrer ou vai ser feliz comigo e com a nossa família? Eu quero ouvir essa resposta. Eu sei que mereço ouvi-la”.

Allison olhou para o ônibus e depois para a linda ruiva em sua frente. E decidiu ouvir seu coração. “Eu vou ficar aqui na cidade, mas não me faça mudar de ideia. Me leve para a minha casa. Eu não dormi nada essa noite e estou precisando descansar”.

“Sim, Vossa Majestade. A sua carruagem a espera”. Zelena beijou sua mulher mais uma vez. E elas sumiram na fumaça verde da ruiva.

Alguns meses depois – Sonho de Zelena ainda on.

Allison e Zelena estavam no hospital quando a médica ouviu uma mensagem caindo em seu celular.

Allison achou estranho porque já tinha combinado com Chase que estaria saindo do hospital daqui a meia hora, mas poderia ser qualquer outra coisa e deu uma olhada em que poderia ser.

Zelena a olhou curiosa, mas tinha uma leve desconfiança do que seria. “O que foi, meu amor? Quem está te enviando mensagens a essa hora? Por acaso é o Chase? Está tudo bem com ele e com a esposa?”

“Sim, Zel. É ele mesmo. Lembra do que eu tinha lhe dito mais cedo sobre ter que ir ao encontro dos médicos que trabalharam com o House? Será hoje a noite. E o Chase vai passar na minha casa. Esse encontro vai ser em um salão chique em Chicago. Minha presença é fundamental por lá. Assim que terminar eu volto e te ligo. Não fique preocupada comigo ou com os bebês. Não irei fazer esforço algum”. Tanto Zelena quanto Allison estavam grávidas de 4 meses. Elas estavam atualmente namorando, mas a enfermaria já tinha comprado uma aliança de noivado e estava esperando o momento certo para pedir sua mulher em casamento.

“E por que eu não posso ir junto com você? Acho que outras pessoas irão levar acompanhantes, não? Aposto que o Chase irá levar a esposa. Eu estou cansada, mas consigo lhe acompanhar. Eu não quero que você vá sozinha e se sinta solitária. Eu quero conhecer seus antigos amigos. É só me dar meia hora e estarei pronta. Você tem o endereço desse lugar? Eu vou junto. Eu acho que está na hora de eu conhecer o restante dos seus amigos. Isso não é justo. Nós estamos namorando sério, Allison. Nós estamos grávidas uma da outra. Daqui uns 5 meses seremos mães. É como se você tivesse vergonha de mim ou do nosso relacionamento”. Zelena bufou brava.

“Zel... Amor? Não é nada disso. Apenas vai ser como qualquer outro reencontro. Vai ter dança. Muita bebida, fofoca. Eu vou dançar um tango com o Chase. Eu não sei se você vai gostar. Eu não acho que ia ser divertido para você. Como irei de carona, amanhã de manhã volto. Qualquer coisa gravo a dança para você. Não será nada demais. Não é que eu tenha vergonha de você ou de nosso relacionamento. Eu pensei que seria melhor eu te apresentar ou o restante das pessoas em um aniversário ou no Natal. Algo mais familiar”.

“Eu não estou gostando dessa história nem um pouco. Eu quero ir junto. Estamos em Junho. Não quero esperar para conhecer seus antigos parceiros em Dezembro. Até lá nossos filhos serão recém nascidos e não vamos poder fazer muita coisa. E eu quero estar presente para ver sua dança com o Chase. Tango é uma dança muito sensual. E sei que vai ter um monte de marmanjo babando por você”. Zelena rosnou meio brincando e Allison caiu na risada.

“Você não precisa ficar com ciúmes de mim. Eu não vou aprontar. Eu era a patinha feia, amor. A minha história com o Chase começou por brincadeira. A gente transava por transar. Eu sei que ele se apaixonou por mim depois de um tempo, mas para mim nunca foi nada sério. Depois de muito tempo é que aceitei seu pedido de noivado e me casei com ele. E hoje em dia somos dois amigos. Nada a mais. Se você quiser eu faço uma ligação por WhatsApp em momentos aleatórios da festa. Eu amo você. Eu já fui fisgada pelo cupido. E se algum marmanjo quiser ter algo comigo, eu lhe mostrarei a nossa aliança de namoro e minha não tão pequena barriga de grávida de gêmeos. Aposto que ninguém vai querer nada comigo assim”.

Allison foi até a namorada e a beijou com carinho. “Amor, ninguém vai mexer comigo desse jeito. Só vão fazer piadas do tipo que você não ia gostar de escutar. Que eu estou namorando uma hermafrodita. Ou uma intersexual. E que ela deve ser horrorosa. Uma bruxa má com verruga enorme no rosto. Coisas do tipo. Olha quem chegou. O Chase!”.

Zelena foi até o lado do Robert e o cumprimentou. “Olá Chase. Boa noite. Como estão as coisas por aí? Nem preciso te pedir para ficar de olho na Allison por mim. E se acontecer qualquer coisa me ligar. Você tem o meu telefone. Dirija com cuidado”.

“Olá Mills. Boa noite. Nós estamos bem. Pode deixar. Eu já sei que a Cam está grávida e não vai poder beber. Eu vou ficar de olho. Eu lhe aviso se qualquer coisa acontecer. Amanhã ela estará aqui. Sã e salva. Prazer em revê-la”.

De repente a cena muda e Zelena se vê em um enorme e chique salão. No palco Allison está dançando tango ao som de Besame Mucho. “Uau. A minha mulher dança perfeitamente. Ela está ainda mais linda. A gravidez deixou um brilho em sua pele e em sua áurea. Só não estou gostando dessa mão boba do Robert nos quadris dela. Ele sabe que ela está fora do mercado”. Zelena rosnou chateada e morrendo de ciúmes.

 E mais uma vez a cena muda. Passa se alguns anos. Zelena está deitada em uma cama de casal. E Allison está sentada em seu colo. Com um olhar divertido e sexy.

Zelena olha na mão esquerda de Allison e vê uma aliança de casada. E automaticamente olha para a sua mão. Ao ver que também tem uma aliança fica aliviada e dá um suspiro fundo.

“O que aconteceu, Zelena? Você está estranha. Por que você está olhando para sua mão? Bateu a cabeça em algum lugar? Você está passando mal? O que você tem?” Allison começou a hiper ventilar e agir como médica ao ver o olhar confuso de sua esposa.

“Eu estou bem, amor. Nós já nos casamos? Em que ano estamos? 2017? Essa visão dos seus peitos é ótima. Eles parecem maiores. Melhor para mim. Por que você está toda arrumada? Nós temos algum jantar ou compromisso?”.

“Amor, nós estamos em 2020. Faz 4 anos que nos casamos. Nossos filhos acabaram de fazer 5 anos. Depois da gravidez meus peitos cresceram. Nossa família está toda lá embaixo nos esperando. É Natal e vamos passar na casa da sua mãe e minha tia”. Allison foi cortada pelos lábios de sua esposa que a beijou com paixão.

“Eu acho que elas podem esperar um pouco mais. Você vestida dessa forma sexy me deixou com vontade de te devorar inteira. Se hoje é Natal vou querer meu presente adiantado: você!”

Fim dos sonhos premonitórios da Zel.

Na hora que Allison abaixou para elas começarem a se amar, Zelena acordou toda suada e começou a olhar para os cantos e percebeu que tinha dormido na sala dos médicos.

“Que merda! Por que eu tinha que acordar na melhor parte! Eu vou casar com a minha menina, mas primeiro eu tenho que convencê-la a ficar e lutar pelo nosso amor”. Zelena gemeu e começou a se espreguiçar.

“A luta será constante, mas vai valer a pena. Ainda bem que eu terei a ajuda da nossa família e dos meus filhos. Ela não terá onde fugir”.

E assim Zelena se levantou e decidiu voltar para casa e contar para sua manhã o longo sonho premonitório que teve com o grande amor de sua vida.