História O amor que salva vidas - Uma reviravolta

Minha vida não é muito diferente da vida da maioria das pessoas do século XXI. Todos sofremos com dias corridos, trânsitos cansativos, trabalhos desgastantes, faculdade que exige boa parte da nossa sanidade mental, e, isso, combinado com alguns infortúnios, é uma bola de neve que desce ladeira abaixo, rumo á depressão.

Moro em Brasília, capital do Brasil, e sou uma jovem normal, sem muitas expectativas, que luta para um dia conseguir se formar e ter um trabalho decente e uma vida digna.

Saí de casa cedo para ir à faculdade, sem nem imaginar o que o destino reservara para mim. 

Acontece que, há alguns dias atrás, eu havia jogado na mega e hoje era o dia em que o resultado saía, mas como eu nunca ganhava e estava correndo pelo campus para apresentar um seminário, não me lembrei de conferir os números.

Mais tarde, quando terminaram as aulas da parte da manhã e me sentei no restaurante para almoçar, vi as notícias que se espalhavam por todas as redes sociais: um jogador de Brasília havia ganhado o prêmio acumulado de 97 milhões de reais.

Sim, eu estava milionária!

Sabe aquela sensação que você tem quando está no meio de um sonho muito bom e tem medo de acordar? Esse era o meu sentimento. Olhava incrédula para o bilhete premiado e para os números que saíram nos sites de notícias e fiquei parada ali por um momento. Celular em uma mão, bilhete na outra e comida esfriando no prato. Senti como se cada nó que se formara em meu corpo nos últimos anos devido ao estresse estivessem se desfazendo e abrindo espaço para novos horizontes.

Eu não ia contar a ninguém. Ia tentar viver a minha vida da forma mais discreta possível, sem chamar a atenção de ninguém. Mas convenhamos: eu merecia um final de semana de relaxamento em um spar. 

Peguei minhas coisas e fui imediatamente resolver a papelada pra conseguir pegar o meu dinheiro. Não receberia o dinheiro todo de uma vez. Na verdade, eu receberia uma espécie de pensão mensal.

O único conforto que eu queria, era um lugar melhor para morar. Já ouviu falar que a felicidade atrai inveja? Então, eu preferia evitar a inveja. 

Comprei uma casa no Lago Sul e me mudei pra lá. Pra quem me perguntasse porque eu havia me mudado, eu diria que havia voltado para casa dos meus pais. 

Continuei minha vida normalmente, indo á faculdade, encontrando com meus amigos e fazendo minhas aulas de dança. Faço aulas de dança em uma academia totalmente voltada pra dança e praticamente moro lá (Eu na verdade tenho uma bolsa, então preciso fazer jus à essa bolsa). É um ambiente descontraído e que várias pessoas com diversas histórias diferentes, vão pra se distrair e esquecer dos estresses diários.

Estava quase saindo da aula de Street Jazz, quando ouvi a recepcionista tentando conversar com alguém. Da outra sala, dava pra ouvir que ela tentava forçar o seu inglês, mas estava falhando miseravelmente. Ouvi ela pedir ajuda ao rapaz da lanchonete, mas como não houve resposta, imaginei que o inglês dele deveria ser pior que o dela.

Saí da sala após terminar a chamada e passei pelo bebedouro. Depois caminhei até o balcão da recepção para guardar a chamada que havia terminado de fazer. Com minha tarefa concluída, olhei para a recepcionista para tentar entender o que acontecia e só então o vi: sorridente, alto, seus cabelos lisos caindo pro lado de forma despreocupada, como se a falta de comunicação entre ele e a recepcionista não pudessem abalar o seu charme. Seu sorriso era como o mar: tranquilo, sereno, que acalma a alma da pessoa se ela apenas se sentar para vê-lo. Com covinhas nas bochechas, ele sorria e tentava, sem sucesso, fazer a recepcionista entender o que ele dizia.

Bem na minha frente, em carne, osso e beleza exuberante, estava Kim Namjoon.