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História O Calendário de Robert - Minha última lágrima


Escrita por: WinterAddicted

Capítulo 2 - Minha última lágrima


Fanfic / Fanfiction O Calendário de Robert - Minha última lágrima

5 anos antes…

 

POV PEGGY:

 

- Onde você está? - Henry, meu namorado gritava comigo do outro lado da linha enquanto meu pager tocava apontando mais uma emergência.

- Já te expliquei Henry, sou a única cardiologista no hospital hoje, e não posso largar tudo, só porque o meu namorado resolveu que justamente hoje, ele quer sair comigo! - respondi ouvindo seu suspiro irritado. - Tenho que desligar agora, tem uma emergência…

- Peggy não se atreva a desligar esse telefone antes de eu termin… - mas era tarde demais para ele terminar o que tinha que falar, eu tinha uma emergência, eu não deixaria uma vida que poderia ser salva por mim para dar atenção ao meu namorado estúpido, eu e Henry nos conhecemos na faculdade, eu fazia medicina e ele engenharia, começamos a namorar no segundo ano, e no começo tudo ia bem, mas depois que comecei a trabalhar no hospital e ter horários totalmente desregulados, ele se tornou o ser mais insuportável do universo, e não, não era exagero.

- Qual é o caso? - perguntei entrando na emergência vendo o corpo de um rapaz que aparentava mais ou menos a minha idade desacordado na maca, comecei a examiná-lo, assim que uma das residentes me passava seu caso.

- Robert Adler, 25 anos, ingeriu uma grande quantidade de sedativos e apresenta bradicardia…

- Quantos bpm? - perguntei sobre seus batimentos.

- 40 bpm Doutora Shimmer!

- Levem para a UTI, quais exames preciso? - perguntei à outro residente que acompanhava o caso.

- Ah, eletrocardiograma, exame de sangue e de urina e uma tumografia…

- Perfeito, quero pra agora esses exames e mais tarde faremos mais alguns! - expliquei - Administrem uma ampola de adrenalina no soro e faremos uma lavagem estomacal para tentar tirar ao menos um pouco da droga que o Senhor Adler ingeriu… - expliquei enquanto eles acenavam e levavam o paciente para um dos quartos da UTI, agora eu teria que esperar para dizer se Robert precisaria ou não que eu o operasse, mas eu não iria abrí-lo com os batimentos tão baixos como estavam.

 

POV ROBERT:

 

Acordei com uma claridade em meus olhos e alguém falando comigo, onde eu estava? A última coisa que me lembrava era de ter escrito uma carta de despedida aos meus pais e outra à Ana, após ver ela beijando outro cara quando fui buscá-la na faculdade, e depois engolindo vários calmantes que minha mãe usava para dormir, eu estava morto? Mas isso não parecia o céu, havia um barulho irritante no ambiente um bip insistente…

- Bom dia Robert, está um dia lindo lá fora - uma voz feminina doce e angelical dizia, seria meu anjo que havia vindo me receber para decidirem se eu era digno do paraíso? - Sou a Doutora Shimmer, sua médica e cardiologista, mas pode me chamar de Peggy, você deu um baita susto nos seus pais ontem, eu tive que abrir seu peito depois de um tempo, e você quase me deixou enquanto estava na mesa de cirurgia, mas olha, provou ser um guerreiro e lutou com unhas e dentes para sobreviver… - Ela disse me fazendo rir sem humor, apesar de ser engraçado o jeito que Peggy falava, eu ainda não queria viver, não sem Ana.

- Sinto te decepcionar Doutora Shimmer, mas eu não queria sobreviver, a senhorita que cometeu um erro me salvando enquanto poderia estar salvando uma vida que valeria à pena… - disse me levantando da cama e me aproximando da janela que ela havia aberto para apreciar o dia que estava normal, não sabia dizer o que Peggy havia visto de especial alí.

- Eu devo dizer que estou orgulhosa de você - Peggy continuou como se não tivesse me ouvido - Não sei porque Robert, mas gosto de você, algo me diz que ainda seremos grandes amigos quando você acordar… - Ela disse simpatica sorrindo para cama enquanto eu franzia o cenho confuso, eu estava bem ao seu lado, ela estava fingindo não me ver? E que história era essa de “quando você acordar”? Eu estava acordado, parado em pé bem ao seu lado, suspirei me olhando para a cama, onde Peggy olhava e arregalei meus olhos, chocado com a imagem que estava vendo, alí era meu corpo, ligado a vários aparelhos, como assim? O que meu corpo fazia alí? E o que eu fazia aqui? Me aproximei do aparelho responsável por monitorar meus batimentos, e lá estava constando batimentos, isso quer dizer que eu estava vivo, mas se eu estava vivo, porque estava vendo tudo de fora? Eu deveria estar no meu corpo não? - Eu não sei como é ficar em coma, nunca fiquei, mas algumas pessoas acreditam que pacientes em coma podem ouvir, eu espero que você possa, porque assim vai saber que além de seus pais, eu também estou torcendo muito para sua recuperação, aliás, por falar em seus pais, eu liberei as visitas para você, espero que não se importe. - Peggy disse sorrindo, um sorriso que eu jamais tinha visto em mulher alguma, ela parecia um anjo, ou então, ela era um anjo, dizem que muitas vezes anjos estão na Terra disfarçados de humanos, talvez fosse isso, talvez aquela jovem cardiologista fosse meu anjo…

 

Um mês depois…

 

Nada, um mês e nada, nada além de vagar por esses corredores sombrios enquanto meu corpo descansava num dos leitos, a única coisa boa que essa estadia no hospital me trouxe foi a presença de Peggy, eu sentia um carinho enorme por ela, talvez por ela cuidar de mim com tanto carinho e cuidado sem nem ao menos me conhecer, talvez por ela ser a dona do olhar e do sorriso mais doce e reconfortante do mundo, talvez, só porque eu sentia essa amizade e carinho inexplicável por ela brotar dentro de mim.

Depois de um mês recebendo as visitas de William, meu amigo de infância, e meus pais, eu não queria mais deixar essa vida, comecei a acreditar que o que eu tinha feito por causa da traição de Ana foi egoista demais, havia pessoas nesse mundo que sofreriam com a minha ida, três delas vinham me visitar diariamente, e uma delas eu havia conhecido justamente por esse ato imprudente.

Descobri ao acaso que Peggy tinha um namorado, mas algo na relação dos dois não parecia bem, eu queria oferecer meu ombro amigo, consolá-la, me doía saber que ela sofria por alguém que não a merecia, mas infelizmente, para todos eu estava “dormindo”, mas ainda arrumaria um jeito de consola-la, naquela manhã sorri esperando meu anjo vir como ela sempre vinha, todas as manhãs, sorridente, com aquele brilho mágico em seus olhos.

- Oi Robert - Peggy disse entrando depois de alguns segundos, como eu havia previsto, e abrindo as janelas - O dia está lindo lá fora! - Ela disse a frase que dizia sempre, antes de começar a descrever o que acontecia lá fora para mim, mas logo ela suspirou se aproximando de minha cama e segurando a mão do corpo imovel alí, suspirei, não sentindo seu toque em mim, eu ansiava por sentir o toque de Peggy. - Não é fácil Rob, eu sei, você me parece um rapaz que não consegue ficar quieto nem por um segundo, deve ser horrivel para você ficar deitado nessa cama - Ela disse me fazendo respirar fundo, ela nem fazia ideia do quão horrivel era - Mas, você é um amigo e um filho muito amado sabia? Seus pais e William sempre trazem rosas amarelas para você, eles me disseram que você sempre amou rosas brancas e amarelas, hoje eu trouxe algumas! - Ela disse me fazendo sorrir ao olhar as flores que ela havia posto a pouco no vaso ao lado de minha cama - Eu poderia ter trazido amarelas como eles, mas as rosas brancas me fazem lembrar de você, elas trazem paz, assim como você me tras! - Peggy disse me surpreendendo enquanto sorria. - Sabe Rob, essa noite eu sonhei com você, estávamos passeando juntos pela praia, e eu te contava sobre os planos que eu tinha na vida, fazia tanto tempo que eu não sonhava, ou que não me lembrava do sonho que tinha, mas hoje foi diferente, assim que acordei me lembrei desse sonho e sorri, eu queria que fosse real, que você acordasse logo e que pudessemos desenvolver a nossa amizade, dividindo sonhos e planos… - Peggy disse sorrindo, mas seu olhar marejado de lágrimas me fez ficar em alerta, ela estava chorando por mim? - Rob, eu sei que você vai superar isso, eu vou te ajudar à superar, não precisa ter medo de acordar, eu sou muito mais que sua médica…

- Eu sei, você é o meu anjo! - A interrompi sorrindo tentando, em vão, secar a lágrima que caía de seu olhar

- E quando você acordar, eu ainda estarei aqui por você, como sua amiga, eu sinto Robert, no fundo do meu coração algo me diz que a minha missão nesse mundo é cuidar de você, para sempre, você tem que acordar, para assim sermos grandes amigos, e eu enfim, descobrir como é sua voz, seu sorriso, a cor de seus olhos… - ela disse chorando, suspirei me aproximando e soprando dentro de seu ouvido, uma mania que eu sempre fazia com Ana minha ex namorada e ela odiava, ao contrário de Peggy que sorriu assim que fiz tal ato, não sei ao certo se ela sentiu meu sopro e por isso sorriu, ou se sorriu apenas para dissipar o choro, mas uma coisa era certa, o sorriso dela, dissipava toda a preocupação que se criava em mim quando ela estava preocupada comigo.

 

POV PEGGY:

 

Senti uma leve brisa adentrar meu ouvido e sorri com isso, de alguma maneira eu acreditava que Robert estava me ouvindo e essa era a sua maneira de se manifestar para mim, pode parecer que sou louca, mas loucura para mim, seria acreditar que Robert não passava de um corpo vegentando num leito de hospital, ele era mais que isso, ele tinha que ser mais que isso e entender tudo o que eu, seus pais e seu amigo William diziam para ele, só assim ele se recuperaria e enfim eu poderia saber qual seria a cor dos olhos daquele rapaz, como ele era, seus defeitos e suas manias, se ele iria gostar de mim, assim como eu já gostava dele, se enfim conseguiriamos sermos amigos.

Suspirei soltando a mão dele assim que a porta se abriu e William entrou por ela.

- Atrapalho algo Doutora Shimmer? - Ele disse divertido enquanto eu tentava disfarçar enquanto secava as lágrimas que haviam caído.

- Não, de maneira nenhuma William, ah, eu só estava fazendo alguns exames de rotina em Robert, vou deixar vocês dois sozinhos para conversarem… - Expliquei saindo logo após, os familiares e amigos de Robert poderiam não ver com bons olhos a minha amizade com ele, sem contar que seria anti ético criar laços com pacientes, mas quem disse que meu coração ligava para isso? Ele já considerava Robert um grande amigo.

Me dirigi para a mesa da cafeteria onde Agda e Chris tomavam seu café, Agda era cirurgiã obstétrica e neo natal no mesmo hospital que eu, e Christian era seu marido e neurocirurgião do hospital também, desde que comecei a trabalhar aqui fiquei muito amiga dos dois, o que era ótimo, pois raramente Henry tinha tempo para comer comigo.

- O que é isso no seu ombro? - Agda perguntou assim que retirei o jaleco para sentar, fechei os olhos me xingando em pensamento, eu não deveria ter posto uma regata.

- Não é nada Agda! - Disse me referindo ao hematoma que Henry tinha deixado em meu ombro ontem à noite, mais uma vez havíamos discutido, e mais uma vez ele tinha partido para agressão física, suspirei eu e ele discutiamos por tudo, mas desde que Robert deu entrada no hospital, ele ficou paranóico, dizendo que eu estava dando atenção demais para um simples paciente, e essas discussões sempre acabavam com ele me agredindo, mas logo depois se arrependendo e pedindo desculpas.

- Foi aquele cretino do Henry novamente não foi? Peggy, quantas vezes eu já disse para você largar esse imbecil do seu namorado? - Minha amiga disse me fazendo suspirar.

- Se eu fosse você, faria uma denúncia contra ele isso sim, agressão é crime, ainda mais em mulher! Em mulher não se bate nem mesmo com uma rosa. - Christian disse me olhando seriamente.

- Gente, eu terminei com ele ontem ok? Não tem mais volta, coloquei um ponto final, acabou, estão felizes agora? - perguntei enquanto eles suspiravam.

- Só queremos o seu bem Peggy. Mas mudando de assunto, como Robert está? - Chris perguntou.

- Nenhuma melhora ainda, a medicina dá um prazo mínimo de um ano para pacientes saírem do coma, se passou apenas um mês, então não dei a opção para a família, até porque creio que o caso de Robert não seja tão extremo assim… - expliquei enquanto eles me olhavam.

- E se ele nunca mais acordar?

- Ele vai, ele está lutando contra a morte, da forma dele, mas está…

- Peggy, ele tentou se matar, porque estaria lutando para sobreviver? Não faz sentido - Agda argumentou enquanto eu suspirava sentindo as lágrimas virem ao meu rosto mais uma vez, ao mesmo tempo que sentia a leve brisa em meu ouvido novamente me fazendo sorrir enquanto enxugava uma lágrima.

- Ele vai sobreviver, eu tenho certeza disso! - Disse sorrindo enquanto um atendente vinha até nós para anotar os pedidos, Robert sobreviveria, eu o salvaria, nem que essa fosse a última coisa que eu fizesse.

- Peggy… - ouvi uma voz familiar atrás de mim enquanto Agda e Chris reviravam os olhos e eu me virava para ver Henry com um arranjo enorme de rosas vermelhas me olhando - Podemos conversar? Em particular… - ele disse olhando sugestivamente para meus amigos, céus, o que ele queria agora?

 



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