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História O Capítulo Final - Pai?


Escrita por: LordeUnderworld

Notas do Autor


Novo capítulo para vocês ^^
Espero espero que gostem.

Abraçosss!
E não deixem de comentar ;)

Capítulo 13 - Pai?


Fanfic / Fanfiction O Capítulo Final - Pai?

POV Liam

 

— Ainda acho isso uma péssima ideia - disse o Faz-Tudo, afastando uma folha e continuando andando pela floresta enquanto Matador seguia à frente e eu ia logo atrás, mancando.

Aquele lugar conseguia ser macabro, a escuridão percorria a floresta, a luz da lua iluminava pouco e o nosso caminho vinha com um fundo musical de animais selvagens que eu não fazia ideia de quais eram. Criaturas pareciam se esconder ao redor, como se nos observassem.

Tinha o pressentimento de que algo errado aconteceria. Tanto que nem me dava ao luxo de pensar em descansar, mesmo com a minha perna doendo cada vez mais.

— Quietos - pediu Matador, parando perto de uma árvore.

Ele se abaixou. Repetimos seu gesto e ficamos os três escondidos atrás da árvore, com as folhas e mato servindo de esconderijo para que não nos vissem.

Só entendi o motivo da parada abrupta quando enxerguei o monstro de pele escamosa e dentes pontiagudos deitado no chão junto à lama. Os olhos da fera eram de um tom vermelho vivo, da sua boca escorria um líquido roxo e sua respiração se mostrava pesada, comigo podendo ouvi-la mesmo há cinco metros de distância.

— O que é isso? - perguntei, assustado.

— Não faço a menor ideia, mas amigável não deve ser - esclareceu o Matador. - Tente não fazer barulho, vamos contornar essa coisa e ir por outra trilha.

— Tem certeza? Vamos atrasar nossa jornada em pelo menos um dia - reclamou Faz-Tudo.

— Bem, é isso ou tentar a sorte com isso daí.

— Somos três contra um - disse Faz-Tudo.

— Não. Somos três contra um ninho.

Demorei para entender a lógica do Matador, mas então percebi que entre a lama havia outros pontos vermelhos, dezenas deles. Quando entendi que os pontos vermelhos eram olhos levei a mão à boca e me afastei um passo.

— Vamos embora daqui - falei. - Agora!

Matador confirmou com a cabeça, sem mover nenhum músculo para não acabar chamando a atenção das feras. Devagar, nós três andamos de costas, voltando para dentro da mata sem que nenhuma das feras conseguisse perceber que estávamos ali.

— Foi por pouco - falei, me sentando no chão quando ficamos longe o suficiente. - Me diz que não vamos ter que enfrentar “aquilo” alguma hora.

— Provavelmente não, eles só ficam nessa parte da floresta - explicou Faz-Tudo. - Mas temos que seguir adiante, tem coisa muito pior pela frente. Provavelmente não teremos como escapar na próxima.

Aquele pessimismo dele me deixou atordoado. Não sabia se ele estava falando sério ou se era apenas mais uma das piadas sarcásticas do faz-Tudo para me deixar com medo. Infelizmente vi pela cara do Matador que coisas piores com certeza estavam por vir.

— Aquilo dali são pesadelos de criança - contou, olhando para os lados. - Temos que prosseguir. Quanto mais rápido chegarmos ao final da sua mente, menos chances de o Destruidor vencer.

— Exatamente - disse Faz-Tudo. - Por isso levante-se!

Bastou ele dizer aquilo para que ouvíssemos um barulho esquisito vindo da mata, dentre as folhas.

Me levantei de supetão, com o Matador vindo para perto de mim e colocando o facão que usava para cortar as folhas à frente.

Faz-Tudo se colocou ao meu lado e pegou uma pedra de ponta afiada para também me proteger. Confesso que nunca imaginei os dois trabalhando junto, ainda mais para me ajudar a sobreviver. Arriscaram suas vidas por mim, e por mais que o Faz-Tudo fosse insuportável às vezes, não pude deixar de sentir como se ele fosse um dos meus melhores amigos.

— Quem está aí??? - perguntou o Matador, com o facão ainda erguido. - Apareça! Apareça agora, porque se eu tiver que ir aí vai se arrepender.

Seu tom de ameaça gelou minha espinha. O Matador conseguia ser assustador quando queria, e acho que foi exatamente por isso que as folhas começaram a se mover e os passos se iniciaram vindo em nossa direção.

Cortei a respiração, mais preocupado do que nunca. Não vi nada que eu pudesse usar para me defender, então cerrei os punhos e me preparei.

Aquilo durou segundos, mas minha mente agiu como se tivesse demorado horas para que o homem de pele bronzeada e braços fortes saísse das sombras.

No começo fiquei sem entender quem era ele, mas o fato do Matador baixar a arma e o Faz-Tudo largar a pedra me fez entender que ele não podia representar uma ameaça. Pelo menos não imediata.

Olhei para o estranho e vi um sujeito alto, de cabelos castanhos, olhos idênticos aos meus, lábios em um tom avermelhado, roupa verde com uma calça jeans rasgada em diversos pontos e - uma coisa que chamava muita a atenção - ele tinha um sorriso de orelha a orelha que contagiava. Ele parecia muito familiar, mas mesmo assim fiquei sem entender “quem” ele era.

— Olá, senhor - disseram Matador e Faz-Tudo em uníssono.

“Senhor”? Fiquei estarrecido ao ouvir aquilo. Seja quem fosse deveria ter alguma grande influência entre as minhas personalidade, porque os dois só faltaram fazer uma reverência ao homem, que se aproximou.

— Olá, meus filhos - disse ele, tocando minha face e acariciando meu rosto.

Não me afastei, mesmo que aquela aproximação fosse bastante inusitada.

Faz-Tudo fez cara de tédio e então decidiu falar:

— Liam, caso você não se lembre, esse é José - e revirou os olhos. - O seu pai.


 

POV Jessie

 

Ele simplesmente não atende as minhas ligações - reclamou Thomas no meu ouvido pela milésima vez enquanto eu me preparava para atravessar o corredor. - Eu só ia pedir a ajuda dele com esse bendito painel e nada dele me atender! O Nico só pode estar brincando comigo, ele sabe que eu detesto que ele suma dessa forma, ainda mais quando o mundo tá desabando do lado de cá, enquanto ele se diverte com os “amigos” na Alemanha.

— Dá para você prestar atenção aqui? - pedi, apertando o celular na orelha e olhando para os dois lados antes de seguir com o Lucas na direção do quarto em que Chris estava preso. - Se já se esqueceu, tem uma máquina maluca tentando impedir que a gente chegue vivo do outro lado.

A Rachel não mataria uma mosca… Porra! Cuidado! Cuidado, a porta!

Entrei no corredor no exato instante em que a porta que bloqueava a passagem foi acionada e quase me atingiu.

A Rachel estava mesmo com raiva de nós.

— Essa foi por pouco, vou tomar o controle dessa porta - disse Thomas ao celular, apertando um botão e fazendo a porta se abrir de novo. - Não se preocupe, acho que  agora sim eu  tô controlando todo o andar.

— “Acha”? - falei, ofegante. - Só tente não nos matar, okay?

Ele bufou ao telefone.

Tenho a sensação de que alguma coisa ruim está acontecendo - disse Thomas, sério.

— Sim, o Bernardo está tramando algo terrível, só pode.

Não! Eu tô falando do Nico. Ele tá aprontando algo. Sei disso. Quando liguei antes ele estava irritado por conta da nova esposa do pai e agora simplesmente some! Acho melhor eu ir para a Alemanha.

— Eu vou estrangular esse cara - falei, sussurrando para o Lucas que sorriu para mim.

— Eu ouvi isso, hein!

Ignorei ele e desliguei o celular para seguir caminho. Agarrei a mão do Lucas por estarmos em um terreno minado onde a Rachel podia ser capaz de controlar alguma coisa, já que as habilidades de Thomas com tecnologia eram limitadas. Acabei lembrando o que o Thomas falou sobre eu segurar a mão do Nico quando ando com ele.

A forma como eu segurava a do Lucas me dava uma sensação bem diferente do que quando eu segurava a do Nico. Acho que Lucas também sentiu algo, porque ele puxou sua mão para se libertar de mim.

— Ah! Desculpe - pedi, vermelho. - Eu…

— Tudo bem, já estou acostumado. As pessoas me olham e acham que precisam me proteger, mas eu sei me cuidar. As tatuagens me protegem.

Olhei para o braço dele, onde havia o desenho de uma árvore. Ele tinha também uma tribal de dragão e uma que parecia recente com asas de uma ave de rapina. Acho que olhei demais, porque me fitou com um olhar sério.

— Eu não tenho magia, mas as tatuagens têm. Se alguém se meter comigo, elas me protegem. Foi algo que o Symon fez para mim…

Ele falou do Symon com uma voz esquisita, olhando para a árvore desenhada em seu braço e parecendo se lembrar de algo do passado. Fiquei um pouco incomodado por isso.

— O Symon e você… - arrisquei, pensando que talvez eles estivessem em algum tipo de triângulo amoroso.

— A gente teve um passado conturbado. Ficamos “juntos” quando éramos mais novos, e depois acabei morando com o James… E acontece que eu meio que fui casado com o James por dois anos.

Fiquei surpreso naquele momento. James era mais velho que o Lucas alguns anos, estranhei esse tipo de relação deles, mas talvez só porque eu ainda tivesse a cabeça um pouco fechada para essas coisas. Minha carga de experiências na vida não mudava muito o meu jeito careta de pensar.

— Você foi praticamente casado com o atual marido do seu ex-namorado e agora todos vocês moram juntos? - que família! - Não esperava por essa.

— Eu perdi minha memória e eles me ajudaram a recuperar. Não é nada demais… E quer saber? Não sei porque estou explicando isso tudo para você. Eu nem gosto de você. Fica com esse papo certinho, mas sei o bastante da sua vida para saber que é o pior exemplo possível para o Chris.

— Wow! Ninguém tinha metido o Chris na história até agora. Sinceramente não sei de onde você tirou que tem algum direito sob a guarda dele. Eu “deixei” você ficar com ele nesse meio tempo porque ainda não me passaram a guarda, quis ser respeitoso por tudo o que vocês passaram juntos, por você ter salvo o garoto, mas você não é a família dele. Eu sou.

— Até onde eu sei vocês não tem laço nenhum de sangue.

— O irmão dele era o meu marido! Ele tem um tio com câncer, uma mãe morta e um pai que está nem aí pra ele, então eu sou a única família do Chris. E por mais que você queira, por mais que diga pra ele ficar te chamando de “pai”, se acostume com a ideia de perdê-lo!

Sei que o que eu disse foi pesado, me arrependi naquele instante de ser grosseiro, mas era bom eu acabar logo com aquela fantasia dele de ser pai. Lucas esbarrou em mim e passou a frente pelo corredor.

Um sorriso brotou em seu rosto quando viu a porta do quarto onde o Chris estava preso. Olhou para a porta e então bateu forte nela, tentando abrir e empurrar, sem sucesso.

— A Rachel trancou isso muito bem. - peguei o celular e liguei para o Thomas. - O celular dele está ocupado. Com certeza o idiota está ligando para o Nico.

Fiquei observando a porta, pensando numa maneira de entrarmos lá o quanto antes.

— Existem fios que a gente pode cortar - falei para o Lucas. - Mas eles ficam dentro do quarto. Acha que o Chris conseguiria?

Lucas continuou tocando a porta, com um sorriso no rosto.

— Esqueça os fios - e chamou pela criança. - Christian, você consegue me ouvir? É o papai. Está aí?

Não gostei dele se chamar de pai, mas deixei que continuasse. Principalmente porque passos vieram lá de dentro e uma voz fina e infantil apareceu.

— Pai??? Por favooor. Eu tô com medoooo.

— Ei! Não fique. Você é o mais forte aqui, se esqueceu? O maluco que te prendeu não sabe disso, mas nós sabemos, não sabemos?

Ouvi um “uhum” um pouco parecido com um resmungo do lado de dentro.

— Agora escute, vai ter que usar seus poderes para sair daí, entendeu?

— Eu não consigo!

— Consegue sim! Você é forte. E corajoso - Lucas fez sinal para que eu me afastasse e resolvi obedecer, já que com magia não se brinca.

Lucas se afastou um passo antes falar.

— Feche os olhos, Chris. Quero que imagine uma mão gigante na sua frente, algo grande e forte o bastante para amassar essa porta e deixá-la em pedaços. Consegue imaginar isso?

— Sim!

— Então se concentre! Imagine essa mão se fechando em um punho! Faça com que você e essa mão se tornem um só. Faça dela a “sua” mão direita, me entendeu? - Lucas não esperou uma resposta antes de continuar. - Agora pegue toda a sua raiva, toda a frustração e medo que você sentiu quando ficou preso aí e dê um soco nessa porta! Dê o soco mais forte que você conseguir! Arrebenta com tudo!

Dizendo isso Lucas se jogou para perto de mim, me pegou pelo pulso e me afastou para o mais longe possível dali.

Foi tudo tão rápido que nem tive tempo de pensar. No instante seguinte um estrondo enorme surgiu e a parede do quarto se transformou em centenas de destroços, que foram pelo corredor numa força extraordinária e se arremessaram contra a na janela. Os pedaços de tijolos e vidro partidos foram para fora do prédio e caíram em cima de carros estacionados na frente do hotel.

Acabei indo para o chão com o Lucas em cima de mim. Olhamos os dois para a destruição com os olhos arregalados.

— Era esse o plano??? - quase gritei.

— Eu disse que ele era forte.

Lucas continuou em cima de mim, e sorriu.

Olhei nos olhos dele e também acabei sorrindo.

— Pai? - uma vozinha meiga apareceu e um garotinho de camiseta branca, descalço e com uma bermuda suja de poeira apareceu.

Lucas foi até ele e o abraçou forte.

Fiquei olhando eles de longe. Um abraçou o outro e Chris segurou as lágrimas, com vontade de chorar.

Era estranho, pois mesmo Lucas sendo pálido e tatuado, de olhos azuis e cabelos negros, enquanto Chris tinha cabelos loiros e olhos iguais aos do irmão… Mesmo com todas as diferenças físicas e de vida... Eles pareciam mesmo pai e filho.



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