História O Capítulo Final - O Windows está sendo encerrado

POV Bernardo

— O que houve? - perguntei, olhando para a imagem do drone que sobrevoava o local onde a Força-tarefa estava. Rachel fez uma varredura rápida online e me passou a situação.

—  Parece que nosso sistema de comunicação foi interrompido, senhor Bernardo.

—  Não me fale o óbvio, máquina estúpida! - esbravejei, batendo no painel enquanto via a fumaça saindo de um dos prédios. - Quero saber se eles estão vivos! Algum sinal lá de dentro?

—  Não tenho acesso, senhor Bernardo.

—  Pra que serve uma máquina de um milhão de dólares se ela não serve pra absolutamente nada!

Bati contra uma mesa e a derrubei, espatifando os vasos de flores no chão. Tinha sido uma péssima ideia a Força-Tarefa ir buscar o Liam, eu tentei avisá-los que aquele lugar era um forte impenetrável, mas não me ouviram. Agora Jessie, Symon, James e o César estavam indefesos sem que eu pudesse ver nada, com inimigos por todos os lados e o prédio pegando fogo. Detestava me sentir inútil daquela maneira, e ainda havia o risco de cidadãos chamarem os bombeiros e inocentes ficarem ferido.

Mandei Rachel desligar todas as comunicações em um raio de cinco quilômetros dos prédios e me virei para acabar dando de cara com o Nico.

Ele apareceu do nada. Segurava a barriga como se estivesse sentindo dor naquela região, parecia fraco e abatido, e o seu rosto e pescoço estavam com marcas roxas da surra que tomou. Assim que o vi fui correndo em sua direção e o ajudei a ficar de pé.

Acreditem, de todos ali ele era com quem mais eu me preocupava. Olhei seu rosto querendo matar o crápula que fez aquilo, beijei sua testa e o fitei nos olhos antes de perguntar se estava tudo bem.

— Vou sobreviver, não se preocupe - e olhou em volta, vendo toda a minha bagunça. - Mas pelo visto tem coisas mais importantes acontecendo aqui. O que houve?

Me virei de novo, para a tela com as imagens do drone.

Nico foi chamado para perto dela como magia, esse tipo de tecnologia o atraía mais do homens sociopatas.

—  Não acredito que foi às compras sem mim - ele disse, vendo o modelo das imagens. - Isso parece equipamento militar, Bernardo!

—  Tive que buscar meus contatos, mas consegui de última hora bons recursos. Eles entraram em campo, bem armados e com reforços. Mas pelo visto estamos perdendo essa guerra - e apontei para a tela que mostrava o prédio em chamas - Eles estão lá dentro.

Nico arregalou os olhos e foi para a frente do painel, tomando o controle e observando tudo com olhos de águia.

— Rachel! - chamou. - Conecte-se ao drone, use a visão de calor e cheque quantos indivíduos ainda temos no prédio.

—  Sim, senhor Bernardo. E deixe-me acrescentar que senti a sua falta.

—  Hum, sei. Bem falsiane essa máquina.

Ele apertou alguns botões freneticamente, aproveitei isso para me sentar e deixar que ele fizesse o trabalho. Tinha que parar de me irritar tanto com as coisas, desde que o Damon escapou eu estava sempre com o temperamento explosivo. Deixei o Nico na sala controlando os equipamentos e fui para dentro do quarto, passando pela cobertura sem ânimo nenhum, até chegar sem querer no local onde o Lorde estava em coma.

Lá estava ele. Dormindo. Longe de tudo aquilo enquanto sofríamos tentando protegê-lo. Eu tinha tanta raiva dele, tinha raiva de todos, inclusive de mim mesmo por ter falhado em tantas coisas. Fechei a porta atrás de mim enquanto Nico soltava um grito de entusiasmo ao mesmo tempo que depois percebia que ainda estava machucado e soltava um resmungo de dor. Peguei uma cadeira e me sentei ao lado do Lorde, vendo os equipamentos que o alimentavam e o mantinham respirando sem dificuldades. Parado daquela forma ele parecia frágil, mas para falar a verdade ele nunca foi lá um modelo de pessoa que conseguia se defender. Ele era atrapalhado, não usava seus poderes da forma que uma pessoa astuta usaria, confiava demais nas pessoas e ainda por cima tinha aquele sorrisinho estúpido mesmo com o céu desabando.

Como alguém conseguia se manter bom em um mundo como esse?

Baixei a cabeça e fechei meus olhos. Fiquei assim por um momento até que senti vontade de falar.

— Não sei como tudo isso vai terminar, mas espero de verdade que essa história tenha um final feliz pra gente, Lorde - sussurrei, cansado. Muito cansado de toda a jornada até aqui. - Talvez eu seja um dos caras maus. Tudo o que fiz… Tudo o que ainda devo fazer… Amo todos eles, você entende isso, não entende?

A máquina soltou bip e me senti um idiota por estar conversando com alguém em coma.

— Veja bem, quando eu era criança tudo o que eu tinha era o meu irmão, depois fui adotado e me decepcionei com pessoas demais desde então. Perdi minha mãe, o amor da minha vida, perdi o meu irmão e ainda por cima corro o risco de perder meu pai pelo que sinto por ele… Comecei essa Força-Tarefa porque vi que sozinho eu não conseguiria, percebi que detesto a solidão e com tudo o que anda acontecendo só consigo me sentir mais e mais sozinho, Lorde. - e ri quando me lembrei dos poucos momentos em que conversamos. - Fiz coisas horríveis ao longo da vida, por muito tempo vi na vingança a única maneira de continuar vivendo e me tornar forte. Já você, você era forte sem precisar de nada disso. Você perdoava como quem estala os dedos. Tenho certeza que se o Damon viesse aqui e pedisse desculpas você o perdoaria como o belo idiota que você é. Um tremendo idiota! - e senti meus olhos marejando enquanto falava. - Mas nós… Esse mundo, na verdade… Eles precisam de você, todos precisam desse idiota de sorriso estúpido e visões que nem ele mesmo entende.

Passei a mão pelo meu rosto e o abanei um pouco para evitar as lágrimas.

— Vou te contar um segredo - falei, chegando mais perto. - Li todas as suas fanfics. - e sorri, feito um bobo. - E não importa o que elas digam, não importa os segredos que ela revela sobre mim, sobre o meu pai, sobre todos nós… Eu jamais invadiria aquele site e o tiraria do ar. E acredite, vindo de mim isso já é muita coisa. Sei como essas histórias são importante para você.

Fui até ele, cheguei mais perto e quis falar mais perto do seu ouvido.

— Confio em você - falei. - Então não ouse trair a minha confiança. Saia dessa! Lute! Sobreviva! Ou juro que vou atrás de você nem que seja no inferno.

Ergui o queixo e quis sair do quarto.

Foi quando Nico abriu a porta, eufórico e sorrindo de orelha a orelha. Suava como se tivesse acabado de sair de uma maratona.

— Foi incrível! O prédio explodiu…

— Claro que explodiu - revirei os olhos, já acostumado.

— … eles saíram de lá no último momento e quase foram pegos por um dos capangas do Damon. Felizmente o Jessie é um ótimo atirador, acertou bem na testa de um dos capangas que tentaram impedi-los.

— Todos estão vivos então? E quanto ao Liam?

— Infelizmente ele não estava lá - e Nico baixou o rosto. - Mas tenho uma ótima notícia! Uma notícia incrível! - fiquei curioso por toda a animação dele. - Você já ouviu falar nesses sites em que você escreve e-mails para serem enviados no futuro?

— Sim, minha empresa já financiou um desses. As pessoas gostam de enviarem cartas para elas mesmas, são como lembretes do passado. Por quê? Recebeu alguma que tinha enviado antigamente?

— Não - ele pegou o papel que tinha impresso - Recebi uma do Lorde!

Mal acreditei. Corri até ele e puxei o papel da sua mão, sem acreditar ao ver a assinatura. A mensagem era de 6 meses atrás!

— Que mal educado! - e pegou o papel de volta. - Só li o começo, mas veja só que só que incrível:

“Caros colegas da Força-Tarefa,

Se tudo ocorreu bem, provavelmente essa carta será totalmente inútil e Damon e eu já estaremos mortos há um bom tempo. Porém, como a linha do futuro se alterando na minha mente, escrevo essa mensagem com o intuito de alertá-los sobre o verdadeiro mal que está à caminho. Isso, é claro, caso eu esteja em coma e Bernardo e Nico estejam parados perto do meu corpo lendo essas palavras.”

— Viuu??? Eu chega arrepiei! - disse Nico, mostrando os pelos do braço eriçados.

— Continue logo!

“Pois bem, em primeiro lugar devo avisar para não tentarem me acordar. Se o meu corpo entrou em hibernação foi porque o Damon fez algo horrível comigo e para que eu não ficasse sob o controle dele minhas células estão batalhando contra os poderes malignos dele e me matarão caso percam. Acreditem, esse é um destino muito melhor do que ser um peão entre as peças do tabuleiro do Damon.

Em segundo lugar, peço que se mantenham unidos, porque adversidades continuarão chegando. O apocalipse nunca esteve tão próximo e o Damon engolirá todos os humanos com sua fúria caso vocês não se unam e lutem como um só. Sei que são capazes de coisas surpreendentes, desde que eu era uma criança tenho essa ligação especial com cada um de vocês e sinto que posso confiar para que façam o que é certo e protejam aqueles que precisam de proteção.

James, encontre força no amor que sente pelo Symon.

Symon, seu maior poder está dentro de si mesmo e nos amigos que conquistou depois que saiu das trevas.

Oswald, você sempre estará em nossos corações.

Lucas, sei que tem medo de perder, mas às vezes é preciso abrir mão de algo para se conquistar uma coisa maior ainda.

César e Hugo, vocês farão parte de uma nova geração que está por vir. Saibam pelo que lutar.

Nico, mantenha minhas fanfics atualizadas. Essa é a tarefa mais importante de todas, e espero que consiga.

Felipe, a raiva dentro de você só vai sumir quando parar de procurar o que já está perto.

Liam, o caminho para a luz se aproxima.

Bernardo… Você sempre será o meu favorito. Sei que está passando por um momento difícil e que não sabe mais o que é certo ou errado. Mas seus instintos serão mais importantes do que nunca. Esse é o momento de mostrar para o vieram.

Sejam a minha Força-Tarefa, liderem as pessoas para alcançarem a justiça que esse mundo diversas vezes se recusou a dar para vocês.

Me façam ter orgulho!

Vocês são as melhores coisas que aconteceram na minha vida…

E, Rachel…

Iniciar programa F-90…”

— OH, MERDA! - disse Nico, com um berro no final. - Me diz que eu NÃO DISSE isso em voz alta!

— O que é o programa F-90?

Um alarme soou alto por todo o prédio no instante em que perguntei isso. Ouvi um estrondo vindo da sala de máquinas e então a voz da Rachel apareceu nos alto falantes.

— Iniciando programa  F-90.

— Cancelar! - gritou Nico. - Rachel, cancele agora!

— Uma vez iniciado, o programa não pode ser interrompido - disse Rachel.

Corremos até a sala de máquinas e Nico foi em direção aos teclados, tentando cancelar a ação enquanto o alarme soava.

— Nico! O que tá acontecendo aqui????

— O programa F-90 é uma válvula de escape que eu crio nos meus programas de inteligência artificial. Ele só pode ser ativado com a minha voz, o Lorde sabia que eu ia ler a carta em voz alta! Que filho da mãe!

— E o que o F-90 faz?

— A autodestruição se iniciará em 60 segundos. - alertou Rachel.  

— Oh, droga - falei, e o alarme parecia mais alto. - Não acredito que criou um programa de autodestruição.

— Não é só a Rachel que ele destrói - contou. - A Rachel se conecta à tudo! O carro que usamos para chegar aqui, nossos computadores, a mansão em nova iorque, esse prédio inteiro… Se ela se destruir tudo é afetado!

— 30 segundos para a autodestruição.

— Por favor, não me fale que teremos outra explosão.

— É muito pior do que isso.

— O que pode ser pior do que uma explosão em larga escala?

Nico virou-se para mim, com cara de culpa.

— Bem… Digamos que a Rachel está conectada à sua conta no banco.

— O QUÊ?

— É isso mesmo que você ouviu - e acrescentou. - Se ela pifar, você perde tudo. Seu dinheiro simplesmente deixa de existir.

— NICO, VOCÊ PRECISA FAZER ALGUMA COISA!

— Eu tô tentando! - ele falou, batendo no teclado. - Essa merda não quer funcionar.

— Porque raios o Lorde faria algo assim?

— Eu não sei!!!

— Nico! Eu vou matar você!

— EU NÃO LIDO BEM SOB PRESSÃO.

— EU VOU TE MATAR, TE REVIVER, E TE MATAR DE NOVO SE NÃO FIZER ALGUMA COISA!

— 5 segundos para a autodestruição.

— NICO, FAZ ALGUMA COSIA!!!!!

— Eu tô tentando!

— 4.. 3… 2…

— CONSEGUI!

Nico apertou algum botão e então todo o prédio ficou às escuras. Até mesmo as luzes de segurança se apagaram.

— O quê? - perguntei, assustado. - O que aconteceu???

Nico ficou olhando a tela escura e sinceramente não sei se o semblante dele significava que as coisas tinham dado certo ou não. Ele parecia confuso, olhou para o teclado e depois para mim. Sentiu dor no tórax e precisou se sentar. Fui até ele para tentar entender o que tinha acabado de acontecer.

— Bernardo… - ele falou, pausadamente.

— O que houve? Conseguiu salvar meu dinheiro? Fala logo, caramba!

— Eu não sei… Não tenho certeza, mas… - ele me olhou nos olhos, depois olhou para a porta do quarto, com dúvida. - Acho que o Lorde acaba de matar a Rachel.