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História O cara certo - Topa tudo por b...


Escrita por: Evil_Queen42

Notas do Autor


Voltei das férias...
Boa leitura

Capítulo 20 - Topa tudo por b...


Amanheci com uma mensagem do Sasuke no WhatsApp. Na verdade ele não enviou hoje pela manhã, mas ontem, só que eu não mexi no celular quando cheguei em casa. 

"Sei que não foi o melhor sexo da sua vida, mas eu gostei. Boa noite".

Ai, que fofo, quase me comove. 

Eu sei que ele quer um replay — tal como eu — num lugar mais apropriado e confortável. E sei também que homem consegue ser a criatura mais doce desse universo quando quer sexo.

O famoso topa tudo por boceta. 

Me arrumei com a força do ódio e fui para a faculdade. Até que apareci no campus x. arrumadinha hoje, não que eu queira impressionar alguém, mas acordei mais cedo e tive um tempinho de passar um reboco na cara e ajeitar o cabelo.

Encontrei com Naruto na entrada da Universidade, corri até ele e o puxei pelo braço para um canto reservado. O bichinho até se assustou, que dó. 

— Bom dia pra você, Sakura. Que maneira carinhosa de me abordar tamanha 7:15 da madrugada. — Ironizou. 

Ai, que drama! 

— Eu transei com o Sasuke! — Falei baixo após olhar para os lados. Não que eu deva algo pra alguém, mas ninguém tem nada a ver com o que eu faço ou deixo de fazer. 

Naruto arregalou os olhos azuis. 

— Aleluia, irmãos! 

Revirei os olhos. 

— Você é tão chato… 

— Agora você vai mudar o alvo? — Questionou curioso. 

— Não, eu quero um sexo decente! — Cruzei os braços em frente ao corpo. 

Naruto riu alto. 

— Não me diga que o Sasuke é um Neji 2.0? 

Deus me livre de um negócio desses! Deve ser até pecado comparar o Sasuke e o Neji no quesito sexo. No quesito beleza até vai — e como vai! — mas sexo não. 

— Não, mas não dá pra transar decentemente numa sacada. — Contei. 

Naruto riu mais ainda, só que logo em seguida ficou sério do nada e me encarou com um ar de preocupação. 

— Ele não transou contigo bêbada, transou? 

— Naruto… 

— Olha… — Ele me interrompeu. — Eu arrebento a cara do Sasuke se ele tiver se aproveitado de você. 

— Migo, eu tinha bebido, mas não estava bêbada. — Respondi, mas ele não pareceu muito aliviado. 

— Às vezes você não se controla muito. 

— O Sasuke me controlou. — Falei, então meu amigo me lançou um olhar curioso. — Quando eu comecei a ficar alegre, ele tirou o copo de mim. 

— É, sensato. — Naruto coçou o queixo. 

— Ele queria transar. 

— Vou fingir que não vi isso escrito na testa dele. — Suspirou. — Então, agora a intenção é fazer numa cama? 

— De preferência. — Respondi. 

— Não sei por quê, mas eu acho que você ainda vai acabar se apaixonando pelo Sasuke. — Comentou pensativo. — Sei lá, talvez vocês combinem. 

Ele tá louco? Eu, me apaixonar? Nunca nessa vida! 

— Homem só serve pra gente se divertir e largar pra lá. — Falei. — Esse negócio de apego só presta pra foder com todo mundo. 

— Você precisa é de uma terapia, garota. 

— "Ter a pia" cheia de louça pra lavar? — Retruquei séria, arqueando uma sobrancelha. 

— Ah, Sakura, você sabe que eu não faço essas piadinhas machistas e de mau gosto. — Disse sério, quase ofendido. 

Respirei fundo. 

Por que eu falei isso? Meu amigo tá longe de ser um machista babaca… Por isso ele é meu amigo há tantos anos. 

— Ok… — Ergui as mãos em rendição. — Foi mal, migo, desculpa. 

— Mas, sério… Pô, não é porque seu pai foi um escroto com a sua mãe que todos os caras no mundo vão ser assim. 

Ninguém se mostra assim logo de cara, é algo que vem com o tempo. Minha mãe não sofreu na mão do meu pai durante o namoro ou no primeiro ano de casamento, foi algo que veio aos poucos, em pequenos gestos, pequenos detalhes, e, quando minha mãe se deu conta, estava num relacionamento pra lá de abusivo de onde sofreu pra conseguir se libertar. E, claro, meu irmão e eu sofremos presenciando muita coisa. 

— Prefiro não arriscar. — Dei de ombros. 

— Aí já é com você… — Respondeu. — Bem, vou pra minha sala. Até mais. 

— Até. 

Preciso ir para a minha sala também, é já que a aula começa. 

E de quem é a primeira aula? Kakashi. 

Confesso que Física ficou até menos chata depois que Sasuke passou a me ensinar, mas não significa que tenha ficado menos difícil. E eu preciso ter uma nota alta no fim do semestre, caso contrário posso foder com a minha vida e atrasar minha formatura. Física é um pré-requisito para outras disciplinas no próximo semestre, caso eu não passe, ficarei retida em várias disciplinas obrigatórias e talvez até em algumas optativas. 

A única forma de eu conseguir ficar regular no curso e me formar no semestre previsto é passando em Física. 

S.O.S. Sasuke. Eu vou ter que pedir ajuda de novo, até porque o Kakashi passou outra lista de exercícios, dessa vez valendo ponto extra. Eu preciso de todos os pontos extras possíveis, nem que seja meio ponto. 

Gente, pra que tanta lista de exercício? 

Ainda bem que eu tenho um monitor gato à minha disposição… Foco, Sakura, foco. Primeiro você passa em Física, depois você vai ter todo tempo do mundo pra montar no Sasuke. Uma rola não vai te dar futuro, mulher! 

Prestei muita atenção em cada palavra do professor. Nem senti vontade de dormir durante a aula, anotei tudo mesmo. Afinal, o Sasuke vai ver minhas anotações pra me ajudar, e se não tiver nada no meu caderno pode dificultar o trabalho dele. 

Bem, agora vamos voltar ao ponto de partida. Sasuke não vai querer se envolver comigo enquanto estiver me ajudando com Física, o que eu acho uma bobagem, mas até compreendo. Se descobrirem, talvez pode comprometer a monitoria dele, isso não vai ser legal. 

 Após longas horas de tortura durante uma aula tenebrosa… Intervalo! Ah, Deus é pai. 

— Nossa, quanta concentração. — Ino falou rindo, levantando da carteira ao meu lado. 

— Eu preciso passar nessa droga. — Bufei, fechando o meu caderno. 

— Hum… — Ela pousou o dedo indicador no queixo. — Será que não é um certo monitor bonitão que está te deixando com vontade de estudar? 

— Não, talvez eu tenha acordado pra vida mesmo. — Entortei os lábios. — Mas o Sasuke tem certa participação. Ele me ajudou muito a compreender o assunto. 

Talvez a minha admiração por ele tenha me feito mudar um pouco. Talvez no fundo eu queira ser como ele… Sasuke é tão inteligente, não só dentro da Física, mas ele sabe muito sobre muita coisa, consegue conversar sobre assuntos aleatórios sem deixar a peteca cair. Um nerd que tem vida social, inclusive que adora uma farra, mas que não deixa de ser estudioso. Sim, eu queria ser como ele. 

— Ele parece ser um cara interessante. — Observou. 

— E é. — Afirmei convicta. — Mas meu foco agora é outro. Preciso passar em Física. 

— Então se apegue a isso. — Afirmou. — Vamos comer alguma coisa, eu tô morta de fome. 

Eu também, nossa! Aula dá uma fome, né? 

Saímos da sala juntas, mas, enquanto descíamos a escada, encontramos com Sasuke subindo. 

Olhei para a Ino rapidamente, de forma que ela entendeu que eu queria ficar sozinha com Sasuke. Ele parou de frente para mim e sorriu de canto, enquanto minha amiga continuou descendo as escadas. 

— Oi. — Ele disse com um sorriso. — Tudo bem? 

Assenti com a cabeça. 

— Vamos sair do meio do trânsito de pessoas. — Falei, subindo as escadas novamente. Sasuke me seguiu. 

— Tem alguma coisa muito importante pra me dizer? — Brincou. 

Me escorei na parede do corredor, Sasuke parou de frente para mim. 

— Sim. Você teria algo importante pra me dizer também? — Respondi no mesmo tom.

— Sim. Mas, primeiro as damas. 

Espera… Eu perguntei na brincadeira. Ele realmente tem algo importante pra me dizer? 

— Você primeiro. — Respondi.

— Certeza? Fala você. 

— "Primeiro as damas"? — Retruquei com um sorriso de lado, quase em tom de deboche. — Direitos iguais. — Pisquei um olho para ele. — Vai, fala logo. 

— Eu só ia chamar você pra sair. — Deu de ombros. — Se você quiser, qualquer dia desses, sair pra algum lugar, fazer alguma coisa… Com ou sem segundas intenções. 

Com ou sem segundas intenções? Hum… Talvez isso seja da boca pra fora. Sasuke e eu nem podemos nos considerar amigos, mal nos conhecemos, transamos numa sacada, ele realmente iria propor um encontro sem segundas intenções? Mano… Qual é a dele? 

— Dia e horário a combinar. — Sorri, o que fez um sorriso de satisfação brotar no rosto do Sasuke… Que sorriso perfeito, meu Deus! 

— Então, ok… E, o que você tem de importante pra me falar? 

Ai, porra, é verdade! 

Acho que as segundas intenções podem ficar pra depois, o assunto novo que o Kakashi passou está comendo o meu cu sem lubrificante. 

— Preciso da sua ajuda… Como monitor. 

Sasuke assentiu com a cabeça, mas por um instante pareceu que uma chama de esperança se apagou em seus olhos. É como eu pensei, ele não vai querer misturar as coisas de novo, mas eu não posso ser inconsequente a ponto de comprometer meu rendimento na faculdade por causa de uma noite de sexo. 

— Certo. — Ele falou mais sério, menos amigável, como se dissesse que não vamos nos envolver por enquanto. — Me procura na minha sala depois. Você sabe os meus horários. 

— Sasuke. — Segurei no braço dele antes mesmo que ele fizesse menção de sair. — Ah, cara, não vai ficar agindo como se nada nunca tivesse acontecido entre a gente, né? 

Sasuke soltou um riso anasalado e entortou os lábios. 

— Não dá pra eu fingir que nada aconteceu, Sakura, mas eu não quero misturar as coisas. É uma questão de ética, sabe? 

— Tem professor que se envolve com aluna, as pessoas comentam, e nada acontece… Pelo amor de Deus, somos maiores de idade. Não me trata com indiferença, vai… 

Caralho, por que eu tô me humilhando desse jeito para o Sasuke? Cadê meu autocontrole? 

— Eu não respondo pelos professores e nem pelas alunas que ficam com professores. — Respondeu. — E a conduta que nós temos aqui dentro precisa ser outra, Sakura. 

— Exatamente. — Assenti. — O que nós fazemos fora daqui não é problema de ninguém. 

— Tudo bem. 

— Eu só não quero que você me trate com indiferença, fazendo de conta que não tá rolando nada. 

— Enquanto eu estiver sendo monitor, vamos fazer de conta que não tá rolando nada. 

Acho que entendi o que ele quis dizer. Primeiro meu sangue gelou, tive a impressão de que ele quis dizer que não vai rolar nada entre a gente enquanto eu precisar dele como monitor de Física. Mas logo em seguida tive outra interpretação… Nos momentos em que ele estiver me dando aula, não será nada além do monitor de Física, e a nossa concentração será direcionada totalmente à matéria. 

Espero que eu tenha interpretado da forma certa. 

— Tudo bem. — Assenti. — Te procuro mais tarde. 

— Ok, então. 

— Mas a sua proposta ainda está de pé? 

— De sairmos? 

— Sim, de sairmos. Ou você é monitor de Física fora daqui também? 

Sasuke riu. 

— Vamos sair sim. Claro. Tudo bem de sairmos. 

— Bom saber. 

— Então, até mais… — Sasuke me deu um beijo na bochecha, então se virou e seguiu para a sua sala. 

Suspirei. 

— Até mais… — Falei baixinho, observando o rapaz se distanciar até entrar em uma das portas. 

Ai, caralho, o que tá acontecendo comigo? 

Balancei a cabeça em negativo, a fim de afastar qualquer pensamento nocivo. 

Se eu estou me apaixonando pelo Sasuke? Não, não mesmo. 

Ora… Isso é admiração. O cara é bonito, educado, gentil, não parece ser machista, inteligente pra caralho. Quem não se apaixonaria por ele? Quer dizer, quem não teria admiração por ele? 

Tô pensando besteira demais, acho que é fome. Só pode ser fome. Preciso comer. 

Comprei um pão de queijo e um suco, então fui procurar por Ino. Pensei que fosse encontrar com ela perto da cantina, mas não. 

Ai, que merda… Cadê a Ino? 

Procurei um pouco mais, encontrei com a loira sentada num banco próximo ao jardim do lado de fora do prédio. 

Gente, custava me esperar lá dentro? 

Sentei ao lado dela. 

— Terminou de resolver o que tinha pra resolver com o Sasuke? — Perguntou. 

— É, nós conversamos. 

Ino riu debochada. 

— Pelo tempo, pensei que estavam transando em algum banheiro. 

Não é o tipo de coisa que ele faria… Não no banheiro da Universidade. Enfim… 

— Não, só conversando. — Dei de ombros. 

— Alguém parece não estar feliz por isso, acho que preferia ter transado no banheiro. — Provocou. 

Ela não está totalmente errada. 

— Ino, se um dia eu me apaixonar pelo Sasuke, por favor, me espanca até eu recuperar o juízo. 

— O quê, ele é um boy tão embuste assim? 

— Não. É justamente por isso que eu considero a possibilidade de me apaixonar. — Confessei. 

Isso é humilhante, mas pela primeira vez na vida eu estou considerando que posso sim me apaixonar por um boy que estou pegando. 

— Se ele não é um boy lixo, por que está preocupada em se apaixonar? Pior seria se apaixonar por embuste, amiga, acorda! 

— O problema é que ele pode ser só bom ator. 

— Ator? 

— Homem faz de tudo pra comer alguém, vira um príncipe encantado. Quando consegue o que quer, aí a máscara cai. 

E o Sasuke ainda quer transar comigo. E eu também quero transar com ele, estamos no mesmo barco. Mas, enquanto ele ainda quiser, é certo que vai tentar de todas as formas. 

Devemos considerar também que às vezes homem conquista por esporte. 

— Homem é idiota, amiga…  Não iria sustentar um personagem assim, tão perfeito, por muito tempo. 

— Eu vejo sinceridade no Sasuke, mas, sei lá, fico insegura. — Suspirei. 

— Ora, cadê a Sakura super segura de si, que pega quem quer e depois parte pra outro? 

— Ela tá se rendendo. — Dramatizei. — Nunca foi com outro como tá sendo com o Sasuke. Eu temo que a admiração que tenho por ele vire outra coisa, sacou? 

— Então foge. Se afasta dele. 

Nem se eu quisesse. Ele é monitor de Física. 

— Ino, você acha que eu tenho quantos anos? — Resmunguei. — Não vou fazer isso, ora! Não quero me afastar do Sasuke. Só quero uma amizade sem riscos de me apaixonar. 

— Uma amizade com sexo. — Afirmou, rindo da situação. 

— Amizade colorida. 

— Acho que esse negócio de amizade colorida não existe. Ou acaba com cada um indo pra um lado, ou evolui pra um namoro. Não tem como dar certo esse negócio de amizade colorida. 

— Ora, por quê? 

Nunca tive uma amizade colorida, mas me parece ser interessante. Você tem alguém pra transar sem compromisso e pra ser seu amigo, só vantagens. 

— Você transaria com o Naruto? — Ela questionou. 

— Óbvio que não! 

— Por que não? Ele é tão lindo quanto o Sasuke, tem um corpão, é gente boa. Por que não transaria com ele? 

Abaixei o olhar. 

— Porque ele é meu amigo. — Respondi entre dentes. 

— Hã? Fala mais alto, eu não ouvi. — Debochada do caralho! 

— Ele é meu amigo! — Dessa vez eu praticamente berrei no ouvido dela. 

Ino começou a rir. 

— Exatamente! Você com certeza acha o Naruto bonito, mas não tem tesão por ele por causa da amizade. 

— Minha amizade com o Naruto é diferente… Tipo, é um negócio quase fraterno, amiga. 

— Da sua vida quem sabe é você. — Deu de ombros. — Vive o momento, então. Não sabemos o futuro, então só aproveita. 

— É isso que eu vou fazer. E se o Sasuke for um embuste, ele não querer mais nada comigo vai ser livramento. 

— Sim, então só curte. 

Vou curtir mesmo… Mas antes preciso passar em Física. Ah, a desgraça da minha vida. 

[...]

Cá estou mais um dia para essa humilhação. Ao invés de estar no conforto e segurança do meu lar, vendo algum filme, dormindo ou passeando com o Marlon, tenho que estar na Universidade por causa da maldita Física. 

Ok, é com o Sasuke, mas ele não dá brecha. 

Dei duas batidas na porta da sala dele antes de entrar. Ver o Sasuke concentrado em alguma coisa no notebook, com esse óculos de grau no rosto faz a temperatura aumentar consideravelmente. 

Senhor, que obra de arte em forma de homem é essa? 

— Cheguei. — Falei com um sorriso e fechei a porta, então Sasuke me encarou simpático. 

Sentei ao lado dele, Sasuke está com as questões da lista de exercícios numa folha e com os slides da aula de hoje cedo no notebook. 

— Eu estava começando a resolver algumas questões pra te ajudar. — Disse. — Peguei essa lista hoje, o Kakashi acabou de me entregar. 

O Kakashi é um filho da puta. 

— Essa lista tá me ferrando! — Resmunguei. — Ainda não tentei resolver, mas juro que li as questões. 

— Acredito em você. — Não gostei desse tom irônico. — Bem… Por onde você quer começar? 

Sasuke começou fazendo uma revisão da matéria, ainda foi bem camarada e adiantou um pouco do assunto que o Kakashi vai passar na próxima aula, dando exemplos de ambos os assuntos, mostrando a relação entre eles e pra que eu vou precisar dessa bosta nos próximos semestres. 

A didática do Sasuke é bem diferente da do Kakashi, ele consegue passar seu conhecimento de uma forma mais simples e tranquila, indo direto ao ponto, sem rodeios e sem tentar fazer a matéria parecer mais difícil do que ela é — coisa que muitos professores simplesmente sentem prazer em fazer. 

Sasuke teria muito futuro seguindo a carreira de docência. Sério mesmo, ele tem jeito pra ensinar. E paciência. 

Eu consegui resolver algumas questões da lista, e todas sem a ajuda do Sasuke. Ele não precisou nem me ajudar a interpretar o comando das questões, bastou revisar a matéria de hoje comigo. 

— Se eu conseguir passar nessa matéria, vai ser graças a você. — Comentei após resolver a quinta questão. 

Sasuke riu. 

— Eu não tô pegando na sua mão pra você resolver isso, eu apenas te ajudei. 

— Uma grande ajuda. — Frisei. — Sério. Obrigada. 

— Eu sou monitor, não é mais do que a minha obrigação. 

Pensando por um lado, sim, não é mais do que obrigação. Inclusive ele recebe dinheiro por isso, então me fazer compreender a matéria é o mínimo. Mas eu vejo que ele não parece fazer por obrigação apenas, Sasuke parece gostar de ensinar e quer me ver aprender, ele se dedica nas explicações e repete quantas vezes for preciso até eu dizer que não tenho mais dúvidas. 

— Juro que eu queria ser inteligente como você. — Suspirei, olhando para a lista de exercícios que eu vou ter que entregar daqui a alguns dias. Dá até tristeza. 

— Eu sou esforçado. 

— Você é muito inteligente. Do tipo que parece ser bom em absolutamente tudo. 

Sasuke riu. 

— Acredite, não sou. 

— Você parece ser o melhor da sua turma. 

— Acredite, já fui o pior. 

— Sério? — Uni as sobrancelhas. 

— Na época do colégio, ensino fundamental. Eu quase repeti a sétima série. — Disse divertido. — Foi quando eu aprendi que eu não precisava ser a pessoa mais brilhante do mundo se me esforçasse. E, claro, que notas boas não iriam cair do céu. — Deu de ombros. 

Se isso não foi um belo de um tapa na minha cara, então eu não sei o que foi. 

— Vou levar de lição. — Fitei o último cálculo que fiz em meu caderno. Tô esgotada. — Desculpa, mas eu não aguento mais. 

Comecei a guardar as coisas, fechei meu caderno e coloquei na mochila junto com o meu estojo e a maldita lista. 

Sasuke esboçou um sorrisinho de canto. 

— É… — Ele olhou no relógio de pulso. — Meu horário acabou mesmo. 

— Ótimo, os dois liberados e indo pra casa. — Falei aliviada. 

— Quer carona? 

Ué, mas ele não vem de moto? 

— Tem outro capacete? 

— Relaxa, eu tô no carro hoje. — Ele se levantou da cadeira e me mostrou a chave do carro. — Meu irmão precisou vir pra cá nesse horário também, e a Sarada precisava de uma carona até o salão pra fazer as unhas, então não dava pra vir de moto. 

— Então vou aceitar a carona. 

Sasuke não guardou o óculos de grau, talvez precise dele enquanto dirige. Ele fica um tesão usando óculos, não vou mentir. 

Fomos para o estacionamento e entramos no carro, Sasuke no banco do motorista e eu no banco do carona. Pensei que Itachi viesse conosco, eu até fiquei meio sem jeito de entrar no banco do carona ao lado de Sasuke, mas ele não falou nada, e simplesmente deu partida no carro. 

— E o seu irmão? — Perguntei mesmo não sendo da minha conta. 

— Daqui ele ia pra outro lugar… Inclusive já foi, com uns amigos, aí deixou a chave do carro comigo pra eu voltar pra casa. — Sasuke olhou o celular quando paramos no sinal vermelho, eu consegui ver de relance que ele abriu o WhatsApp, então me entregou seu celular com uma conversa aberta no instante que o sinal ficou verde de novo. — Digita aí "me espera aí na frente", por favor. 

O contato, "Sarada", pedindo para Sasuke buscá-la. Pela quantidade de mensagem que a menina enviou, ela já está esperando pelo irmão há algum tempo. 

Digitei a mensagem que Sasuke me pediu, enviei e bloqueei a tela do celular dele. 

— Prontinho. — Falei. 

— Obrigado. 

— Vamos buscar sua irmã? — Perguntei como quem não quer nada, só pra ter assunto e não ficar aquele silêncio medonho dentro do carro. 

— É. Mas não vai demorar muito, prometo. 

— De boas, não tenho nada pra fazer em casa mesmo. — Dei de ombros. — Vamos pra sua casa? 

Sasuke me encarou um pouco surpreso por um segundo, mas logo voltou a prestar atenção no trânsito. 

— Meus pais estão em casa, minha irmã também vai estar. 

— E alguém falou em sexo? — Perguntei com um sorriso. — Você tem alguma coisa importante pra fazer? 

— Eu? Não. 

— Então, vamos ficar fazendo nada… 

— É, vai ser bom ter uma companhia pra fazer nada. — Riu. — Tudo bem, então. 

— Prende bem aquela cobra. 

Sasuke começou a rir do nada. Pareceu tentar se segurar, mas não conseguiu. 

— A Janis meio que está sumida. 

Ah, meu pau! 

— O quê? — Arregalei os olhos. — Tá de sacanagem, Sasuke?! 

— Ela fugiu do terrário. 

Ele fala numa tranquilidade… 

— Fugiu, assim, pra nunca mais voltar? 

— Tá em algum lugar lá em casa, uma hora ela aparece. 

Esse "algum lugar lá em casa" com certeza é o quarto dele, onde aquela criatura fica.

Talvez eu queira ir pra minha casa agora. 

— É seguro? 

Sasuke não conteve uma risada. 

— Totalmente. Ela não vai sair caçando ninguém, vai ficar quietinha num canto. 

— Por que você largou o viveiro aberto? — Reclamei. 

— Ela fez a ecdise, então eu abri o viveiro pra tirar a pele, mas não fechei direito. 

— Isso é com muita frequência? 

— O quê, a troca de pele? 

— Não, você largar o viveiro aberto. 

— Eu costumo ser atencioso. Mas não larguei aberto, eu só não fechei direito. 

Pra mim, dá no mesmo. 

— Você não tem medo de estar dormindo e ela enrolar no seu pescoço? Deve ser um jeito horrível de morrer, enforcado por uma cobra. 

— Ela definitivamente não faria isso. 

— Não sei… Vai que ela fique muito tempo perdida pela casa e se esqueça que você é o dono dela. 

— Você tenta demonizar ela de todas as formas. — Sasuke riu. — Relaxa… — Falou tranquilamente. — Uma serpente não é um pet tradicional, então eu entendo que você fique desconfortável, mas, acredite, a Janis é inofensiva. 

Pode ser inofensiva, mas é uma cobra. É estranho pensar nela como um bichinho de estimação, sempre vemos cobras como animais asquerosos e perigosos. 

— Será que ela vai demorar muito pra aparecer? 

— Acho que não… Tá chegando o dia de alimentar ela. 

Ah, ótimo, ainda por cima a cobra tá perdida e com fome. 

Sasuke parou em frente a um salão de beleza. Por causa dos vidros escuros, Sarada abriu a porta do lado do carona e se espantou ao me ver. 

— Desculpa… — A garota falou sem graça. 

— Vai atrás, Sarada. — Sasuke falou segundos antes de a menina fechar a porta e sentar no banco de trás. 

— Vocês estão juntos, é? — Sarada perguntou sem um pingo de discrição. 

Sasuke a olhou pelo retrovisor. 

— Não. — O rapaz respondeu. — Somos amigos. 

— Hum… Amigos. — Sarada falou desconfiada e riu, mas não insinuou mais nada. 

Então tá, né… Vamos para a casa do Sasuke, comigo rezando para que a Janis não me encontre. 


Notas Finais


Comentários?

Será que Janis acha a Sakura ou a Sakura acha a Janis? Hahahah


Bjs


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