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História O Conjurador de Marés - Mudança de corrente


Escrita por: Shoreline

Notas do Autor


uma semaninha de atraso, mas juro de coração que foi por um bom motivo, também conhecido por "não queria postar o capítulo do festival antes de terminar de escrever o penúltimo capítulo". isso é um sinal pra vocês ficarem com atenção nos próximos capítulos? sim, é! dçlaksd é pra ficar atento sempre, mas aqui as pontas começam a se juntar, então cof atenta nas reações de vocês

esse capítulo é o meu favorito! aqui começa o festival e esse capítulo acabou sendo dividido em dois porque ficou muito grande, então espero que vocês curtam bem os acontecimentos desse capítulo e esperem ansiosamente pelo próximo que, eu prometo, não vou mais demorar! <3

como sempre, obrigada por todos os comentários, todo o carinho e todos os favoritos, é incrível pra mim ver um projeto meu indo longe e eu espero ver vocês curtindo por aqui sempre! boa leitura, chuchus! <3

Capítulo 12 - Mudança de corrente


Acho que todo mundo da cidade estava mais animado do que nunca para o festival, não só pelas várias atrações novas e uma grande lista de convidados especiais e barraquinhas de comida, mas também porque aquele ano passava uma sensação de que tudo seria diferente. Todos os anos nós comemorávamos o festival da maré, era um momento especial para todos nós da cidade onde encontrávamos toda a família, cantávamos as músicas que sabíamos de cor, dançávamos até a noite cair e depois fazíamos nossa oferenda ao oceano; eu sei que pode parecer algo meio doido, mas espero que acredite em mim quando eu digo que a semana do festival era mais marcante para o pessoal da minha cidade do que o natal.

O natal é ótimo, claro que é, eu mesmo adoro quando posso presentear meus amigos e passar a data comendo o banquete maravilhoso que minha avó faz, mas nada se comparava ao festival porque não era um dia de união apenas de sangue, mas de todos que nos traziam boa energia e também de aqueles que todos achavam ser só uma lenda. O festival da maré era comemorado por nós como se todos fossemos uma grande família, onde todos estão dispostos a compartilhar boas energias não só em terra, mas também no mar onde estavam seres que alguns temiam e outros amavam.

Lembram que comentei que esse ano seria diferente? Pois é, desde janeiro todos da cidade comentavam que o oceano estava diferente, que eles tinham notado mudanças nas marés que já conheciam, nos habitats nos quais mergulhavam com turistas e até mesmo na espuma marinha que às vezes enfeitava nossas praia. Quando o mês de junho chegou, toda essa estranheza só pareceu aumentar, e eu meio que era a prova viva disso né? Eu tinha mudado muito desde que o mês tinha começado, e não foi diferente com o festival que agora parecia maior e mais intenso, como se todos precisássemos de mais força, mais energia e um período maior onde poderíamos esquecer de qualquer problema.

Digamos que eu estava disposto a fazer como todos da cidade, até porque, dentre toda a confusão e revelações, acho que eu e Taehyung merecíamos um momento para esquecer as coisas ruins e focar apenas nas boas... Focar apenas em nós dois. Claro que íamos ver nossos amigos e fazer várias coisas legais durante o festival, principalmente dançar porque era algo que o tritão tinha me pedido depois que dancei para ele perto da piscina de pedras, mas toda aquela data estava rodeada de uma ansiedade que me fazia dormir pouco durante a noite e sonhar com um cenário mais quente quando acabava caindo no sono, o que confesso que me fazia acordar com um certo incômodo que nem preciso dizer onde fica né?

No dia de organização do festival, depois que fomos para a casa de Jungkook e fizemos uma boa de uma bagunça na piscina do condomínio do mais novo, eu e o tritão voltamos para a minha casa completamente cansados. Eu nunca fui muito fã de nadar, sempre que eu tentava era como se as minhas pernas se enroscassem e a água fosse me engolir de uma só vez, então eu sempre fui do tipo que preferia ficar nas partes mais rasas, porém naquele dia Tae tinha me feito tentar com um pouco mais de afinco. Claro que as minhas tentativas quase todas deram errado e eu engoli bastante água com cloro, mas foi até que divertido tentar enquanto eu ria com os meus amigos, e no final todos acabamos fazendo um combinado de ficar juntos numa parte mais funda apenas se Taehyung me segurasse, o que foi maravilhoso porque acabamos não pesando muito na água, então me aproveitei muito bem daquele colo onde eu podia ficar com a cabeça encostada no ombro do tritão enquanto ouvia sua voz grossa bem de pertinho.

Nós estávamos num bom clima, sabe? E com um bom clima eu quero dizer que, mais do que nunca, não desgrudávamos um do outro, e parecia piorar quanto mais nos aproximávamos da meia-noite, o que eu só notei porque o rapaz de cabelos azuis tinha começado a deixar o seu lado mais fofo e inocente de lado para dar lugar para aquela sua parte que causava certas reações no meu corpo. Nós não fizemos nada naquela noite, mesmo depois dos banhos quentes e dos beijos demorados e bem mais interessantes do que os outros, estávamos tão exaustos que não conseguimos ir muito além de alguns beijinhos no pescoço e mãos sob as camisetas largas dos pijamas.

Pela manhã, eu sabia que não podíamos ficar muito na cama, não porque tínhamos alguma coisa para fazer ou lugares para estar, e sim porque, se ficássemos ali até tarde, acabaríamos não encontrando forças para sair da cama que era tão confortável enquanto estávamos juntos. Meu pai já tinha batido duas vezes na porta, a primeira logo cedinho quando ele acordava, e a segunda para avisar que ele estava saindo pois tomaria conta da barraca de comida que meus avós tinham no festival da maré, e por mais que ele tenha dito atrás da porta que eu deveria levantar logo, me permiti mais dez minutinhos de sono enquanto ainda tinha o tritão me abraçando naquela conchinha tão confortável onde eu mais parecia um travesseiro para ele do que qualquer coisa.

Quando o meu celular despertou ao dar onze horas da manhã, o que veio acompanhado de mensagens de Hoseok que dizia que viria para a minha casa antes de irmos todos para o festival, decidi que aquele era o momento de levantar, e eu bem que teria ido tomar um banho e me arrumar antes de ter que acordar Taehyung, mas isso era um pouco complicado quando ele parecia tão bem aconchegado em mim.

— Tae...? — chamei enquanto me mexia entre seus braços, o que causou sua resposta imediata em um murmúrio que me fez o olhar assustado. — Desde quando você tá acordado?

— Desde que o despertador tocou. — ele falou com a voz de sono que eu já gostava tanto, que era basicamente a sua voz bem mais grossa e com certa manha, o que acabou me atraindo o suficiente pra deitar de frente para ele e apoiar a cabeça em seu peito.

— E por que não me acordou?

— Quis ficar mais um pouquinho aqui.

— Aposto que só quis ficar me agarrando por mais tempo.

— Sabe que não sou do tipo que mente, então... — voltei sua atenção para o seu rosto assim que o ouvi, notando que a forma com que ele me olhava era atrevida demais para quem costumava parecer uma criança preguiçosa pelas manhãs.

Acabou que sair da cama ficou para segundo plano, porque não demorou muito para que Tae começasse a distribuir beijos por meu rosto até chegar em meus lábios que selei aos seus com muitíssimo prazer. Eu não sabia bem qual era o motivo para que o tritão estivesse tão sensível e cheio de fogo naquele dia, algo me dizia que o festival poderia ser um motivo para isso, e mesmo que isso acabasse nos deixando em situações que eu não imaginava que aconteceria tão cedo, eu não conseguia deixar de corresponder e fazer a temperatura de nossos corpos subir.

Seus braços que antes me abraçavam por sobre a camiseta começaram a descer por minhas costas para alcançar a barra da peça, e eu não demorei a sentir as mãos quentes em minha pele me empurrando para mais e mais perto dele enquanto deixávamos alguns sons molhados escaparem do beijo tão afoito para uma manhã. Entrelacei minhas pernas nas suas, deixando minha perna direita entre as suas antes de subir um tanto com o joelho para tocá-lo onde eu já podia sentir um volume que muito me agradava.

— Tae... — chamei em um sussurro quando separamos um pouco daquele beijo, ambos ofegantes. — Temos que levantar, você sabe.

— Uhum... — ele deixou mais um selinho em meus lábios, e em seguida mais um e outro antes de trazer sua destra para a frente de meu corpo. Minha camiseta, por conta da movimentação de suas mãos espertinhas, estava levantada a ponto de mostrar meus mamilos, os quais ele não perdeu a oportunidade de tocar e me arrancar alguns suspiros. — Só mais um pouquinho, Chim...

Sinceramente, eu não sei como eu ainda tinha qualquer tipo de resistência a Taehyung, porque eu sabia que qualquer pessoa em meu lugar provavelmente já teria tirado todas as roupas e aproveitado daquele momento, mas a única coisa na qual eu conseguia pensar enquanto sentia o volume maior próximo ao meu joelho e gemia mais alto, era que eu não queria que tivéssemos um momento como aquele quando o tritão, por algum motivo, estava com os hormônios tão à flor da pele de um jeito que não parecia tanto com o seu normal. Claro que logo o mês acabaria e não poderíamos evitar algumas coisas, mas eu queria que algo como aquilo fosse especial para nós, e não apenas algo do calor do momento, e por isso mesmo separei o beijo que eu sabia que logo desceria para o pescoço e sabe-se lá onde pararia.

Acabei rindo quando notei a expressão emburrada de Tae que não parecia muito satisfeito por, mais uma vez, não termos ido além dos beijos e toques. Não que isso fosse um problema para nós dois, ele me entendia quando eu o afastava daquela forma e não demorou muito com aquela expressão que logo foi substituída por um sorrisinho quando afastei suas mãos do meu peito.

— Você tem uma coisa com os meus mamilos né? — acabei rindo quando notei o olhar dele nos dito cujos assim que ajeitei minha camiseta enquanto me sentava na cama. — O que foi?

— Eu gosto deles, são bonitos.

— São normais, Taehyung.

— Não, são lindos e eu adoro como você fica quando eu os toco.

Virei o rosto depois daquilo porque eu, definitivamente, não aguento ficar vendo aquele sorrisinho atrevido quando ele descobria que tinha me feito ficar com vergonha mais uma vez. Peguei o meu travesseiro e joguei em seu rosto como forma de dar o troco e também para que ele não me olhasse até que eu tivesse me recuperado ao menos um pouco, e logo me apressei em ir até meu armário para separar a roupa que eu usaria para ir ao festival. Não era como se eu não soubesse o que ia usar, até porque todo ano eu me dava o luxo de comprar um conjunto novo só para participar daquela festa, e eu tinha certeza que minhas roupas daquele ano eram incríveis.

Eu anunciei rapidamente que iria ao banheiro para me arrumar e que ele poderia usar o banheiro de baixo se quisesse se arrumar ao mesmo tempo. Vi que ele hesitou por um momento enquanto colocava os travesseiros de lado e se sentava, mas bastou que eu dissesse que meu pai já tinha saído para que ele instantaneamente ficasse mais confiante e fosse logo até a cômoda onde tínhamos guardado as roupas que Jungkook tinha emprestado.

Meu banho foi rápido mesmo que eu tivesse hidratado meu cabelo e feito algumas coisas que não fazia com tanta frequência, e também não demorei muito para secar meus cabelos com secador e me vestir com as roupas novas que tinham cheirinho de amaciante por eu nunca usar roupas logo depois de comprar. Modéstia parte, eu sempre fui um cara muito cheiroso, e não foi diferente naquele dia porque digamos que eu queria causar uma boa impressão em determinada pessoa. Não exagerei na colônia ou na forma de arrumar meu cabelo, queria estar o mais natural possível, mas não pude evitar de pegar minha bolsa de maquiagem no armário sob a pia do banheiro.

Assim que abri a porta, notei que o tritão já estava sentado em minha cama já arrumada do jeito que ele mais parecia gostar, e só pude sorrir quando notei a forma que ele mexia no iPad cuja senha agora ele sabia. Eu entendia que ele conhecia as tecnologias dos humanos, mas ele continuava a tocar qualquer eletrônico como se fosse a pedra mais preciosa de todas, e era exatamente o que ele fazia com o aparelho que tinha em mãos enquanto jogava um jogo de ritmo que tinha o apresentado.

— Conseguiu algum full combo? — fui até a cama para me sentar ao seu lado, não demorando em tirar algumas das coisas de dentro da bolsa de maquiagem enquanto ajeitava o espelhinho com apoio na minha frente.

— Ainda não, é difícil tocar tudo quando vem tanta nota ao mesmo tempo.

— Mas seus dedos são longos, é fácil de alcançar.

— Eu prefiro alcançar outras coisas com meus dedos longos, e não notas musicais em um jogo.

Tentei de alguma forma esconder minha surpresa quando o olhei de novo, e só não joguei um dos meus pincéis de maquiagem nele porque eles eram caros demais para o bolso de um estudante que só tem a bolsa da faculdade para sustentar os próprios mimos.

— Você tá atrevido demais hoje, não acha? — acabei perguntando enquanto passava o primer em minha pele, o que acabou chamando a atenção do de cabelos azuis, que deixou o iPad de lado para olhar o que eu fazia. — Quer passar também?

— O que é isso?

— Isso é um primer, mas pretendo passar o restante da maquiagem.

— Posso tentar?

Como resposta peguei mais uma vez o tubo pequeno de primer, espremendo o suficiente na palma da mão do mais alto enquanto dizia o que ele tinha que fazer. Apesar de estranhar um pouco a textura, ele seguiu as instruções que dei e logo tinha a pele preparada para um pouco de maquiagem, o que pareceu o animar bastante já que ele perguntava animado sobre a base que tinha fator de proteção solar, as sombras e até mesmo alguns batons que eu tinha.

Fiz toda a minha maquiagem sempre o ajudando e ensinando tudo o que eu sabia, e minha sorte era de ter várias bases de cores diferentes por conta de contorno, até porque a pele do tritão era bem diferente da minha e não queria que ele parecesse aquelas bonecas bem baratinhas com corpo de cor diferente da cabeça. Ele se esforçou muito em cada detalhe, mesmo quando quase machucou o olho ao aplicar a sombra, e fiquei impressionado quando notei o quão bom ele acabava sendo sempre que aprendia algo novo, o que acabou me lembrando um pouco de Jungkook que era tão bom em tudo que dava até raiva.

Quando chegou o momento de passar o lip balm e em seguida um batom um tanto mais clarinho, ele me pediu ajuda para que eu fizesse por ele, o que me fez suspeitar um pouco, mas acabei aceitando ajudar porque sempre fui muito fã de maquiar os outros. Comecei a aplicar o batom em seus lábios com meu dedo médio quando ele enfim pareceu ter coragem de dizer o que parecia segurar há um tempo, o que achei um momento ruim por eu estar com os dedos em seus lábios, mas não reclamei.

— Me desculpa se pareço muito atrevido, Chim... — notei que ele mordia o interior de sua bochecha. — Digamos que o dia do festival sempre seja um momento mais... Sensível, para sereias e tritões.

— É, eu imaginei. — respondi com um sorrisinho leve em lábios, um tanto feliz por descobrir que uma parte minha estava certa. — Eu não me incomodo com esse seu jeitinho, na verdade... Confesso que eu até que gosto.

— Gosta, hum? — como eu estava ajoelhado em sua frente para que eu pudesse aplicar o batom sem me sentir desconfortável pela posição, ele acabou aproveitando para segurar minha cintura. — Então por que fica tão envergonhado sempre que eu falo ou faço alguma coisa mais atrevida?

Desaproximei meu dedo de seus lábios para que pudesse focar em seus olhos que agora pareciam bem mais felinos ao meu olhar por conta da maquiagem que chamava mais atenção para seus traços tão bonitos. Quando abri a boca para que tentasse de alguma forma o responder sem gaguejar ou balbuciar baboseiras, ouvi a campainha tocar. Hoseok tinha chegado.

— Quem sabe eu não te conto depois, não é? — então desaproximei suas mãos da minha cintura para que pudesse levantar da cama e atender a porta, o que o deixou estático por um momento antes de acatar ao meu pedido de colocar as maquiagens dentro da bolsa para conseguirmos ajeitar tudo para sair mais rapidamente.

Como Yoongi e Jungkook iriam ajudar um pouco no festival durante o período da manhã e fim da tarde, nós tínhamos combinado de nos encontrar no local em que nos encontrávamos todos os anos, porém Hobi sempre gostava de companhia e dessa vez não foi diferente. Quando abri a porta, ele estava com um dos seus looks bem excêntricos, quase um daqueles digitais influencers de Instagram, e se não fosse por eu já saber do seu planinho, eu totalmente diria que aquele estilo todo era para chamar a atenção de alguém em particular.

Ele entrou em casa como se ela fosse sua, o que simbolicamente até poderia ser já que ele passava muito tempo ali, e assim que me olhou dos pés à cabeça acabou soltando um assovio.

— Uau, esse ano você se superou, Jiminnie. Dá uma voltinha. — e mesmo rindo de vergonha, eu estava com muitíssimo orgulho da minha escolha de roupas, o que era o suficiente para eu dar uma voltinha e fazer algumas poses que causaram os sorrisos grandes em formato de coraçãozinho do meu melhor amigo. — Aposto que temos as mesmas intenções para hoje.

— Eu não tenho intenção nenhuma, eu hein. — o empurrei de levinho pelo ombro. — Você nem me contou o que pretende fazer hoje.

— Só quero conversar, quem sabe pagar alguma comida pra ele ou enfim... Pelo menos ele já me seguiu de volta no Instagram.

— É um progresso!

Aproveitei que estávamos no hall de casa para que eu pudesse ir até o local onde pendurávamos casacos e deixávamos nossos sapatos, afinal, eu ainda precisava colocar meus coturnos e pegar minha carteira que tinha deixado ali na noite passada. Quando comecei a ajeitar meus cadarços já sentado no chão porque eu estava com preguiça demais de ficar curvado para colocar os sapatos, notei que o tritão já tinha descido e agora conversava com Hoseok todo animado. Os dois tinham se dado muitíssimo bem também, na verdade acho que seria difícil que qualquer pessoa não simpatizasse com Taehyung, mas eles pareciam ter algo diferente do que tinha acontecido com Jungkook dias antes.

Diferente do maknae onde a amizade era bem mais cheia de curiosidade, piadinhas e possibilidades de descobrir o melhor do mundo juntos, com o Jung tudo parecia ter um carinho diferente, como se eles já desejassem automaticamente cuidar um do outro, e os olhares cheios de afeição acabavam me tirando sorrisos sem que eu percebesse.

Assim que me notou olhando, o tritão logo se apressou em também pegar seus sapatos para calçar, e não demoramos muito até estar fora de casa como se estivéssemos indo em direção a um desfile de moda já que, com certeza, éramos as pessoas mais bonitas de toda a cidade.

Toda essa coisa de se vestir bem para o dia do festival era algo bem comum, então quando chegamos perto da praça onde tudo aconteceria já conseguíamos ver muita gente estilosa, algumas até com roupas e maquiagens mais conceituais que chamaram muito a atenção de Tae que olhava para tudo maravilhado. A praça era grande, havia sido feita bem perto da praia quando eu ainda era criança justamente para ser o local perfeito para o festival, e mesmo que tivesse espaço para todo mundo, estava bem mais lotada do que nos anos interiores.

Nós tínhamos ajudado ao máximo com a decoração e organização no dia anterior, antes de irmos para a casa de Jungkook acabamos tomando conta de mais algumas tarefas, mas mesmo assim o local parecia ser outro e eu não sei dizer se eram pelos enfeites a mais ou pela multidão animada que tornava tudo tão mais bonito. O aperto de Tae na minha mão me fez perceber o quanto ele parecia quase saltitante por estar ali, e não enrolamos mais para começar a serpentear entre as pessoas para que pudéssemos chegar no local marcado com Yoongi e Jungkook que, logo percebemos quando chegamos, já comiam um espetinho.

— Finalmente! — o maknae exclamou enquanto levantava os braços, logo correndo para que pudesse envolver Tae em um abraço que rapidamente foi correspondido. — Como é o seu primeiro festival, você terá a honra de explorar tudo aqui com o perfeito guia, no caso estou falando de mim.

— Ei! Não sei se você esqueceu, mas eu sou a alma gêmea dele.

— Oxi, e daí? E eu sou amigo dele! — ele me deu uma cotovelada leve. — Relaxa, você vai ter ele a noite todinha pra você depois.

Antes que o tritão virasse e notasse a forma com que minhas bochechas ficaram rubras, olhei para Yoongi e ri.

— É, mas pelo jeito você não tem mais espetinho. — o maknae se virou para o namorado, abrindo a boca em surpresa quando notou a forma que o mais velho tinha enfiado toda a carne do espetinho na boca para que ninguém mais comesse.

— Amor! Eu disse pra você não fazer isso!

E foi dessa forma que todos nós resolvemos aproveitar o horário do almoço para comprar quase que um banquete completo porque eram opções demais e muito estômagos necessitados do máximo possível de comida para passar o restante da tarde aproveitando a programação que o evento tinha a oferecer. Assim que pegamos todos os pratos, garrafas e potinhos com comida, encontramos um cantinho com mesa para sentarmos e nos servimos, e eu podia notar que todos nós suspirávamos a cada garfada que dávamos porque todas as barracas de comida tinham se superado aquele ano, inclusive devo mencionar que, de todos nós, o tritão era o mais apaixonado e impressionado pelos sabores, porque nunca o vi ter tantas reações quando comia algo.

Como um estudante que tem pouquíssimo dinheiro por mês por conta da bolsa pequena da faculdade, eu sempre fui do tipo que guarda dinheiro pra usar apenas em situações completamente urgentes ou necessárias, mas desde que Tae tinha chegado bastava que ele me dissesse o que queria experimentar para que eu tirasse a carteira do bolso no mesmo momento, e talvez tenha sido assim que nós dois terminamos comendo uns três potes de morango com coberturas diferentes juntos.

Nós todos comemos e conversamos durante todo o horário do almoço, aproveitando a banda local que tocava músicas pop americanas e algumas músicas antigas, e quando o sol já estava mais aceitável a ponto de não queimar tanto quanto ao meio dia, resolvemos sair da sombra da árvore onde nossa mesa estava para dar lugar para outras famílias e enfim fazer o que mais gostávamos no festival, que era jogar nas barraquinhas.

Eu sabia que os pais às vezes nos olhavam feio, que algumas crianças ficavam emburradas por conseguirmos pontuações muito altas na maior parte do tempo, mas era inevitável toda a nossa animação com as barracas de jogos que iam desde o mais simples jogo de colocar anéis na garrafa até algumas coisas bem tecnológicas. Nos anos anteriores, quando ganhávamos ursos de pelúcia enormes e brinquedinhos baratos, costumávamos doar para o orfanato onde Hoseok trabalhava meio período, e aquele ano não tinha sido diferente não só por Tae ter ficado animado com a ideia, mas também porque seria mais fácil ganhar com mais uma pessoa para jogar, não é?

Apesar do esforço para sempre ganhar, percebi durante os jogos que, mesmo com toda a animação, o tritão não parecia ter a mesma sensação de nostalgia que eu e meus amigos tínhamos com aquelas barracas, o que era muitíssimo compreensível já que não era como se ele tivesse tido aquele tipo de evento antes. Então, como forma de tentar o animar e encerrar aquela parte do dia com algo diferente, resolvi apresentar a ele o meu jogo favorito: tiro ao alvo.

Era um jogo simples que dependia de uma boa mira e noção de regular a força ao atirar. Como tudo no festival, ele era bem temático e enfeitado, e já que um dos assuntos de toda a festa era justamente a preservação e ajuda aos oceanos, o jogo fazia bom uso disso ao ter como tema tirar todo o lixo das ondinhas que tinham sido feitas para enfeitar as prateleiras onde estavam várias figuras de garrafas pets, canudos, redes de pesca e sacolas de plástico. Claro que não era tão simples, as figuras diversas eram presas a um mecanismo de ferro que só cairia para trás se fosse usada a força certa, mas também não era difícil e eu achei que seria do interesse do tritão não só pela diversão, mas também pelos prêmios que ofereciam ali.

Eu tinha notado como Taehyung gostara do bloco de cultura e arte da minha faculdade quando tínhamos ido até lá, e me animava demais a possibilidade de que ele gostasse de criar e reinventar seu lado artístico, e por isso mesmo apontei para um kit de pintura que estava na prateleira mais alta do local de prêmios da barraquinha. Diferente das outras brincadeiras, aquela ali era promovida pela secretaria de cultura da cidade e, consequentemente, tínhamos prêmios bem artísticos ali como flautas doce, materiais de desenho, sapatilhas de ballet e até mesmo um vale-desconto de setenta por cento nas aulas de canto da escola de artes mais famosa da cidade. Ver tudo aquilo junto em um só lugar fez os olhos do tritão brilharem.

— O que eu tenho que fazer? — ele perguntou animado enquanto juntava as fichas para as brincadeiras, que compramos horas antes, em suas mãos.

— Você pega um daqueles saquinhos cheio de areia e joga ali. — apontei para os desenhos de lixo entre as ondas. — Cada acerto vale dez pontos, mas a cada vez que você derruba um, os outros ficam mais difíceis de derrubar, então você tem que medir a força direito.

— Quantos pontos o kit de pintura vale? — ele perguntou assim que chegamos perto do balcãozinho da barraca, sorrindo todo animado para a funcionária do lugar enquanto entregava as fichas que ele tinha contado direitinho.

— Cinquenta pontos. — a moça respondeu por mim enquanto pegava o baldinho daqueles de fazer castelinho de areia que estava cheio dos saquinhos de couro cheios de areia e entregava para o maior. — Mas é bem difícil de conseguir, você teria que acertar todas as suas chances.

Sinceramente, aquele kit nem era tão cheio de pincéis de marca e coisas assim para ser tão difícil de se conseguir, eu imaginava que o desconto na tal aula de canto valeria muitíssimo mais, mas eu entendia bem qual era a magia de ver um pacote com todo o necessário, sabe? Dentro do pacote de papel transparente colorido tinham três telas de pintura, sendo duas médias e uma pequena, um estojo de pincéis de vários tamanhos e formatos, um kit de tintas aquarela de oito cores e uma godê para as misturas de tinta. Era tudo bem bonito, perfeito para quem queria começar a pintar, e o tritão pareceu muitíssimo confiante quando pegou o baldinho cheio dos saquinhos que teria que jogar.

Ele acertou os dois primeiros tiros com certa facilidade, geralmente era naquele ponto que você ganhava aquelas flautas doce de plástico que vendem em lojas de coisas baratinhas (e que eu quase tive uma coleção), o terceiro quase deu errado, mas sua força foi suficiente. Assim que ele lançou o quarto, nossos amigos tinham chegado pertinho e agora gritavam animados não só para passar uma confiança, mas também pelo quarto alvo que tinha sido perfeitamente atingido. Porém, quando ele atirou o quinto não deu muito certo, talvez a força não tivesse sido suficiente ou ele tenha escolhido o alvo errado, mas não deu certo e foi oferecido a ele o vale-desconto da aula de canto, e digamos que sua careta de insatisfação tenha sido uma surpresa para a moça que recolhia os saquinhos de areia.

— Joga mais uma vez, hyung! — Jungkook exclamou enquanto levava uma porção de pipoca doce até a própria boca.

— Minhas fichas acabaram.

Não precisou sequer que o rapaz de cabelos azuis fizesse um biquinho triste, porque bastou que ele falasse que não tinha como jogar mais uma vez para que o maknae enfiasse a mão livre no bolso e tirasse de lá todas as suas fichas restantes (que eram muitas porque ele amava os jogos do festival). Depois disso Taehyung acabou chamando certa atenção com todos os seus acertos, era um saquinho de areia atrás do outro sem sequer dar um tempo para comemorarmos, e quando ele conseguiu acertar o quinto e teve o seu prêmio em mãos era como se ele tivesse ganho o melhor presente de todos e pude jurar que o vi pulando um pouquinho nos calcanhares enquanto analisava tudo que tinha dentro do pacote.

Claro que a vontade de começar a usar as tintas ali mesmo era enorme, eu conseguia notar que ele procurava algum cantinho para sentar e estrear seu prêmio, porém assim que ia dizer a ele pare que guardasse o pacote dentro da mochila de Yoongi – a qual ele só tinha trago porque usava seu notebook para controlar a mesa de som na hora das apresentações – uma melodia conhecida por todos começou e logo em seguida vieram os gritos e assovios de animação de todos que nos rodeavam.

Eu e meus amigos nos olhamos animados assim que a melodia ficou um tanto mais alta, acompanhada das palmas e dos pés batendo no chão de todos que estavam no festival. Lembram quando eu mencionei que cantávamos músicas em uma língua que não fazíamos a mínima ideia do que era? Pois é, esse era um momento bem especial no festival, e a primeira canção a ser tocada era sempre a mais importante pois era ela quem abria o evento definitivamente, como um convite para que o oceano enfim pudesse participar.

Quando a letra da música enfim começou e todos começaram a cantar, olhei para o tritão que tinha os olhos arregalados e por pouco não tinha largado o presente que estava em suas mãos. Me aproximei e coloquei minhas mãos sobre as suas, e a forma com que ele voltou seu olhar para mim foi impactante, pois eu conseguia ver o quanto aquele momento parecia significar para ele.

— Tae...?

— Essa música... O oceano canta essa música para nós durante todas as noites do mês de junho. — ele sorriu assim que seus olhos começaram a marejar, e ele não pareceu se importar com algumas pessoas que olhavam para toda a cena, seu olhar estava focado apenas em mim. — É um canto de esperança, Chim.


Notas Finais


um canto de esperança em uma língua que os humanos não conhecem? hum... isso não deveria querer dizer alguma coisa? dçalksdjç é a partir desse capítulo que as pontas Realmente começam a se juntar, então preparem as canetas para ligar todos os pontos daqui em diante!

o que acharam? estão com a animação tão grande quanto a minha pra ver como esse festival vai terminar? cês não tem noção do quanto eu to feliz ter conseguido chegar tão longe com conjurador de marés, sou toda emocionada daçskldj e se vocês quiserem se emocionar comigo, eu tô sempre no twitter (@kaigansxn) disposta a conversar assim como por aqui nas mps! vamos nos amar muito virtualmente sim! <3

obrigada por todo o carinho e por ter chegado até aqui! até o próximo! <3

link para a playlist da fanfic: https://spoti.fi/2JtNDdP
fanfic postada também no wattpad: https://www.wattpad.com/story/187187093-o-conjurador-de-mar%C3%A9s

QUER MAIS VMIN? ENTÃO SEGURA!
conto de príncipes: https://www.spiritfanfiction.com/historia/conto-de-principes-14019299/
suas videiras sob meu sol: https://www.spiritfanfiction.com/historia/suas-videiras-sob-meu-sol-14511672
chuvas de verão: https://www.spiritfanfiction.com/historia/chuvas-de-verao-11084350
entrelinhas: https://www.spiritfanfiction.com/historia/entrelinhas-11400251
cometa em órbita: https://www.spiritfanfiction.com/historia/cometa-em-orbita-11947615


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