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História O Drama De Luna (Uma História Sobre Abuso Sexual) - Jantando Fora


Escrita por: dannypereira_

Capítulo 53 - Jantando Fora


-Você? -Pergunto.

-Nossa Luna, parece que viu um fantasma. -Fala ao entrar em minha casa.

-Quase isso. -Falo baixo para ele não escutar.

-Tio! -Grita Malu ao pular no colo de Rapha.

-Oi meu amor. Que saudade!

Fico olhando os dois, já sabendo o que virá pela frente. Teria que conversar com Raphael sobre a May ter sido abusada debaixo dos meus olhos, e após isso ele a levaria para longe de mim, se eu a veria novamente? Isso só Deus sabe.

Sinto Nicolá me olhar, acho que ele percebe que eu não estava gostando nada da situação, e tinha como gostar? 

-Tudo bem, Luna? -Me pergunta Rapha ao  me cumprimentar com um beijo no rosto.

-Tudo. -Respondo meio grilada.

May e eu terminamos o jantar, ela foi minha ajudante, adorava me ajudar. Raphael jantou conosco. Durante todo o jantar eu não conseguia parar de olhá-lo pensando em como eu lhe diria o que havia acontecido, ele arrancaria o meu pescoço e com razão.

-Raphael, preciso falar com você. -Digo após o jantar.

Vamos até o meu quarto e nos sentamos em minha cama. Fico alguns instantes em silêncio tentando formular mentalmente o que eu lhe direi. Penso em um jeito para lhe falar, mas não encontro nenhum. Rapha me olha aguardando que eu fale algo.

-Rapha, eu adorei esse tempo com a May, você não tem noção do quanto eu amo essa menina. -Suspiro. -Ela estava sob a minha responsabilidade, então meu dever era protegê-la, mas infelizmente eu falhei.

-O que você quer dizer com isso?

Baixo a cabeça e algumas lágrimas começam a rolar pelo meu rosto. Percebo seu semblante preocupado.

-Eu levei a May um dia para o abrigo que eu trabalho, ela já tinha ido antes e adorou. Mas dessa vez tinha um menino novo, ele tem 13 anos e já passou por tanta coisa nessa vida, e por conta disso ele acabou fazendo coisas inaceitáveis, como machucar as crianças menores…

-Você está querendo dizer que ele machucou a May? -Perguntou já preocupado.

Aceno a cabeça positivamente e cabisbaixa, as lágrimas continuam rolando.

-Ele abusou de algumas crianças, incluindo a Maytê.

-O quê? -Perguntou já revoltado. -Como assim? Não, de novo, não. 

-Desculpa Raphael. -Falo aos prantos. -Eu juro que eu nem desconfiei, ela que veio me contar, mas as medidas necessárias foram tomadas, ele foi levado para uma clínica para fazer tratamento. Eu acho que nunca vou me perdoar por isso.

-A minha sobrinha estava na sua responsabilidade e eu confiei em você.

-Eu sei. -Digo sem conseguir parar de chorar.

-Mas eu sei que a culpa não é sua.

-Não?

-Não. Não tenho o que te desculpar.

Nossa, Rapha era um cara bem maneiro mesmo, não esperava essa atitude dele, imaginava que ele fosse ficar furioso comigo e que proibiria a Maytê de me ver, mas ele não fez isso, me surpreendi bastante com sua reação, me surpreendi positivamente. 

Rapha me deu um abraço bem apertado, daqueles de urso, não esperava por aquilo, não gostava de ser tocada pelos homens, além do meu irmão, tá, e do Bryan, mas eu deixei, aceitei o abraço, mesmo segundos depois eu tendo me afastado.

E como era de se esperar, Rapha me comunicou que levaria a May consigo. Ai, de novo isso. Morreria de saudade da minha pequena. Ela alegrava a nossa casa. Olho pra ela e penso até na hipótese de ter uma filha, mas no segundo seguinte, eu lembro do fato que eu não consigo transar e aí ficaria meio difícil. 

Mamãe chega em casa. Ela havia saído com Cadu, como sempre, aqueles dois não se desgrudavam mais. 

-Oi Rapha. -Falou mamãe. -Aconteceu algo?

-Não, eu só vim buscar a May. -Respondeu.

Nick e mamãe também haviam ficado tristes de ter que se despedir dela novamente, mas acho que eu era a que mais estava sofrendo, eu era muito apegada naquele pedacinho de gente.

-Vou morrer de saudade. -Falou May ao me dar um abraço de urso.

-Eu também vou, meu amor. -Falei. 

May se despediu de mamãe e de Nick. Sabia que os dois também sentiriam falta dela, seria impossível não sentir.

-Será que você vai me deixar vê-la novamente? -Perguntei ao Rapha.

-Claro. -Respondeu com um meio sorriso.

E então eles se foram e eu fiquei ali vendo novamente a May partir, ir pra bem longe de mim. Como doía ter que me despedir da minha baixinha, mas eu tinha certeza de que aquilo não era um adeus, mas sim um ´´até logo´´.

Vou para meu quarto, já estava morrendo de saudade dela. Ligo a TV, mas não tem nada bom passando. De repente meu celular toca. 

-Alô. -Digo. 

-Oi. -Falou Bryan. -Estava aqui pensando em você e resolvi te ligar para saber como você está.

Uau! Parece que ele tinha adivinhado que eu não estava muito bem, não tinha momento melhor para ele me ligar, estava querendo mesmo conversar com alguém, que não fosse mamãe, nem Nick.

-Ah, não estou tão bem. -Respondo.

-Por quê? -Pergunta parecendo meio preocupado.

-O tio da May veio buscá-la, não sei quando a verei novamente. 

-Não fica assim, logo você estará com ela de novo. 

-Tomara. -Digo tentando ser otimista como ele.

-Quer que eu vá aí ficar um pouco contigo?

Fico pensando naquela hipótese por alguns segundos, eu queria, eu sabia o quanto queria isso, mas não achei que fosse uma boa ideia, estava me sentindo meio fragilizada, vai que ele quisesse se aproveitar disso, não que eu não fosse gostar. Pera, que merda eu estava dizendo? Não, eu não queria ficar de novo com o Bryan. 

-Hã… Não precisa. Vou ficar bem. -Respondo.

-Promete?

-Prometo. -Falo com um sorriso bobo.

Desligamos a ligação e me deitei em minha cama. Tentava e tentava entender o que fazia Bryan ser tão especial para mim, ele era garoto, não era pra eu sentir tudo isso por ele, aliás, por nenhum garoto. Eu sabia o quanto gostava dele e mesmo querendo, não conseguia mais esconder isso, ah, tinha tanto medo de Bryan me machucar, queria descobrir uma forma de saber se ele era realmente confiável, mas não conseguia pensar em nada para ter certeza disso. E o mais estranho é que eu sentia que podia confiar nele, mas será que podia mesmo? 

Era um sábado. Bryan, Naty, Nick e eu saímos para jantar fora. Fomos a um restaurante super chique. Mamãe havia me dado dinheiro, não saberia se Bryan se ofereceria para pagar ou não, mas quando vi o restaurante me assustei, meu dinheiro não daria nem pro prato de entrada. Ainda bem que na hora de ir embora ele fez questão de pagar pra mim e ainda pagou pra Naty e pro Nick também, falou que éramos seus convidados, sorte a minha, pois morreria de vergonha sem ter o dinheiro necessário para pagar a conta.

-Com licença. -Falou Bryan ao puxar a cadeira para eu me sentar.

-Obrigada. -Falei ao me sentar.

-Permita - me. -Disse Bryan ao puxar a cadeira para Naty se sentar.

-Que cavalheiro. -Falou Natalie ao se sentar.

Me sentei do lado da Naty e na frente de Bryan, já ela ficou na frente do meu irmão. Claro que os dois não curtiram muito a ideia de ficarem um de frente pro outro, afinal, viviam se implicando.

-Buona notte. -Falou um garçom ao ir até a nossa mesa. -Já sabem o que vão pedir?

-Ainda não. -Respondeu Bryan. -Podemos ver o cardápio?

-Claro. -Falou o garçom.

Ele entregou um cardápio pra cada um de nós. Mas quando eu vi me apavorei, os pratos mais baratos giravam em torno de quase 300 reais. Olho para Bryan o fuzilando com o olhar, por que ele tinha que escolher justo o restaurante mais caro do estado? Se ele queria me impressionar, conseguiu por conta dos preços. Fazemos nossos pedidos. Eu havia pedido um prato chamado Ribeye, de 257,00. Um absurdo!

Estávamos jantando.  O clima estava muito bom, mesmo Naty e Nicolá se alfinetando as vezes, mas se eles não fizessem isso, não seriam eles.

Olho para Bryan, que já estava a me olhar. Ficamos flertando. Sinto borboletas no estômago. Por um instante, esqueço que Nick e Naty estão conosco. Nossos olhos parecem que não querem mais se separar. Droga, será que eu estava mesmo apaixonada por um garoto? Será que eu estava apaixonada pelo Bryan?

 



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