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História O filho da lua - O guerreiro se encontra com a lua


Escrita por: chittaphrr

Notas do Autor


Oi oi para todos! Oi oi Steh!

Como eu disse, esse é um presente pra ti @Ggukiechu. Fiz com muito amor, mesmo que eu esteja cheia de paranoias achando que está tudo péssimo.
A história foi inspirada no conto da princesa Kaguya, mas não segue a lenda a risca. Pode ter muitos erros e coisas banais, mas eu não sou tão boa descrevendo as coisas e principalmente cenários, então pode ser que fique confuso e as palavras lua e luz apareçam mil vezes.
Foi divertido deixar todo mundo confuso tentando descobrir com as dicas ruins — que na verdade eram ótimas, pode admitir —, mas na real eu não queria que acertassem pra não estragar tudo kkkkk

Eu espero muito que goste Steh!
Tenham todos uma boa leitura <3

Capítulo 1 - O guerreiro se encontra com a lua


Naquela noite, a floresta tão comumente agitada, se encontrava em perfeita calmaria. Não tinha ruídos desagradáveis vindo do poço ou bambus balançando de um lado para o outro, mesmo que nuvens densas cobrissem parcialmente o céu, não havia vento.

 

Num espaço onde folhagens cobriam o chão, estilhaços de madeira voavam quando o machado afiado de um homem colidia com pequenos troncos. Jeongguk, cansado de um dia cheio de estresse causado por discussões com familiares de segundo grau, resolveu sair para cortar lenha ao fim da tarde, mas, absorto em pensamentos, permaneceu horas incontáveis com o machado na mão. Aquecido pela adrenalina, não notou o tempo ruim e nem o sereno descansando sobre suas costas.

 

Gostava de todo o silêncio daquele lugar, apreciava a solidão. Era um homem adulto, cheio de frustrações, talentos inexplorados e com uma alma de guerreiro. Era o seu refúgio se perder em meio às árvores e encontrar a saída sozinho dias depois.

 

O distante lhe soava bem, ficar perdido lhe soava melhor ainda. 

 

Sabia dos riscos ao ficar de peito despido numa noite fria, poderia ficar resfriado, pegar uma pneumonia ou sofrer com seus frequentes ataques de asma, mas não se importava tanto assim — sua alma de guerreiro, entretanto, tinha também os males, um deles, a arrogância. 

 

Deixou, por um momento, de destruir os troncos para apreciar a lua. Os seus olhos negros buscaram pela esfera iluminada no céu. E ela estava lá, toda brilhante entre as nuvens. As estrelas estavam escondidas, invisíveis, mas a lua, com sua luz emprestada, se exibia.

 

Esse era um dos motivos pelo qual Jeongguk detestava a lua. Segundo ele mesmo, a lua não tinha princípios, usava o clarão de outro alguém para poder iluminar, pois na verdade, ela era apenas algo rochoso e apagado.

 

Também não gostava da noite, não gostava do escuro. Gostava do dia, do sol e de ver tudo ao seu redor sem precisar de um lampião velho e enferrujado. 

 

Muitos tinham a ideia de que ele apreciava a noite, porque era tão calado que se assemelhava a ela. Mas estavam errados! O dia era o seu favorito, especialmente a parte da manhã, quando o orvalho descansava sobre as plantas.

 

Admirava o sol, que sem precisar de ninguém, iluminava a Terra. Era confiante, queimava sem parar e todos precisavam dele. O sol era magnífico, enquanto a lua, em sua concepção, era apenas uma reles aproveitadora, que mesmo agraciada por muitos, não era capaz de brilhar sozinha. 

 

Finalmente, cansado do peso do machado e dos calos se formando nas mãos, abandonou o objeto, procurando pelo seu robe e o trazendo de volta ao corpo. Como não estava tão distante da casa de seus pais — onde estava hospedado —, colocou alguns pedaços de madeira nos braços e recolheu o lampião, rumando para o caminho que o levaria até lá.

 

No caminho, observava atento as árvores, e sentia ainda mais ódio da lua. O topo das árvores era iluminado, enquanto abaixo delas, a escuridão prevalecia. A lua era assim, gostava de mostrar sua beleza e queria que todos a olhassem, sem se importar com o que havia escondido.

 

No entanto, ao reparar um pouco mais longe, os seus olhos captaram um pequeno espaço da floresta onde a luz era mais forte. Não haviam moradias por perto, o vilarejo ficava para o outro lado e ninguém costumava caminhar pelos arredores tarde da noite. Talvez fosse apenas a lua refletida na água cristalina do riacho que passava por ali, mas, contrariado pelas próprias imaginações, resolveu mudar o seu rumo.

 

Ao se aproximar notou uma silhueta sobre uma rocha. 

 

A lua, aquela maldita lua, iluminava alguém. 

 

O corpo pequeno estava nu, apenas um véu branco cobria o quadril. O cabelo curto balançava com o pouco vento e a pele pálida brilhava sob aquela luz. Não acreditava em divindades, mas naquele momento, questionou a existência delas. 

 

— Olá… — Cumprimentou, sem saber se haveria retorno do ser — possivelmente — criado pela sua imaginação pelo cansaço físico e mental. — Está frio, não deveria estar aqui. 

 

— E você? Deveria estar aqui? Está frio. — Perplexo pela resposta que o refutou, largou as lascas no chão e deu mais alguns passos para perto do desconhecido. — Você está vindo do vilarejo do leste? — A voz serena era claramente de um rapaz, jovem, ao que aparentava.

 

— Estou hospedado na casa dos meus pais, a poucos metros ao oeste daqui. — Não obteve resposta, nem mesmo recebeu algum olhar. Pensou um pouco antes de voltar a falar. — Está sem roupas, pode pegar uma pneumonia. — Ouviu um riso soprado.

 

— Eu estou sendo aquecido pela lua. 

 

Louco. 

 

O rapaz era louco, ou ele mesmo estava ficando louco. 

 

Quis rir do que ouviu, mas de tão sem sentido, ficou apenas confuso. Como poderia ele estar sendo aquecido pela lua? Ela não era capaz, apenas o sol poderia esquentar alguém. Imaginou que o rapaz poderia ter batido a cabeça e agora estava perdido.

 

— Seu corpo está apenas coberto por este pano, você vai adoecer, a lua não tem o poder de aquecer. — Enfureceu-se. 

 

Além da imprudência, o rapaz gostava da lua, ele não havia tirado os olhos dela nem mesmo por um segundo.

 

— Eu me sinto abraçado por ela, você não entenderia. — Irritava-se com o quão calmo ele soava, a voz não oscilava e ele era decidido com as palavras. Difícil ser um maluco quando se falava tão bem. 

 

— Por que está aqui? — Não costumava ser curioso, mas acreditava que para tudo tinha um para que.

 

— Eu fugi do meu vilarejo, da minha família e das pessoas que me aplaudiam sem motivos. — Novamente não entendeu, mas não sabia se deveria levar ao pé da letras as palavras vindas de um suposto maluco.

 

— E achou que seria certo ficar ao relento, correndo o risco de adoecer e morrer? 

 

— Eu não vou morrer. — Ouviu novamente aquele riso. — Está frio, mas como eu já disse, a lua me aquece. 

 

— Você é louco! 

 

— Acabamos de nos conhecer, não acho que saibamos o suficiente um sobre o outro para você falar o que pensa sobre mim. — Jeon permaneceu em silêncio, sem retruque para aquela fala. 

 

 — Você não gosta dela? 

 

— Do que está falando? 

 

— Da lua. Você não gosta dela? 

 

O rapaz, pela primeira vez, se virou para poder lhe fitar.

 

Não soube explicar o que sentiu quando viu a face desconhecida. Era lindo, majestoso. O clarão que atingia sua pele o fazia parecer irreal. A cada instante se tornava mais difícil acreditar em sua existência. 

 

— Eu não gosto, ela não me dá motivos para gostar.

 

— Por que você a odeia, então? 

 

— Ela se exibe com algo que não é dela. A luz quando vem do sol é muito mais bela e nos aquece, clareia e nos mostra tudo o que devemos enxergar, enquanto a lua se importa apenas com sua beleza fajuta.

 

— A sua visão da lua é um pouco deturpada. — Voltou a fitar o céu. — A lua e o sol possuem um acordo. O sol nos mostra tudo, incluindo os problemas. Ele nos faz atuar com perfeição sob os olhares, mas então, ele empresta sua luz para a lua durante a noite, para que possamos abaixar os ombros e permitir que o cansaço e a tristeza nos possua por algum momento, para manter o equilíbrio. Não podemos ser perfeitos o tempo todo. 

 

— Está dizendo que devemos ser tristes quando a noite chega? 

 

— Estou dizendo que podemos ser nós mesmos.

 

Não entendia o ponto de vista do desconhecido. Não era capaz de amar a lua, não sabia como gostar dela quando ela se mostrava tão egoísta. Queria que todo o dia fosse iluminado pelo sol, sem que ele nunca se despedisse. 

 

— Como se chama? — Não queria conhecê-lo de fato, mas era estranho não poder dizer seu nome. 

 

— Park Jimin. E você, como chama? 

 

— Jeon Jeongguk. 

 

— O seu nome é bonito. Já existiu um Jeongguk em minha família, muito antigamente. 

 

A serenidade que o tal Jimin exalava o estava tirando de órbita, ele estava tão tranquilo quando poderia facilmente ficar doente. Ele o respondia com tanta sagacidade, como se tivesse muitos anos de vida.

 

— Por que está aqui? 

 

— Já perguntou isso. 

 

— Eu quero saber porque está aqui, sentado em uma pedra, sem roupas, olhando para o céu como se não pudesse ficar doente ou ser atacado por algum animal. 

 

Não ousou dar sequer um passo para mais perto, mas podia jurar que Jimin sorria. Sorria para ela.

 

— Eu estava prestes a me casar com alguém que não amava, então eu fugi. Apenas com a roupa do casamento, eu fugi. — Revelou. — As minhas vestes se sujaram na lama, então preferi tirá-las. O véu, ironicamente, foi tudo o que me restou. 

 

Abatido, suspirou profundamente. Não sabia o que fazer com as informações que recebeu. A história, tão confusa, o fez desacreditar novamente na existência do garoto, mas ele estava ali, sobre aquela rocha, tão pleno que não parecia ter passado por problemas. 

 

Talvez o destino lhe estivesse pregando uma peça por odiar a lua.

 

— Posso ficar na sua casa? Eu posso pagar. 

 

Novamente, se encontrou surpreso perante as palavras do outro. Primeiro uma história mirabolante sobre um casamento, em seguida, um pedido um tanto quanto atrevido. O rapaz era muito petulante, não tinha dúvidas. 

 

— Não acho que te conheça tão bem assim para deixá-lo ficar na minha casa… — Usou das mesmas palavras que ouvira anteriormente. 

 

— Então ficarei com frio, doente e logo morrerei. 

 

Assim como detestava a lua, detestou o homem que a amava. 

 

Sabia que era impossível alguém amar a lua e ser uma boa pessoa, mas não era fácil negar quando o garoto jogou tão bem que o deixou sem respostas diversas vezes em poucos minutos de conversa. Como um homem de honra, jamais deixaria alguém para trás para morrer. Afinal, Jimin, que usava apenas um véu, parecia inofensivo. 

 

— Você pode vir. — Se abaixou para juntar os pedaços de madeira e logo se virou para voltar a estrada que o levaria para a casa dos pais. Se Jimin quisesse, o seguiria. 

 

Caminhou lentamente, ouvindo apenas os ruídos dos vagalumes colidindo com o lampião e das folhas quebradiças sob os pés. Sentiu também aquela presença pouco agradável atrás de si. O garoto estava quase nu, não achava certo encará-lo de perto numa situação daquelas, mas não controlou a própria ansiedade para ver quem de fato o seguia.

 

Novamente, aquela sensação estranha passou por seu corpo. Não o odiou tanto quanto odiava a lua, e achava isso absurdamente anormal. A luz o iluminava de maneira diferente, como se fosse o seu preferido. O cabelo era loiro, a pele pálida e era baixo, pelo menos um palmo menor que si, além do corpo magro.

 

Mas estava mancando.

 

— Está machucado?

 

— Quando cai na lama, foi porque torci meu pé.

 

— Há quanto tempo fugiu? Algumas horas? — O viu assentir. — Eu posso levá-lo. 

 

— Seria ótimo! — Jimin sorriu. Jeongguk pode ver o sorriso bonito que facilmente encantaria qualquer um. No entanto, quando ele aceitou, soube que era tão aproveitador como aquela que tanto admirava.

 

Novamente deixou as madeiras no chão, em um canto qualquer, assim prendendo o lampião na cintura com a faixa do robe. Se aproximou do rapaz e o colocou nos braços, sustentando o corpo com uma mão sob os joelhos e outra sob as costas. Atordoado, pela terceira vez, retornou a caminhada.

 

— Quantos anos você tem? — Ele parecia jovem, mas não tanto. 

 

— Vinte e um. E você? 

 

— Vinte e nove. 

 

— O Jeongguk que existiu na minha família, encontrou o amor quando tinha sua idade. Ele foi muito feliz.

 

Não respondeu às divagações do garoto. Não pensava em encontrar um amor como o Jeongguk da história, e sim, em construir uma vida. Se viesse a se apaixonar, encararia tudo com maturidade, mas caso contrário, seguiria sua vida sem lamentações. 

 

— É longe? A casa dos seus pais. 

 

— Estamos perto. 

 

Sem mais conversa trocada, o caminho se seguiu em completo silêncio até que uma luz apontou em suas vistas. Era o pequeno poste que ficava em frente a moradia dos velhos Jeon’s. 

 

Jeongguk se aproximou da varanda e deixou Jimin em pé até que pudesse abrir a casa. Seus pais deveriam estar dormindo depois de um dia tão cansativo, logo não ousaria acordá-los. 

 

— Sua casa é bonita. É muito diferente do vilarejo de onde eu venho. 

 

— Meus pais cuidam muito daqui. 

 

Notou que mesmo mancando, o jovem o seguia para onde ia. Acendeu as luzes e viu com clareza aquele olhar confiante de um admirador da lua. Ele era igualzinho a ela.

 

Não mais a fim de encará-lo, procurou em um armário antigo um pequeno colchonete. 

 

— Há problemas em dormir no mesmo quarto que eu? Não acho que meus pais vão gostar de acordar e encontrar um desconhecido andando pela casa. 

 

— Posso ficar do lado da janela? 

 

— Sim, você pode. — Imaginou que a vontade do garoto que querer ficar perto da janela fosse porque queria olhar para a lua.

 

O pequeno acolchoado foi levado para o seu quarto e posicionado um pouco distante do seu e próximo da pequena janela, onde a luz falsa da lua clareava. Normalmente a fechava, mas naquele dia, seria obrigado a ver as sombras nas paredes por culpa de seu seu hóspede inoportuno.

 

Em seu armário, pegou uma roupa velha que usava quando era mais jovem e entregou ao alourado. Deu-lhe também um cobertor. 

 

— Use para dormir. Eu vou ao banheiro. 

 

Se retirou do quarto para dar privacidade a Jimin para ele se trocar. Parou no corredor, onde se perdeu por bons minutos em pensamento. Não queria dormir e acordar no outro dia ouvindo das pessoas que era um louco, um descabido que vivia desolado e que começou a ter ilusões. Não queria acreditar que o destino fosse capaz de fazê-lo passar por uma coisa dessas. 

 

O dia havia sido longo, e a noite, parecia ser ainda mais. Teria de aturar a lua por horas até que pudesse olhar para o sol. 

 

Quando retornou, Jimin dormia. Dormia calmo, ressonando baixo, como se realmente estivesse sendo aquecido pela lua. Praguejou a maldita antes de deixar em seu lugar do quarto, longe do menor. 

 

Tinha medo de dormir e acordar como um louco, mas o cansaço o pegou quando fechou os olhos pela primeira vez.

 


Notas Finais


O final ficou ruim, né? Logo mais vou tentar arrumá-lo direitinho.
Eu espero que tenham gostado, principalmente você, Steh kkkk
Não sei muito o que dizer aqui, então vejo vocês no próximo <3

E muito obrigada @shinegguk pela capa perfeita, ficou linda demais <333


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