História O Hedonista e o Licantropo - Por trás da pele

      Eles eram como dois estranhos, mesmo que vivendo a poucos metros de distância mal se comunicavam, trocavam apenas algumas palavras quando necessário, o que se resumia somente a um bom dia, boa tarde ou boa noite na maioria das vezes.

      Isso afinal, era um dos motivos pelo qual o mais alto entre eles ansiava muito que um dia pudessem trocar mais do que aquelas costumeiras palavras. Park ChanYeol era seu nome e ele imaginava que algum dia nem que fosse algo rápido como sempre era, pudesse se aproximar mais do seu vizinho de andar naquele prédio em que morava fazia alguns meses.

      O nome do dono de seu interesse era Oh Sehun, um garoto com um metro e oitenta e um de altura, magro que demostrava poucas feições faciais, mas que nunca tiravam sua beleza. E o Park até achou diferente a cor do cabelo do garoto, várias cores naquela cabeça grande que ele tinha e por isso o mais alto decidiu chamá-lo de o garoto arco-íris.

       Foi em uma tarde chuvosa e fria que os dois puderam finalmente falar mais do que aquelas velhas palavras já muito usadas. ChanYeol estava prestes a apertar o botão do seu andar e a porta do elevador fechar quando ouviu alguém praticamente implorar para que ele não fizesse isso.

       - Espera! Não fecha por favor!

      Curioso como era e um pouco bondoso também, o grandão resolveu esperar para ver de quem se tratava, e qual não foi sua surpresa quando viu que era aquele garoto que vinha tomando consideravelmente conta dos seus pensamentos?

       O cabeça de arco-íris entrou no elevador todo molhado, pingando e com o semblante bem cansado, o que de imediato chamou a atenção do mais alto entre eles. E mesmo com os seus oitenta e cinco metros de altura ChanYeol se sentia inseguro diante do garoto, mas mesmo assim resolveu arriscar um diálogo quando o mesmo o agradeceu.

       - Obrigado por ter esperado. - O outro disse sem o olhar parecendo um pouco envergonhado.

      - Sem problemas. Afinal, nós vamos para o mesmo andar, e eu seria muito sem noção se não parasse para você.

     O Park nem percebeu, mas sorria como um bobo diante do outro e quando finalmente se deu conta imediatamente endireitou sua postura e olhou para o outro lado.

       - Eu me chamo Oh Sehun e você Park ChanYeol não é mesmo?

       Foi inesperado, realmente inesperado o que o menor tinha dito, parecia agora bem óbvio que ele percebia sim os olhares diferentes que o maior direcionava para si.

       - Sim, eu me chamo Park ChanYeol, e como você sabe disso? - Disse com um sorriso no rosto para descontrair e não deixar o seu vizinho constrangido.

       - É que eu ouvi seu amigo te chamando um dia. – disse agora olhando para o outro.

       Amigo, amigo.... Ah! Claro, BaekHyun. Foi de quem o grandão logo se lembrou quando o outro falou aquilo, até porque BaekHyun era o seu único amigo.

       Silêncio. Foi o que tomou conta do local depois disso, mas ChanYeol não queria perder o que parecia ser a única oportunidade de conhecer melhor o garoto arco-íris.

       - O tempo está difícil hoje né? - Soltou sem pensar.

       O tempo? Difícil? Sério, falar sobre isso era tão desnecessário quanto chupar uma bala e não tirar a embalagem. O que ele poderia fazer então para tentar arrumar a péssima impressão que tinha certeza de ter passado ao outro?

          - Eu gosto do seu cabelo. – Falou o que veio primeiro em mente.

        Sehun o olhou com uma expressão de espanto o que era quase raro em sua vida, mas decidiu ser gentil com o vizinho.

           - Obrigado. É um pouco trabalhoso para cuidar, mas eu gosto dele assim.

           - Hum... E no seu trabalho não se importam com o seu visual?

       Percebeu que estava talvez entrando em um assunto que poderia não agradar ao outro e estar indo longe demais.

           - Não se importam, porque eu sou o meu próprio chefe - esboçou um pequeno sorriso.

       O Park ficou até que um pouco espantado com a revelação, e achou estranho mesmo sabendo que o mais baixo trabalhava a noite, pois ouvia o barulho da porta do apartamento ao lado sendo trancada e depois o mesmo barulho dela sendo aberta logo pela manhã. Achou logo que ele trabalhasse com algo ilegal ou pior, (na sua concepção) pensou que o outro fosse um garoto de programa.

       Risos, foi o que tiraram o maior do seu devaneio, e o trouxeram de volta a caixa metálica.

       - Sou meu próprio chefe, porque sou DJ. Trabalho a noite e minha aparência pouco importa nesse meio.

       Agora ChanYeol compreendia tudo, Sehun era DJ e por isso trabalhava a noite, e só via ele quando era dia, e os dois se encontravam no corredor do prédio. Aquilo com toda certeza atiçou mais ainda a curiosidade de ChanYeol e ele não perdeu tempo em tirar qualquer dúvida que tinha em relação a profissão do outro.

       - DJ? Nossa, que legal, e você ganha quanto fazendo isso?

       - Digamos que dê para viver uma vida sem muitos luxos, e para mim isso é o que basta.

       ChanYeol estava cada vez mais maravilhado com o rapaz de cabelos coloridos, já estava imaginando como alguém que aparentava ser tão jovem já pensava dessa maneira e não se importasse com bens materiais.

       - Aposto que você deve ganhar mais em uma noite do que eu em um mês.

       Sehun riu com a fala do outro e quis saber o porquê de ele pensar isso.

       - Você trabalha em que? - Perguntou despretensioso.

       - Sou professor de música em uma escola pública aqui perto.

       O rapaz de cabelos coloridos se conteve em não tecer nenhum comentário diante a situação do seu vizinho, até porque ele não gostava de se intrometer na vida das outras pessoas, era alguém muito reservado e deveria ser assim até o dia de sua morte.

      Finalmente o elevador chegou até o andar em que ambos moravam, o quarto andar daquele prédio um tanto velho em comparação com os outros modernos que tomavam conta da cidade.

       Cada um já ia para sua moradia quando o mais alto resolveu dizer algo.

       - Foi um prazer ter conversado com você Sehun, nos vemos depois.

       Dizendo isso esperou que o outro se despedisse para enfim entrar em seu apartamento.

       - Até mais hyung, nos vemos depois.

       E os dois adentraram em suas casas no mesmo instante, tendo em mente que mais cedo ou mais tarde iriam se encontrar com toda certeza. E ChanYeol se deteve na fala do outro e como o mesmo sabia que ele era mais velho que si, sendo que nem se quer disse sua idade, mas isso pouco importava já que sendo mais jovem Sehun o atraia mais ainda.

       ChanYeol foi direto para o seu quarto, nem se quer tomou banho ou comeu. Se deitou na cama e foi logo tirando a calça jeans que vestia para poder tocar em seu membro desperto, que estava assim por causa daquele garoto de cabeça colorida e sorriso nada fácil que se tornou dono de seus pensamentos.

       O grandão era um hedonista e ninguém poderia negar, vivia somente para se gratificar, se dar prazer sem se importar na maioria das vezes com quem o ajudasse a conseguir esse feito.

       Muitas vezes se envolvia com as pessoas apenas para se saciar carnalmente e depois as descartava como algo que nunca mais fosse utilizar, e poderia até ser cruel quando importunado por essas mesmas pessoas. Sua aparência um tanto jovial enganava bem aqueles que se entregavam a si, na esperança de um pouco de amor. ChanYeol se fazia de ingênuo para conseguir o que queria, e sempre na maioria das vezes conseguia.

       E pensar que poderia ter algo com o seu vizinho o atiçava muito. ChanYeol era egoísta, seu maior prazer estava em sua satisfação e não na de quem o acompanhava nessa jornada.

       Ele queria mais do que tudo seu prazer em primeiro lugar.

       Já no apartamento ao lado Sehun mais uma vez se sentia só, e na sua condição era a melhor coisa a se fazer. Nunca em hipótese alguma ele poderia se relacionar fosse de qualquer maneira com alguém.

      Por isso não tinha amigos ou qualquer relacionamento amoroso e isso às vezes o frustrava, pois gostaria muito de ter alguém com quem pudesse desfrutar alguns prazeres da vida.

       Sentia que poderia enlouquecer quando tinha que se mudar de vários lugares, sem poder ao menos se familiarizar com as pessoas com que se comunicava. E só restava na maioria das vezes observar, e em alguns momentos ter compaixão com alguns daqueles que vivam ao seu redor. Sendo que mesmo assim sua luxúria falava mais alto. E ele desistia de se compadecer e se entregava a esse desejo insaciável.

       Sehun era sozinho não por opção, mas por necessidade.

       Algumas semanas se passaram e como esperado por ChanYeol ele conseguiu se encontrar com Sehun mais vezes do que antes e isso o deixou completamente feliz. Os encontros aconteciam no corredor que separava os seus apartamentos, no elevador (na maioria das vezes) ou na portaria e o último foi na garagem do prédio.

       - Olá Sehun, como vai? - Perguntou o grandão com um sorriso de orelha a orelha.

       - Vou bem e você? - Respondeu simplista.

       - Estou indo.... Sabe, muito trabalho e...

       ChanYeol se calou com medo do que poderia dizer, o outro o deixava mais nervoso, mesmo depois de todos aqueles encontros. Nunca deixava de passar pela sua cabeça como Sehun poderia ser na cama.

       Sim, ChanYeol já imaginava estar possuindo o corpo do seu jovem vizinho. Queria muito sentir o prazer que poderia ser estar dentro dele. Ansiava como nunca aquela carne para poder marcá-la e mostrar ao outro como ele poderia ser dominante. Como poderia ser um ótimo controlador. E toda aquela situação em que se encontrava já o deixava beirando ao desespero, pois jamais desejou tanto alguém em toda sua vida.

       Até dispensou outras pessoas durante o tempo em que conhecia melhor Sehun, para assim poder se dedicar ao máximo para conquistá-lo, já que esse objetivo se tornou questão de honra para si.

       Seus devaneios foram cessados quando o outro se pôs a caminhar em direção ao elevador e antes que o mesmo sumisse de vez de vista, tomou coragem e foi ao ataque.

       - Eu estava pensando.... Se você gostaria de sei lá, sair um dia desses? Ir a alguma balada que tenha por aí. – Falou com um certo alívio.

       Sehun examinou a expressão do outro e pode notar uma certa preocupação, pois ChanYeol não parecia estar nada confiante no que disse, talvez com medo de que aquilo soasse como uma cantada barata e Sehun tinha certeza de que era.

       Decidiu então dar uma chance aquele ser grande que estava a sua frente.

       - Sim, podemos sair algum dia desses só que poderia ser para outro lugar? Estou cansado de baladas.

       ChanYeol com aquela resposta por um momento se lembrou de que Sehun era DJ e com toda certeza já bastava trabalhar todos os dias em baladas, claro que ele quando tinha oportunidade de se divertir preferia ir em outro lugar que nada lembrasse seu ambiente de trabalho.

       - Claro! Nada de baladas. Podemos ir ao cinema, vamos assistir Guerra Civil: Capitão América versus Homem de Ferro. Mas se você quiser ver outra coisa por mim tudo bem. Amanhã pode ser?

         Ele definitivamente ficava nervoso diante a presença do outro.

       - Não tem problema que seja esse filme. - Sehun disse e antes que ChanYeol se esforçasse a pensar em dizer mais alguma coisa ele foi andando em direção ao elevador. Só que deixou algo bem claro para o grandão.

       - Não se preocupe com o filme que iremos ver, nossa noite será muito mais emocionante que isso. – Disse dando uma piscadinha.

       ChanYeol gostou do que ouviu, achou naquele momento que Sehun era dos seus. Alguém que também gostava de se relacionar com as pessoas em busca de prazer, talvez ele quisesse assim como ele desfrutar daquilo que a vida tinha de melhor. O Park achou que tinha dessa vez encontrado alguém como si. Mas estava redondamente enganado.

       As vinte e quatro horas que separaram o dia anterior do novo dia finalmente acabaram, e ChanYeol não via a hora de se encontrar com o garoto do cabelo de arco-íris. Sua ansiedade estava no nível máximo naquele sábado e antes da hora combinada já estava de prontidão na porta do apartamento de Sehun.

       Tocou a campainha e estranhou a demora do outro em atender, estranhou mais ainda quando o mesmo apareceu em sua frente com o semblante um tanto abatido. Logo se preocupou.

       - Você está bem Sehun? – Disse tentando soar calmo.

       - Estou, acho que é só um pouco de resfriado, mas não é nada grave e nem pode impedir de me divertir hoje, vamos? – Estendeu a sua mão ao mais alto.

      Naquele instante ChanYeol pode perceber o quanto Sehun estava bonito, mesmo meio pálido seu rosto ainda mostrava toda sua beleza, o corpo na medida certa com suas pernas cobertas por uma calça de couro preto que demarcava as coxas torneadas que tinha. E o peitoral escondido sob uma camiseta clara que ChanYeol logo imaginou longe do corpo que tanto desejava.

       Dessa vez não foi preciso Sehun interferir em seus devaneios como de costume, e o Park mesmo se ligou de que estava secando o outro demais, pegou em sua mão e ambos foram rumo a porta do apartamento.

       Chegando ao cinema ChanYeol fez questão de pagar as pipocas e os refrigerantes dos dois, mesmo Sehun insistindo de que não era necessário e isso o fazia parecer uma garotinha no seu primeiro encontro. Não adiantou nada e o grandão disse que se ele tinha convidado ele iria arcar com as despesas.

        Eles adentraram a sala de cinema quando o filme já estava prestes a começar. ChanYeol pouco se importava com o filme, pois já tinha assistido, só estava ali novamente por causa de Sehun, já que aquilo fazia parte de suas investidas com o menor.

       O filme passava na enorme tela e Sehun se quer desgrudava os olhos, já ChanYeol também não desgrudava os olhos, só que os seus estavam em cima do garoto admirando cada detalhe do seu rosto. Claramente o maior gostava do outro, não da maneira romântica como outras pessoas poderiam gostar.

          ChanYeol queria Sehun para si apenas por uma noite, para poder provar daquele corpo que poderia lhe saciar, e desencadear em si quem sabe a vontade de tê-lo novamente, depois como sempre fazia iria simplesmente deixá-lo a ver navios caso ele quisesse algo mais duradouro. Ter um relacionamento sério e com uma única pessoa definitivamente não fazia parte da vida de Park ChanYeol.   

       Foi com esse pensamento que ChanYeol investiu sobre Sehun, inclinando seu corpo rumo ao outro que de imediato mudou sua atenção da tela do cinema para o grandão ao seu lado. ChanYeol deixou seu rosto em uma distância mínima do rosto de Sehun e se manteve dessa forma esperando que seu vizinho tivesse alguma atitude, e para sua surpresa Sehun avançou o que faltava e acabou com o espaço entre os lábios de ambos, tomando a boca de ChanYeol de uma maneira feroz.

       Os dois se esqueceram completamente de onde estavam e focaram somente no que faziam com suas bocas, os dentes por algumas vezes se chocavam, porém nada que tirasse todo aquele desejo que pairava sobre os dois.

       A cada movimento ChanYeol se sentia excitado e seu membro demostrava que queria logo alívio já pelo tamanho em que se encontrava, e foi por isso e também pela falta do ar em seus pulmões que ele se afastou de Sehun, mas ainda com a malícia em seu olhar para dizer:

       - Acho melhor pararmos por aqui. - ChanYeol estava ofegante pelo beijo.

       - Sim, vamos parar por aqui e continuar em outro lugar. - Sehun falou as palavras com o mínimo de vergonha o que fez ChanYeol o olhar vitorioso.

      Nem se quer esperaram o filme acabar e saíram da sala de cinema rumo a saída do shopping indo direto para o estacionamento do local, onde entraram no carro de ChanYeol e seguiram para o prédio onde moravam.

       O desejo era tanto que mal chegaram no local e já se pegavam loucamente. Sehun se pendurou no pescoço de ChanYeol assim que a porta do elevador abriu e eles entraram. ChanYeol por sua vez, não perdia a chance de passar as mãos pelas pequenas curvas do corpo do outro.

       Finalmente ele estava saciando as suas vontades, e até ficou surpreso em saber que o seu vizinho estava sentindo o mesmo que si. ChanYeol ficou feliz em saber que Sehun também estava disposto a ter uma noite de prazer ao seu lado.

       Sem demora o elevador parou no andar onde ambos viviam e nessa hora eles agradeceram por mais ninguém morar ali, assim poderiam fazer o que bem entendessem.

       - Na minha casa ou na sua? - Foi o que ChanYeol perguntou a Sehun no mísero momento em que suas bocas se separaram.

       - Pode ser onde você quiser - Sehun disse e logo depois já capturou os lábios alheios.

       - Então vai ser na sua, eu não aguento mais. - O maior falou cheio de malícia.

      Os dois estavam com pressa, isso era evidente, e nessas horas a pressa pode ser inimiga da perfeição, mas quem disse que eles queriam que aquilo que estavam prestes a fazer fosse perfeito e servisse como lembrança de uma noite de amor? Aquilo era só sexo. Eles queriam apenas se entregar aquela vontade maluca que surgiu de um possuir o corpo do outro.

       E Sehun parecia mais afobado que o próprio ChanYeol e até se complicou ao tentar abrir a porta de seu apartamento. Depois de alguns minutos que para o Park duraram uma eternidade eles conseguiram enfim adentrar o local.

       Com muita fome de um deles e desejo do outro, ambos foram logo se pegando como antes e sem se importar com mais nada tiravam suas roupas.

       - O-onde é o seu quarto? - ChanYeol tentava dizer em meio aquela adrenalina toda.

     - É só me seguir - Sehun disse olhando bem fundo nos olhos do maior e tendo no rosto um pequeno sorriso.

      Não demorou muito e a porta do quarto de Sehun foi toda escancarada pelos dois que voltavam a se beijar loucamente.

       Só pararam para se livrar das camisas que usavam, e um fez questão de despir o outro. Sehun começou colocando suas mãos direto nos botões da camisa polo que ChanYeol usava e aquilo foi como uma tortura para o maior, que ansiava por algo rápido sem rodeios da parte do garoto de cabelos coloridos.

       Sem se importar com o que Sehun fosse pensar ChanYeol simplesmente decidiu que ele mesmo iria tirar sua roupa, e sem demora pegou na ponta da própria camisa e a tirou, deixando seu peitoral a mostra para o vislumbre do parceiro.

      Sehun não queria ficar para trás e imitou o maior ao retirar a sua camiseta também, que para a sorte de ChanYeol não tinha botão algum. Os dois se olharam por poucos segundos até se conectarem novamente e voltarem para a loucura de onde suas línguas estavam antes. Nesse momento Sehun tomou as rédeas da situação e se colocou de joelhos diante ChanYeol, para poder abrir o botão agora da calça que esse vestia e puxar o zíper abaixando logo em seguida deixando o outro vestindo apenas sua cueca samba canção.

     O garoto de cabelos cor de arco-íris estava maravilhado com o corpo de seu vizinho, isso não podia negar e antes de voltar a encará-lo foi traçando com sua língua uma trilha de saliva que fez com que ChanYeol se arrepiasse com aquela sensação. E chegando próximo ao rosto do outro Sehun não fez o que o maior imaginava, que era beijá-lo e foi direto até sua cama se colocando sentado ali, de forma a atiçar mais ainda aquele que o desejava.  

       - Vem! - Disse usando seu dedo indicador para chamar aquele à sua frente.

       E ChanYeol sem titubear foi, mas antes de chegar a boca de Sehun colocou suas mãos nas coxas dele para poder retirar agora sua calça de couro, algo que não foi nada fácil, já que a mesma estava praticamente grudada ao corpo do menor. Com a ajuda de Sehun, ChanYeol finalmente conseguiu tirar a peça de roupa e viu agora o garoto vestido apenas por sua cueca boxer.

     Lá fora o céu já estava escuro e a lua cheia o iluminava e dentro daquele apartamento era como se não houvesse passado tanto tempo por causa da velocidade em que as coisas andavam, pois, os dois corpos que ali estavam permaneciam agora da forma que vieram ao mundo. Despidos de qualquer vergonha ou medo que viesse os atrapalhar. Estavam apenas acompanhados da devassidão, luxúria e desejo que com toda certeza os tomava.

       Os toques urgentes das mãos em cada pedaço da epiderme alheia aumentavam a adrenalina de estarem se entregando para algo muito maior do que imaginaram. Eles queriam mais do que tudo se unir e foi o que fizeram.

       ChanYeol estava agora entre as pernas de Sehun com uma mão acariciando a cabeça do pênis do outro e com o olhar cheio de provocação para cima do garoto, ele assim se manteve até colocar em sua boca a glande rosada e já inchada que o outro possuía. Sehun ao mesmo instante arfou e soltou um gemido de aprovação com a atitude.

       - Você é delicioso! - ChanYeol exclamou no pequeno momento que retirou o membro do outro de sua boca.

       - Não mais que você... - Foi a vez de Sehun de falar aquilo que rondava sua mente.

    ChanYeol se sentiu um pouco confuso com a fala de Sehun, pois o mesmo nem o tinha tocado devidamente como ele estava fazendo consigo, ele tinha que apenas aguardar para confirmar e podia ter certeza de que o garoto arco-íris não se arrependeria.

       Com os movimentos bem mais rápidos ChanYeol optou por acabar logo com aquilo e fez com que Sehun gozasse em sua boca, logo se colocando a frente dele para tomar seus lábios em um beijo que passasse o sabor do gozo ao outro.

       O mais jovem gostou da sensação de sentir seu próprio sabor e aprofundou o contato, logo em seguida retribuindo o que foi feito em si e colocando o pinto grande e duro em sua boca também. A língua de Sehun trabalhou perfeitamente no membro de ChanYeol que precisou puxar com certa força os cabelos do outro para que ele parasse, se não gozaria daquele jeito e isso ele não queria. ChanYeol desejava gozar sim e muito, só que em outra cavidade de Sehun e não em sua boca.

       Foi com essa intenção que o maior ergueu o outro o trazendo para que ficasse em cima de si e fez um certo pedido tentador.

       - Cavalga em cima de mim.

       Sehun o olhou sem um pingo de indagação em sua face e logo obedeceu, colocando todo o membro de ChanYeol de uma única vez em si, o que surpreendeu o mais velho e o fez ter certeza de que Sehun já estava muito bem acostumado com o ato sexual.     

       Ele montou de frente, e com o membro de ChanYeol todo dentro de seu ânus começou a cavalgar, os movimentos se iniciaram lentos e conforme a adrenalina e o desejo aumentavam eles começaram a ficar mais rápidos. O interior de Sehun era tão quente e apertado que deixava ChanYeol beirando a loucura. E sem mais delongas o grandão decidiu agir e foi estocando violentamente aquele corpo que agora o pertencia.

       Mas estava na hora, a lua já estava alta no céu escuro daquela noite e Sehun precisava se saciar, não da maneira carnal como fazia com ChanYeol e sim da sua maneira mais faminta e doentia. Sua maldição ardia agora em sua pele e a rasgava aos poucos o transformando em um ser sem qualquer piedade diante a sua presa fácil e desprotegida, que naquele momento era o homem que se saciava com o seu orifício em busca do ápice do prazer.

      Com os olhos fechados ChanYeol nem se deu conta que Sehun já não era o mesmo e seu corpo mudava, sua aparência antes juvenil e pálida estava no passado, naquele instante seu corpo era tomado por uma onda de prazer tão grande que após mais algumas estocadas ele se desfez dentro do menor.

       E ao abrir seus olhos se deparou com a criatura que tomou o corpo alheio sem dar chance alguma para que o outro se quer pensasse em uma forma de entender a situação e tentar se defender. O Licantropo logo abocanhou seu pescoço, arrancando um generoso pedaço de carne manchando todo o lençol da cama e deixando a jorrar pelo buraco o rio vermelho escarlate.

       Meu encanto esconde meu retrato como fez com Dorian também.

       Quem se deita comigo acorda com a fera e não há nada de belo num Licantropo.

     E Sehun era isso, um licantropo. Amaldiçoado por gerações de sua família em que pelo menos uma pessoa nela teria essa condição, e o pobre garoto foi o sorteado. Assim como o seu avô que começou com tudo ao se envolver com algo sobrenatural em busca de uma vida regada a luxúria e contentamento. Não sem antes acabar sendo mordido por esse alguém que já carregava o mal em si, e passou para ele como uma maldição que passou ao seu filho, pai de Sehun. E o jovem ao nascer herdou não só a beleza como aquilo de ruim que corria pelo sangue de seu pai.

       A criatura agora já em pé diante o corpo estrebuchado no colchão apenas observava a cena do que um dia foi um homem jovem e bonito, se contorcendo com as mãos em cima da enorme ferida tentando conter o sangramento, e com os olhos esbugalhados fitando o lobo que ainda tinha um olhar humano que o encarava.

      O ser o olhava com sua carne arrancada ainda na boca a mastigando e saboreando de uma forma grotesca. Aquilo já não era Sehun, pelo menos uma parte, pois sua consciência ainda estava intacta e isso nem de longe garantia que ele sentisse qualquer remorso do que tinha feito.

       Afinal, ChanYeol foi só mais uma das carnes que provou durante toda sua existência e saciar-se era mais importante que tudo, por isso precisava terminar o que começou e foi direto rente a face do outro para apenas lhe dizer:

       - Sinto muito.

Este é o pacto... 

Fique longe, a carne se abrasará, porém, o espírito se salvará.     

Ou

Se entregue, o corpo se satisfará

Entretanto a alma se perderá.

                                        FIM.