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História O mundo de Avatar sem o Avatar. - Tempo


Escrita por: Cotinha

Notas do Autor


Oieeee, olha só quem voltou rápido hein. Quem diria hahahahahhaha.
Bom, a história tá caminhando pro final e finalmente estarão livres desse lenga lenga que escrevo hahahaha.]
Boa leitura, gente :3

Capítulo 26 - Tempo


Fanfic / Fanfiction O mundo de Avatar sem o Avatar. - Tempo

Dia dezoito, três dias para a festa.

 

Iroh falando:

- Você vai na festa da Azula? – Perguntei assim que adentrei nos aposentos de Lu Ten.

- Nem sei, ando tão ocupado. Muitos assuntos a serem resolvidos.

- O Senhor do Fogo sempre vai ter muitos assuntos para tratar, mas não vai ter 30 anos para sempre, meu filho.

- Pois bem, papai. TRINTA ANOS – Lu Ten acabou perdendo o controle da voz e deu mais ênfase do que creio que queria dar. – Estou um pouco velho demais para festas juvenis e novo demais para reuniões entre os mais cultos.

- Reclama da sua idade? – Soltei uma gargalhada, tendo que limpar algumas lágrimas para continuar a fala. – Reclama de barriga cheia meu filho, queria eu voltar para essa sua “terrível” idade. – O meu tom irônico foi bem perceptível e notei ele torcendo o nariz com minha observação.

- Não é isso... só estou sobrecarregado, me perdoe. – Lu se aproximou de mim e colocou as mãos em meus ombros, ele é muito mais alto que eu.

Me lembro de quando era pequeno, poderia até ter sido chamado de minúsculo, cabendo em uma única palma minha. Parece que foi semana passada que eu estava ensinando ele a caminhar e que a apenas três dias ele estava empunhando a espada pela primeira vez, todo desengonçado, porém confiante de que iria virar o grande guerreiro que é hoje.

O tempo... esse tempo... ele passa voando. Acho que todos nós, seres que somos jovens a mais tempo, dizemos isso.

- Pai, em que está pensando?

Ele já havia saído das minhas costas e estava revirando alguns papéis na mesa, debruçado e com um ar de pouco interesse na pergunta que me fez, decidi não ocupar ainda mais a mente dele.

- Nada demais, pequenino. Então, podemos começar os preparativos para a noite de hoje?

- Ah sim claro, não posso me esquecer disso. Ah minha Raava, quantas coisas para resolver. – Ele começou a passear pela sala, formando círculos no tapete e acelerando o passo cada vez mais. – Preciso falar com as cozinheiras, talvez achar mais um mordomo para essa noite. – Coçou o queixo. – Não posso me esquecer de rever as rotas de segurança, não posso deixar que algum furo aconteça, ainda mais nessa noite que Ching está vindo.

Me postei na frente dele e o segurei nos ombros, fazendo-o me encarar e disse, calmamente:

- Eu cuido de todas essas trivialidades da casa, não se preocupe com tarefas a mais, tome conta da sua nação. Eu cuido de tudo no jantar, tudo vai estar nos conformes, pode ter certeza.

- Muito obrigado, papai. O senhor sabe mesmo como cuidar de tudo, tenho certeza de que tudo estará em ordem e prontamente feito.

Recebi um aperto, não muito forte ou significativo, foi um abraço que mais dizia um singelo obrigado do que qualquer outra coisa. Eu sabia que ele queria me dizer mais coisas, talvez sentar e me confidenciar todos os sentimentos que tem pela tal moça, porém não tem tempo para isso... novamente o tempo.

- Não foi nada meu pequenino, é um prazer. – Me retirei do quarto sem mais delongas.

Já no corredor, comecei a voltar para meu devaneio sobre o tempo: onde eu estava mesmo? Ah é, estava filosofando sobre como o tempo parece mais curto para quem tem idade mais avançada.

Bom, para ser sincero, tenho uma ideia bem formada de porque isso acontece, na verdade é bem simples: nós, idosos, já vivemos mais. Obviamente. Já vimos mais coisas, já comemos mais comidas e claramente já passamos por mais situações que os jovens. Tudo isso faz com que situações pelas as quais não passamos fiquem cada vez mais raras. Sensações pelas quais nunca sentimos ficam quase nulas. Não que saibamos tudo, não mesmo, muito longe disso. Porém, acredito, nosso cérebro já está no automático para quase todas as situações do cotidiano e até para algumas que podem quebrar a rotina ocasionalmente. Por exemplo: passear sempre para o mesmo lugar.

Nosso cérebro grava as situações e passamos a nos comportar da mesma maneira que da última vez que fizemos aquilo. É como um looping, e o cérebro reconhece esse looping e poupa esforços desnecessários acessando, assim, seu banco de memórias e recorrendo a ações passadas para o presente que vivemos, copiosamente.

Basicamente, os dias parecem mais curtos, porque já comemos aquela comida muitas vezes, já demos ‘bom dia’ para o porteiro a meses, já percorremos o mesmo caminho a anos. Nossa rotina existe e é bem cômodo para o cérebro segui-la.

Porém, se você nadar contra essa maré e se forçar a novas experiências sempre, poderá aproveitar mais seus preciosos minutos. Viajar para lugares diferentes, cheirar novas fragrâncias, entrar num novo círculo social. Tentar, tentar de tudo para sentir cada segundo passando, e não cada ano, como é comum para nós, pessoas da maré.

 

Não deu muito trabalho providenciar a comida com as cozinheiras, são rápidas e tenho certeza de que tudo estará pronto pontualmente às 21h, como é o desejo de Lu Ten. Logo depois eu fui para a casa dos empregados e pedi para que todos nossos mordomos e ajudantes ficassem a postos, eu queria tudo organizado com meia hora de antecedência, assim, talvez, Lu Ten se sinta mais à vontade com tudo. A última coisa que eu precisava garantir era que todos estivessem presentes, talvez isso exige muito mais do que algumas palavras.

Uma rápida olhada no relógio me garantiu que eram quatro horas da tarde ainda. Talvez Azula ainda estivesse descansando, ou não. Ela anda tão grudada naquela amiga simpática dela que não sabemos mais quando está dormindo ou quando estão apenas fofocando sobre a vida. Já deve fazer muito tempo que ela não sai realmente do quarto para fazer algo que não seja comer, quando obrigada pela família a se apresentar à mesa. Bom, é, definitivamente irei começar por ela.

Não demorei muito para chegar na ala dos príncipes, Zuko tinha saído, provavelmente para encontrar mais uma menina que iria chorar pelos cantos depois que ele conseguisse o que quisesse. Esse menino não mudava, com certeza era reflexão da criação que teve pelo pai. Ozai nunca foi muito amoroso com ninguém, mas o primogênito dele sempre sofreu mais. Nunca estava treinando o bastante e nunca era bom o suficiente, com certeza aquele bebê tão frágil cresceu com algumas marcas dessa criação sem amor paterno. Agora, quanto ao materno, não se tem o que reclamar. Ursa é uma mãe presente, sempre pronta para qualquer problema que seus filhos tenham e sempre esforçada. Não sei quantas tentativas, todas frustradas, ela já fez para tentar alcançar uma boa relação com a filha, mas Azula é do gênio do pai, não é fácil de lidar.

Bom, já que Zuko não estava, sua presença no jantar seria nula, restava tentar convencer a prima mais nova de Lu, talvez conseguisse algo. Bati três vezes na porta e escutei um murmúrio vindo de dentro, nada sonolento, porém vindo de alguém que certamente estava coberto de preguiça.

Aí está mais um mistério desses jovens, como vivem tão relaxados? Possuem um mundo pela frente, podem correr, pular, ler e no final do dia comer um bolo inteiro sem se importar se no dia seguinte vão estar dispostos e bem de saúde, porque óbvio que iram, e estarão aptos a fazer tudo de novo. Mesmo assim, preferem ficar deitados olhando para o teto, largados em seus pensamentos confusos e sem nexo, ou pior ainda, gastando todas suas energias com coisas que deveria só ser feitas depois de uma idade bem mais avançada.

Com certa repugnância por esse último pensamento, eu adentrei nos aposentos da princesa Azula e dei de cara com um emaranhado enorme de cobertas, sem contar os vários pratos, agora vazios, abandonados pelas mesas e escrivaninhas. Tinham roupas no chão e até mesmo peças íntimas distribuídas à esmo pela mobília.

- Tio? O que deseja? – Azula levantou preguiçosamente o tronco da cama e se escorou na cabeceira, como se não tivesse forças para manter as costas eretas, que absurdo. Novamente não posso deixar de pensar como os jovens desperdiçam o elixir da vida com tanta preguiça.

- Vim lhe fazer um convite, muito especial a propósito, vindo do seu primo.

- Ten? O que ele tá querendo?

- Imagino que já saiba que ele está apaixonado por uma menina chamada Ching Lee. E que ambos almejam se casar. Estou certo em pensar que tais coisas são de seu conhecimento?

- Sim, claro. Notícias correm como o vento por aqui tio.

- Evidentemente. – Estava tentando segurar a respiração até acabar minha estadia ali, porém aquele palavrão exigiu um tamanho esforço e não fui capaz de conter o ar. Assim que retornei a inspirar, me lembrei o porquê de querer forçar uma rápida abstinência de ar, o cheiro naquele lugar estava péssimo. Algum ser estava morto ali, essa seria a única explicação plausível. É isso, o pior aconteceu, Azula matou alguém e colocou naquele quarto, que cheiro horrível.

- Que cara é essa, tio?

- Não sente esse cheiro? Acho que estou começando a desmaiar de tão forte. Diga, Azula, quem você escolheu para assassinar? – Perguntei em tom de piada e obtive uma risada contida e debochada como resposta.

- Abra as janelas, se assim lhe agradar. – Enquanto me apressava para que sentisse o ar puro lá de fora ela disse. – E por favor, se apresse no recado, eu estou cansada.

Cansada de quê? Deitar e sentir esse cheiro insuportável? Sinceramente, jovens e suas vidas.

- Bom, Lu Ten convidou sua futura esposa e nossa futura rainha para um jantar. Talvez goste de saber que todos ficaríamos felicíssimos se você pudesse comparecer também.

- Zuko estará lá? – Perguntou com certo desdém.

- Não, ele saiu com alguma... hum.. amiga.

- Amiga...sei. – Ela lançou um olhar confidencial para o chão. – Bom, se ele não vai, eu também não vou. Sem contar que tenho compromissos, minha amiga vem aqui hoje.

- A rabugenta ou a sorrisinho?

- É assim que as nomeia tio? – Riu e me encarou. – Sinceramente, esperava mais classe do nosso antigo sr. do Fogo.

- Uma piada não mata ninguém.

- Realmente, não mesmo.

Com um aceno de ombros dela eu reparei que tinha recebido minha deixa para sair do quarto e deixa-la sozinha.

Ótimo. Nenhum sucesso. Já esperava por isso, mesmo assim, admito que alguma esperança residia em mim. (Iroh cosplay de Katara aqui gente shaushauhsuahushah).

Só me resta tentar persuadir meu irmão e minha nora a irem. Não que seja de extrema importância, eles nada têm que dar palpite no casamento de meu filho, e já prevejo muitos comentários sarcásticos vindos de Ozai por conta da linhagem popular de Ching Lee.

Com um suspiro começo a ir até onde Ozai divide a cama com Ursa.

 

Novamente dei os três costumeiros toques na porta, naquela casa as coisas funcionavam assim, tudo muito simples, três toques e você entrava ou não.

- Entre, por favor. – A voz era de Ursa, forte porém com aquele tom amoroso que faria qualquer criança vir correndo até seus braços, todas menos Azula, óbvio.

- Com licença. Como está hoje, minha querida?

- Sabe que não consigo mentir para você não é mesmo, Iroh? – Soltando uma pequena lufada de ar ela continuou: – Tive náuseas e aquela persistente dor de cabeça.

- Novamente, sem explicação imagino? – Uma pergunta retórica que não precisava de resposta, apenas o aceno de cabeça bastava. – Já disse que precisa se cuidar, isso não pode estar certo. Deveria eu mandar preparar um chá que talvez a acalme? Posso sugerir camomila ou erva-cidreira?

- Não, acho melhor não me remediar assim por nada.

- Por nada? – Me aproximei dela e pude perceber como estava pálida, parecia que suas forças se esvaiam a cada segundo, mesmo mantendo a calma e o amor no olhar. – Já faz muitos dias que anda capengando nos corredores. Acha que não percebo?

- Iroh, deixa que resolvo isso.

- Tudo bem, você que sabe, minha querida. – Me afastei dela e me dirigi à mesinha de centro, um tanto longe de onde ela estava, para observar algumas fotografias. Todas dispostas quase que metricamente perfeitas e todas com os mesmos rostos, a família amada da nação do fogo e suas faces mostrando impessoalidade pura. Claro que eu estava em algumas, mas não gostava de tirar essas fotos, onde já se viu ter que ficar sério? Nunca entendi a explicação para isso, porém não reclamo. – Quanto tempo essa foto tem?

A resposta não veio num tempo normal de uma conversação, por conta da demora me virei e vi que Ursa estava com a cara mais confusa que já a vi fazer. Ela não queria admitir que não tinha ouvido. Repeti a frase e esperei algo. Ela continuava estática e apertando os olhos, como se assim pudesse aguçar a audição. Me aproximei dela e repeti a frase. Percebi que não se tratava de surdez, mas sim duma falta clara de entendimento, parece que do nada ela esqueceu da nossa língua.

Algumas lágrimas se formaram nos olhos dela, porém não rolaram bochecha abaixo, e nem iriam, disso eu tinha certeza, ela não se daria ao luxo de chorar por “nada”, que era como estava classificando aqueles sintomas.

Me aproximei dela e a abracei. Senti que o momento era delicado, suas mãos trêmulas se encontraram atrás das minhas costas e o aperto foi leve, como eu já havia percebi, quase não tinha forças. Ficamos algum tempo assim, até que interrompi o contato e passei o dedão pelos olhos marejados dela.

Procurei por um pedaço de papel qualquer, achei o papel e a pena em cima da mesa de escrever cartas que havia no canto. Molhei a ponta da pena e escrevi a mensagem que pretendia passar para ela: “Lu Ten vai dar um jantar hoje para sua futura noiva. Vim convidá-los. Porém percebo que algo aconteceu, lamento e insisto para que procure ajude. Até lá, explicarei a situação para Lu e ele entenderá perfeitamente. Se cuide. ”. Levantei, entreguei o papel e me afastei um pouco. Os olhos dela percorrem as linhas avidamente e no tempo exato de dez segundos ela voltou os olhos para mim, acenou positivamente com a cabeça e me lançou um sorriso de gratidão. Acenei com a cabeça e me retirei calmamente, deixando para trás aquela figura calma e fraca, a sombra de uma mulher que não sabe o que está acontecendo e mesmo assim não se dá por vencida.

 

- Nenhum deles? Meu Deus, que lástima. – Lu Ten tinha acabado de sair do banho e abriu a porta do banheiro, deixando escapar uma grande quantidade de ar quente. – Bom, vamos ser só nós então. Espero que não tenhamos maiores problemas.

- Se acalme, vai dar tudo certo, a noite vai ser adorável, tenho certeza.

 

Dito e feito, o jantar foi ótimo. A comida estava apetitosa, a serventia funcionou habilmente e Ching Lee foi uma ótima companhia. Não podia escolher uma moça mais qualificada para meu pequeno soldadinho (feelings com essa expressão, né não?).

- A senhorita é uma ótima moça e fico muito feliz que vá se casar com meu filho. Não posso desejar menos que o melhor para vocês.

- Fico lisonjeada com a benção que nos dá. Saiba que amo realmente seu filho. – Ela se aconchegou mais no abraço dele, que estava escorado no umbral da porta principal. – Pretendo fazê-lo muito feliz.

- Você já faz, meu amor. – Lu lhe beijou a fronte.

- Ótimo, ótimo. Bom, vou deixar os pombinhos namorando um pouco, com vossa licença. – Fiz duas pequenas reverências e comecei a subir as escadas, em direção a minha suíte.

Assim que cheguei comecei a me preparar para dormir. Aquele dia tinha sido o que eu gostaria de classificar como vivido, de fato. O tempo, esse sim valeu por hoje. Bom, claro que nem tudo deu certo, porém que vivi o que nunca tinha vivido, isso com toda certeza.

Descobrir que sua nora está à beira de um AVC é algo que não se acontece todo dia.

Descobrir que sua sobrinha é lésbica e namora a amiga risonha então... quem diria? Bom, talvez todos menos nós da família.

É com certeza esse dia foi diferente, inusitado, porém irrefutavelmente vivido.

 

 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Tudo de bom sempre e até mais :3.
Aaaaah e lembrem-se: Titio Iroh sabe de tudo, meus amores.


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