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História O outro lado do mundo - Encontro nas Nuvens.


Escrita por: LVMarin

Notas do Autor


Mais um capítulo!
Pequeno spoiler saudável: o primeiro membro aparece. ;)

Capítulo 3 - Encontro nas Nuvens.


Fanfic / Fanfiction O outro lado do mundo - Encontro nas Nuvens.

Virei para a Laís e percebi que ela estava com lágrimas nos olhos, mas também um enorme sorriso no rosto. Os meninos todos sorriam e gritavam. As pessoas do bar vieram me dar os parabéns.

Isso era completamente insano. Eu tinha realmente falado com o EXO, eu ia conhecer eles. Pessoalmente. Minhas palmas soavam e eu não conseguia para de sorri nem um momento. Abracei o Cauã e ele deu um beijo no topo da minha cabeça. Então um rapaz veio até a mesa e se apresentou para mim em coreano.

“Miss Park, eu sou Ahn Jae Mo. Podemos falar um momento sobre o programa?”

“Claro.” Falei o cumprimentando e caminhando até uma mesa.

Ele me mostrou uma série de papeis sobre o reality, regras e contratos de sigilo. As datas em que os programas iam ao ar e os termos da participação. Mesmo que eu não fosse selecionada para a final eu teria que ficar na Coreia até que o episódio da escolha fosse ao ar o que aconteceria exatamente uma semana depois da chegada dos escolhidos.

As filmagens começaram assim que eu assinasse o contrato e uma equipe iria me acompanhar todos os dias até que eu chegasse na Coreia. Eles iam usar essas imagens no dia do anuncio de quem seria o fã escolhido para participar do reality. Jae me apresentou para a equipe que ia me acompanhar nos próximos dias. Não eram muitos, mas foi difícil decorar todos os nomes.

Assim que eu terminei de ler o contrato e esclarecer algumas dúvidas principalmente sobre o voo que eu iria pegar para Seoul eu o assinei com o coração mais leve. Parece que o vídeo original que eles haviam recebido como a minha inscrição era maior do que o que foi apresentado, por isso todos estavam cientes do meu tempo corrido. Tinha uma brecha no contrato que dizia que eu podia pegar um voo que não fosse o que a SBS estava me oferecendo e ir em outro dia, contanto que eu chegasse na data prevista.

Jae tinha encontrado um voo saindo de Brasília na madrugada do dia em que eu apresentaria o TCC e se eu conseguisse antecipar a exposição uma noite eu poderia pegar o voo logo depois da cerimônia de abertura.

“O único contra é que você vai ter que pagar o voo por conta própria.” Jae disse depois de me explicar tudo.

“Não tem problema nenhum!” Falei mais feliz do que eu me sentia em muito tempo.

“Vou fazer a reserva então.” Ele disse mexendo no celular.

 

Fui até a faculdade encontrar com o meu orientador pela última vez até o dia da apresentação, sendo é claro seguida pela equipe de filmagem, o que fez com que todos virassem para me olhar. Não era difícil me acostumar com as câmeras ao meu redor, era difícil me acostumar com a reação das pessoas ao redor das câmeras. Sempre parando para olhar como se eu fosse um animal de circo.

Depois fomos para o meu apartamento onde eu mostrei para as câmeras onde e como eu vivia. A minha sala/ateliê improvisado, meu quarto minúsculo cozinha e a estante onde estavam os cds e revistas onde o EXO havia aparecido. Enquanto eles faziam algumas filmagens da vista do meu apartamento, que dava para o cristo redentor, eu me arrumei para ir para uma apresentação com os meninos. Todos mais afetuosos que nunca, Tony e suas investidas ridículas piores que nunca, mas nenhum deles ousou me chamar de japa.

As câmeras foram definitivamente de muita ajuda, por que todos no bar em que nós estávamos nos apresentando estavam muito interessados em saber quem era a celebridade sendo filmada. Mal sabiam eles que não havia celebridade nenhuma, apenas eu.

A pedido da equipe de filmagem nós tocamos mais músicas do EXO que o usual, mas apesar do que nós esperávamos as pessoas receberam as mesmas com muita boa vontade. Algumas até dançaram. Fiquei com a séria impressão que a equipe estava pagando as pessoas para parecerem mais animadas do que realmente estavam.

“Estou orgulhoso.” Cauã falou depois da apresentação.

Nós estávamos encostados no carro do lado de fora do bar esperando os outros terminarem de arrumar tudo para que nós fossemos embora.

“Eu ainda não entendi muito bem o que aconteceu...” Admiti. “Quem mandou o vídeo? Foi você ou a Laís?” Ele deu uma risada. “Os dois.” Chutei e ele assentiu.

“Eles entraram em contato comigo dizendo que você tinha sido selecionada, pediram ajuda com toda a coisa do bar e eu ajudei. Eu sempre soube que você ia conseguir...” Ele me puxou para seus braços e beijou o topo da minha cabeça mais uma vez. “Você merece japa.”

 

 

“Não esqueceu de nada mesmo?” Laís perguntou mais uma vez. “Você sabe que você não vai ter tempo de mais nada hoje né? Tem que tá tudo aí dentro.” Ela apontou para a enorme mala que eu estava prestes a fechar.

Chequei a lista mais uma vez por precaução. Eu não tinha esquecido de nada. Passei os olhos pelo quarto e mais uma vez suspirei. A Laís ia tomar conta do meu apartamento até eu voltar, mas uma dorzinha ainda enchia meu peito. Aquele tinha sido meu santuário por muito tempo e me doía ter que me afastar dele mesmo que fosse apenas por alguns dias e no máximo alguns meses.

Fechei a mala e respirei fundo. O dia mais corrido da minha vida estava prestes a começar. Primeiro eu tinha a apresentação do TCC em algumas horas, depois eu tinha que ir para o salão me preparar para uma sessão de fotos na galeria ao lado dos meus desenhos e depois a cerimônia de abertura da exposição. Eu podia ficar na festa por apenas algumas horas, que seriam gastas conversando com alguns críticos e personalidades importantes da galeria. Depois eu teria que correr para o aeroporto até que finalmente eu iria pegar um voo para Seoul. Onde eu chegaria depois de um pouco mais de uma dia de viagem.

Dei um longo abraço na Laís e a agradeci mais uma vez pelo que ela tinha feito. Eu a tinha feito me mostrar o vídeo que ela tinha enviado para a Coreia, eles tinham realmente editado o vídeo antes de mostrar ele no programa. O vídeo inteiro tinha quase oito minutos. Muito desse tempo era composto das coreografias que nós fazíamos na aula de dança e das apresentações da banda.

Mas as partes que eu mais tinha gostado não haviam sido mostradas. Momentos que a Laís tinha filmado sem que eu soubesse, quando nós estávamos sentadas conversando sobre o concurso e eu tinha falado sinceramente como eu queria participar, mas que meu futuro na música era mais importante agora. Meu diploma era mais importante agora. A Laís tinha conseguido mostrar o quanto eu estava triste e me remoendo por dentro por saber que não ia dar tempo de fazer as duas coisas.

Depois de pensar muito sobre o assunto eu cheguei à conclusão de que a Laís era minha fada madrinha e que eu devia a ela o meu sonho de conhecer os meninos do EXO pessoalmente. Eu ia dar um jeito de conseguir algo muito especial para ela, eu ia retribuir o enorme presente que ela estava me dando.

“Você precisa se apressar ou vai chegar atrasada!” Laís disse puxando minha mala para deixa-la de pé.

Levantei num pulo e dei mais uma abraço apertado nela.

“Obrigada!” Falei enquanto ela me empurrava para fora do apartamento junto com a equipe de filmagem.

“Boa Sorte! Te vejo hoje na noite na exposição.”

 

Jae se juntou a equipe de filmagem quando nós estávamos fazendo as fotos para a exposição. Eram no geral fotos de perfil sorrindo ao lado dos desenhos e dos donos da galeria. Por pedido do Jae que me achou incrivelmente fotogênica, o que eu não necessariamente concordava, nós acabamos fazendo algumas outras fotos só minhas. Nada muito glamoroso apenas fotos um pouco mais editoriais.

Quando as fotos terminaram todos estavam felizes com o resultado das fotos, inclusive eu que tinha conseguido gostar de uma ou outra. Geralmente eu me achava tão estranha em fotos profissionais, como se aquela garota não fosse realmente eu.

Corri de volta para o salão onde eles me arrumariam para a cerimônia de abertura da exposição. Duas horas depois eu estava com cabelo e maquiagem prontos e a caminho da galeria mais uma vez. Dessa vez a mesma estava repleta de pessoas no hall de entrada. Coloquei um sorriso no rosto e coloquei apenas uma coisa em mente. Eu preciso fazer tudo perfeito aqui para poder correr para o aeroporto e ir ao encontro dos meus incríveis deuses perfeitos e talentosos.

EXO.

EXO.

Apenas isso que passava na minha mente enquanto eu conversava com os críticos sobre meu trabalho. Todos muito interessados em saber por que eu estava sendo seguida por uma equipe de filmagem e eu sempre evitando o assunto. Esse não era o momento para que todos soubessem da minha participação como fã alucinada de uma banda de k-pop. Com um sorriso no rosto e muito bom humor eu consegui desviar das perguntas sem que nenhum mal fosse causado. Tanto a minha imagem de profissional quanto a minha imagem de fã.

Me despedi dos meninos e da Laís às pressas na galeria porque eu tinha conseguido me atrasar mais do que eu podia e não ia dar tempo de ter uma despedida de verdade.

Finalmente eu tinha que correr para o aeroporto, onde eu trocaria de roupa e embarcaria. Precisei correr até a porta de embarque para poder conseguir embarcar, por que eu já estava muito atrasada. Eu fui a última passageira a embarcar junto com a equipe de filmagem, que agora estava apenas com uma câmera de mão.

Assim que o voo decolou eu respirei fundo pela primeira vez no dia inteiro. Eu realmente estava indo para a Coreia. Eu ia conhecer o EXO. Eu ia falar com eles pessoalmente. Tive uma crise de risos no avião e todos perto de mim me olharam como se eu fosse absolutamente louca.

 

Acordei quando o avião estava pousando em Dubai. Meu coração palpitou. Eu estava realmente cada vez mais perto do meu sonho. Aproveitamos que teríamos que esperar algumas horas pelo próximo voo e fomos comer alguma coisa. Enquanto andava pelo aeroporto me dei conta de que e realmente estava em um país completamente diferente do Brasil. Tudo aqui era tão limpo, luxuoso e perfeito.

Comemos e pela primeira vez eu descobri os nomes da equipe que me seguia para todo lado. Apesar de ter mais deles agora do que antes. Brinquei com os cinegrafistas quando eles disseram que tinham gostado de gravar no Brasil, mas que ficaram tristes por que eu não fui até a praia. Eles queriam ver os brasileiros na praia...

“Brasileiros? Você quis dizer brasileiras de biquíni!” Eu disse revirando os olhos para ele. Que apenas riu e ficou da cor de um pimentão.

Depois de algumas horas embarcamos para Hong Kong, onde pegaríamos um outro voo até a Coreia. O voo até Hong Kong foi calmo, mas dessa vez eu fui o caminho todo assistindo filmes na TV do avião. Tentei ler um livro, mas não consegui me concentrar e acabei voltando para a Tv. Pousamos em Hong Kong e corremos para a nossa conexão. Até que finalmente estávamos no estágio final da nossa viagem para Seoul. Uma alegria imensurável percorreu meu corpo inteiro quando eu vi a fila para embarcar.

Para a minha surpresa nesse voo todos nós iriamos de primeira classe, o que segundo o Jae era graças a SBS, que tinha mantido o meu último roteiro por conta deles. Minha felicidade só aumentou com aquela informação. Eu não ia apenas voar para Seoul, eu ia voar de primeira classe.

Entramos na fila logo atrás de uma senhora que não parava de reclamar da demora, em francês, por isso todas as pessoas que a olhavam apenas sorriam sem saber o que dizer.

“Ce n'est pas la première classe? Nous devrions embarquer immédiatement. Parce que je dois attendre?” Ela falava inquietamente, mas sempre com um olhar altivo e o rosto sem emoção, o que dava a impressão de que ela estava apenas fazendo comentários sem sentido, quando na verdade ela estava reclamando da demora do embarque e dizendo que devia embarcar imediatamente.

Vi que a demora se devia a alguém na frente da fila que conversava com a atendente e por isso todos estavam demorando a embarcar.

“Ne vous inquiétez pas. On dirait que c'est juste un gars flirter avec le greffier.” Sussurrei para ela. Explicando que a demora se devia apenas a um rapaz flertando com a atendente e por isso nós logo devíamos embarcar, por isso ela não devia se preocupar.

A senhora virou para mim com um enorme sorriso no rosto e respirou fundo, como se tivesse acabado de ter a melhor notícia do dia. Então ela olhou para o começo da fila e revirou os olhos.

“Ainda bem que você fala minha língua!” Ela com um francês carregado e apertou as minhas bochechas. “Eu estava enlouquecendo. Minha filha precisou viajar em um voo diferente do meu e agora eu estou aqui completamente perdida.”

Ela estava falando tão rapidamente que até mesmo eu me perdi no seu francês. Finalmente a fila começou a andar novamente e ela precisou para de falar. A senhora estava em um assento ao meu lado do outro lado do corredor. O que a fez ficar muito feliz.

Viajar na primeira classe é tão incrível quanto parece. O assento é imenso, o serviço é perfeito e todos são incrivelmente educados. Me acomodei no meu assento maravilhada com tudo aquilo e olhei ao redor. Notei que a maioria das pessoas no avião estavam incrivelmente bem vestidas e a maioria era chinesa, apesar disso não ser inteiramente uma surpresa.

Então eu notei o rapaz sentado na poltrona ao lado da minha. Ele estava com um gorro preto, um casaco com um cachecol que cobria seu queixo, óculos escuros e fones de ouvido. Tinha algo naquele garoto que me parecia incrivelmente familiar...

“Alors...” A senhora disse chamando minha atenção. “De onde você é minha querida? Obvio que não é daqui, você parecia tão perdida quanto eu com todo aquele mandarim.” Seu francês era forte e com o sotaque do norte da França.

“Sou brasileira, bom meio brasileira meio coreana.” Respondi ainda em francês, que para minha sorte e o mais absoluto fascínio dela, eu tinha aprendido em Paris.

“E como você aprendeu francês tão bem?” Ela quis saber.

“Morei algum tempo em Paris. Fiz faculdade lá.”

Isso foi o suficiente para fazer a mulher ficar completamente encantada. Ela era uma amante das artes, principalmente desenhos a carvão. Conversamos sobre arte por um bom tempo, até que finalmente a comissária de bordo nos perguntou o que nós íamos querer comer. Primeiro em mandarim e então em inglês. Marie me fez traduzir tudo pra ela por que ela simplesmente se recusava a falar inglês, por mais que ela entendesse.

Estávamos com um pouco mais de uma hora de voo quando Marie decidiu tentar dormir m pouco. O que me deixou mais relaxada. Fazia muito tempo que eu não praticava meu francês por isso era estranho usar tanto em um só dia. Sorri comigo mesma e olhei em volta.

Foi quando eu tive uma surpresa. O rapaz de óculos estava completamente virado para mim como se estivesse me avaliando. Para a minha surpresa ele ainda estava com todo o seu agasalho. Chapéu, óculos e cachecol incluído, a única coisa que tinha sumido era o fone de ouvido.

“You speak french.” Ele disse calmamente olhando na minha direção.

Quer dizer, não tinha como eu saber se ele realmente estava olhando para mim por causa do óculos, mas como eu era a única ali...

“Você fala inglês.” Falei em coreano.

A verdade é que eu tinha reconhecido o sotaque dele. Não que fosse muito aparente, ele apenas existia. Vi o cachecol se mexer o que podia significar que ele estava sorrindo, mas não tinha como saber de verdade.

“Boa observação.” Ele respondeu em coreano e com um certo divertimento na voz.

“Achei que nós estivéssemos fazendo observações obvias...” Falei dando de ombros e voltando minha atenção para a televisão na minha frente.

Era incrivelmente divertido mexer nessas coisas. Haviam joguinhos e filmes disponíveis. A comissária veio me oferecer algo para beber.

“Um cappuccino.” Pedi e voltei a olhar para a tela.

Senti os olhos do garoto em mim novamente e virei para encara-lo. Ele estava sorrindo, eu tinha certeza, pela forma como suas bochechas moviam seu óculos. Levantei uma sobrancelha para ele e foi a minha vez de me virar completamente para ele.

“O que?”

Ele balançou a cabeça, mas não parou de rir.

“Estou apenas abismado com você...” Ele disse dando de ombros. “É verdade que você fez faculdade em Paris?”

Primeiro eu fiz uma careta. O que ele queria dizer com está abismado comigo? Então a pergunta dele acendeu outra lâmpada na minha mente. Se ele sabia disso então...

“Você fala francês?”

Ele balançou a cabeça negativamente.

“Só entendi essa frase...” Ele disse dando de ombros. “Então, é verdade?”

“É. Morei em Paris enquanto me formava.”

Ele assentiu e franziu a testa como se estivesse pensando sobre algo. Quem era esse garoto? Por que ele me dava essa sensação de que eu já tinha visto ele em algum lugar? Entortei a cabeça tentando reconhecer as poucas partes visíveis do rosto dele por outro ângulo, mas não consegui. Na verdade isso só o fez rir ainda mais.

“Você já se formou? Em que?” Ele perguntou ainda rindo da forma como eu estava o encarando.

“Em Belas Artes. Mas já faz algum tempo...” Falei tentando me aproximar dele, mas vendo que isso seria meio estranho. “Eu tenho a impressão que eu já te vi em algum lugar antes...” Falei franzindo o cenho, ele deu uma risada realmente alta agora.

“Sério? Onde?” Ele perguntou ainda rindo. “Você não está tentando me passar uma cantada está?”

Eu estava prestes a gritar com ele quando comissária me entregou o cappuccino, o que me deu tempo para pensar um pouco. Aquele rosto, ou pedaços de rosto. Eu já tinha visto ele em algum lugar eu sabia disso. Então uma ideia correu na minha mente. Não isso era simplesmente impossível... Eles não fariam algo desse tipo fariam?

Virei novamente para ele e então ri me mim mesma por ter pensado uma besteira dessas. Ele estava coçando seu ouvido com um dedo e isso era simplesmente não divo demais. Não. Impossível.

Bebi eu cappuccino calmamente enquanto lia alguns capítulos do livro que eu não havia conseguido ler no outro voo. Eu tinha finalmente descoberto por que eu não tinha conseguido me concentrar. O motivo era realmente simples. O livro era ruim.

“Você disse que faz tempo que você se formou...” A voz dele chamou minha atenção de novo, me deixando feliz por ter algo para fazer que não fosse ler aquele livro horrível. “Você parece bem nova para já ser formada. Posso perguntar quando você se formou?”

Suspirei e cocei o rosto. Eu não gostava muito dessa pergunta. Apesar de escutar ela sempre que alguém sabia que eu já era formada em Belas Artes. Eu tinha recebido atenção demais nesse assunto no meu passado e sinceramente não via a hora de deixa-lo para trás. Mas isso era só uma conversa de avião e eu provavelmente nunca mais veria esse garoto, então...

“Eu entrei na faculdade com 14 anos. Ou melhor eu me formei no colégio com 14 anos e em seguida entrei na faculdade. Me formei com 17 e comecei a segunda faculdade com 18.” Dei um sorriso sem graça para ele e então voltei minha atenção para o meu cappuccino. Como esperado ele estava apenas me olhando sem falar nada. Dei um sorriso. “Você não precisa acreditar...” Falei dando de ombros.

“Eu acredito...” Ele disse sem hesitar. “Mas isso não significa que eu não esteja impressionado. Então você é uma espécie de prodígio?”

“Não sou. Eu só tive uma avó que me influenciava muito a estudar... Eu ainda tenho muito o que aprender.” Eu estava com os olhos na xícara por algum motivo eu não queria olhar para aquele par de óculos agora.

Talvez o principal motivo fosse por que eu ia ver meu reflexo e eu não queira ver meu próprio reflexo agora. As luzes da cabine se apagaram para que as pessoas se sentissem mais confortáveis para dormir.

Encostei a cabeça na poltrona e suspirei, aproveitando o silencio que tomava conta do avião. Silencio era sem dúvidas uma das minhas músicas preferidas, simplesmente por que ele deixava que músicas tão belas quanto ele tomassem seu lugar e fossem completamente apreciadas.

Meus olhos estavam quase se fechando quando eu escutei uma voz bem perto do meu rosto.

“Por que eu tenho a impressão que tem muito mais sobre você do que eu posso se quer começar a imaginar?”

Abri os olhos e dei de cara com o par de óculos me encarando com a cabeça encostava na própria poltrona, mas completamente virado para mim. Eu não podia ver seus olhos ou sua boca, mas eu tinha certeza que seus olhos estavam grudados nos meus. Dei um minúsculo sorriso e encarei o reflexo dos meus olhos em seu óculos.

“Ninguém consegue desvendar completamente uma pessoa em tão pouco tempo. Eu não sou diferente. É preciso calma e tempo para conseguir finalmente me ver completamente.” Falei sorrindo e fechei os olhos deixando o silencio mais uma vez encher meus ouvidos.

Falar aquilo me pareceu simplesmente certo naquele momento. Algo dentro de mim queria que esse garoto estranho soubesse disso, que ele entendesse que eu não sou tão simples quanto pareço. Mas por que eu tinha me incomodado tanto com esse garoto? Acho que todo esse tempo voando tinha me deixado um pouco estranha...

Acabei dormindo e sonhando que os integrantes do EXO estavam me esperando no aeroporto com flores e bombons. Eu gritava como uma louca ao ver eles e então eles ficavam com medo dos meus gritos e decidiam ir embora. Eu gritava pedindo para que eles não fossem, mas um grupo de fãs loucas voava para cima de mim e começava a me ameaçar. Acordei num pulo assustada e olhei em volta desnorteada.

“Pesadelo?” Uma voz perguntou ao meu lado.

Virei e vi o garoto de óculos novamente virado para mim enquanto bebia água. Lembrei a mim mesma que eu estava em um avião a caminho da Coreia e suspirei meio aliviada.

“Eu estava sendo atacada por um bando de garota loucas...” Passando a mão no rosto e percebendo que eu tinha babado e que minha maquiagem estava borrada. Bufei e virei para o garoto. Ainda bem que eu estava sentada ao lado de um estranho e não de algum deus lindo.

“Parecia bem ruim, você estava grunhindo e mandando elas soltarem seus cabelos.” O garoto falou num tom divertido. “E estava fazendo isso em várias línguas, admito que me lembrou um pouco de mim mesmo.”

Fiz uma careta, eu realmente tinha deixado uma péssima impressão nesse garoto. Ri de mim mesma e me alonguei. Mesmo na primeira classe dormir em um avião ainda era um tanto desconfortável.

“Você não dormiu?” Perguntei ao garoto enquanto procurava a minha bolsa de maquiagem.

“Você estava roncando bem alto.” Ele brincou e eu virei para ele apontando o rímel, como se o mesmo fosse uma arma perigosa e que ele devia temer.

“Eu não ronco. Eu babo e falo, mas não ronco.”

“Babar e falar tudo bem, mas roncar é péssimo?” Ele deu uma risada e balançou a cabeça. “Ainda bem que você é divertida. Eu estava com medo desse voo ser uma chatice.”

Revirei os olhos para ele e comecei a retocar a maquiagem cuidadosamente. Eu não tinha certeza de como as coisas aconteceriam quando eu chegasse na Coreia. Quer dizer, o Jae havia me falado que todos os outros fãs haviam chegado no dia anterior e que as filmagens começariam hoje, exatamente no dia em que eu estava chegando.

Se as filmagens realmente começariam hoje isso significava que eu provavelmente não teria tempo de ficar linda antes de ver os meus ídolos, então eu tinha que dar o meu melhor para ficar perfeita agora.

“Bonjuor, chérie.” A senhora ao meu lado falou ao me ver acordada e me arrumando. “Você está linda, não precisa dessas coisas...”

“Merci.” Sorri alegremente para ela. “Mas tudo indica que eu vou encontrar com os homens mais lindos da face da terra hoje e eu não quero estar feia...”

“Jovens...” Ela disse revirando os olhos.

Guardei a bolsa de maquiagens depois que percebi que eu já tinha feito o melhor que eu podia. Então virei e vi o rapaz de óculos me encarando e rindo, como se aquilo fosse uma das coisas mais divertidas que ele já tivesse visto.

“O que?” Perguntei.

“Nada, só que parece que você vai encontrar com alguém importante quando chegar no aeroporto...” Ele deu de ombros e voltou sua atenção para o seu copo de água.

Meu sorriso cresceu e eu dei um pulinho na cadeira.

“Eu espero que sim...” Falei mais para mim mesma do que para ele. “Só espero que a parte das loucas não aconteça.”

“O que?” Ele soou confuso.

Não respondi a sua pergunta por que eu estava muito ocupada tentando pensar em algo para dizer para os meus deuses, quando eu os visse. Quer dizer algo que não fosse, eu meu nome é Amelie e eu sou louca por vocês...

Lembrei do sonho que eu tinha tido e sorri comigo mesma. Eu não podia gritar muito, por isso eu tinha que me controlar o máximo que eu pudesse, já que eu não queira que eles se assustassem como no meu sonho. Então o que eu ia falar para eles quando os visse? Por que era tão difícil? Bufei e grunhi sozinha o que fez o garoto de óculos ao meu lado dar uma risadinha.


Notas Finais


Aos poucos a gente conhece todos eles...

Espero que vocês estejam gostando da fic.
Por favor, deixem suas opniões ;)


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