O dia havia começado normal. Era o final da tarde de sábado na pequena cidade e muitos não tinham o que fazer naquele dia calmo e pacato; o céu estava nublado e a previsão do tempo havia informado que iria cair uma pequena garoa em não muito tempo, e, por conta disso, muitas pessoas estavam meio desanimadas, o que não queria dizer que os jovens estivessem assim, não mesmo.
Mob estava acompanhado pelo seu irmão Ritsu e pelo espírito Ekubo, os três seguiam para o escritório de Reigen quando encontraram Teruki no caminho. O rapaz loiro e o Kageyama mais novo iam medindo forças ao longo do caminho, enquanto o fantasma tentava convencer Shigeo a apostar com ele em qual dos dois venceria aquela “disputa amigável”, no entanto, o menino apenas tentava fazer seu irmão e seu amigo pararem, já que as pessoas que transitavam na rua estavam comentando e olhando para eles. Quando começou a chover, os garotos foram correndo para o local de trabalho do mestre de Mob; mesmo que pudessem usar os poderes psíquicos para impedir as gotas de chuva de os molharem, era bem melhor estar em um local coberto que fizesse isso por eles.
Ao chegarem, Arataka os cumprimentou quando foi abrir a porta, não de fato esperando mais dois convidados — Ritsu e Teruki —, mas não falou nada e os deixou entrar, dizendo que era melhor eles esperarem a chuva passar, pois ele não tinha um guarda-chuva consigo. Nos primeiros momentos, ocorreu somente uma simples garoa do lado de fora, mas em questão de segundos ela se transformou em um temporal que obrigou Reigen a fechar sua janela, de tão forte que chovia, e quase encharcou sua mesa e piso. Enquanto o adulto fazia um chá para os meninos, eles ficaram assistindo na pequena televisão que tinha ali, até que a luz acabou e escutaram um xingamento baixo vindo da pequena cozinha por parte de Reigen, dizendo que ele ficou totalmente na escuridão.
— Belo momento para a luz acabar. — Ritsu zombou, só conseguindo ver uma fraca luz vindo de onde Arataka estava, provavelmente do fogão.
— Shishou, nós temos velas por aqui? — Shigeo se levantou e perguntou para seu mestre, que apareceu na porta com o bule em mãos.
— Tem algumas no armário. — Ele apontou para a cômoda — Umas duas ou três devem bastar. E coloque em alguma coisa, não quero que suje minha mesa.
Mob afirmou e foi até o armário pequeno, tinham sorte de não estar totalmente escuro na sala. Ele abriu a portinha e procurou pelas velas, estas que pareciam típicas para exorcismos, mesmo que soubesse que eram apenas para enganar. Pegando três delas e mais alguns papéis em branco, Shigeo colou as velas em cima das folhas, e Teruki, usando sua pirocinese, as acendeu. Pelo menos agora eles não estavam no escuro.
Alguns momentos depois, Reigen voltou com uma bandeja com cinco copos de chá — pois se não levasse para Ekubo, o espírito reclamaria — e se sentou no sofazinho ao lado de Hanazawa, enquanto os irmãos estavam no outro e o espírito flutuava perto deles. Estava um silêncio meio estranho enquanto eles tomavam a bebida quente e escutavam o som da chuva do lado de fora, Ritsu não queria estar ali, claramente incomodado por estar no mesmo lugar que Reigen, alguém que, embora não odiasse tanto agora quanto antes, ainda não ia muito com a cara. Teruki, querendo quebrar aquele clima desconfortável, abriu sua mochila, que estava aos seus pés, e tirou um baralho de Uno.
— Que tal jogarmos até a luz voltar? Ou até a chuva passar?
— É uma ótima ideia. — Shigeo disse animado, embora não aparentasse muito.
— É bom você não trapacear, Reigen-san. — Ritsu falou quando recebeu suas cartas.
— Eu nunca faria isso! Quem você acha que eu sou? Não responda. — Arataka comentou quando viu uma fagulha no olhar do menino, sabendo que o outro iria falar algumas coisas que não gostaria de ouvir.
— Certo, eu começo. — Ekubo disse antes que alguém se pronunciasse, jogando logo de cara um +2 para Mob, que estava sentado à sua direita.
O jogo se seguiu de forma fervorosa, com ninguém querendo deixar que um dos outros batesse primeiro, e mesmo que nas primeiras duas partidas tudo corresse normal, a partir da quinta, Ritsu e Reigen começaram a disputar quase que somente entre eles, já que sempre tentavam, de alguma forma, prejudicar o outro.
— +4 para você Reigen-san. – Ritsu disse em tom debochado, lançando a carta na pilha. O adulto apenas o encarou e, ao invés de comprar, lançou outra carta +4, fazendo assim com que Teruki comprasse 8.
— Me desculpe, Hanazawa-san, mas eu não posso deixar esse menino me derrubar!
— Sinto muito, Ekubo-san. — Teruki disse ao lançar uma carta +4 na pilha.
O espírito, que até então somente ria e caçoava dos outros, ficou em choque ao ver que ele, que estava somente com duas cartas, teria de comprar 12. Ao seu lado, Shigeo abafou uma risada.
Sendo assim, o jogo seguiu da mesma maneira que estava até então: caótico, mas divertido. Em um determinado momento, Ritsu e Ekubo meio que se juntaram para “derrotar” Reigen, que era quem estava com o maior número de vitórias dentre todos; Mob apenas seguia com o jogo, assim como Teruki, mas quando a raiva começou a subir em todos, nem mesmo a chuva ter cessado foi o bastante para que eles parassem de jogar.
O final da história? Uma janela foi quebrada, cartas estavam fincadas na parede como se fossem facas e Reigen dava um sermão nos meninos por terem destruído sua cozinha. É, Uno é coisa séria.
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