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História O prédio - Capítulo dois: frio


Escrita por: MidoriShinji

Capítulo 2 - Capítulo dois: frio


A porta da frente se abriu, rangindo como sempre, e Itachi e Hinata entraram, trazendo cafés e comida. "Konbanwa.", Hinata disse, com seu habitual sorriso doce. "Trouxemos café e bolinhos de chocolate e morango."

Pain entregou algumas notas para Itachi, para pagar pelos nossos cafés (apesar de eu ter insistido e dito que pagaria o meu), e sentamos para fazer o lanche da madrugada, inocentemente, pois nós mal sabíamos de todos os acontecimentos que estavam por vir nas horas e dias que se seguiriam àquela noite.

"Está frio assim lá fora?", Pain perguntou.

"Não, na verdade acho até que aqui dentro está mais frio que lá fora, por incrível que pareça. Esse maldito prédio é sempre gelado à noite, principalmente quando vai chegando a madrugada.", Itachi respondeu.

"Normalmente é o contrário, o exterior é mais frio que o interior, mas esse prédio é todo estranho.", Hinata disse, dando de ombros.

"Devem ser os fantasmas.", eu brinquei.

"Nem brinque com isso, ficaram me falando disso ontem, acabei tendo pesadelos a noite toda."

Itachi disfarçou o riso e a abraçou, beijando a testa da Hyuuga. "E quem diz que não é medrosa...". Ela ainda insistiu: "eu não sou medrosa."

"Mas é verdade, já li sobre isso na internet, dizem que lugares excepcionalmente frios são sinal de atividade paranormal.", Pain comentou, mordendo um bolinho.

Limpei o glacê que ficou na pontinha do nariz dele com meu dedo. Uma corrente gelada vinda sei lá de onde me fez arrepiar novamente.  "Ou de que alguém deixou o ar condicionado ligado. Parem de falar bobagens vocês dois."

"Isso, pelo menos alguém me apoia!", Hinata falou. "Deve ser um ar condicionado que alguém esqueceu ligado, as pessoas ficam com pressa de sair daqui..."

"Sim, e é bem mais plausível do que o Gasparzinho vagando pelos corredores de um prédio cheio de advogados, querendo assustar os vigias da noite."

"Então qual o ar condicionado ligado, senhora sabe tudo?", Itachi perguntou.

"Não sei, é o que eu pretendo descobrir.", respondi, me levantando. Pain me segurou pela cintura: "não vá, eu sou muito jovem para ficar viúvo!". "Larga de ser mole, é só um ar condicionado que alguém esqueceu ligado.", eu disse.

Ele se levantou também. "Então eu vou, qualquer coisa eu te salvo e tal... Essas coisas de mocinho, sabe?"

"A gente poderia se dividir e ir olhando cada dupla uma sala, assim andamos mais rápido. O que acham?", Hinata sugeriu.

"Excelente ideia.", eu disse.

"Eu não tenho nada para fazer mesmo...", Itachi disse, e bocejou.

-------

Subimos de escada até o primeiro andar, e lá não havia nada ligado. O segundo e o terceiro andares também subimos de escada, e como estava tudo desligado nos dois, acabamos por decidir subir de elevador no quarto andar.

Quando passamos na frente da porta do elevador, só então reparamos: ele estava parado no nosso andar. As portas abertas, com a luz pálida e oscilante, não era nem um pouco convidativa, pelo contrário, era hostil. Lá dentro, um cheiro de mofo (proveniente da idade do prédio e falta de cuidados), exalava uma aura de perigo, como uma planta carnívora que atrai sua presa para devorá-la. Admito que não gostei nem um pouco disso, e a sensação me fez ter um ligeiro calafrio que tratei de disfarçar. "Pain, você não disse que desceu de elevador?", eu perguntei.

"Disse, e desci. Agora o que ele está fazendo aqui é algo que eu não faço ideia.", ele me respondeu.

"É o que todos gostaríamos de saber.", Itachi comentou.

No geral, minha regra para elevadores é: se o elevador não foi chamado por mim, eu não entro. Parece superstição, e de fato é, em partes, mas eu sempre sigo essa regra. Eu não confio em nada que não chamei, e até hoje evitei situações ruins com essa minha política. Hoje não foi diferente. Eu sentia cada centímetro da minha pele se arrepiar só de pensar em entrar naquele cubículo metálico que fedia à mofo e à morte. Sempre tive uma certa aversão à elevadores desde que fiquei trancada em um quando tinha onze anos e por isso dava preferência às escadas (mesmo que não as usasse 100% das vezes), e naquele momento o medo que me invadiu quando eu fiquei trancada naquela vez voltou com força total. Felizmente, consegui reprimir tudo isso sob uma máscara de neutralidade e indiferença. Eu não tenho mais onze anos, nem tenho o que temer, não estou sozinha.

Novamente o vento frio, e uma pancada na janela. Olhei para trás de súbito, e não vi nada. Talvez a impressão de ter visto um borrão bater na janela, não sei, não consegui ver direito porque foi muito rápido. No fim, acho que era só impressão minha, porque eu estou um tanto assustada em entrar nesse elevador, é a primeira vez que o uso desde que começamos a trabalhar aqui.

Pain segurou minha mão bem forte. "Você vai entrar?"

"Vou. Não tem problema nenhum.", eu respondi com toda a segurança que consegui fingir (e modéstia à parte, era muita até).

"Então vamos logo, esse lugar é tão frio.", Hinata reclamou, tremendo e passando as mãos nos braços, para se aquecer. Assim que dei o primeiro passo para dentro do elevador, senti novamente um calafrio. Fechei os olhos, e suspirei de leve. Está tudo bem, nada vai me acontecer. Eu não tenho mais onze anos, esse não é mais o prédio em que eu morava naquela época, nada vai me acontecer. Fique calma.

Mesmo sabendo que nada vai me acontecer... Por que eu ainda estou com essa sensação de que algo de ruim está prestes a acontecer?



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