História O prédio - Capítulo seis: jantar

"Bem, deixem isso para lá, eu estou indo para casa, e não tem nada nessa sala mesmo. Pelo menos não tive que gastar dinheiro com chaveiro para abrir a porta... Só fiquem de olho em tudo, e hoje ficaram dois estagiários do escritório de advocacia do quinto andar, não sei o nome deles mas eles ficaram na sala 503.", Orochimaru disse e suspirou.

"Tudo bem, senhor.", nós respondemos. Descemos no mesmo elevador que ele, e enquanto ele saía pela porta da frente, trancamos tudo. Suspirei. Mas que droga, eu estou morrendo de curiosidade de saber quem foi que abriu a porta. A chave do cadeado estava com Pain, então arrombaram, provavelmente. E lá se vai um bom cadeado... Uma pena.

"Escritório 503... Não era esse onde seu irmão começou a fazer estágio faz duas semanas, Itachi?", Hinata indagou.

"Acho que era esse mesmo, foi uma coincidência terem o transferido para cá ao invés de terem o deixado perto do fórum... Ou talvez uma coincidência não tão grande assim, porque quase ninguém quer trabalhar aqui. Menos o Sasuke, ele não liga para boatos e essas coisas.", Itachi respondeu, dando de ombros. "Só não sei se é ele quem está fazendo hora extra lá em cima."

"Talvez seja, sempre abusam dos estagiários...", eu disse. "Se quiser, pode ir lá checar, enquanto isso eu e o Pain esquentamos o jantar, eu trouxe yakisoba."

"Uhum, vamos lá esquentar o jantar.", Pain falou, com um sorriso quase infantil.

Enquanto nós nos dirigimos para a cozinha do térreo - isto é, um pequeno cômodo com um fogão, um microondas que não funciona direito, uma geladeira, uma pia e um armário vazio -, Hinata e Itachi pegaram o elevador, agora já devidamente "consertado" como seu Orochimaru disse, até o quinto andar. Ele disse que chamou um técnico para consertar, mas não acredito muito nisso, já que o técnico disse estar tudo em ordem com o elevador. Sério? Nós ficamos presos no último andar, tentando desesperadamente sair daquele maldito cubículo metálico porque poderíamos cair, e ele diz que está tudo bem? Não. Não consigo acreditar.

"Você está fazendo aquela careta que faz quando está preocupada. Ainda aquela parada do elevador?", Pain disse, colocando o yakisoba no microondas.

Incrível como ele consegue me ler tão bem. "Um pouco. O técnico disse que estava tudo em ordem, mas como, se nós ficamos presos lá em cima no maldito elevador?"

"Talvez ele tenha dito isso só para não nos preocupar, provavelmente nem chamou um técnico ainda. E em todo caso, sempre podemos subir de escada."

Deixei o assunto para lá. Algum tempo depois, Itachi e Hinata desceram, acompanhados do irmão menor do Itachi, Sasuke, e de uma garota de cabelos tingidos de rosa que eu não conhecia.

"Hm... Oi.", eu disse, timidamente.

"Olá, eu sou Sakura, eu e o Sasuke-kun somos, hm... Colegas de trabalho.", ela respondeu, com um sorriso simpático. Cem por cento de certeza de que eles não são só colegas de trabalho... Ou pelo menos é o que ela acredita. Sasuke é uma pessoa um tanto difícil de se lidar, eu diria, e tiro meu chapéu para quem consegue aturar esse garoto mimado.

"Yo.", Pain falou, mordendo um dos onigiris que nós trouxemos.

Sasuke assentiu silenciosamente para nós (sim, isso é um cumprimento), e se virou para Itachi: "aniki, eu já estou de saída. Tchau para todo mundo então."

"Sasuke-kun, você pode me dar uma carona? A gente mora perto mesmo, e está tão tarde, eu acho meio perigoso ir até a estação de metrô sozinha.", Sakura falou, num tom de voz manhoso.

"Hm, tanto faz.", Sasuke resmungou. É, pelo visto ele não muda mesmo.

"Ah, que maravilha! Eu só preciso buscar minha bolsa, deixei lá em cima. Vou rapidinho, ok? Me espera aqui mesmo que eu já volto.", ela falou, e andou em direção ao elevador, os sapatos de salto preto fazendo barulho contra o piso de mármore. Ela parecia ser gente boa, pelo menos era isso que me passava a impressão, não entendo por que o Sasuke tem que ser tão grosso com as pessoas sem motivo nenhum. Tudo bem, o silêncio e as poucas palavras entendo, eu também sou assim (acho que Pain, Hinata e Itachi também, afinal nós basicamente conversamos por olhares e não palavras, mania bizarra que desenvolvemos ao longo do tempo), mas ele não precisa usar esse tom arrogante sempre. Acho até que se algum dia ouvi-lo dizer um "obrigada" num tom razoável preciso filmar e guardar para deixar para a posteridade... E afinal, ele não é sonso de não perceber que essa garota, Sakura, está claramente afim dele... Para quem não sabe, o projeto de Uchiha é aquilo que cai no conceito geral de pegador - tanto que dona Mikoto, mãe dele e o do Itachi, vive reclamando que ele nunca arranja uma namorada e só fica de rolo -.

No fim, acho que ele não se importa mesmo.

"Nee, quer um onigiri, ou um pouco de yakisoba? Eu também trouxe sakuramochi.", Hinata ofereceu, e foi pegando na geladeira os bolinhos sakuramochi que ela fez - acho que vou chorar de emoção, faz tanto tempo que não como um! -.

"Não, obrigado, eu já estou saindo mesmo, a Sakura logo está de volta.", ele disse, seriamente como sempre. Ele não usa nenhum sufixo no nome dele, como não usa com ninguém - grande intimidade... Ou apenas descaso pelas regras de etiqueta. Ou ambos -.