História O Quarto Massacre Quaternário: Dangerous Mad - Capítulo 9: Pôr do Sol

Zoe observou Dean levantar uma proteção de vidro mais abaixo da direção, e puxar uma alavanca verde completamente para a direita. Depois, girou a chave da ignição como ela tinha feito várias vezes, e o motor ligou. Zoe ficou levemente indignada, e Dean lhe deu uma piscadinha divertida. Convencido. Ela revirou os olhos, e virou-se para frente. O motor da lancha era alto, e a água jorrava para trás mesmo com o veículo no lugar. Diversos olhos atentos viraram-se para eles, e Zoe sentiu vergonha. Era obvio o q ue estava estampado na cara deles.

Porque é que eles precisavam sair dali? Onde iam e o que iriam fazer?

Zoe não estava planejando aumentar as fofocas. Não estava mesmo. Mas não teria como evitar. Ela estava sozinha com Dean na lancha que ele costumeiramente usava para passear com mulheres e dar festas mais privadas ao fundo do lago. Isso, na cabeça de adolescentes fofoqueiros e garotas com inveja, só poderia significar que eles estavam indo transar. Era o boato que provavelmente se espalharia, e Zoe teria que lidar com isso depois.

O 116° Vitorioso deu partida, e em poucos minutos estavam adentrando o lago com uma velocidade surpreendentemente alta. Zoe notou que ele deveria estar acostumado a dirigir aquilo, porque o fazia com uma facilidade impressionante. O vento batia contra o cabelo preto dele, lhe dando um aspecto mais jovial do que o normal. Dean percebeu que ela lhe observava, e sorriu.

- Pode pedir, não precisa ter vergonha _ele falou, de repente. Zoe não entendeu, e franziu as sobrancelhas. Agarrou-se ao ferro ao seu lado quando a lancha explodiu contra uma onda alta.

- Pedir o quê? _perguntou, confusa.

- Pra nadar pelado com você, obvio _ele provocou rindo, para ver até onde ela ia. Sabia que ela não queria nada com ele, e que seria a última pessoa com quem ela gostaria de estar ali agora. Mas ainda sim sentiu uma conexão imensa com ela mais cedo, e Zoe ainda era incrivelmente linda e arrogante. Duas coisas que lhe atraíam demais. Valia a pena tentar. Zoe arfou de raiva, sem nem saber o que falar direito. Tamanha incredulidade com o que acabara de ouvir.

- Eu prefiro morrer afogada, obrigada _ela rebateu, de forma rude. Dean voltou a rir. Zoe estava indignada. Lembrou o porquê não gostava dele. Era justamente por essas atitudes. Justamente por achar que era o Rei do mundo. Por sempre supor que todas lhe queriam. Ela não queria. Não era como as outras garotas que rastejavam por ele.

- Pode admitir, Zoe. Não tem ninguém aqui pra ouvir. Você amou me beijar hoje mais cedo _ele foi mais fundo, provocando. Zoe não iria aceitar isso calada. Resolveu ser cínica e dissimulada também. Iria devolver o deboche na mesma moeda.

- Na verdade você foi meio agressivo, me machucou uma hora. E o beijo...nada demais. Já tive melhores _ela falou mas era mentira. Zoe só esperava que suas palavras lhe atingissem em cheio. A verdade era que ou fazia muito tempo que ela não beijava ninguém, ou aquele realmente tinha sido um dos melhores beijos da sua vida. Porém jamais iria admitir isso. Ainda mais para ele. Seria como entregar o mel na mão do urso. Dean riu, percebendo que ela estava sendo rude de propósito. Tinha entrado no seu jogo. Ignorou o que ela falou sobre o beijo e resolveu lhe provocar mais ainda.

- Eu machuquei você? Que estranho, não é da minha natureza ser violento ou agressivo _foi completamente irônico, e Zoe percebeu na hora. Dean era justamente reconhecido em Panem inteira pela violência dentro da Arena. Pela crueldade e agressividade com que matara seus adversários, sempre com um sorriso no rosto como se fosse uma brincadeira.  Como se fosse muito mais poderoso do que qualquer outro. E realmente era. O 116° Vitorioso riu novamente, e Zoe revirou os olhos. Convencido, ela pensou. E imbecil. Zoe nunca conhecera alguém que se achasse tanto quanto ele.

- Não é da sua natureza ser uma pessoa gentil e agradável, isso sim _ela o corrigiu, baixinho. Falando mais para si mesma, do que para qualquer pessoa. Mas Dean ouviu.

- Na verdade eu posso ser gentil. Até carinhoso. Só não com alguém que está sempre com 4 facas apontadas para mim _ele falou seriamente pela primeira vez. Não tinha resquícios de deboche ou ironia. Só estava falando o que pensava. Zoe o encarou.

- Com 4 facas apontadas pra você? _ela o questionou, confusa. Dean desacelerou a lancha, até parar. O veículo ficou movimentando-se ao balançar das ondas, somente. Ele virou-se para a loirinha de olhos heterocromáticos que atendia pelo nome de Zoe Night.

- Você sempre foi ignorante comigo. Me xingando, sendo rude, arrogante. Você age como se fosse muito superior espiritualmente, como se todas as outras pessoas fossem burras e estúpidas perto de você _ele falou lentamente, de forma metódica. Não estava tentando lhe deixar enraivecida ou algo assim. Só lhe explicaria seu ponto de vista. Tentaria uma abordagem diferente, porque percebera o quanto Zoe tinha um gênio difícil. Precisava quebrar aquela barreira. Se quisesse ter o mínimo de comunicação com ela, o mínimo de amizade ou até uma chance para algo a mais, precisava quebrar a barreira.

- E mesmo assim esperava que eu fosse educado com você? Que eu fosse gentil ou lhe estendesse um tapete vermelho? _questionou honestamente. Zoe sentiu-se hipnotizada pelos olhos azuis dele, que agora estavam mais claros do que antes. A pupila dele tinha retornado ao tamanho normal, indicando que o efeito das drogas provavelmente tinha passado. Parou pra refletir sobre o que ele tinha lhe falado. Ela realmente sempre lhe tratava com hostilidade, com ignorância. Porque não ia com a sua cara. Realmente não tinha como ela cobrar que ele fosse amistoso. Dean lhe deixou sem argumentos, e mais uma vez, mesmo com poucas palavras, quebrou toda sua postura. Ele era mais velho e consequentemente mais experiente, mais sábio. Às vezes fazia ela se sentir uma criança perdida. E Zoe raramente se sentia assim perto de alguém. Ele tinha razão. Ela se considerava mais evoluída espiritualmente do que os outros. Mais inteligente. Porque estava sempre estudando, lendo, fazendo caridade e contribuindo positivamente para a sociedade. Isso tinha lhe deixado um pouco arrogante ao longo dos anos, e ela sabia disso. No fundo sabia.

- Não quero que você seja educado ou gentil. Só quero que pare de encher o meu saco e fique em silêncio. Preciso de um pouco de paz mental _ela foi o mais agradável que conseguiu ser. Considerando o quanto estava com raiva. E considerando que ele era Dean Bellini. Ele riu, e levantou os braços como quem diz ser inocente. Zoe levantou rapidamente do banco carona, e foi até a parte de trás da lancha. Dean a acompanhou com o olhar.

Zoe deixou seus olhos vagarem pela imensidão azul que rondava a lancha parada. Nem sinal do deck de madeira. Estavam longe o suficiente, bem como ela gostava. Olhou novamente para Dean, lembrando que ele estava ali.

- Você pode fechar os olhos ou algo assim? _ela o questionou, e arrependeu-se na mesma hora. Dean abriu um sorriso, e sentou-se no meio da lancha, colocando os pés para cima e cruzando os braços. Ele não iria fechar os olhos coisa nenhuma. Estava na sua lancha, e ainda lhe fizera um grande favor ao lhe trazer ali. Poderia simplesmente ter lhe expulsado, e dito para ela se virar. Zoe revirou os olhos, e pensou no que a Zoe de antigamente faria. A Zoe pré-David. A Zoe que não tinha milhares de problemas mentais, que não era arrogante e introvertida.

Ela não iria desistir de fazer o que estava com vontade só por causa de um garoto. Não iria deixar de seguir seus planos. Zoe respirou fundo, e encarou o fundo daqueles olhos azuis. Dean estava quieto, somente lhe encarando.

- Aproveite o show então _ela falou, debochando. Ele arqueou as sobrancelhas, surpreso. Não achou que ela fosse ter coragem. Viu quando a loira levou a mão direita até o meio dos seios, onde seu biquíni estava amarrado. Zoe desfez lentamente o nó frontal do seu tomara-que-caia florido, sem tirar os olhos do 116° Vitorioso. Deixou a peça cair no chão. Não era para ela se sentir intimidada, mas não conseguiu evitar o arrepio que percorreu sua espinha quando viu Dean baixar o olhar do seu rosto para seus seios, agora expostos. Ele demorou a acreditar no que estava vendo. Era Zoe Night quem estava ali na sua frente, nua. E a imagem era incrivelmente mais atraente do que ele jamais imaginou. Ela tinha os peitos grandes e extremamente lindos, com o formato natural que nenhum silicone podia proporcionar. Não eram muito afastados, e nem caídos. Puta que pariu, Dean pensou. Ela era muito gostosa. Zoe sorriu de canto ao vê-lo lhe analisando. Ela virou de costas, jogando o cabelo loiro para trás. Tirou a parte inferior do biquíni, revelando sua bunda. E rapidamente mergulhou no lago, desparecendo nas águas calmas e cristalinas.

Dean fez uma careta, aliviando a pressão que fizera para não emitir nenhuma reação na presença dela. Revirou os olhos. Puta merda viu Zoe. Desgraçada, ele pensou. Como que podia uma garota ser tão linda assim? Como podia lhe atrair tanto, mesmo sendo insuportavelmente metida e dona da razão? O 116° Vitorioso caminhou até a beira da lancha, sentando-se com os pés para fora, mergulhados na água. Ele não iria acompanha-la no nado, até porque ela tinha deixado claro que queria ficar sozinha. Mas também não iria perder o show. Como ela mesma dissera.

Os longos cabelos aloirados e cacheados de Zoe faziam-na parecer uma sereia dos mares misteriosos, tamanha era a sua beleza. Eles flutuavam junto a cada movimento seu, emoldurando seu corpo desnudo e desprotegido. Zoe submergiu rapidamente há quase 30 metros da lancha, revelando novamente seu corpo nu. Seus peitos generosos e perfeitamente desenhados. Dean precisava admitir que além de hipnotizante Zoe ainda era uma exímia nadadora. Tinha estilo, e experiência. A paisagem atrás dela era de tirar o fôlego. O sol estava bem no horizonte, pondo-se após um longo dia. O laranja gritante mergulhava no azul do lago, misturando-se as ondas que arrebentavam na superfície. Um cenário incrivelmente calmo, e fascinante. De longe, Zoe lhe olhou. E sorriu.

Aquele sorriso poderia muito bem ser um convite, mas Dean não queria arriscar. Não com ela.

Apesar da tensão sexual que visivelmente existia entre os dois, e do quanto ele estava excitado e encantado com aquela visão, só iria ao seu encontro se ela pedisse.