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História O Silêncio de Dois Corpos - O Beijo


Escrita por: Kidu-san

Capítulo 3 - O Beijo


Capítulo Três: O beijo



Hinata estava corada, e não havia nada que pudesse fazer para esconder isso do resto de sua família. A tonalidade de seu rosto estava mais para vermelho-pimentão do que o “normal”, se é que se pode fazer um padrão para a timidez de uma garota. Mas, na verdade não importava mais nada para ela naquele momento. Estava voltando para casa, com o guarda-chuva e o casaco, que mal sabia ela o quanto era especial, de Uchiha Sasuke. Havia lhe dado um beijo, e sentia que ele tinha gostado pela forma com que parou sem expressão alguma em seu rosto. Ainda viu, de relance, um brilho nunca antes visto em seus olhos, que expressavam uma grande confusão e também que algo especial tinha acontecido.



Ainda correndo, chegou rapidamente em sua casa. Fechando o guarda-chuva no jardim interno, abriu a porta e ouviu um gritinho histérico, que já sabia muito bem de quem era: Hanabi. A irmã caçula de Hinata veio correndo até ela assim que viu uma alteração um tanto quanto peculiar em seu visual. Ao esquadrinhar bem o casaco que engolira a Hyuuga mais velha, de tão grande que era, encontrou o emblema do clã Uchiha na manga direita. Parou, exatamente do lado direito de Hinata, olhando fixamente para aquele emblema. Perdera a fala por alguns instantes.



- A-algo errado? – perguntou Hinata, tentando disfarçar que estava sem jeito – Por que você ta me olhando assim, Hanabi?



- Não é óbvio? – respondeu a caçula, piscando o olho – Esse casaco é de Uchiha Sasuke!



- A-ah... – não sabia o que dizer a respeito daquilo.



- Você e Uchiha Sasuke, quem diria, hein? Mas você tem bom gosto! Antes era o bonitão do Naruto, agora o Uchiha!



Achando melhor correr para o quarto antes que uma saraivada de perguntas fosse lançada, começou a subir as escadas quando encontrou com a única pessoa que poderia tornar tudo isso pior: Hyuuga Neji. O garoto descia as escadas, com algum objetivo que esqueceu completamente na hora em que viu a vestimenta preta que Hinata trajava. A cada passo que dava em direção a sua prima, mais perplexo ficava, tentando imaginar a origem daquele casaco, até que viu o emblema em forma de leque na manga direita. Isso só poderia significar uma coisa: Uchiha.



- Nossa! Quer dizer que o Uchiha gosta de mulher? – perguntou ironicamente Neji, ao cruzar-se com Hinata – Isso é novo!



- Neji-niisan, meça bem suas palavras, podem ser a suas últimas! – por um momento Neji duvidou que fosse Hinata, até que viu a determinação que nunca existiu invadir os olhos da primogênita da família. Após dizer tais palavras, até mesmo a própria garota se assustou com o que disse, principalmente, pois desafiara alguém... Por ele. Neji, sem ter o que dizer, apenas bufou e continuou andando, seu semblante mudou de alguém debochado para um ser tomado de raiva.



Sasuke estava seminu em seu quarto, pegando uma toalha para se secar de toda a chuva que acabara pegando. “Droga, eu tenho MESMO que ir a um psiquiatra. Eu ando fazendo o contrário do que eu quero, será que isso é grave?”, Enquanto se secava, pensou em alguém que pudesse ajuda-lo numa hora como essa. Rendeu-se. Precisava contar a alguém sobre aquilo tudo, mas ainda tinha dúvidas se deveria contar a eles. Sabia que Naruto e Sakura já tinham sido seus parceiros e que poderia confiar neles, mas a confiança nunca foi uma de suas características mais fortes.



Pegou o telefone, tirou-o da base. Passou a olhar fixamente para as teclas, relembrando do beijo que Hinata lhe deu. Colocou novamente o telefone na base. Respirou fundo, tirou-o de novo da base. E colocou-o de volta. E ficou tirando e recolocando o telefone na base até que ouviu um apito. A bateria ia descarregar. Decidiu-se. Ligou para Naruto. Chamou uma vez, duas, três... Na quarta alguém atendeu.



- Alô – disse a voz do outro lado da linha



- Alô... Sakura? – isso pegou Sasuke de surpresa.



- Sasuke? Você tem telefone? – brincou Sakura.



- Ha... ha... Bem, é melhor não perguntar o que você faz aí, mas ainda bem que os dois estão no mesmo lugar. Preciso falar com vocês, AGORA! JÁ! – por algum motivo um desespero por um desabafo começou a subir a garganta do jovem Uchiha.



- Espera, eu vou passar pro Naruto – e passou o telefone para o garoto loiro ao seu lado, dizendo “Sasuke”, e o garoto respondeu “Ele tem telefone?”



- Alô, Sasuke? – disse Naruto



- Preciso falar com vocês dois, é urgente! Venham pra cá agora!



- Mas o mundo ta caindo lá fora!



- E eu já me importei com o que você pensa alguma vez? – touchê! Sem ter como argumentar, Naruto apenas concordou e disse estar lá em quinze minutos, e em seguida os dois desligaram. Enfim, poderia desabafar. Terminou de se secar e foi se vestir, para que pudesse enfim, aguardar seus amigos.



Dez minutos depois a campainha toca e para surpresa de Sasuke, ao abrir a porta, depara-se com um casal completamente ensopado, Naruto segurando um guarda-chuva quebrado, e Sakura sem o seu. Sem resistir, o garoto de cabelos negros começa a rir descontroladamente da situação dos dois parados a sua porta. Naruto e Sakura se entreolharam, achando tudo aquilo muito esquisito.



- Realmente Sasuke, há algo errado com você – disse Naruto.



- Ei, Naru-chan, esse é mesmo o Sasuke que a gente conheceu? – indagou Sakura.



Cessando o acesso de risos, os três entraram, e logo duas toalhas foram providenciadas para que os convidados pudessem se secar. Sasuke ligou o aquecedor para que a secagem fosse mais rápida e então os três se reuniram na sala de estar. O casal parecia bem perplexo, afinal, desde quando Uchiha Sasuke sabia dar gargalhadas? Raramente mostrava emoções positivas, e agora estava aí, rindo dos outros, se importando com garotas que sofriam. Algo esquisito estava acontecendo e cabia aos dois descobrir.



- Chamei vocês aqui, porque eu preciso contar algo, e sei que posso... – respirou fundo e continuou – confiar... Em vocês.



- Eeeeh? – Naruto levantou-se de onde estava sentado, agarrou os ombros de seu amigo e os sacudiu com força – Quem é você e o que fez com o Sasuke!



- É mesmo Sasuke! – disse Sakura – Você nunca confiou em ninguém! Estamos preocupados contigo.



- Naruto! Para de me sacudir! – gritou o garoto, sendo largado logo em seguida. Sacudiu um pouco a cabeça para se aliviar da tontura decorrente de ser agitado para frente e para trás com força e continuou – Realmente, tem algo esquisito ocorrendo comigo. Começou desde que eu encontrei com a Hinata no bosque a dois dias atrás. Eu ia simplesmente ignora-la como eu sempre faço com todas as outras – sentiu que Sakura o fuzilou com o olhar, mas nem ligou – só que não consegui. Parei pra ajuda-la e ainda a levei pra casa. Como se não bastasse ainda fui tirar satisfações com vocês sobre o motivo da tristeza dela.



- Dessa parte eu lembro bem – disse Naruto, com um arrepio na espinha.



- Enfim, depois eu cheguei em casa, fui pra banheira. Fiquei pensando em tudo o que tinha acontecido e acabei pegando no sono. Sonhei que eu ia beija-la, mas quando ia rolar eu acordei.



- Sasuke – disse Sakura.



- Espera! Deixe-me terminar a história pra vocês me dizerem o que acham com cem por cento de certeza. Enfim, dois dias se passaram e eu não consegui tirar isso da cabeça. Lá estava eu trabalhando naquele criptograma, mas não conseguia me concentrar por que a cada cinco minutos eu me pegava sonhando acordado! Desisti, e fui descendo as escadas, como eu sempre faço. Quando cheguei no térreo, lá estava ela. Tive de parar e olhar um pouco pra ela lá, olhando a chuva cair, parecia preocupada com alguma coisa. Eu ia passar batido, mas no fim acabei parando ao lado dela e oferecendo ajuda.



- Acho que já sei o que é, Sakura-chan – sussurrou Naruto no ouvido de sua namorada.



- Você acha? Eu tenho certeza! – respondeu num tom igualmente baixo.



- Vocês tão prestando atenção? – indagou Sasuke. Os dois assentiram e então continuou – Fui com ela até certa parte do caminho, até que ela disse que estava frio. Eu fui um completo otário, e dei meu casaco pra ela vestir. Depois chegamos na bifurcação em que tínhamos de nos separar. Eu ao invés de pegar minhas coisas e ir embora, dei meu guarda-chuva e deixei o casaco com ela! Enfim, ela me deu um beijo na bochecha e...



- Ta, Sasuke, pode parar! – disse Naruto, já sabendo o que estava acontecendo, ao ver que seu amigo corava ao dizer que tinha ganhado um beijo – Você tratou bem uma garota, ofereceu ajuda, consolo, companhia, parou pra olhar pra ela, ta mostrando suas emoções, deixou de ser frio, ta confiando na gente, me ameaçou por causa do bem-estar dela, e agora ta todo vermelhinho porque disse que ganhou um beijo! Se liga cara! Você ta apaixonado!



O choque de ouvir a opinião de Naruto tirou Sasuke daquele mundo por alguns instantes. Como assim, apaixonado? Ele não era assim! Nunca sentiu nada semelhante por ninguém, isso era fato, mas não necessariamente significava que fosse amor. “Não é amor... pode ser que seja... err... qualquer coisa, menos amor. Droga é amor mesmo”. Agora entendia exatamente o que acontecia. Tratou-a bem desde o início porque nunca notou interesse dela, o que é óbvio, pois ela sempre foi apaixonada por Naruto. A sensação de estar apaixonado o tirou de si, era algo novo, desconhecido. Sentiu medo.



- Naruto, e agora? – indagou o Uchiha assim que voltou a si. Tremia por dentro e por fora, sabia que era algo que não dependia apenas dele, e que não tinha a mínima experiência, o que o deixava pela primeira vez em muito tempo com uma sensação esquisita e anormal. Ele estava inseguro.



- Sasuke, você ta inseguro? Não acredito no que meus olhos verdes me dizem! – Sakura estava se divertindo com as descobertas e reações de seu ex-parceiro.



- Hm... Sakura-chan, você não ta ajudando muito, sabe? – disse o garoto loiro, esfregando sua nuca.



O casal ali permaneceu até tarde da noite, tentando ajudar o jovem de cabelos negros, que nunca se apaixonou. A perspectiva de declarar seu amor a uma outra pessoa nunca passou pela cabeça do garoto Uchiha antes, e muito menos para uma garota que falou apenas duas vezes na vida. Tudo certo, pois era extremamente atraente, mas ainda assim não a conhecia direito. “A Hinata nunca seria capaz de te sacanear, Sasuke, fica tranqüilo com isso. Se ela não sentir nada por você, o que eu não posso afirmar direito, já que ela te deu um beijo, eu te garanto que ela vai fazer com que isso não te machuque muito”, dizia Naruto, mas isso não lhe era de interesse agora. Tinha de tirar essa angústia do peito, e sabia muito bem como: Precisava contar a ela.



Assim que Sakura e Naruto foram embora, deixando o Uchiha sozinho novamente, esse começou a pensar num plano. Saber que estava apaixonado não era exatamente um de seus sonhos, até porque seu coração andava estranhamente palpitante. Sempre que pensava na garota de olhos perolados e cabelos negro-azulados, seu rosto corava, sua respiração aumentava de ritmo, e isso tudo o deixava completamente irritado. Não se sentia a vontade consigo mesmo para permitir que seu coração fosse roubado, seja lá por quem for. Ia subindo as escadas, rumando a seu quarto, ainda pensativo, tentando achar uma forma de expor seus sentimentos, sem que acabasse criando muito estardalhaço, quando de repente...



- Ah...ah... ahhhh... atchin! – era só o que faltava. Graças ao tempo que passara na chuva, estático com o beijo que recebera, acabou pegando um resfriado.



Amaldiçoando o dia em que resolvera ir passear no bosque (e ao dizer em voz alta, teve a impressão de ter soado muito esquisito), continuou indo para seu quarto. Mal imaginava a noite péssima que estava por passar, onde tinha sonhos com Hinata, em que acordava no mesmo momento, logo quando os dois iam se beijar, graças a seu nariz, que estava entupido.



Acordou no dia seguinte parecendo um zumbi, efeito de uma noite mal dormida e um resfriado. Praguejando, tomou um banho quente, vestiu-se da forma mais agasalhada que pôde, tomou um café reforçado e saiu. Ao fechar a porta de casa, notou que novamente o tempo estava bom, e fazia um calor de rachar. Cada vez mais irritado, voltou para casa, trocando suas roupas por algumas mais leves e indo para o trabalho finalmente.



Ao chegar no edifício da Hokage, seu local de trabalho, para seu tremendo azar, Tsunade estava a sua espera. Saindo da recepção, onde Shizune o havia dito para ir até a sala de Godaime, começou a sentir-se cansado. Sabendo que estava doente de verdade, pegou o elevador chegando rapidamente até o topo do prédio, e logo em seguida entrou na sala em que fora chamado.



- Mandou me chamar, Tsunade-sama? – disse Sasuke ao entrar, dando uma fungada muito profunda.



- Sim, mandei… está resfriado? – indagou Tsunade.



- É, acabei pegando muita chuva ontem, sem querer – por mais que se esforçasse em ocultar, o garoto começou a corar.



- Acho que não foi bem assim, mas isso não vem ao caso. – disse a Hokage, rindo do rosto corado do jovem a sua frente – Preciso que você termine ainda hoje aquele criptograma. Aparentemente, ele é de vital importância para a proteção da Vila, pois continha informações sobre falhas na nossa defesa.



- Certo, agora se me der licença eu vou até o meu escritório terminar aquilo o mais rápido possível – e dito isso, saiu, pegando novamente o elevador. O inesperado foi que, logo no andar inferior ao que estava, o elevador parou, e ao abrir das portas, lá estava ela: Hinata. Ela entrou, e os dois começaram a descer. Estavam apenas eles ali, o que era muito bom para que o garoto pudesse falar algo. Mas algo incrível ocorreu antes que Sasuke pudesse falar qualquer coisa.



- Olá, Sasuke-san – disse Hinata, corada.



- Ah… - deu mais uma fungada e respondeu – Olá, Hinata-san, como vai?



- Eu vou… bem. Já você, parece que pegou um resfriado – constatou a jovem – E tudo por minha causa. Será que tem algo que eu possa fazer pra te ajudar?



Sasuke ia responder negativamente, apesar de desejar muito a companhia dela. Até que uma idéia lhe ocorreu, e talvez fosse a melhor chance de toda de ter um momento a sós com ela. Fez uma cara de pensativo e respondeu:



- Bem... Na verdade, eu não sei exatamente o que comer. Você pode me ajudar só me dando alguma sugestão, é que eu nunca fiquei doente na verdade.



- Hmmm... Pensando bem, é só você tomar um poquinho de canja. É muito gostoso e também faz bem.



- Sim... Certo. Mas, eu tenho um problema... Eu nunca cozinhei na vida – disse Sasuke, admitindo não saber fazer alguma coisa.



Hinata ficou muda. Considerou alguma possibilidade de cozinhar para ele, mas provavelmente, segundo ela, não era isso que ele queria. Não sabia exatamente qual a intenção do Uchiha ao dizer que não sabia cozinhar.



- Sasuke-san? – indagou Hinata – Você gostaria que eu fizesse algo pra você, em retribuição pela sua ajuda? – disse Hinata num tom tão baixo que o rapaz quase não ouviu.



O elevador chegara ao andar de Sasuke, mas esse prendera a porta, apenas para responder:



- Olha... eu até gostaria, sim. Na hora do almoço a gente combina então. – e deixou a porta fechar. Tinha sido bem sucedido em seu plano, e agora sabia que ia encontrar Hinata. Duas vezes! Era sorte demais. Voltou para seu escritório, onde finalmente pôde se concentrar em seu criptograma, na esperança de finaliza-lo até a hora do almoço.


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