História O Silêncio de Dois Corpos - E eles viveram...

Capítulo Catorze: E eles viveram...



Sasuke foi conduzido às pressas pelo cirurgião até uma sala de coleta. Sentou na cadeira expondo seu braço direito. Um elástico rijo foi preso próximo a parte interna de seu cotovelo, fazendo suas veias marcarem sua posição nitidamente. Logo começaram a coleta. E que coleta. Muito sangue foi tirado, fazendo o jovem Uchiha desmaiar. Era um desmaio da junção da exaustão, com as feridas de seu “pequeno” acidente no Mar das Ondas, e a retirada de uma parte significativa de seu sangue apenas auxiliou.



Acordou apenas no dia seguinte. Estava vestido ainda com suas roupas, ao contrário do que esperava. Por um momento deu graças a Deus por não usar aquelas roupas descartáveis ridículas de hospital, que fazem com que tudo nas suas costas apareça. Após abrir os olhos e sentar-se na cama, lembrou-se da razão de estar ali. Pulou da cama, ainda meio tonto, mas não ia deixar que uma tortura o impedisse de ver como seu amor estava. Saiu do pequeno cubículo coberto por cortinas onde estava, e viu outro ao seu lado. Neji dormira ali, num sofá em frente. Deduzira que Hinata estivesse ali.



Entreabriu uma das cortinas muito vagarosamente, tentando não despertar qualquer reação. Ali, viu sua amada dormindo. Estava com sua testa enfaixada, graças ao ferimento causado por Ino. Depois acertaria as contas devidamente com a loira. Mas naquela hora só importava estar junto de seu amor. Havia uma cadeira ao lado da cama. Sentou-se ali, a acariciar gentilmente o cabelo da jovem deitada. Era linda até mesmo dormindo. Tudo indicava que ela estava bem. Fora apenas um susto. Lentamente ela abriu seus olhos perolados.



Seus olhares se encontraram. Ele sorriu. As lágrimas começaram a correr dos olhos dele, tudo dera certo. Ela se indagava sobre o que tinha ocorrido. Um momento estava na ponte, e depois acordava ali, no hospital, com Sasuke acariciando seus cabelos. Era muito confuso, mas ao menos tinha seu amado ao seu lado. Sentiu a felicidade encher seu coração.



- Que susto que você me deu, hein? – disse Sasuke, beijando a bochecha de sua namorada.



- Minha cabeça dói e eu não consigo lembrar o que aconteceu... Mas ao menos você ta aqui – respondeu Hinata, abrindo seu lindo sorriso.



- Quer mesmo que eu te conte? – o Uchiha começou a contar sobre tudo o que acontecera com ele, e logo após, o que soubera que fizeram com ela – E foi isso... Você quase morreu, sorte nossa que eu cheguei a tempo. Mais sorte ainda é termos o mesmo tipo sangüíneo...



- Agora entendo o porquê de eu ter despencado dali tão de repente...



- E agora meu sangue corre nas suas veias... Literalmente – comentou Sasuke, rindo.



- Bem... Na verdade... – começou Hinata, mas foi interrompida pelo médico que fizera a transfusão.



- Vejo que os dois estão bem... Graças a Deus – disse o médico – Vim aqui tirar o curativo... E também te dar alta. Ao que parece você só tinha risco de vida pela perda de sangue, mas o corte não causou seqüelas. E o Senhor – disse referindo-se a Sasuke – considere-se um herói. Salvou a vida dela, e quase que não agüenta chegar até aqui. Eu ainda me pergunto como conseguiu vir até aqui naquele estado...



- Doutor... – chamou Hinata, pedindo que ele se aproximasse. Cochicharam algo ali, sem que Sasuke pudesse ouvir. Ao final, o médico apenas sorriu, e se afastou dizendo “É muito cedo pra causar qualquer tipo de dano, fique tranqüila, e meus parabéns!”. O médico pediu licença e saiu do local, indo verificar outros pacientes.



- O que exatamente vocês cochicharam ali? – indagou o jovem curioso



- Digamos que eu já tinha sangue seu correndo em minhas veias antes daquela transfusão... – respondeu Hinata, sorrindo mais do que antes. Corava um pouco ao lembrar de como tudo aquilo foi feito, mas definitivamente estava explodindo de alegria.



- Como assim? – Sasuke não entendera a afirmativa.



- Uchiha, você é mais tapado do que eu pensava... – disse Neji, entrando no cubículo para verificar o estado de Hinata – Ainda não notou o que ela quer te dizer?



- Na verdade... Não – uma onda de ansiedade subiu a espinha do garoto.



- Eu... Eu... – Hinata não conseguia dizer. Estava muito vermelha.



- Parabéns Sasuke – Neji o tratou pelo nome, talvez os dois pudessem passar a se dar bem daquele momento em diante – Você vai ser papai!



O queixo de Sasuke foi ao chão. Pai? Ele? Mas, acontecera só uma vez... Entretanto fizeram sem proteção. Agora entendia tudo. Principalmente o sonho. O garoto de cabelos negro-azulados e olhos como os dele, era seu filho. Tivera uma premonição. Perdeu o ar por alguns instantes. Era muita alegria para um só momento. Salvara sua amada, depois de passar um mês longe dela, e agora descobria que ela estava grávida! Ficou sem fala, apenas sorrindo e gaguejando algo impossível de desvendar. Até que se acalmou.



- Meu Deus! Eu vou ser pai! – disse logo em seguida Sasuke – Nossa... De primeira! – o comentário rendeu um rubor nos rostos dos dois Hyuuga.



- Sasuke, eu não precisava ouvir isso, sabe? – comentou Neji, e os três riram um pouco.



Um pouco depois, três pessoas invadiram o quarto, desesperadas por notícias de Hinata. Eram Tenten, Hanabi e Hiashi. Os cinco ficaram ali naquele cubículo mínimo, em volta de Hinata. A felicidade em ver que tudo estava bem era total.



- Hinata, ele já sabe? – indagou Hiashi.



- Já, papai – respondeu alegremente Hinata.



- Hiashi-san, será um prazer assumir esse filho! – disse Sasuke logo em seguida.



Um médico apareceu, dizendo para todos, inclusive Hinata saírem dali, pois eram muito barulhentos. Os cinco foram para mansão Hyuuga, conversando felizes pelo caminho. Ao chegarem, Sasuke decidiu contar a todos sobre seu sonho. Os quatro ficaram pasmos ao ouvir o relato do jovem Uchiha, mas festejaram durante aquele dia. Era o início de uma nova vida.



Duas semanas depois:



Sasuke aguardava na porta de sua casa. Ela estava demorando muito para se arrumar. Desde que voltaram do hospital, Hinata se mudara permanentemente para a casa de Sasuke. Claro que fizeram algumas alterações, como, por exemplo, compraram uma cama de casal, onde “se divertiam” mais constantemente. Afinal, não havia mais riscos de ela engravidar... Já estava grávida mesmo! Ele trajava um smoking preto, que combinava perfeitamente com seus olhos, cabelos e pele. Enfim, estava o mais elegante possível para o casamento de seu amigo. Mas Hinata estava se demorando um pouco demais. Parecia até que ela seria a noiva.



De repente, a jovem desceu. Nunca tinha babado tanto na vida por uma garota como fizera por sua namorada naqueles trajes. Estava angelicalmente bela. Seu vestido longo e azul combinava com seu cabelo, seu perfume suave intoxicava o Uchiha só de estar perto dela. Estavam prontos para ir.



Chegaram lá a tempo de ocupar seus lugares no altar. Naruto estava nervoso com a realização do sonho de sua vida. Casaria com a mulher com quem sempre esteve ao lado, desejando-a a cada momento de sua existência. Eis que Sakura entra na Igreja. Estava deslumbrante em seu vestido de noiva, enfim, era a segunda mulher mais bonita ali dentro. Hinata ainda estava mais bela do que a própria noiva.



O casamento transcorreu tranqüilamente, a cerimônia demorada, a troca de juras eternas, alianças e enfim, o beijo que concretizaria tudo. Estavam casados, e felizes por isso. Não haveria festa, iam direto para a lua de mel. Sasuke imaginou se não havia uma segunda intenção dos dois naquela atitude. Mas, não era assunto dele. Apenas foi se dirigindo lentamente para o lado de fora da Catedral, quando viu que as mulheres presentes se aglomeravam em frente à noiva.



Naruto virou para Sakura, deu um beijo em sua bochecha e disse:



- Ta na hora de darmos um empurrãozinho naqueles dois ali parados na porta – abriu seu sorriso imenso, habitual.



- Certo, como? – Sakura parecia intrigada com um plano feito por Naruto, mas estava disposta a ajuda-lo.



- Joga o buquê, mas joga pro Sasuke – piscou um olho.



Naruto sabia que Sasuke ia propor Hinata em casamento. E imaginava que estava louco o suficiente para pedi-la ali mesmo, só precisava de um incentivo. Malicioso como sempre foi, o garoto apenas quis ajudar seu amigo a formar sua família novamente, pois o Uchiha havia perdido a sua tinha anos.



Sakura anunciou que jogaria o buquê. Virou-se de costas. As encalhadas de Konoha se digladiavam para obter uma boa posição para agarrar aquele artefato tão simbólico. Mal notaram Sakura olhando para trás, estudando distância e posição. Após calcular bem, atirou o buquê, indo parar longe das moças que tão ferozmente desejavam pegá-lo. Parou exatamente nas mãos de Sasuke. “Ponto!”, a parte de Sakura estava feita. Todos pararam ao notar com quem parara as flores.



Um momento silencioso se passou ali. Sasuke tinha algo na manga, e parece que ou o destino, ou Sakura queria ajuda-lo. Olhou para Hinata. Ela parecia temer que ele fizesse algo louco bem ali. Ele sorriu. Sorriu de maneira maliciosa. A Hyuuga se assustou. Sabia que ele ia fazer alguma loucura, mas não imaginava o que.



- Não... Por favor,... Não faça nenhuma besteira! – disse baixinho Hinata ao notar que Sasuke se aproximava mais dela. Parou bem em frente a sua namorada. Ajoelhou-se. Como diz a tradição: “Aquele que pega o buquê da noiva é o próximo a casar”, se aproveitando da situação, estendeu as flores para ela, que as pegou. Logo após isso, tirou uma pequena caixinha preta. Já tinha visto aquela cena antes. Sabia o que viria pela frente. Começou a corar.



- Como eu posso negar o destino, certo? – disse Sasuke abrindo a caixinha – Hinata, quer se casar comigo?



- E como eu posso negar você, querido? – era o que precisava ouvir. Todos inclusive os recém-casados urraram alegres. Mais um casal se formava em Konoha. Casaram-se três semanas depois, numa cerimônia tão exuberante quanto a que presenciaram naquele dia.



Ficaram sabendo depois que Ino havia se mudado para a Vila de Suna, onde morava seu novo namorado. Os dois pareciam não querer ficar em Konoha. Casariam e teriam um filho, viveriam pelo resto de suas vidas naquele lugar no meio do deserto, felizes e se amando. A garota loira conseguira, graças à Gaara, superar sua loucura apaixonada por Sasuke, e enfim continuar levando sua vida.



Cinco anos depois:



Sasuke andava alegremente com seu filho nos ombros. Sousuke crescera exatamente como vira em seu sonho, naquele dia trágico, na praia. Já começava a aprender as artes de seu pai, mostrando ter tanta aptidão para a coisa como seus pais. Hinata andava alegremente ao lado deles. Iam levar o jovem Uchiha até a escola, para então irem trabalhar.



Sasuke notou uma felicidade muito maior do que o normal nas feições de Hinata. Estranhou que estivesse tão feliz, afinal, faziam isso todos os dias desde quando Sousuke entrara para a academia de Konoha. Começou a se indagar se ela havia algo para contá-lo. Olhou fixamente para o lindo rosto da mulher ao seu lado. Era sua esposa. Lembrou-se dos tempos em que lutaram tanto para estar juntos.



Ela virou-se para ele. Sorriu amplamente. Havia algo ali que ele não sabia, mas pretendia descobrir. Aquele sorriso não era normal. Eles eram felizes, sim. Mas não parecia ser alegria comum. Algo especial ocorrera. Hinata se indagava se deveria contar a ele ali mesmo, ou aguardar até estarem sozinhos. Não achou justo com Sousuke.



- Sasu-chan – disse Hinata – Eu tenho algo pra te contar...



- Já imaginava... Esse seu sorriso é de quem esconde alguma coisa – respondeu Sasuke sorridente – E algo de bom, espero.



- É sim! Parece que o clã Uchiha vai aumentar, novamente... – ao ouvir isso, o Uchiha mais velho parou. Seria possível, outro filho?



- Ma-mais... Mais um? – ele tremia nas bases. A perspectiva de outro filho já o alegrava. Hinata corou e assentiu.



- Uma! Tem que ser menina dessa vez!



Sasuke pôs Sousuke no chão por um momento. E então pulou muito alto de alegria. Teria mais um filho com a mulher que amava. Saiu gritando: Ela ta grávida! Parecia um louco. Louco de amor. Chegou a chorar. Sousuke, confuso, puxou a barra da saia de sua mãe, chamando-a. Ela se abaixou, deu um beijo na bochecha de seu filho, sorrindo.



- Mamãe, o que é grávida? – indagou o jovem.



- A mamãe vai te dar um irmãozinho ou irmãzinha! – respondeu a Hyuuga.



- Ei! Eu vou perder papai e mamãe pra outra pessoa! Não é justo! – o garoto era doce. Não sentia raiva da criança que estava por vir, mas obviamente sentiu ciúmes.



- Nada disso! Papai e Mamãe te amam, ta, filho? A gente ama os dois igualmente! Seu pai também fez isso quando descobriu que você vinha pra gente! – e os dois, mãe e filho, riram do homem feliz e sorridente que os aguardava um pouco mais à frente.



O tempo da gravidez se passou, e nascera uma menina de cabelos negros, idêntica ao pai, mas com os olhos da mãe. Deram a ela o nome de Sora. Sasuke e Hinata viveram juntos até o fim de seus dias. O Uchiha não imaginava naquele dia, no bosque, que encontrara a mulher de sua vida ali, chorando pela perda de outro. Agora estava feliz. Tinha dois filhos lindos, uma mulher perfeita e estava reconstruindo seu sonho. Ali começava a ressurreição do clã Uchiha.



Fim

Gente, gostaria de expressar após o final da história o meu espanto com a quantidade de pessoas que deu sua opinião e colocou nos favoritos... Fiquei impressionado e gostaria também de agradecer a todos que leram a essa fic até o final... Até a próxima, que deve sair daqui a alguns dias!