História O tutor - Vinte e um

Ela precisava de um sim, apenas um, não precisava conquistar todos eles, se um gostasse de sua voz, então ela estaria dentro, um sim era necessário para participar do programa. Então fechou os olhos e respirou fundo, tentou controlar suas emoções que pareciam querer transbordar no momento errado, ela podia conseguir. Não conseguiria a proeza de receber um sim de todos, então se prenderia ao mínimo, talvez conseguisse passar.

Eu olho o meu reflexo no espelho

Por que estou fazendo isso comigo?

Quando começa a cantar, Kaya percebe imediatamente que está fora do tom, na pausa para a próxima parte respira fundo e tenta não se abalar com isso, ela precisa se recuperar para conseguir alcançar as notas.

Enlouquecendo por um erro tão pequeno

Eu quase deixei o meu verdadeiro eu escondido

Não, não, não, não

Não perca quem você é, no borrão das estrelas

Ver é iludir, sonhar é acreditar

É normal não estar bem

Às vezes é difícil

Seguir seu coração

As lágrimas não são uma derrota

Todos estão sofrendo

Seja verdadeiro com quem você é

Respirando fundo, fecha os olhos enquanto o backing vocal soa pelo estúdio, todos estão em silêncio prestando atenção e Kaya se culpa, ela errou no começo e pode não passar por isso. Seu pai, seus irmãos, sua tia e Eren ficariam decepcionados, todos acreditaram em suas capacidades e ela não conseguiu nem entrar em uma música que estava a duas semanas ensaiando.

Não, não, não, não, não, não, não

Seu peito doeu quando as emoções atrapalharam sua subida de tom, os ‘nãos’ soando muito mais graves do que deveriam, então era isso? Desistiria por conta de uma falha inicial ao invés de tentar, ainda tinha tempo? Eles perceberiam se desse tudo de si do meio para o final?

Penteando o meu cabelo, será que estou perfeita?

Eu me esqueci o que fazer para me encaixar no molde

Quanto mais eu tento, menos dá certo

Porque tudo dentro de mim grita

não, não, não, não, não, não, não

Não perca quem você é, no borrão das estrelas

Ver é iludir, sonhar é acreditar

É normal não estar bem

Às vezes é difícil

Seguir seu coração

As lágrimas não são uma derrota

Todos estão sofrendo

Não há nada de errado com quem você é

Kaya se surpreendeu com sua própria voz, abrindo os olhos e olhando para a platéia que parecia surpreendida com a mudança, isso lhe deu confiança, oh sim, ela tinha tempo. Encarou os jurados e arrumou sua postura, se perdesse, tudo bem, ela tentou, ela lutou, desistir não era uma opção quando estava tão perto, ela podia fazer, ela conseguia.

Sim, não, ego

Falsos se mostram como uma explosão

Vá para casa e me deixe sozinha

Conversas e vidas de verdade, boa sorte, boa noite

Com um sorriso

Este é o meu lar, yeah

Este é o meu lar

Não, não, não, não, não

Não perca quem você é, no borrão das estrelas

Ver é iludir, sonhar é acreditar

É normal não estar bem

Às vezes é difícil

Seguir seu coração

As lágrimas não são uma derrota

Todos estão sofrendo

Seja verdadeiro com quem você é

O arranjo deu uma volta, emendando o ápice da música com a última parte, exigindo muito mais da pequena adolescente do que o original exigiria, mas Kaya não se deixou cair, suas cordas vocais vibraram e sua voz soprou com intensidade, afinada e no tom correto Kaya subiu até onde aguentava, acompanhando o ritmo e se balançando, as mãos suadas agarradas ao microfone com força. Seus olhos estavam lacrimejando, mas não se permitiu falhar. Ela era capaz, sempre foi e ninguém além dela mesma podia determinar isso. Estava tudo bem em errar as vezes, ela sempre poderia se levantar melhor do que quando caiu.

Palmas encheram o estúdio e um sorriso iluminou todo o rosto preocupado de Kaya, que agradeceu rapidamente enquanto os jurados sussurravam entre si, fora dos microfones, eles olhavam sem emoção para a adolescente no palco, escreviam em suas notas e olhavam de baixo para cima, analisando Kaya Ackerman.

O primeiro a falar foi um dos jurados mais simpáticos, ele sempre sorria e elogiava até aqueles que negava, tinha cabelos e olhos pretos e uma pele branca levemente amarelada, seu rosto estava sempre animado. Ele olhou Kaya com um sorriso sem graça e ela já sabia qual era a resposta quando a voz saiu.

-É não. - Ele estalou os dedos parecendo nervoso, Kaya sabia o porquê também, todos tinham medo de seu sobrenome.

-Não. -Outra jurada disse sem ao menos se atrever a olhar para a garota, parecia estar incomodada com sua presença. Seus cabelos vermelhos presos em um coque elegante que combinavam com seus olhos cor de mel.

-Você tem uma boa presença de palco, se trabalhasse seu nervosismo talvez pudéssemos ter algo aqui, para mim é não, Ackerman. -O jurado da outra ponta disse, Kaya respirou fundo tentando não desabar ali na frente das câmeras, ela podia fazer isso depois, nos braços de sua família. O homem de pele negra e tatuagens sorriu em uma tentativa falha de conforto e se virou para a última jurada, que batia os dedos na mesa e olhava as notas, estava presa em sua mente, claramente pensando.

-Kaya, você é linda e sua voz é cheia de emoção. - A mulher começou, sorria, seus olhos azuis lembravam os de História mas seus cabelos eram negros assim como sua pele era em um tom de oliva. -Eu senti que poderia chorar e me despedaçar nela, você canta com o coração e faz muito tempo que eu não escuto ninguém cantar assim, é reconfortante ter um talento como o seu por aqui.

Kaya esperou um mas, espremeu os dedos nervosa e piscou para afastar as lágrimas, ela sinceramente esperou um porém que seguiria com um não, mas a mulher continuou em silêncio, construindo um suspense repleto de tensão, ela olhou para seus colegas que agora a encarava em expectativa e com um suspiro calmo ela encarou Kaya novamente.

-Temos muito o que trabalhar nessa voz, você tem emoção e potência, cuide de sua técnica.

O estúdio estava em silêncio, aquela era uma das juradas mais exigentes, apesar de ser gentil, era difícil acreditar.

-Isso é um sim? - O homem ao lado perguntou.

-Sim! -E então o local novamente explodiu em palmas enquanto Kaya desmoronava em lágrimas, ela mal viu quando foi conduzida para fora do palco de encontro a sua família, mal sentiu quando braços cercaram seu corpo, apertando e abraçando e então ela desabou, chorando copiosamente enquanto as emoções até então controladas explodiram em seu peito, a ansiedade gritando junto com o nervosismo acumulado.

- Eu consegui! - Exclamou sem abrir os olhos, sentia as mãos pequenas de seus irmãos abraçando seu corpo, mas não se sentia pronta para soltar quem quer que estivesse agarrando, ela só precisava se acalmar.

- Você conseguiu garotinha, está tudo bem, você conseguiu. - Era a voz de seu pai, saindo mansa e macia acompanhada de um carinho constante no cabelo, aos poucos sua respiração foi se acalmando e então os abraços foram retribuídos. Kaya fez questão de agradecer a cada um que a parabenizou, apertando com força em seus braços.

Gabi, Falco, Zofia e Udo abraçaram Kaya mais uma vez, dessa vez em grupo enquanto Levi falava com outros adultos sobre questões burocráticas. A adolescente só foi libertada quando Levi enfim voltou, Eren e Hanji riam divertidos dos pequenos.

-Acho que precisamos de Pizza. - Hanji falou, recebendo gritos animados em resposta, ela mexeu no celular enquanto caminhavam de volta para os carros, procurando pizzarias próximas.

-Eu quero frango! - Zofia se adiantou, já sabendo da guerra que era sempre escolher um sabor, Levi encarou a caçula com um sorriso de canto no rosto. - O papai também gosta de frango, tem que ser frango!

-Calma. -Eren estendeu uma das mãos, arrumando os fios que já soltavam da trança simples que a pequena usava. -Acho que podemos escolher mais de um sabor.

Os olhinhos de Zofia brilharam, ela olhou para o pai, que olhava para Eren, então olhou para o tutor.

-E qual sabor você gosta, Eren? - O Jaeguer segurou o queixo fingindo pensar. 

-Com certeza frango.

-Há, ouviram isso? Eren também gosta de frango, então vocês não poderão comprar tudo de linguiça só porque a tia e a Gabi gostam.

-Não seja dramática, Zofia, Kaya é quem deveria escolher.. -Falco resmungou, entrando no carro quando enfim estavam no estacionamento.

Eren abraçou Kaya com carinho, beijando o topo de sua cabeça e parabenizando novamente por conseguir passar nas audições.

- Não tem problema, eu como qualquer sabor. -Kaya tranquilizou a irmã, também entrando no carro depois de se soltar de Eren com um sorriso no rosto. Hanji estava dirigindo um e Levi outro. Eren foi totalmente condicionado a ir no carro com Levi, Zofia e Udo, os outros três preferiram ir junto de Hanji.

-Eles sempre conseguem o que querem de você. -Levi comentou do banco da frente, seus olhos presos na rua.

-Posso dizer o mesmo de você. -Jogou de volta, levantando uma sobrancelha ao não acreditar no que via, Levi estava fazendo beicinho? Com certeza estava sonhando.

-Nós conseguimos dos dois. -Udo encerrou o dilema e o silêncio se fez presente, Levi olhou rapidamente para os filhos pelo espelho e depois para Eren, voltando a atenção para a estrada em seguida.

Eren ignorou totalmente sua pele arrepiada.

Ele queria estender a mão para acariciar os fios lisos de Levi, ou talvez quem sabe descansar uma de suas mãos no joelho dele, mas não podia, por enquanto apenas Hanji e os outros funcionários sabiam - e sem ele nem Levi saber, Kaya também - eles preferiam ir devagar, se entender e deixar que toda a atenção estivesse em Kaya antes de revelar um relacionamento que eles nem mesmo sabiam como nominar.

(...)

Levi não podia estar mais orgulhoso, estava feliz por Kaya, sua garotinha estava seguindo os próprios sonhos e lutando por eles. Estava feliz por estar acompanhando de perto, por poder dar seu apoio e carinho para a filha. Kaya merece isso e muito mais. Desde a morte de História não consegue se lembrar de estar tão bem, parecia que tudo estava se encaminhando para o melhor e uma sensação de realização se plantou em seu peito, mesmo que não merecesse, tinha uma família maravilhosa, linda, uma irmã incrível, filhos maravilhosos e ainda teve a sorte de ter alguém como Eren apaixonado por si, isso era mais do que poderia pedir.

Lembrar de Eren fazia sua mente viajar até o jantar, Eren corado e envergonhado, seu desabafo, as declarações, não tinha como ter sido diferente e mesmo que estivesse preocupado e curioso sobre os segredos de Eren, daria o tempo necessário para ele se abrir e contar, um relacionamento era sobre isso certo? Fazia tanto tempo que Levi não se importava com alguém nesse aspecto que era difícil administrar, não queria parecer distante ou frio com Eren, não agora com os dois tentando ser 'alguma coisa' um do outro. Levi precisaria se esforçar para não estragar tudo, como sempre acabava fazendo, eles já tinham medos demais naquela relação sem nome, havia Reiner e sua busca por Eren, segredos bem guardados, a empresa que poderia - Levi tem certeza - ser um empecilho desagradável para a relação ou até mesmo seus filhos que poderiam não gostar de ver seu pai envolvido em uma relação tão estreita com alguém que não seja sua falecida mãe. Levi não precisava pensar muito para saber que estava inseguro e com medo. Só desejava não estragar tudo como fez com História.

Soprou a fumaça tragada com um suspiro longo, o vento da noite soprando no lado de fora carregando o cheiro e desfazendo a pequena nuvem cinza.

-Você parece preocupado. - Levi não precisou se virar pra saber que era a voz de Hanji um pouco atrás, escutou os passos pesados dela e também não precisou olhar para saber que parou ao seu lado. - Você e Eren parecem bem.

- Esteve no meu quarto e me viu com ele, não se esforce porque não vai conseguir arrancar nada de mim.

- Não custa nada tentar. - Hanji respondeu com um sorriso animado. - Mas vocês conversaram, certo?

Levi concordou lentamente com a cabeça.

-Eu estou feliz por você estar com alguém como Eren, ele mudou você e a nossa família para o melhor. - Se virou totalmente para olhar a irmã que ainda falava. - Eu sei o que você está pensando, você não vai estragar nada, certo? Eren não é História, ele gosta de você e não é um contrato que o levou até essa relação.

- Tem a empresa e as crianças…

- Aqueles velhos não podem controlar sua vida e os meninos adoram o Eren. - Hanji de repente parecia muito cansada. - Eu marquei a data do meu casamento.

- Hanji… - Levi estava com os olhos arregalados, sua irmã vinha adiando tal coisa a tanto tempo que havia até mesmo esquecido que ela tinha um noivo. - Estou feliz por você também.

- Eu não vou estar aqui para cuidar das coisas, então se comporte, mocinho. - Com um sorriso brincalhão, Hanji espremeu as bochechas de Levi entre suas mãos.

- Não preciso de você para cuidar das minhas merdas. Chega Hanji, solta. - Estapeou as mãos em seu rosto com uma carranca irritada enfeitando ele.

- Você não vive sem mim, irmãozinho. 

- Eu ainda sou mais velho.

- Não é isso que sua altura diz. - Essa era a deixa para correr dali e foi o que Hanji fez, perdendo a visão da carranca falsa de irritação de Levi se desfazendo para então formar um sorriso agradecido e leve, ficaria tudo bem.

(...)

Eren apertou sua caneca cheia de chá com força, seus olhos verdes mirando em Jean que fingia não ver os tiros invisíveis que recebia, andando pela cozinha como se a noite estivesse linda lá fora.

-Jean… - Eren praticamente rosnou o nome do amigo, que encolheu os ombros mas não se virou para atender o chamado. - Você é um merda de um fofoqueiro.

- Você não disse nada sobre guardar segredo, idiota. - Jean respondeu entre dentes, mas não se atreveu a encarar um Eren raivoso.

- Jean, era óbvio que isso era segredo, porra! Eu poderia ter sido demitido! - Dessa vez Jean se virou, encarando Eren com descrença.

- Não seja idiota, Jaeger, Levi não faria isso.

- Mas a Hanji-

- O Ackerman não deixaria ela te demitir, você é cego? Mesmo que eu não contasse para todos eles acabariam sabendo, vocês não são exatamente discretos, idiota.

Eren contorceu o rosto claramente ofendido, mas não discutiu, Levi nunca tinha feito questão de esconder seu interesse de ninguém da casa, então estava sem argumentos.

-Você é a porra de um cavalo fofoqueiro.

-Claro, claro. - Jean abanou a mão sem se importar, saindo da cozinha e deixando Eren sozinho com seu chá.

- Eren? Tudo bem? - Armin perguntou ao entrar simultaneamente na cozinha enquanto Jean saía. O Jaeger segurou a respiração nervoso ao perceber que talvez o loiro pudesse ter ouvido a conversa. Ele não queria se sentir culpado, mas sentiu.

- Estou bem, e você? - Forçou um sorriso mínimo, não estava confortável na presença do Arlet que pareceu não perceber.

- Cansado, você sabe, Rico me faz andar por aí resolvendo mil coisas ao mesmo tempo. - Riu baixinho, pegando uma fruta na cesta perto da pia. - Então você foi assistir a apresentação da Kaya com o senhor Ackerman? Como foi?

Eren pensou ter visto o sorriso e as pálpebras de Armin tremerem, mas acabou chegando à conclusão de que era impressão sua enquanto lembrava de Kaya cantando lindamente no palco.

-Ela foi incrível, sua voz ainda me surpreende, é linda. - Disse com sinceridade, lembrando-se de como ficou tocado com a letra da música, fez uma nota mental de escutar ela quando se sentisse para baixo. - Sexta estréia na TV, vamos nos reunir aqui para assistir.

- Eu com certeza não vou perder isso, adoro essas crianças, sabe? É como se fossem meus filhos. - Eren tentou não se sentir incomodado com a fala de Armin, ele não parecia maldoso ao falar aquilo e não fazia sentido pensar que ele estava tentando insinuar sua noite com o Ackerman, Armin não sabia da relação dos dois, por isso se esforçou em se acalmar e esvaziar a mente, Armin estava tentando manter uma aproximação, ele pediu desculpas e os dois estavam tentando construir amizade, era só isso. - Parece que amanhã vai estrear aquela série de comédia romântica logo depois do jantar.

- 'O vizinho'? Eu fiquei super ansioso para assistir, dei muitas risadas com o trailer. 

- Podemos assistir juntos, então.

(...)

-Você demorou. - Levi falou assim que a porta se abriu e Eren passou por ela, o Jaeger ficou em silêncio até fechar e trancar. 

- Estava tomando um chá. - Não viu necessidade de explicar mais e Levi também não exigiu isso, ele só estava sendo implicante por ter - nunca admitiria isso - sentido falta do mais alto na cama.

- Deitar. - Já banhado e apenas de cueca box, Levi bateu no espaço ao seu lado, esperando ansiosamente o mais novo para poder se agarrar a ele. 

- Você está ficando mal acostumado e manhoso. - Eren falou rindo, tirando a camisa e ficando apenas com sua calça de moletom antes de se aninhar nos braços do outro. - Não que eu esteja reclamando, sabe, você fazendo biquinho é fofo.

- Cala a boca. - Puxou de leve os cabelos castanhos, não forte o suficiente para doer, apenas ameaçar. - Você está aqui o tempo todo e eu só posso te tocar aqui no quarto.

- Sim, ainda não contamos para as crianças. - Se ajeitaram até um estar de frente para o outro, os rostos próximos e as vozes baixas, Eren brincava com alguns fios de cabelos escuros entre seus dedos enquanto falava. - Como você acha que elas vão reagir, sobre nós?

- Bem, eles te adoram, Eren, talvez seja mais difícil lidar com todo o resto. - Admitiu a última parte diminuindo o tom da voz, Levi não gostava de falar esse tipo de coisa em voz alta, era como se estivesse determinando que algo ruim aconteceria.

- Você diz no seu trabalho? Eu sei que querem que você case com a Mikasa assim como antes… 

- Não só isso, é provável que você seja assediado pela mídia local, depois de História eu nunca assumi ninguém.

- Acho que vamos conseguir passar por isso. - Eren encolheu os ombros ao falar, estava inseguro com algumas questões, sim, mas escolheu acreditar em Levi, então se esforçaria para que a relação desse certo.

- Eu gosto mesmo de você. - Eren não desviou o olhar, sentindo seu rosto esquentar em consequência.

- Levi? - O Ackerman moveu a cabeça deixando claro que ouvia. - O que... nós somos?

Eren parecia terrivelmente constrangido, o rosto estava vermelho e o corpo encolhido, suas pedras esverdeadas desviaram do azul profundo na sua frente, encarando a parede como se ela fosse interessante.

-Tch. - Levi resmungou mais um pouco, esticando o braço para enfiar os dedos entre os fios cor de chocolate de Eren. - Algo como um namoro, acredito.

- Sério? - Os olhos de Eren estavam brilhantes e Levi foi tomado por eles, esquecendo que deveria concordar enquanto se aproximava para tomar a boca carnuda tão próxima a sua, as mãos se movendo no couro cabeludo alheio para que os rostos pudessem se encaixar. - Levi!

Eren exclamou ofegante quando se separaram, Levi não deu tempo para recuperação pois novamente estavam se beijando, a língua do Ackerman varrendo e explorando toda a sua boca com avidez, era quente e excitante a forma como as mãos agarravam seu corpo possessivamente e a língua parecia querer tomar tudo que podia, um som manhoso escapou de sua garganta quando sua cintura foi apertada com força para em seguida sua calça e cueca serem tiradas com habilidades.

Estavam mais próximos agora, Eren podia sentir suas ereções se esbarrando e suas pernas se entrelaçando debaixo dos cobertores enquanto suas bocas não se separavam, as línguas se provocando em um ósculo cada vez mais bruto e necessitado. Então Levi rolou, quebrando o beijo para estar deitado de costas, levando Eren consigo e fazendo com que sentasse em seus quadris, uma perna de cada lado do corpo expondo seu sexo duro e molhado de pré cum.

Levi se sentou, esmagando as duas ereções entre os dois abdomens enquanto sua boca estava faminta no pescoço exposto de Eren, chupando e beliscando com os dentes em toda a pele disponível até a orelha.

-Você pode ser bom para mim hoje, Eren? Acha que consegue ficar por cima? - Seu sussurro rouco deixou toda a pele morena arrepiada, Eren concordou com a cabeça sentindo-se hipnotizado, sabia que obedeceria qualquer ordem de Levi se ele falasse naquele tom em seu ouvido. - Chupa para mim.

Dois dedos deslizaram em sua boca, raspando pela língua até a garganta, forçando para baixo para não causar reflexo de vômito. Eren chupou com vontade os dedos oferecidos com o rosto vermelho, Levi observou tudo com o maxilar travado e o corpo duro, ele queria mais do que nunca se afundar em Eren, mas precisava ter calma. 

Eren podia ver a vontade que Levi tinha de fuder só de olhar nos olhos carregados de tesão, mas não se sentia pronto para ir tão longe e sabia que o Ackerman respeitaria isso, no momento certo tal coisa poderia acontecer e até lá sabia que Levi trabalharia para quebrar suas barreiras.

Os dedos agora bem molhados foram puxados de sua boca com um 'pop' indecente, Levi não perdeu tempo em direcioná-los até a bunda empinada em seu colo, massageando a entrada apertada sem pressa.

-Se toque para mim, Eren, me mostre como você quer que eu te faça gozar. - Levi voltou a falar, mandando sem remorso no pobre homem totalmente rendido em seu colo, Eren não pensou duas vezes em obedecer, estava compelido a Levi. - Isso mesmo, mais devagar, me mostre como faz quando pensa em mim.

Eren gemeu de boca aberta quando um dedo invadiu seu corpo ao mesmo tempo que se masturbava, a sensação dupla era um pouco demais para seus sentidos sensíveis, o dedo longo de Levi se moveu algumas vezes antes do segundo se juntar a ele. Eren se viu em uma bagunça de tesão e gemidos quando os dedos pararam de trabalhar, um suspiro de frustração saiu de seus lábios, estava tão perto daquele ponto, daquele feixe de nervos que fazia seu corpo tremer e convulsionar de prazer, se moveu inquieto e então a ponta de um dos dedos tocou lá, seu corpo pareceu queimar e disposto a conseguir mais se moveu, se fodendo nos dedos afundados em seu interior apertado.

Levi gemeu com a visão, sua outra mão trabalhando no próprio pênis enquanto via Eren quicar e rebolar em seus dedos, tão absorto na estimulação de sua próstata e na masturbação, o rosto vermelho e os olhos fechados, os lábios entreabertos deixando que sons maravilhosos saíssem, pequenas gotas de suor já escapavam pela pele do peito e da barriga lisa. Eren era lindo.

O Jaeger arqueou as costas e gemeu arrastado enquanto tremia, sua mão vacilando no próprio eixo enquanto cavalgava no orgasmo. Escutou Levi, gemendo juntos e então gozou, sujando o próprio peito com seu sêmen quente, seus olhos verdes se abriram a tempo de ver Levi totalmente concentrando em seu corpo, as mãos trabalhando com rapidez no pênis pesado.

-Porra… - Levi respirou pesado enquanto se desfazia também, sujando Eren ainda mais com sua semente, bateu sua intimidade contra a dele até que não restasse mais nada, espalhando com orgulho sua porra no corpo esbelto.

Se abraçaram com carinho enquanto recuperavam o fôlego. Eren caiu para o lado e deixou que Levi se levantasse sozinho para se limpar, o Ackerman não demorou a voltar com uma toalha úmida e morna nas mãos, ele lhe limpou com carinho e cuidado antes de descartar a toalha e então se deitar novamente, se agarrando ao corpo relaxado de Eren.

Mas o Jaeger não dormiu, seus olhos presos no teto enquanto escutava a respiração lenta e ritmada de Levi, sentia-se ansioso ao lembrar que cavalgou no colo de Levi, se não estivesse tão preso às sensações prazerosas talvez não fosse capaz de fazer tal coisa. Ou talvez conseguisse, visto que Levi era sempre tão atento e atencioso, ele entenderia caso dissesse que não conseguiria, ele pararia se pedisse para parar e ele estava sendo muito paciente, chamando-o de namorado mesmo sabendo que escondia coisas importantes de sua vida. Existiam muito mais coisas do que Levi imaginava e sabia que falar sobre elas era difícil, não queria começar a se abrir e ter mais uma crise na frente do Ackerman, mas sabia que ele merecia saber de algo, nem que fosse parte da verdade.

-Eren? - Levi perguntou com a voz sonolenta, o corpo se movendo para enxergar o relógio digital na cabeceira. - São três da manhã, porque está acordado?

Eren piscou confuso, estava esse tempo todo pensando? Virou o rosto para Levi que parecia sonolento e preocupado.

-Estou bem. - Respirou fundo. - A consulta com Dot, pode marcar.

Levi parecia surpreso, mas não disse nada, abraçou seu corpo com força aninhando seus corpos. Eren então se sentiu aliviado e antes que percebesse, já estava dormindo.