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História Omega - Crush


Escrita por: vanaheim

Capítulo 38 - Crush


Stiles descansou até de mais. A cama pareceu confortável demais. Ou talvez fosse o estresse da viagem. Nem a conversa com a alfa e a druida mantiveram suas pálpebras erguidas. A sensação era de um desmaio, simplesmente apagou.

Tarde da noite acordou com batidas afoitas na porta. Estava tudo escuro no cômodo e lá fora, além da janela, também. Stiles se manteve quieto. Enroscou-se nos lençóis até a pessoa presumir que ele ainda dormia. Ficara ali até pegar no sono mais uma vez, apesar da fome que sentia.

Manter-se ali era algo estúpido de se fazer. Ele reconhecia isso. Mas Stiles sentia que – nos dias que passara recluso com somente ele, seu pai e mais tarde Bruce – havia desaprendido como se entrosar. Ainda mais com àquele casarão cheio como estava. Tantas pessoas desconhecidas lhe deixava inquieto. Fortalecia sua decisão de permanecer ali.

Na manhã seguinte ele agiu feito uma sombra. Ou – como não gostava de nomear – como seus lobos, de forma sorrateiro. Esperou que o corredor estivesse livre de burburinhos e passadas e rumou para o banheiro. Nunca sabia se deveria levar o “sinta-se” em casa ou não. Na verdade não se sentia. Era um convidado e não um parente, tampouco um beta, não queria abusar.

Mas sua forma de pensar e toda àquela vontade de evitar os betas dos Hale’s acabou o atrasando para o café da manhã. Felizmente não fora o único.

Julia estava ali. E eles conversaram um pouco mais. Stiles sentiu falta de um rosto familiar. Acabou se lembrando da Amélia, a cozinheira, e Júlia explicou que os acontecimentos daquela noite fatídica foram demais para o coração daquela senhora. A druida pediu mais detalhes do feitiço mas não tinha muito o que falar além do que foi feito. Stiles quase mencionou o punhal mas guardou àquela informação para si, como se fosse um segredinho sujo.

Ficou sabendo que parte da matilha havia debandando, voltado para as suas casas. Júlia gostava de falar. Stiles viu certa familiaridade no intercalo de perguntas e dizeres. E mostrara onde geralmente ficava. Uma casinha na propriedade Hale. Era engraçado. Entortada como se seguisse o relevo do solo. Haviam livros apinhados em toda parte. Sobre ervas, musgos, caules e animais e feras. Folhas e galhos pendurado por barbantes para secar no sol, bem próximos da janelas.

— é acônito? — Ele apontou para frasquinho de pó roxo na estante. A estante estava cheia de vidros recheados. Mas aquele ele reconhecia.

— É sim. — A mulher balbuciou. Estava distraída procurando um dos livros que prometera ao rapaz.

Stiles duvidava que nele estivesse criaturas variadas. Descritas e catalogadas. E ela, orgulhosa do seu conhecimento, fizera questão de o arrastar até ali.

— Posso pegar um? — Pediu esperançoso. Internamente sorria.

— Para que você quer acônito?

— Quando voltar irei dar uma festa. — Disse-lhe. Estava cansado de ter que esperar Liam conseguir surrupiar alguns do Deaton, para poderem ficarem bêbados.

Aquilo bastou para a mulher. Julia se ergueu com um sorriso. Empunhando um punhado de folhas encadernadas.

— Vocês jovens. — ela suspirou com um sorrisinho. Falava como se não tivesse apenas vinte e cinco.

— Pode pegar. Quantos quiser. Estou preparando mais de qualquer forma. — Ela disse como se não fosse nada. Talvez estivesse sendo imprudente ou só confiando nos instintos da alfa a quem servia.

— Para que tantos? — Stiles indagou curioso. Estavam cercados de lobos. Achava um tanto estranho ter aquela quantidade de veneno.

Julia arreganhou aquele sorriso.

— acônito é simplesmente extraordinário. — Ela garantiu. — A mãe natureza é perfeita em cada detalhes. Minuciosa naquilo que faz. A erva pode ser a cura para o próprio veneno. Se aplicado corretamente.

Stiles assentiu extasiado. Era tão bom conversar com a mulher. Perguntar e receber respostas diretas, sem enrolação ou enigmas.

— Quer uma dica? — Ela apontou para o fraquinho.

— Claro.

— Abra uma cápsula de remédio e jogue o conteúdo fora. Misture o acônito com açúcar, para não ficar forte demais. Metade, metade. Encha a cápsula. Prontinho. — Ela sorriu-lhe.

E Stiles sorriu animado. Eles geralmente usavam uma colherzinha e somente o acônito.

— vivendo e aprendendo.

— Gosto dessa frase. — a mulher balançou a cabeça. E estendeu-lhe o livro que segurava. — Tome, é uma copia. Claro que eu não daria o bestiário original.

— Sério? Para mim? — Stiles exclamou surpreso. Sentia-se como uma criança ganhando um brinquedo maneiro.

— todas as criaturas. Todas é exagero, claro. Mas tem bastante. — ela afirmou.

Minutos depois Stiles saiu da pequena casinha com o livro debaixo do braço e os bolsos do casaco cheios de frascos de acônito. Queria um tempo para devorar aquela leitura. Folheara o livro e viu gravuras detalhadas que lhe encheram os olhos.

Fora se esgueirando pela casa. Tentando passar despercebido. Sentia-se como um móvel da casa com rodinhas. Não vira muito Derek durante, o que era uma pena. Queria conversar com o rapaz, já que era o único com quem possuía o mínimo de intimidade. Mas Derek naquele momento era uma espécie de celebridade, sempre cercado de pessoas.

— Ei Stilinski. — era Cora. Vinha descendo enquanto Stiles subia. — Almoço em cinco minutos.

Stiles arregalou os olhos com a informação. Ao tentar pegar o celular do bolso causou um tilintar suspeito, logo desistiu.

— Nossa. — Exclamou. — Passou tão rápido.

— só vá, ok? Não dê um perdido outra vez. — Balbuciou a jovem, apressando-se.

Stiles se apressou. Guardou suas coisas na mala. Apesar da vontade de ler aquele livro não dispensaria o almoço. Retornou para a sala de jantar e atraiu olhares, fora cumprimentado por Talia e os demais. Os amigos de Derek permaneceram na casa. Stiles se sentou afastado, um pouco deslocado. A mesa parecia mais longa do que se lembrava.

Durante o almoço Stiles trocava olhares com Derek. Uma conversa muda. Súplicas, enquanto o moreno era paparicado. Sempre alguém perguntava se ele queria mais isso ou daquilo, se estavam bom ou precisava de mais ou de menos. Stiles continha uma risada por respeito. Sabia como era constrangedor.

Ele comeu discretamente embora houvesse pressa. Pediu licença e recolheu as louças. Embora Julia tivesse lhe instruído a deixá-las sobre a mesa. Sentiu olhares a sua costa enquanto seguia para a cozinha. Não gostava de ficar no local. Só o necessário. Fazia-o lembrar de uma panela ao fogo, o conteúdo borbulhando e mudando de verde para roxo.

Ele saiu porta agora. Andou pelas redondezas. Seguia uma linha reta. Era difícil não notar a casa em um lugar tão elevado. Mas não queria dar chance ao azar. Estava conhecendo aquela parte lugar ao menos. De pouquinho em pouquinho, se habituando a rua. Tentava formular um plano.

Quando retornou ladeou o casarão. Olhava as árvores. Mantinha certa distância do jardim e daquela árvore no fundo da propriedade, que fora palco de um termino. Acima de tudo evitava o roseiral.

O jantar não fora muito diferente. Stiles ficara na dele. Mas diferente de mais cedo, ao seguir para a cozinha fora abordado por Talia.

— não precisa ficar recolhido no quarto o tempo todo. — Murmurou. E quando o jovem enxugava as mãos. — Pode ir a biblioteca, a sala. Tem Netflix.

— ainda estou me habituando. Acho que perdi o jeito com as pessoas. — Confessou. Até ele mesmo estranhou sua fala. — Mas quem dispensaria uma Netflix?

A tevê já estava ocupada. Boyd, Erica, Isaac faziam companhia a Derek no sofá. Enquanto Cora escolhia o filme. Stiles se sentou em um dos puffs. Flagrou Derek olhando por cima dos ombros e movendo os lábios. Não sabia dizer se era “me tira daqui” ou “sai daqui”

De qualquer forma não tinha muita o que fazer. No final do filme Derek decidiu que ia dormir. Seu quarto era o único local que podia ficar sozinho. E ninguém falou nada sobre ainda serem sete da noite.

Stiles foi logo em seguida. Chegou a conclusão que não queria se enturmar. Preferia as folhas do que dar mais explicações. De como fez, onde estava Paige e etc. Tanto ele quanto Derek estavam de saco cheio. Ele se banhou e jogou-se na cama. O lado ruim de não estar na sua casa era ter de usar roupas.

Ele devorou algumas páginas do bestiário. Leu e releu ao menos dez vezes. Queria forçar seu cérebro a gravar cada parágrafo. Conhecer mais a fundo os lobisomens, os naguais e Löwenmensch. Kanimas e banshees. E dera uma pausa. Não queria ler tudo. Conversou com os meninos por vídeo chamada e com Malia. Que fez uma careta ao saber onde ele estava dormindo.

“você poderia ter dormido no meu quarto.” ela sugeriu, sorria divertido. “as energias lá são bem melhores.”

— Não é como se eu tivesse escolhido. — Stiles se defendeu.

“poderia sim.” Insistiu a coiote. Rindo. “Por favor, me diz que ele não está ai”

“Credo. Não... “ Stiles garantiu. “ele está em Beacon Hills”

“a ruiva voltou?”

— sem previsão. — Stiles balbuciou pensativo.

“e você o que pretende fazer?”

— Curtir um pouco. Seguindo o seu conselho.

“Esse é o meu garoto. “ ela elogiou. “Já vou, já vou. Minha avó está chamando. Até amanhã?

— Até.

Stiles se despediu. Sentia falta de falar cara a cara com a amiga. Mas àquilo supria. E ficou estirado na cama vendo o tempo passar. Decidindo andar mais alguns metros. Ir no centro talvez. Procurar um local, um emprego. Ou se desistia daquela ideia e voltava para casa. Seu pai ainda não tinha visualizado sua mensagem. Certamente ainda estava na delegacia.

Stiles sentiu sede durante a madrugada. Um barulho se embaraçou com o girar da maçaneta. Havia uma tábua do assoalho que rangia quando pisado em um ponto específico.

Espiou e se deparou com Derek fazendo uma careta de culpado, como se tivesse feito algo de errado. Fora engraçado e Stiles riu.

— Te acordei? — O moreno balbuciou.

— Não. — Stiles. Negou. — estava indo beber algo nesse exato momento.

Derek olhou para sacola que carregava. O mínimo balançar causava um tilintar. Ele a estendeu para Stiles. Encostou-se na parede para equilibrar prato com uma generosa fatia de bolo e a bengala debaixo do braço.

— Coca. — Ele disse.

Stiles aceitou. Enfiou a mão e pescou uma das garrafas. Não estava tão gelado, mas serviria.

— Como é ser paparicado? Me fale qual é a sensação? — Estava esperando o momento para implicar.

Derek revirou os olhos e também sorriu.

— Um pesadelo. — Sussurrou. — Tenho quase vinte e um e estou sendo tratado como se não possuísse nem um décimo disso.

O rapaz parecia mesmo chateado.

— É amor acumulado. — Stiles murmurou risonho. Não conseguia conter. A expressão de Derek era engraçada. — Apenas aceite.

Ele aconselhou. Abriu a garrafa e bebeu a coca-cola. Estava boa, diferente do que ele havia pensado. Gelou sua garganta.

— Não zombe, Stiles. — Derek aconselhou, seriamente. Era para soar como uma ameaça, mas não funcionou muito bem. — Você poderia ter me ajudado. Ignorou meus pedidos de ajuda. E eu que sou o malvado?

O moreno reclamou. Apontando a mão com sacola. Lembrando-se da “festa” de sua prima. Stiles riu baixinho, puxando a porta do quarto e se aproximando.

— chumbo trocado não dói, pequeño lobo.

Derek gemeu desgostoso. Não estava acreditando que sua mãe usara aquele nome a mesa, era humilhante. E não acreditava que o rapaz havia gravado. Geralmente Stiles parecia tão distraído a mesa.

— Como você é rancoroso. — Reclamou o moreno. Sorrindo.

Stiles deu de ombros.

Derek olhou do prato que segurava para o rapaz de cabelos acastanhados. Ficar em pé equilibrando aquele prato recheado estava lhe cansando.

— Me acompanhado? — Ele apontou com o queixo para o prato. Estava tarde, ele sabia disso. Mas não custava tentar. Estava sem sono.

Stiles nem ponderou.

— não dispenso doces. — Pegou o prato das mãos do moreno e o seguiu até o quarto.

Stiles adentrou o cômodo, olhando em volta. Estava parcialmente escuro. Sentiu-se no direito de ligar a luz e desligar o abajur.

Derek teria feito o mesmo, obviamente. Fechou e trancou a porta.

— Sei que é estranho. Mas é melhor prevenir... — Ele se desculpou, aproximando-se.

— tudo bem. — Stiles deu de ombros. O quarto não mudara nada.

— Pode se sentar. — ele apontou para a cama, a cadeira da escrivaninha e o puff próxima a janela

Stiles fez exatamente isso. Sentou-se na beirada da cama e deixou o prato em cima da cômoda.

— não mudou nada.

Deixou escapar. Olhou para Derek – que havia se sentada na cadeira – notando o olhar penetrante. As memorias, a intimidade. Era um tabu entre eles. Um acordo silencioso em não tocar naquele assunto.

— desculpa cara. — Desculpou-se. Ocupando a boca com o refrigerante.

— Tudo bem. — Derek murmurou. E tornou a perguntar. — O quanto vocês viram?

Seu rosto ardia só de imaginar suas tentativas frustradas e seus erros sendo assistidas.

— O suficiente. Juro. O encontro que não aconteceu. O término. Só. — Stiles afimrou. Evitou mencionar a primeira vez.

— Isso é estranho. — Derek balançou a cabeça.

— Imagino. — Stiles estava decidido a mudar de assunto. — Está sem sono?

— Sim. A insônia vêm e vai.

— E os pesadelos. — Stiles supôs.

Derek arregalou os olhos. Como se tivesse sido acusado de um crime grave. Mas logo suavizou as expressão, com suspiro.

— Não me orgulho disso.

— Você se cobra de mais.

— É. Um cara legal já me falou isso. — O Hale murmurou.

— Quem é esse cara? Preciso de uns bons conselhos. — Stiles falou risonho.

Derek riu baixinho da cara de pau e arremessou a tapinha da garrafa no rapaz.

O Stilinski fixou os olhos do bolo. Desejando, mas esperaria Derek. Olhou além e viu um porta retratos. Semicerrou os olhos para a fotografia. Haviam cinco pessoas; um homem, uma mulher duas meninas e um menino. A moldura era muito bem trabalhada. Na parte inferior haviam nomes gravados. Talia, Laura, Derek, Cora e Miguel Hale.

Ao ler os nomes Stiles levou um susto.

— Miguel? — Ele exclamou, mais alto do que pretendia.

Derek olhou para o porta-retratos de relance. Aquela era um das poucas fotos do seu pai que haviam sobrado. Estava enterrada no seu guarda-roupas. Ele nem lembrava o motivo de tê-la tirado de lá. Mas gostava daquela foto, do momento. Uma felicidade verdadeira pouco experimentada. Não valia a pena esquecer daquele momento.

— meu pai. — Derek explicou. Esticou o braço e abaixou o retrato. Os olhos miúdos pareciam lhe julgar até mesmo em uma foto. — Miguel Hale.

Stiles não sabia o que dizer. Se perguntava se Derek já havia mencionado ou Malia, mas não conseguia se lembrar. Estava um pouco surpreso. Ele se remexeu na cama – feliz por Derek ter mexido no retrato – e sentiu algo duro bater em seus dedos. Duro e macio ao mesmo tempo. Olhou e viu que se tratava de uma capa.

— Não é possível. — Ele disse, atraindo a atenção do moreno. Fitando a gravura e nome no objeto. — o pequeno príncipe.

Àquele era o livro que Derek escondeu assim que Paige entrou no quarto com a bandeja e a sopa. Ainda estava ali.

Derek lançou um olhar exagerado para o livro que passava de mãos em mãos do Stilinski.

— É... — Ele balbuciou. Estava ligeiramente desconfortável. Com um vibrar no seu baixo ventre. Mais um dos seus fantasmas.

Felizmente Stiles era compreensível o suficiente para entende-lo. Mesmo que Derek não tenha falado nada além disso.

— Não quis ser invasivo. — Ele confessou. E era verdade. Tratou de enterrar o objeto embaixo do travesseiro. E bebericou o restante do refrigerante, para que ficasse ao menos calado por um instante.

Derek olhou para o travesseiro com atenção. Como se pudesse visualizar a capa velha do livro por debaixo daquelas camadas de tecido e espuma.

— Não. Tudo bem. Pode olhar. É que fazia tempo...

O moreno balbuciou. Vinha se aproximando arrastando a cadeira de rodinhas até ficar próximo da cama. O suficiente para se inclinar, enfiar o braço debaixo do travesseiro e pescar o exemplar de o pequeno príncipe.

Ele o entregou para Stiles.

— O encontrei ontem, quando tentei dormir. Fazia tanto tempo que esqueci que estava aí.

Era uma mentira. Stiles soube pois Derek evitou lhe encarar nos olhos. Ele pegou o livro e o folheou brevemente. Observa as letras miúdas na capa amarronzada, tal como Derek fazia consigo. O nervosismo do lobisomem o deixava curioso. Stiles nunca tinha olhado aquela publicação. De capa de couro, com letras em prata e a imagem de um menino sentado numa esfera irregular.

— Que versão é essa? — Ele quis saber.

Derek deu de ombros. Observando a forma como Stiles virava Folha por folha com seus dedos longos. Como se elas fossem velhas e quebradiças. O livro tinha essa aparência, de velho.. O ganhará assim e sabia que era somente a aparência, quando o ganhou tinha cheiro de novo, a capa estava quentinha como um bolo que acaba de sair de um forno.

— Não sei.. foi um presente. — Contou a Stiles.

Stiles continuou a folheá-lo e fora na folha de guarda que encontrou. Uma dedicatória. As letras deixavam a desejar. Mas Stiles sabia que em momentos como aquele o que valia mesmo era intenção.


❝Espero que esse livro – de algum modo – abra seus olhos para vida e o faça caminhar com os próprios pés e na própria sombra. Ass: J.P❞


— A não, Derek!!! — Stiles exclamou de repente. Fechando o livro com um barulho ruidoso.

O olhar de Derek era exasperado. Havia se assustado com a reação do outro. Parecia estar sendo acusado de algo.

— O que foi?

Quis saber o moreno. Ardia rosto ardia. Era como se o refrigerante borbulhasse em deu estômago, gelando sua barriga. Seu rosto estava ardendo pois sabia que Stiles leu a dedicatória.

— Você sabe. — Stiles acusou-o. — quem é J P?

— Um veterano. — Derek conseguiu dizer em meio ao desconcerto. — Cursava direito. Me mostrou o Campus da faculdade. Os ginásios e o prédio.

Explicou rapidamente. Era a primeira vez que faltava sobre. As palavras o fez reviver cada momento.

— E provavelmente algo mais. — Stiles deduziu com um sorrisinho. — vocês ficaram.

Derek corou com violência ante acusação. O que – para Stiles – foi o mesmo que ele pagar por um outdoor.

— A-há. — Stiles exclamou, esticando o sorriso um pouco mais.

— É. — Derek balbuciou. Viajando naquelas lembrança. Sua língua estava pesada, como de o calor do rosto a estivesse soldando. — algumas vezes.

Nunca tinha falado tão abertamente com alguém além de Parrish. Sentia-se tão bem. Aquilo o fez sorrir.

— Beijos, ou sexo, com o veterano. Derek seu safado, me conte tudo. — Stiles ditou.

— Você é fofoqueiro.

— É o meu espírito de velho. — Stiles se defendeu.

Derek sabia que não precisava falar sobre nada. Que Stiles mais implicava do que tinha interesse em saber.

— Nós saímos algumas vezes. Coisas aconteceram, entre o Parrish e eu, você sabe...

—" Coisas” é muito vago. — Stiles reclamou. — chupada? Dedada? Sexo logo de cara? Derek! Estou ficando empolgado aqui, se não falar irei soltar coisas mais constrangedoras.

— Por favor não. — Derek pediu, quase gritou.

Stiles respirou fundo. Controlando as perguntas que dançavam na ponta da sua língua. O silêncio durou meio segundo pois logo os dois começaram a gargalhar. Gargalhadas altas que faziam suas barrigas doerem e os olhos ficarem úmidos.

— Céus. — Derek rumorejou, enxugando os olhos com o dorso da mão, como se àquela palavras possuísse vários significados.

— Não irei me desculpar. — Stiles avisou.

Derek balançou a cabeça. Respirou fundo e fitou Stiles brevemente, partilhando um sorriso com o mais jovem

Com quem mais poderia conversar além do amigo do seu lobo? Tinha seus amigos sim. Mas nunca fora sincero suficiente com eles sobre sua sexualidade. Boyd o flagrara aos beijos com um rapazote da escola. Erica o pressionou até falar e Isaac seguiu a onda. Suas irmãs fingiram que não sabiam. Talvez estivessem esperando Derek de abrir. Mas ele nunca conseguiu. Miguel fazia questão de fechar qualquer brecha da sua concha e cola-la só por precaução.

— pensei que fossemos namorar. — Derek confessou. Sentia-se um bobo por dizer em voz alta. — Parrish foi o primeiro cara com quem saí, sabe? Sem ter medo de ser pego. Nova Iorque me deu essa segurança. Com ele conseguia falar tudo.

Derek se recostou na cadeia. Olhou para Stiles e continuou. Pela primeira vez agradeceu pelo rapaz estar ali. Agradeceu de verdade. Ele sentia a mesma segurança em se abrir e falar com ele.

— e ai? — Stiles perguntou. Estava empolgado.

— Você sabe o resto da história. — Lamentou o Hale. — Coma, lobo, anos. Ele deve achar que dei um bolo nele.

— Perguntou para ele? — Stiles quis saber. A cara de Derek dizia tudo. — Meu pai... Ainda não falou com o cara, não é?!

— Não. — Derek admitiu. Não sabia por onde começar. Era tanta coisa que lhe entalava.

— Você deveria falar com ele.

Stiles aconselhou.

— vou pensar. — Derek murmurou. Na verdade vinha pensando a muito tempo. Desde que segura seu celular pela primeira vez. Pensava enquanto via a foto sorridente do homem, o “online” bem do lado.

— manda uma mensagem. — Stiles disse-lhe. — Você já perdeu tempo demais.

Derek ponderou, as palavras do castanha zumbindo em seus ouvidos. Olhou com incerteza para as próprias mãos antes de esticar uma delas para Stiles.

— Meu celular está em cima do travesseiro.

Stiles olhou por cima do ombro. Achou o aparelho meio caído em direção a cabeceira. Ele pegou e entregou para o dono.

Derek o segurou com cuidado, como se das extremidades fossem surgir espinhos que perfurariam sua mão. Mas obviamente nada disso aconteceu. Ele destravou a tela e fora direto para o aplicativo de mensagens. Olhou o contato do homem e pressionou. Eram quase uma da manhã. Parrish havia olhado dez minutos atrás. Derek ponderou, pensou nas possibilidades de deixar para outra hora, estava tarde. Mas sabia que o fizesse não mandaria mensagem alguma.

— Não acredito que estou fazendo isso.

Ele murmurou. Havia digitado “oi Parrish, espero que se lembre de mim”. Era a melhor opção. Um apenas “oi”, “e aí, “Parrish” pareciam estúpidos demais.

— Posso fazer por você. — Stiles propôs.

— Deus me livre

Derek puxou o celular contra o peito nu. Como o Stilinski fosse toma-lo das minhas mãos. Quando percebeu que sua reação fora um tanto exagerada e que o rapaz não faria nada disso, fitou o celular e gelou.

— Merda. — Praguejou. Encarava a confirmação de que a mensagem havia sido enviado. — merda. A mensagem foi.

— Essa era a intenção. — Stiles franziu o cenho.

— Não. Não. Eu não pensei direito. — Derek disse agoniado. — Deveria ter escrito outra coisa. A culpa é sua que me distraiu.

— Eu nem me mexi. — Stiles defendeu-se. Achando graça do desespero do rapaz. A forma como os olhos esverdeado se moviam apressados pela tela.

Derek abriu a boca em um “ó” mudo. E fitou o castanho.

— Stiles! Ele visualizou. — Estava surpreso por ele estar acordado. — Está digitando. Respondeu. Ele respondeu. O que eu faço?

Stiles riu baixinho. Era errado, ele sabia disso. Derek possuía um rosto bastante expressivo, era engraçado.

— Não ria, droga.

— Derek, se acalme. — Stiles pediu. Segurou os braços da cadeira e a fez girar de lado e a puxou para mais perto. Para que pudesse ver a conversa. — “É você mesmo?” só responda. Não é um bicho de sete cabeças.

Derek assentiu brevemente. Estava com o pulso saltado.

— E vamos comer esse bolo. — Stiles propôs. Surrupiando o prato para o seu colo.

Observou a conversa e opinou quando necessário. Quando não fora mais deixou Derek sozinho com o celular e um crush do passado.



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