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História On and On - Capítulo 15


Escrita por: Gi-Ka

Notas do Autor


Agradecemos aos 161 favoritos e a todos que comentam!!! :D

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Boa leitura :D

Capítulo 15 - Capítulo 15


Fanfic / Fanfiction On and On - Capítulo 15

Yoongi estava parado perto da mesa de petiscos, após a sessão, quando escutou alguém lhe chamando pelo nome artístico.

– Licença… Você é Agust D, não é?

O moreno engolia o líquido quente e meio amargo quando ouviu a voz. Ele se virou no mesmo instante e se deparou com o rapaz com TOC, Kihyun, se ele não estava enganado. Os dois possuíam a mesma estatura, mas era tudo o que ele podia dizer: que se pareciam fisicamente. Kihyun tinha lábios finos, mas um sorriso grande, seu rosto tinha um formato triangular, sendo o queixo ligeiramente afilado. Suas bochechas eram um tanto fartas o que faziam seus olhos pequenos praticamente se fecharem por detrás do sorriso.

Yoongi concordou com a cabeça e viu o rosto do outro se iluminar ainda mais no sorriso.

– Ah! Eu sabia! Meu primo mais novo tem seus pôsteres espalhados por todo o quarto. Eu me chamo Kihyun. – O rapaz estendeu a mão em cumprimento e Yoongi um tanto tímido retribuiu o gesto. Assim que suas palmas se desencostaram, ele observou o outro esfregar a palma na calça. Ele não se ofendeu com gesto, afinal era parte da doença do outro. – Desculpa por isso… é o TOC e tal. Eu estou te atrapalhando?

– Não! Não… desculpa… eu só sou meio tímido…

– Ah! No palco… não parece.

– Hum… Eu entro em um personagem. – afirmou o rapper, balançando os ombros. – E você meio que… acabou de me escutar falando um monte de coisas.

– Eu também falei, não liga para isso. – Kihyun observou a mesa e de dentro da calça pegou um pacote de lenços de papéis e após separar uma folha, pegou as uvas que estavam no local. – Fiquei feliz por você finalmente falar algo… Estava com medo de você ser mudo e enganar todo mundo com playback.  

– Seria um pouco bizarro, não? – Yoongi perguntou e acabou achando graça e não pode deixar de observar o outro começar a esfregar o papel em casa uva, antes de levar a boca.

– Seria, mas já aconteceu antes. – respondeu o rapaz, sem ter muita certeza. – O seu amigo… É o professor de dança, né?

Yoongi encarou o outro tentando ler a expressão dele de alguma forma, mas Kihyun estava preocupado em esfregar as uvas. Seria ele assim tão óbvio? O rapper achava que não, mas pelo visto não era isso que o resto das pessoas ali pensavam.

– Ah, é que eu sempre o vejo pelo corredor e… com você. Vocês são bonitos juntos. – comentou o rapaz, causando um desconforto no rapper, que já não queria mais conversar. – Meu primo é gay, sabe? Ele ia te amar ainda mais.

– Não sou gay. – Yoongi afirmou e não deixava de ser verdade. – Hum… Eu tenho que ir.

– Ah, hum… Okay. Nos falamos depois?

– Claro.

O rapper tentou não transparecer a pressa e caminhou tranquilamente para o corredor, deixando para trás a sala onde acontecia a terapia.

A verdade era que Yoongi realmente não se importaria que o chamassem de gay ou afirmassem isso por aí, mas ele ainda tinha um contrato e mesmo estando na ala psiquiátrica e literalmente tendo que se importar com outras coisas, não podia deixar sua carreira de lado, pois o rapper amava o que fazia.

Yoongi seguiu com pressa para o quarto, pronto para ligar para Seokjin ou o seu agente e perguntar o que deveria fazer sobre o incidente, mas algo esbarrou nele. O moreno estava pronto para reclamar, mas viu Hoseok, e um sorriso involuntário surgiu nos seus lábios.

– Bebê. – O ruivo falou, abraçando o rapper. – Você está diferente… Fez algo no  cabelo?

– Quarto. – disse o mais velho.

Yoongi se afastou do outro, olhando em volta. Hoseok estranhou o comportamento do amigo, mas assim que a porta do quarto foi fechada, o moreno pareceu relaxar um pouco.

– O que foi? Aconteceu alguma coisa? – O ruivo questionou preocupado, colocando uma das mãos na testa do rapper, como se estivesse medindo a temperatura do outro.

– Não, não. Tá tudo bem, Hobi.

– Tem certeza?

– Tenho.

– Então tudo bem… Me conta, como foi seu dia?

O moreno puxou o outro pelo braço, até ele estar sentado em uma das poltronas enquanto o rapper se sentava na beirada da cama.

– Eu falei na terapia grupal… Pela primeira vez.

Hoseok abriu um dos maiores sorrisos que Yoongi já havia visto e antes que conseguisse processar, estava sendo envolto pelos braços do professor, que o apertaram com força ao mesmo tempo que transmitiam segurança ao mais baixo.

– Eu estou muito orgulhoso de você.

O rapper concordou com a cabeça, ainda apertando o outro, mesmo que fosse um pouco estranho. Mas aos poucos, acabaram se soltando e o ruivo voltou a ocupar o assento anterior.

– E do que você falou? Espera… – Hoseok levou a mão até a boca. – Desculpa, isso é pessoal. Foi sem querer, força do hábito.

– Tudo bem… Não foi muita coisa. Falei dos meus amigos e tal.

– Eu fico feliz em saber, bebê! Significa que você está melhorando, certo? Devemos comemorar! Vamos brindar com suco de laranja! Vem, eu vou te comprar um na lanchonete!

– Nossa, Hobi… Pode ser forte demais para mim. – Yoongi falou, exibindo uma falsa preocupação, fazendo o outro rir. – Então, vamos?

O ruivo foi primeiro a se levantar, animado e logo esticou a mão para o outro, que aceitou, mas assim que chegou na porta deu um jeito de as separa. Hoseok pareceu não notar, conversando animadamente sobre um tópico qualquer, até que se lembrou do primo do rapper e resolveu perguntar se ele estava bem.

– Ah, Jin falou que ele passou a noite fora porque brigou com Jungkook. – afirmou o rapper. – Mas eu acho que foi outra coisa…

– É normal uma briga ou outra quando se namora…

– Hobi, eles não são namorados. – Yoongi falou, repuxando os lábios. – Jungkook é o namorado de… Jimin.

O professor nada falou, pois se fosse comentar, iria acabar ofendendo alguém e Hoseok não queria aquilo, mas para ele, Taehyung e Jungkook pareciam namorados.

Yoongi não deixou de notar o silêncio do ruivo e também fez o mesmo, pois aquilo era um assunto deveras delicado e ele ainda ficava preocupado que o primo sofresse demais e a última coisa que o rapper queria era que o garoto que considerava um irmão mais novo, tivesse o coração partido.

O silêncio permaneceu até chegarem na lanchonete e o ruivo pedir para Yoongi se sentar enquanto ele buscava o suco de laranja. Minutos depois, Hoseok sentou de frente ao rapper, que parecia distraído no celular.

– É Tae… Parece que ele resolveu ir para uma balada.

– Então nem foi nada grave…

– Hobi, ele não vai a noitadas assim, do nada. – disse o moreno, contorcendo os lábios. – Realmente aconteceu algo, mas ele não quer falar…

– Bebê, às vezes seu primo ainda não está pronto para falar. – afirmou Hoseok, estendendo a garrafa de vidro que continua líquido alaranjado. – Ou simplesmente não queria falar…

– É só que… me sinto um pouco afastado aqui, entende? – Yoongi expressou, olhando a garrafa. – Parece que tem um mundo todo lá fora, girando, trabalhando, produzindo e eu estou aqui… Eu sei que estou tentando melhorar, mas ao mesmo tempo… Pareço tá parado e todos fazendo algo. Então, vendo Tae precisando de mim e eu não o podendo ajudar, é um pouco frustrante, pois ele sempre esteve lá por mim.

– Yoongi, você não está parado… Talvez em um ritmo diferente, mas não parado. – disse o ruivo, abrindo a própria garrafa. – Você faz artesanato, dança, escreve suas músicas e o melhor, está se cuidando e isso é muito mais do que muitos fazem por aí, bebê.

– Ah… mas as músicas que estou fazendo não fazem um álbum. – comentou o moreno, enquanto tentava abrir a garrafa, mas estava tendo dificuldades. – Pelo menos não um de rap.

– Então, algum cantor da sua companhia vai cantar um monte de músicas suas. De qualquer forma, sua grana está entrando.

– Mas eu queria fazer um rap, poxa. – reclamou o moreno, largando a garrafa na mesa, irritado. – Você me deixou mole.

Hoseok sorriu e Yoongi percebeu que havia dito demais, pois acabara de afirmar que todas as músicas que ele estava fazendo era para o ruivo. O moreno suspirou fundo e o professor pegou a garrafa dele, a abrindo de uma vez. O rapper estalou a língua para o fato de não conseguir abrir aquilo enquanto o outro abrira facilmente.

– Olha… você faz de propósito, sabia? Eu estava com a piada maliciosa na ponta da minha língua!  – O ruivo tentou disfarçar o sorriso bobo que nascera em seus lábios com uma brincadeira e esperava ser bem-sucedido no processo. – Bebê, você vai fazer rap, balads,  eletrônica e qualquer outra coisa que queira. Não se cobre tanto.

– É que meus fãs estão esperando há tanto tempo. – falou o moreno, abaixando os ombros. – E eu não gosto disso… Nem é por dinheiro, sabe? Muitas vezes quando não estava me sentindo bem, eu lia alguma carta dizendo que minha música ajudou, eu me sentia melhor. Eu só quero ajudar o máximo de pessoas possíveis.

– Bebê, você precisa se ajudar primeiro. – Hoseok sorriu e o outro o encarou. – Seus fãs te querem saudável e bem, Yoongi.

O rapper abanou a cabeça. O ruivo tinha razão. Ele recebera inúmeras mensagens de apoio quando se acidentou e até mesmo quando tirava um tempo de descanso. Óbvio que os haters sempre estavam presentes, mas ele se esforçava em focar somente nas mensagens positivas. Há tempos não conectava em suas redes sociais, graças a internação. Então estava com saudades do apoio dos seus first luvs.

– Eu sempre ouço história loucas de fãs inusitados na internet. Você tem alguma história desse tipo?

 – Uma entrou no meu quarto de hotel uma vez. – afirmou o moreno, finalmente bebericando o suco. – Levei um susto da porra. Ela parecia uma maníaca.

– Nossa! Mas o que ela fez?

– Ela queria me abraçar. – Yoongi acabou rindo com a lembrança, sacudindo a cabeça. – Queriam levá-la para a delegacia, mas eu falei para liberarem a moça… Fiquei com pena e até autografei o álbum dela.

– Céus… Você é muito bonzinho! Foi a mais inusitada de todas?

– Não… Mas cada uma tem sua peculiaridade… Uma vez uma delas levou uma certidão de casamento num fansign e eu quase assinei sem saber, minha sorte foi que uma das staffs viu. – Yoongi riu suave com a lembrança e o ruivo sorriu junto, apoiando um dos cotovelos na mesa e o queixo na palma da mão, observando o rosto emocionado com as lembranças. – Mas nem sempre são as fãs quem mais cometem loucuras.

– Como assim? – O professor ainda estava com a cabeça apoiada nas mãos, mas ao sentir que o outro parecia um pouco tenso, se endireitou na cadeira, atento. – Te fizeram algo?

– Sim e não? – O rapper bebeu mais um pouco do suco e percebeu que o outro havia parado de beber, para escutar a história. – Sabe, tem um motivo para Seokjin ser tão desconfiado de você.

– Achei que fosse ciúmes…

– Não é ciúmes, pois Jin sabe que não deixará de ser meu melhor amigo. – afirmou o moreno, quase fazendo o outro revirar os olhos. Yoongi era realmente cego pelos sentimentos do psicólogo. – Uns anos atrás, quando meu segundo álbum foi lançado e eu fiquei no topo de todas as paradas, eu fiz um novo amigo… Pelo menos eu pensei que era.

– O que essa pessoa fez? – O ruivo estava realmente curioso agora e querendo entender um pouco melhor o porquê do psicólogo não gostar dele.

– Ele era um amigo em comum com um músico da companhia e acabamos nos conhecendo em uma festa. Foi logo que o álbum foi lançado, então realmente acabei confiando nele, conversando e tal... Depois de um tempo, marcamos um café e depois fomos a festas juntos e assim por diante. Ele sempre teve gostos em comuns comigo, então pensava que tinha sorte de encontrar uma pessoa legal, mas até que saiu uma série de matérias em um site de fofocas e a verdade era que esse cara era repórter e estava retirando informações minhas para alavancar a carreira dele.

– Que filho da puta! – O professor exclamou, batendo a garrafa na mesa, realmente irritado com aquele repórter.

– É… E adivinha quando essas reportagens saíram? – A pergunta era retórica e o ruivo esperou pela resposta. – Logo depois do acidente. Eu ainda estava desacordado.

– Mas que pilantra! Qual é o nome desse ser? Eu preciso ter uma conversinha com ele…

Yoongi riu com a expressão irritada do outro e apenas abanou a mão e a cabeça, indicando que aquilo não era importante.

– Isso já passou, Hobi. Ele não pode mais chegar perto de mim de qualquer maneira, mas depois disso e passei a ser mais seletivo com as pessoas que se aproximam e Seokjin passou a barrar todo mundo. Então não é nada pessoal com você…

Hm… Parece bem pessoal pra mim, mas eu acho que consigo entender o lado dele… Eu não sei o que faria se algo assim acontecesse com Joon.

– Você não fez algo parecido com o ex de Namjoon?

– É mesmo… – Hoseok nem se recordava de ter contado sobre aquilo para o rapper. Muitas vezes o ruivo começava a falar e emendava em várias outras coisas e nem se dava conta de tal ato. – Namjoon só arranja namorado bosta.

– Ei!

– Okay, seu amigo é o menos bosta até hoje. – falou o ruivo, fazendo um bico infantil com a boca. – Mas ainda estou irritado com ele… Namjoon nunca foi de esconder as coisas de mim. É como se esse namoro tivesse começado do nada, pois antes eles eram amigos, passeando por aí.

– O que ele falou sobre isso? – questionou o moreno. – Pois Jin também não falou nada para mim e ele sempre fala.

– Que estava com medo que eu reagisse mal. – Hoseok suspirou logo depois de falar. – Cara, ele já namorou um velho maluco e acha que eu ia achar Seokjin-ssi o pior de todos?

– Um velho?!

– Tá, nem tanto… Ele deveria ter uns quarenta? – O professor levou a mão até o queixo, tentando se recordar melhor. – Eu tinha medo daquele homem.

– Cruzes, por quê?

– Sei lá… Ele olhava tão estranho para Joon. Ainda bem que durou só uns meses. – Hoseok comentou, terminando o suco. – Ele era bibliotecário, lembrei! Joon vê alguém lendo um livro e já fica com queda de pressão, palpitação no coração, uma vergonha.

– Mas por que não durou?

– Ele tratava Joon como uma criança… e ainda falava que eu era uma má influência!

– Quem sabe o negócio de criança não seja um kink de Namjoon?

– Porra, não! – O ruivo levou os dedos aos olhos e esfregou com força, fazendo uma careta. – Merda… Olha o que você me fez pensar… Não!

Little Joon?

– Chega! Eu estou cancelando a nossa amizade. Adeus. – Hoseok se levantou, com rapidez e ameaçou sair, mas Yoongi o segurou pelo pulso.

– Não! Eu parei, desculpa! – O ruivo o olhou desconfiado, tentando não gargalhar como Yoongi fazia. – Prometo que não vou mais fazer kink shaming com o Namjoon!

– Adeus!

Hoseok realmente cumpriu a promessa de ir embora, mas claro que de brincadeira e era isso que seu rosto risonho exibia. Yoongi balançou a cabeça negativamente, indo atrás do professor, que agora vergonhosamente corria pelo jardim ao avistar o moreno atrás dele.

O rapper sinceramente achava que o ruivo tinha alguma energia contagiante, pois era difícil ele fazer aquele tipo de coisa, até com o primo que sempre havia sido brincalhão.

– Jung Hoseok! Por favor! Eu sou um ex-fumante, meu pulmão não é mais o mesmo!

 O professor parou na mesma hora, quase fazendo o outro bater contra as suas costas. Hoseok se virou para Yoongi, com um olhar estranho, tentando analisar as feições do outro.

– Você realmente fumava?

– Sim…

Hn.

O ruivo suspirou fundo e acabou seguindo para o antigo banquinho, deixando para trás um rapper realmente confuso com a atitude. Ele havia ofendido Hoseok de alguma forma?

Yoongi seguiu para o mesmo local que o outro estava e silenciosamente sentou ao lado do professor, nada falando. Naquelas poucas semanas com Hoseok aprendera que o ruivo falava quando estava pronto, principalmente de assuntos delicados e muitas vezes os dois acabam ficando em silêncio por vários minutos, pois o moreno também não era de falar se não fosse incentivado a isso.

– Hum… Eu já te falei que sou adotado?

O rapper balançou a cabeça vagarosamente em negação. Hoseok nunca comentara nada daquilo e agora Yoongi se sentia mal, pois talvez o assunto sobre cigarros tivesse algo a ver com aquilo e trouxera alguma lembrança ruim ao professor e a última coisa que o moreno queria era ver o seu ruivo infeliz.

Seu? Deixa de ser louco, Min Yoongi.”

– Então… Sempre foi somente minha mãe, minha irmã e eu. E…  ela fumava. – explicou o ruivo, suspirando. – Minha mãe, não minha irmã, claro.

– Eu entendi…

– Ah, então… – O professor tentou continuar a falar, mas ainda era um tanto ruim se lembrar daquilo e sem perceber, começou a sacudir a perna. Yoongi logo reparou e levou uma mão ao local, em uma espécie de conforto. – Ela também bebia… Eu era pequeno, lembro pouco, mas Dawon foi a mais afetada. – Hoseok mordeu a parte interna da bochecha, com força antes de continuar. – Então, meu pai abandonou minha mãe… Isso foi antes e depois ela acabou ficando mal e por isso adquiriu esses vícios. Eu não estou fazendo sentido, né?

– Tá sim, Hobi… Mas não precisa falar, se não quiser…

– Não, melhor falar para você que para Seokjin-sii. – brincou o ruivo. – Então, um dia, ela bebeu e dormiu com o cigarro aceso. Dawon que me tirou da casa…

Yoongi simplesmente não sabia o que falar. Ele tinha uma boa família, seus pais o apoiavam, seu irmão mais novo também. Então ele não sabia como era ter um lar destruído, somente podia imaginar a dor que Hoseok passava com aquelas memórias.

– Você sempre diz que eu sou forte, mas olha só para você… Mesmo com tudo isso está sempre sorrindo. Você é o mais forte de nós dois, Hobi. Sabe disso, não é?

Hoseok sorriu, abaixando a cabeça, tentando esconder a tristeza que aquelas lembranças o traziam. Não demorou muito para o ruivo sentir o braço do outro envolta dele, o puxando para perto ao mesmo tempo que falava palavras como “forte”, “esperança” e “único”.

– Eu sou um bobão, desculpa. – afirmou o ruivo, encarando o outro, com os olhos brilhantes. – Minha irmã e eu passamos dois anos no orfanato até uma família gostar da gente.

– Bebê, você passou por tanto… Uau.

– Mas eu só tenho a agradecer… Meus pais nos levaram juntos. – O ruivo afirmou, balançando a cabeça de leve. – Mas às vezes eu sonho com ela sabe, a minha mãe… Eu queria a ver, sei lá… falar que estamos bem, que eu não guardei ressentimento e sinto a falta dela.

O moreno decidiu naquele momento que Hoseok seria a inspiração dele. Já era, ele nem negaria, mas para outras coisas, pois Yoongi julgara antecipadamente e achara que o professor sempre tivera uma vida boa e que o único problema seria uma crush pelo melhor amigo, mas, naquele banco em que sempre dividiam o passado e sonhavam com o futuro, o rapper percebeu uma nova camada do ruivo e sinceramente, sentia que gostava ainda mais de Jung, se é que isso era possível.

– Desculpa reagir daquela maneira com o cigarro. – falou o ruivo, suspirando fundo. – É que eu passei a odiar cigarros depois disso…

– Eu não fumo mais. – Yoongi sentiu que precisava explicar aquilo de alguma forma. – Foi coisa da adolescência… Um pouco bobo, até.

– Não precisa se explicar para mim, bebê.

– Eu que preciso lhe pedir desculpas. – comentou o mais velho. – Lhe trouxe essas memórias tristes.

– Faz parte da minha história, né? Me moldou da forma que sou hoje. – falou o professor, novamente sorrindo. – É triste, mas talvez eu fosse uma outra pessoa hoje e sinceramente? Não quero parecer orgulho ou narcisista, mas eu me amo e sei que por isso amo ainda mais as pessoas que estão a minha volta.

– Não é narcisismo.

Yoongi não conseguiu falar muito mais, pois ele era um que precisava se amar, mas não se via capaz de tal coisa, então acabava se escorando no amor dos outros e quando a culpa o batia, tudo desmoronava. O rapper tinha noção que precisava aprender a ter amor próprio e assim amar todo o resto, mas ainda lhe parecia impossível.

– Não pense tanto, bebê. – disse o mais alto, capturando os dedos do outro e os entrelaçando, usando a própria coxa de apoio. – Não gosto do cheiro de fumaça.

– Bobo.

Hoseok riu, observando o horizonte azul. A conversa que tivera era um tanto forte e pesada, mas estava feliz por dividir aquela parte da vida dele com Yoongi. E foi nesse momento que o ruivo percebeu algo que o estava fazendo refletir a um tempo: o rapper o fazia bem. Claro que ele já sabia daquilo, mas tinha se questionado se aquela amizade não estava se tornando uma forma de dependência, mas na realidade não era isso, pois o professor não estava fugindo de nada, o ruivo simplesmente queria passar o seu tempo com o moreno por se sentir bem com as longas conversas e com a companhia.

– Yoongi, você gosta do nosso tempo junto?

O rapper olhou alarmado para o outro. Yoongi achou que era óbvia resposta para aquela pergunta. Então, por que o ruivo estava questionando aquilo?

– Que pergunta. Claro que sim.

– Hum… Gosta mesmo ou acha que precisa disso de alguma forma?

O moreno finalmente entendeu onde o ruivo queria chegar. Seokjin havia feito a mesma pergunta dias atrás durante uma das sessões e após refletir, Yoongi tinha chegado a uma conclusão e o psicólogo a aceitou, pois há tempos sabia ler o outro e se Yoongi afirmava, era porque era a verdade.

– Eu não estou viciado em você, Hobi. – afirmou o moreno, fazendo o outro dar um risada. – Claro que vou ficar triste se você sumir. Mas eu sobreviveria.

– Eu não vou sumir.

– E eu acredito.

– Mas, se eu sumir, foi Seokjin-ssi que deu um sumiço na minha pessoa. Processe-o e mande o dinheiro para os meus pais.

– Desculpa… não posso fazer isso. O código de melhores amigos me impede.

O professor revirou os olhos, mas o ar de brincadeira rodeava os dois e eles acabaram por ficar no local, tomando um pouco de Sol.

– Eu fiz uma lista de coisas que quero fazer quando sair daqui…

– Você fala como se estivesse na cadeia, Yoongi… 

Shiu, me escuta. Uma das terapeutas deu uma ideia de fazermos uma lista de coisas queremos fazer, mas nunca tivemos coragem e eu acabei escrevendo uma.

Hm… E que tipo de coisas você escreveu?

– Algumas são pessoais, mas tem outras como ajudar um canil, escrever um poema, esse eu já realizei e alguns outros… Não sei porque, mas essa lista me motiva de alguma forma…

Hoseok sorriu para o outro, se ele estava motivado significava que queria viver outra vez e isso era um imenso avanço. Yoongi precisava contar isso a Seokjin.

– Viu, Joonie? Eu disse que os encontraríamos aqui.

O ruivo ergueu os olhos na direção da voz e praticamente gritou. Agora era só pensar no diabo que ele aparecia? Seokjin vinha caminhando em direção a eles segurando uma das mãos de Namjoon. Hoseok não queria, mas seu rosto fez uma careta involuntária com a visão.

Hey, Jin. Namjoon. Eu não tive a chance de parabenizar vocês dois pelo namoro.  Fico feliz que se acertaram, fazem um casal bonito.

Seokjin sorriu, mas não pode deixar de sentir aquele amargor no fundo da garganta. Estaria Yoongi com ciúmes? Não parecia e isso doía.

Namjoon olhou para o psicólogo, percebendo o que o outro estava pensando e apertou de leve a mão que estava na sua e Seokjin o olhou com um leve sorriso.

Toda a cena foi interpretada por Hoseok, que estalou a língua para os pombinhos. Aquilo lhe era tão estranho, assim como todos os namorados de Namjoon, que lhe causavam uma espécie de tristeza, porém, de alguma forma, com Seokjin ele se sentia pior em relação a tudo, talvez pelo fato do loiro escrever e produzir canções para o psicólogo, em tão pouco tempo e não somente quando terminaram, como acontecia em seus outros relacionamentos.

– Obrigado, Yoongi-hyung. – Namjoon respondeu pelos dois. – Eu vim somente dar ‘oi’, já tenho que voltar para casa. Preciso me concentrar em uma revisão de TCC.

– Joonie está corrigindo o trabalho do Tae, Suga. – explicou Seokjin, se inclinando na direção do namorado de mentirinha, mas com um sorriso verdadeiramente orgulhoso nos lábios.

– Ah, é sério? Bem, espero que o trabalho dele esteja bom. Tae se dedicou muito ao curso.

– Eu entendo pouco de cinema, mas até onde estou lendo é um trabalho interessante. – afirmou o loiro, olhando para Yoongi para dar certeza. – Hobi, hum… você vem?

– Sim, sim. Eu vou indo okay, bebê? Eu volto depois de amanhã para a aula de dança. Nada de moleza, viu? – Hoseok se levantou e então se virou para abraçar Yoongi que retribuiu o gesto.

– Vá direitinho para casa, Joonie. – O psicólogo se despediu, beijando a bochecha do mestrando que sorriu com o gesto e abanou a cabeça, tentando não transparecer o nervosismo que sentia. – Me ligue quando chegar.

Hoseok fez um gesto como se fosse vomitar e Yoongi o empurrou levemente com o ombro rindo do amigo. Não demorou muito para que os dois se afastassem deixando o rapper e Seokjin sozinhos no jardim.

– Você está todo sorridente, Jin. – comentou o rapper, sorrindo ao perceber que o outro parece cabulado. – Por que não me falou antes que as coisas estavam sérias entre vocês?

– Ah, eu… não tinha muita certeza. – falou o mais velho, balançando os ombros. –  Ainda não confio em Hoseok e achei que a qualquer momento ele fosse barrar de alguma forma.

– Jin, você não precisa esconder as coisas de mim, okay? Eu sei que isso não é verdade, está na cara que não é.

Seokjin ficou tenso, imaginando como o outro descobrira o falso relacionamento. Que vergonha! Como explicar uma coisa daquelas sem parecer um completo idiota? E o pior: ainda levaria Namjoon junto, que acabara de entrar para a mesma companhia de Yoongi. O mais velho nem conseguia pensar em uma forma cabível de começar a explicar a situação.

– Você escondeu achando que eu ficaria com ciúmes, né? – Yoongi questionou, fazendo o outro franzir a testa. – Eu sei que nunca te vi com ninguém, mas eu sou adulto. Eu sei que você não está me trocando por ele ou algo do gênero.

– Ah… Claro. – Jin falou e sorriu, mas o ato não chegou aos olhos e por isso ele disfarçou, olhando para uma árvore. – Nossa, você realmente percebeu…

– Óbvio. Eu te conheço há anos.

O psicólogo nada comentou, pensando em quando Yoongi perceberia que o mais velho era apaixonado por ele. Sinceramente, Seokjin estava um pouco cansado de ficar esperando por aquilo, ao mesmo tempo que não tinha coragem de confessar, principalmente por conhecer o rapper na palma da mão e saber que pelo menos no estado que o músico estava, acabaria se culpando por não retribuir os sentimentos.

– Então, Suga. Como foi o seu dia?

Yoongi então contou tudo o que fizera naquele dia. Seokjin escutou tudo, abrindo um sorriso para o fato do outro ter falado na sessão em conjunto, o que era um avanço e tanto. O rapper também falou do novo colega que fizera, mas escondeu o fato do rapaz pensar que ele era gay, pois o psicólogo ficaria preocupado e o mais novo acreditava que teria como lidar com aquilo sem alardes.

– Então o dia foi bastante produtivo! – Seokjin se animou e até levantou o polegar para o outro, em um gesto de joia. – Estou orgulhoso de você.

O rapper não queria confessar, mas no fundo também se sentia feliz por ter sido forte e capaz de falar na frente daquelas pessoas. E aquele sentimento de ter vencido algo, já o deixava animado para a próxima sessão.

– Eu falei com Tae. – começou o mais velho, para logo completar. – Não precisa se preocupar que ele tá bem.

– Tá bem mesmo?

– Fisicamente está… – falou o psicólogo. – Talvez esteja um pouco confuso sobre outras coisas…

– Deixe-me ver, o nome da confusão é Jungkook.

– Não posso comentar, Yoongi.

O rapper concordou, sabendo que realmente o psicólogo não poderia sair falando das sessões assim, nem para Yoongi, que era o primo de Taehyung e já sabia da confusão interna do mais novo.

– Eu escrevi uma lista de coisas que eu quero fazer quando sair daqui. – Yoongi emendou, afinal Seokjin não iria lhe contar nada de Tae de qualquer maneira. – Coisas que eu sempre quis e nunca tive coragem... Acho que estou motivado.

Seokjin sorriu orgulhoso e o rapper reconheceu o mesmo sorriso que Hoseok lhe dera quando ouvira aquilo também. Ao que parecia a lista era mesmo algo bom.

– Isso é muito bom, Suga. – afirmou o mais velho, ainda sorrindo. – Sabe, eu sempre confiei em você, mas aqui sua melhora está sendo absurda. Eu realmente estou muito feliz.

– Sem você eu não conseguiria, Jin.

Yoongi tinha certeza das palavras que havia acabado de proferir, pois eram a mais pura verdade. Seokjin sempre fora a pedra onde ele sabia que havia um porto seguro para a sua âncora. Às vezes o rapper sentia que nem agradecia o suficiente por tanto que o melhor amigo havia feito.

Os dois ficaram conversando naquele banco por longos minutos, até que o psicólogo acompanhou Yoongi até o quarto e algumas horas depois, partiu, prometendo que no dia seguinte voltaria.

 


Notas Finais


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