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História On My Own (EM PROCESSO DE REESCRITA) - Christmas Night. Part 1.


Escrita por: Ericastefani

Capítulo 7 - Christmas Night. Part 1.


Brooke Wright Point of View —24 de dezembro — Véspera de natal, 19h:00m.

— Eu preciso que me diga algo para levar. — insistia para Caleb em nossa ligação. Meus dedos soavam entre os vãos pelo nervosismo de se estar em uma festa de natal pela primeira vez em cinco anos. As ruas estavam repletas de neve, o frio era insuportável para minhas meias-calças recém compradas e eu podia jurar que vestir-se de vermelho não era mais uma tradição a ser seguida.

— Brooke, você é minha convidada, pare de achar que precisa levar algo. — suspirou meu colega de trabalho. 

— Mellark, diga ao menos que irá ter crianças, eu posso levar alguns doces. — cerrei os dentes, batucando meus dedos no volante de meu carro. — Tudo bem se eu levar chocolates e balas, não é? Eu não quero chegar com as mãos abanando por não ter contribuído com nada.

— Quantas vezes eu vou ter que te dizer que já cuidamos de tudo? Você só precisa vir e se divertir. — ele respondeu quase sem paciência. — Aliás, já estamos recebendo os primeiros convidados, venha logo. — e assim, desligou a chamada enquanto eu ainda encarava meu reflexo no espelho retrovisor. 

Poderia muito bem agir como se não fosse grande coisa, mas era. Depois que tentei dar para trás no dia posterior ao convite, Caleb havia me dito que Carin estava super feliz em poder finalmente me conhecer. Os negócios estavam indo bem depois da noite de ontem e minha caixa de e-mails estava cheia de propostas irrecusáveis a serem analisadas.

Tudo bem, eu podia fazer aquilo. Só não conseguia me preparar psicologicamente para a hora em que receberia abraços coletivos de estranhos depois que o relógio acusasse a tão esperada meia-noite. 

Reduzindo a velocidade ao máximo e deixando de atender muitas ligações por estar dirigindo, meu estado de nervos já se encontrava elevado. Poderia ser mais uma oportunidade de negócios, o nome Wright finalmente poderia ser reconhecido não só como no ramo de direito a este patamar. 

Ao virar a esquina da rua de Caleb, quase não conseguia achar uma vaga na calçada. Esperava que todos aqueles carros estacionados não fossem só convidados dele. Desliguei meu motor e respirei fundo com o pensamento de que o ano novo seria mais sossegado. Em um só instante, já estava do lado de fora, recebendo as rajadas de vento e escorregando um pouco na neve do chão. Não sabia se Carin gostava muito de braceletes, de qualquer forma, esse seria meu presente. Já Caleb ganharia um relógio porque sabia de seus gostos para aquelas peças. 

Com a sacola dos presentes em uma das mãos, apressei-me em seguir para a porta, tocando a campainha com um pouco de receio pela barulheira dentro da casa. 

— Eu atendo! — ouvi uma voz feminina e logo a porta se abriu, nem me deixando preparar um sorriso. 

— Ah.. Oi. — falei surpresa pela rapidez. — Eu sou Brooke Wright. 

— Brooke! — ela sorriu abertamente. — É um prazer, entre querida. Eu sou Carin. — ela me deu espaço e agradeci com um aceno de cabeça. — Caleb, venha ver quem chegou! — assim que abri minha boca para dizer algo, mais uma vez ela gritou e quase me fez levar a mão até o ouvido. 

— Até que enfim você chegou. Achei que iria pegar carona no trenó do papai Noel — ele apressou os passos quando me viu, abraçando-me de lado. 

— Eu trouxe presentes para os dois. — estiquei a mão na direção de ambos, esperando que um dos dois pegasse.

— Querida, que gentileza, não precisava. — Carin agradeceu e levou a mão ao peito, pegando o presente sem jeito logo depois.

— Broo, eu disse que não queria ganhar nada. — meu colega protestou e negou com a cabeça, indo para trás de mim. — Vamos, me dê seu casaco. — eu cedi, pois o aquecimento da casa era agradável o suficiente para que pudesse tirar meu sobretudo comprido. — Nós teremos uma mamãe noel hoje? — brincou ao ver meu vestido de mangas compridas vermelho. 

— Eu usava vermelho nos natais. — confessei com o rosto sereno, não transparecendo nenhuma de minhas emoções. 

— Ficou lindo em você. É a primeira vez que te vejo dar importância para algo que fazia em sua antiga vida. — seu comentário me fez ficar em silêncio, mas em resposta, sorri sem jeito e olhei para o lado, não encontrando mais Carin em nossa companhia. 

Caleb percebeu que aquilo me deixou pensativa, mas nem por isso perdeu o sorriso em seu rosto.

— Venha, você vai adorar minha Nona¹. — puxou-me pelo pulso e nós invadimos a sala de estar, onde algumas crianças e adultos falavam alto, misturando suas vozes no ambiente. — Nossa família é descendente da Itália, vai ter que se acostumar com todo mundo falando alto. — reforçou em meu ouvido e meus olhos automaticamente se arregalaram.

Uma hora mais tarde, mesmo com todas aquelas pessoas em minha volta, eu estava um pouco mais a vontade. Não puxava assunto com ninguém por falta de experiência; minha vida social se tratava apenas de negócios, mas sempre que falavam comigo, tentava ser educada ao máximo e até parar de responder meus e-mails e propostas de trabalhos em meu iPhone. 

— Caleb? — sussurrei meio alto quando ele passou por mim para acender a fogueira. 

— Sim? — respondeu e me olhou rapidamente. 

— Onde fica o Toilet? — tentei ser discreta e, graças a campainha tocando mais uma vez, consegui com que ninguém me notasse.

— Por que você nunca fala banheiro? — disse com um sorriso aberto. — Segunda porta do corredor. — eu agradeci e bloqueei meu celular, equilibrando-me junto a minha taça de vinho ao driblar cada par de pernas em meu caminho para sair daquele sofá. 

Tensionei meus ombros quando um dos garotinhos tropeçou em meu pé, ainda bem que minha taça de vinho não havia caído naquele carpete branco, eu sentiria vontade de ir embora caso acontecesse. 

— Cuidado. — toquei em teu ombro e me inclinei, de costas para a porta da frente. — Você está legal? — ele respondeu que sim com movimentos de cabeça e sorriu banguelo, voltando a correr para a sala.

Eu tinha que colocar aquilo em algum lugar antes de chegar ao corredor, não seria conveniente e higiênico levar vinho para lá. Virei-me de frente novamente e quase bati de cara com uma caixa enorme de presente que alguém carregava para dentro, empurrando minha taça contra meu corpo, fazendo o vinho escapar da mesma e se espalhar em meu vestido.

— Ah meu Deus! — estrilei ao ver meu Louis Vuitton manchado com um vermelho mais escuro. 

— Opa. — o cara com a caixa a tirou de sua frente e eu pude ver seu rosto. 

Impossível.

— O que está fazendo aqui? — meu sangue ferveu ao ver Justin Bieber em minha frente. Afastei a taça e puxei o tecido de meu vestido  para frente, trancando a respiração pelo nervosismo que a enorme mancha me causara — Olhe só o que fez!

— Foi sem querer, eu não vi você. — ele respondeu e deixou a caixa no chão. Logo, duas crianças passavam por ele e paravam ao lado de seu corpo. — Isso nem é grande coisa, foi só uma manchinha. — completou, fazendo meus punhos cerrarem. 

— Tia Chelsey! — Carin gritou empolgada atrás de mim, nem notando o que tinha acabado de acontecer. Uma mulher passava pela porta com um cara mais velho, cujo qual tinha traços muito parecidos com os do loiro em minha frente. 

— Carin, que saudades de você. — ela o soltou para abraçá-la. 

— Olha pai, o Justin sujou o vestido da moça. — a garotinha se pronunciou e o homem tirou os óculos escuros quando me viu. 

— Uau, que mancha enorme. — Carin disse após olhar para mim também. 

— Foi mal, Brooke. — Bieber respondeu com a maior cara lavada. — Agora se me dão licença, eu vou levar esta caixa aqui para a sala. — Ele se retirou, me deixando pasma com sua falta de noção. 

— Venha aqui, meu anjo, vamos dar um jeito nisso antes que seque. — a noiva de Caleb prontificou-se em me ajudar, guiando-me para o banheiro naquele mesmo corredor. 

Sua tia Chelsey nos acompanhou em silêncio, entortando os lábios com a mancha vista em meu reflexo no espelho. 

— Poxa, querida. Eu sinto muito pelo Justin. Ele é um pouco desastrado às vezes. — ela parecia conhecê-lo bem, mas ainda que fosse realmente verdade, eu não suportava sequer ouvir seu nome sem fazer uma careta de desprezo. 

Carin esfregava com delicadeza uma pequena esponja molhada no tecido de meu vestido. Minhas mangas estavam levantadas para que pudesse ajudá-la e sua expressão não era das melhores ao se deparar com o resultado catastrófico que obtínhamos.

— Santo Deus, isso é tão difícil de remover... — ela colocou a mão na testa — Talvez se deixássemos de molho... 

— Ah, não é necessário. Eu não trouxe nenhuma roupa reserva. Mas posso colocar meu casaco para cobrir. — a interrompi, olhando para baixo e intercalando os olhares para o espelho, tentando de alguma forma, convencer-me de que nem era para tanto.

— Jamais. — Carin se negou, de pé em minha frente. — O aquecimento está forte demais, eu não deixarei que passe calor. Venha — estendeu sua mão já seca para mim. — Vamos para meu quarto, lhe cederei um vestido.

— Carin, não se incomode com isso. Seus convidados estão lhe esperando. — a ideia me acertou como um chute na boca do estômago.

— Não será incômodo algum. Vamos, acharemos algum que você goste. Nos acompanhe, tia? — ela abriu a porta para que saíssemos, e Chelsey sorriu simpática para mim, que retribuía com forçadamente.

— Claro, vamos antes que Jazmyn grude em mim e comece a reclamar das birras do irmão. — disse com humor enquanto seguíamos para a escadaria.

Por sorte, naquele ponto da escada, não era possível ver o que acontecia na sala — embora a barulheira das crianças gritando e adultos conversando entregasse uma grande bagunça. — Mas se eu pudesse encarar Justin por alguns segundos, lhe lançaria o pior dos olhares. Não era possível tamanho constrangimento. Fazia tanto tempo que não passava o natal junto a pessoas desconhecidas, e agora estava prestes a pegar um vestido emprestado de uma; ainda que Carin fosse simpática demais para não se importar com isso.

O quarto do casal era bastante espaçoso. Duas janelas enormes que cobriam as principais paredes me davam a visão de uma noite com bastante estrelas no céu, porém, a neve começava a cair novamente e eu esperava que não fosse o bastante para me impedir voltar para casa.

— Eu tenho um azul lindo, você vai adorar. — a voz da noiva de Caleb despertou-me de meu leve devaneio. 

Segui seus passos com os olhos, observando-a gingar-se com leveza pelo quarto, como se seus saltos nem sequer pesassem em seus pés.

Dentro de seu closet, uma luz discreta foi acesa e de lá, apenas ruídos de cabides sendo afastados podiam ser ouvidos. Preferi manter-me no lugar, não queria invadir seu espaço mais do que aquilo. Se é que era possível.

Diferente de mim, Chelsey, mexia em seus cabelos negros sentada aos pés da cama de Carin. Seu olhar tranquilo viajava pelo cômodo e o silêncio pairado no ambiente, me causava tensão nos nervos. 

— Brooke? Acha que este aqui lhe cairia bem? — perguntou Carin, colocando metade de seu corpo para fora junto de um vestido azul marinho com mangas curtas. 

— Eu acho que sim. — disse tentando parecer firme, embora não quisesse exigir que me cedesse outro, já que nunca usava mangas curtas em meu cotidiano. 

— Venha cá, experimente. — ela me chamou com um gesto de cabeça. 

Peguei de sua mão o cabide com o vestido e engoli em seco, olhando-a com um sorriso discreto em forma de agradecimento. 

— Vou ficar aqui fora, está bem? — eu concordei aliviada e ela se prontificou a fechar a porta. 

Tirei meu vestido colado e molhado pelo vinho, trocando-o agilmente pelo da dócil mulher de meu amigo. Na parede ao lado da porta, havia um espelho enorme, que me fazia sentir-se mais exposta pelos braços de fora. O comprimento era menor que meu vestido anterior, mas ainda não chegava a ser curto o suficiente para que eu pudesse me incomodar com mais um ponto. Meus sapatos ainda ornavam com a cor daquela peça e, por alguns segundos, pude analisar que o tom de minha pele se destacava ainda mais naquele tom.

— E aí, como ficou? — Carin bateu na porta, ansiosa para ver. Eu estava envergonhada demais para proferir palavras, então decidi respondê-la com o resultado após abrir a porta. — Uau, querida. Você ficou incrível com ele. — seus olhos se arregalaram e Chelsey chegou a levantar-se para concordar com as sobrancelhas juntas. 

— Olhe só para as curvas que você estava escondendo. — ela sorriu ao se aproximar de nós, pegando em minha mão livre e obrigando-me a dar uma pequena e desajeitada volta. 

— Minha tia tem razão, aquele vestido não chegava nem perto deste em você. — Carin bateu palminhas, pegando meu vestido manchado de minhas mãos. — Deixa que eu lavo para você. 

— Não, nem pensar. Você já me cedeu o teu vestido, nada mais justo que eu fazer essa parte. 

— Oh, e que tal deixarmos de molho juntas e depois eu mandar Caleb te devolver quando se verem? Assim você pode ir com este para casa, sem problemas. — sugeriu e meu rosto ruborizou-se. Eu não queria tomar ainda mais seu tempo, muito menos ir embora com algo seu no corpo, mas ainda estávamos numa festa e seria chato sem todos os convidados presentes. — Sei o que está pensado, eu não me importo realmente de deixá-lo aos seus cuidados, você também estará deixando o seu aos meus.. — ela apontou para sua peça em meu corpo e por fim, concordei minuciosamente com um gesto de cabeça. 

Já sem tempo, deixamos o andar de cima e acompanhei-a até a lavanderia, mas Chelsey foi chamada e não nos acompanhou até lá.

Depois de colocarmos o vestido de molho, secamos nossas mãos e checamos nossas imagens no espelho do corredor. Carin havia sido muito gentil, eu não tinha como agradecer por sua generosidade. 

— Muito obrigada pelo vestido, eu não saberia o que fazer se não tivesse me ajudado. — me vi agradecendo com um sorriso sincero, mas só eu sabia o quão desconfortável estava por depender de alguém.

— Imagina, Brooke. Não há de quê. — ela tocou meu ombro e assim que chegamos na sala, os olhares de todos se voltaram a nós, principalmente a mim. 

— Ora, vejam só. — Caleb levantou-se do lado de sua avó e veio até a ponta da sala. — Você está ainda mais bonita com este. — elogiou-me, mas quase nem consegui agradecer quando vi os olhos de Bieber sobre mim, porém não necessariamente em meu rosto. 

— É mesmo, eu gostei desse vestido! — a pequena garota loira exclamou com um sorriso largo, com traços um tanto longe de serem comparados ao de seu irmão mais velho, mas com fios de cabelo inconfundíveis. — Como é o seu nome? — ela continuou e me fez travar, eu não tinha hábito algum de conversar com crianças. 

— É Brooke. — respondi e desviei meus olhos dos seus, arqueando a sobrancelha ao mesmo tempo que Justin tirava seus olhos de mim. 

— Estamos esperando o seu pedido de desculpas, Justin. — Chelsey reforçou com um gesto de mãos.

— Para quê? Ela já não arranjou um outro vestido? — Resmungou e fez desdém, abaixando-se para pegar um carrinho de um garotinho que estava ao lado de seu irmão. 

— Eu não preciso que ele se desculpe, está tudo bem. Podemos prosseguir com a festa. — eu disse por fim, num tom um tanto quanto autoritário, fazendo todos tirarem a atenção de mim.


Notas Finais


¹ — Avó em Italiano.


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