História Opostos - Capítulo II

Justin Bieber - September, 27th.

Abri o armário e peguei o livro da próxima aula. Segundo dia de aula e eu já estava querendo torturar todo mundo, é uma droga ser tímido e não conseguir abrir a boca pra se defender. E vira uma droga mais ainda quando você é apaixonado pela Norma. Olhei pro lado e lá estava ela com Josh, ela ria de algo que ele falava enquanto ele com aqueles dedos grandes, acariciava a coxa fina dela. Meu coração se apertou e engoli o choro. Tranquei meu armário e olhei no relógio.

Ainda faltava meia hora pro sinal tocar, eu teria que ficar vagando na escola, ou ler o livro de trigonometria. Só pra não ficar olhando aqueles pombinhos felizes, enquanto minha mente me torturava do porquê não era eu ali no lugar dele.

Peguei minha mochila e andei até o jardim da escola, resolvi me sentar em baixo de uma árvore. Abri o livro e comecei a folhear.

— Trigonometria? Sério? - Olhei para cima mas não enxerguei a pessoa á minha frente. O sol atrapalhava. - Pra quê ler o livro de trigonometria quando está tendo pudim grátis na cantina?! Você é humano?

Sorri com o comentário.

— Eu não gosto de pudim. - Fechei meu livro e ela se sentou ao meu lado. Era a garota de ontem, a garota loira.

— Você só pode estar brincando. - Ela me encarou e riu. Continuei sério e o sorriso dela se apagou. 

— Na verdade, eu nunca experimentei. - Cocei a nuca.

— Fecha os olhos e abre a boca. 

— O quê? - Arregalei os olhos e neguei. - Não, eu não vou fazer isso!

—  Fecha os olhos e abre a boca, Justin. 

Fechei meus olhos lentamente e abri minha boca, senti algo gelado tocando minha língua e saltei de susto.

— Agora pode fechar e mastigar.

Comecei a mastigar e senti sensações maravilhosas, abri devagar meus olhos e ela sorria alegre. 

— Isso é pudim? - Perguntei e ela assentiu. - Uau! - Peguei a colher das mãos dela e parti mais um pedaço de pudim, levando até a minha boca e degustando daquele sabor incrível.

— Tá esperando o que pra ir na cantina? - Ela levantou e me puxou pela mão. Deixei minha mochila e o livro encostados na árvore.

Corri até a cantina com a garota e peguei dois pudins, ela fez o mesmo e agradeceu. Nos sentamos novamente debaixo da árvore e começamos a degustar novamente daquele saboroso doce.

— Você gosta da Norma. - Ela comentou.

— Eu não. 

— Eu afirmei. - Ela revirou os olhos. 

— E de quem você gosta? - Ela ficou séria e me encarou. - Desculpe.

Corei rápido e afundei a colher no pudim.

— Eu gosto de uma garota. - Arregalei os olhos.

— Uma garota? 

— Sim. - Ela riu. - Isso é normal.

— Eu sei mas a maioria das garotas sentem desejos por homens. 

— Eu sei. - Ela suspirou. - Já tentei desgostar dela, nem sei se essa palavra existe mas, eu não consigo. Ela me faz se sentir especial, única e quando ela prende o cabelo dela e deixa o pescoço a mostra, ela se torna frágil. Eu sinto. É estranho mas é o que eu sinto, e o pior é que eu não consigo dizer isso pra ela. Por que ela gosta do babaca do Josh Famer.

— Norma gosta do Josh Famer. - Sussurrei e ela me encarou.

— Todas as garotas querem pelo menos um minuto de atenção de Josh Famer. - Enfurecida, ela encheu a colher de pudim e colocou na boca. Sujando-a.

— Tá sujo aqui. - Apontei para o canto da boca dela.

— Aqui? - Ela passou a mão mas não saiu.

— Aqui. - Me aproximei e passei meu polegar devagar. Encarei seus olhos azuis enquanto ela estava concentrada em meus lábios. 

Nos aproximamos e o sinal soou. Ela levantou rápido sujando seu uniforme.

— Droga! - Pegou o pudim e jogou no lixo enquanto tentava limpar-se de um jeito desengonçado. - Minha próxima aula é de trigonometria, vou me atrasar.

Peguei meu livro junto com a mochila.

— A minha próxima aula é de trigonometria também, eu aviso a professora que você vai se atrasar.

— Justin, não fale pra ela que eu me sujei de pudim. Isso é constrangedor. - Ela fez uma careta e rio. - Invente algo.

Assenti e entrei na escola, subi as escadas e Josh esbarrou no meu ombro me fazendo empurrar duas garotas que estavam a minha frente. As mesmas me olharam enfurecidas e empinaram o nariz, dei dois passos pra trás e esbarrei em Norma.

— Oh menino, você é cego? - Ela ergueu o pé mostrando que eu havia pisado em seu pé.

— Foi..Foi sem querer. - Ela me empurrou e sua cabeça foi para trás. 

— Sua piranha! - Ela gritou fino e alto.

Vi a garota do pudim segurar o riso e me olhar. Norma era mais alta que ela por conta do salto e isso chegava a ser engraçado.

— Piranha é você. - Ela passou por Norma e a empurrou com o cotovelo. 

Josh a olhou rindo.

— Faz alguma piada com a minha roupa, que nunca mais você transa.

Ele fechou o sorriso e colocou a mão nas calças arrancando risos de algumas pessoas da sala.

Foi assim que eu percebi que ela estava com uma blusa que mais parecia um vestido, o cabelo amarrado em um rabo de cavalo e o rosto vermelho por conta do calor.

Ela estava linda.

30 minutos depois...

A aula tinha finalizado e a garota socava seu material na mochila com força. Ela se levantou enquanto eu a observava.

— Até amanhã, Justin. - Ela acenou e foi ai que tive coragem de perguntar.

— Ei. - Ela olhou para trás, me encarando. - Você não me disse seu nome.

— Dakota! Me chamo Dakota. - Ela gritou. - Mas pra você é amor. 

Ela riu e eu engoli em seco.

— Eu tô brincando, cara. - Ela sorriu, acenou novamente e se foi.