História Out of Town Girl - November 13th

Victória Franchescci’s P.O.V.

O dia 13 logo chegou. Acordei com meu celular tocando Good Time novamente, levantei sem me lembrar de que dali algumas horas estaria me encontrando com Justin novamente. Fui direto para o banheiro jogar uma água no corpo, em cinco minutos já estava no quarto terminando de pôr o meu All Star branco. Alfredo me ligou alguns dias atrás dizendo que nos encontraríamos no hotel onde Justin estava, o Unique. Uma vez minha mãe me levou lá, tínhamos um evento, e saí de lá traumatizada com a quantidade de luxuria que o local tinha. Era perfeito!

Desci as escadas e mamãe estava sentada à mesa já comendo. Ela sempre saía mais cedo que eu, seus pacientes – sim, minha mãe era médica – começavam a chegar logo cedo, por volta das 7h30, 8h e o trânsito de São Paulo não facilita muito a chegada dela no horário exato; o que é engraçado, porque sempre que minha mãe me leva ao médico, ela reclama do atraso, mas ela também atrasa às vezes, mesmo que sem querer. Ela se despediu de mim com um beijo na bochecha e logo foi embora. Depois de 10 minutos, foi minha vez de abrir a porta de casa e sair da mesma.

Não aguentava mais ir à escola. Aquelas pessoas imbecis, fúteis, hipócritas e – no português pejorativo – noiadas. As garotas estavam na frente do portão conversando sobre o garoto que devem ter transado na noite anterior ou sobre o novo namorado que dali uma semana levará um pé na bunda muito provavelmente. Entrei e as pessoas já estavam divididas: as periguetes para um lado; os roqueiros para outro; os anti-sociais separados entre si; os nerds – no caso eu – juntos em um local sem conversar, apenas lendo. Fui para o meu lugar de sempre: embaixo da escada que leva às salas, peguei meu livro “Lua Nova” e comecei a ler.

Eu sei que é antigo, mas nunca tomei coragem para ler Crepúsculo. Eu simplesmente odiava o filme, ainda odeio, mas o livro é tão real, a linguagem da Stephanie é tão boa, a forma como a Bella e o Edward se tratam, o nervosismo da Bella ao ficar perto de Edward. É tudo muito perfeito! E, diferentemente do filme, o livro é bom e te prende a ele, fazendo você querer cada vez mais e mais. O sinal tocou alguns minutos depois de eu ter sentado, fui para a minha sala e sentei na segunda carteira do canto esquerdo, continuando a ler. Os garotos chegaram já gritando, fazendo farra e cantando funk como se fosse uma música da Legião Urbana que mereça ser reconhecida. Não, não, não. Eu preciso sair desse lugar!

Foram longas 5h dentro daquela sala de aula. Não suportava mais ficar perto daquela gentalha, como eu costumava chamá-los. Nada contra eles, mas... Mentira, tudo contra! Eles têm muito a aprender. Às vezes torço para que sejam um nada na vida e aprendam a ter responsabilidade. Ah, e o pior mesmo é quando eles vêm pedir resposta de algum exercício, nem preciso falar que eu mando logo eles tomarem no cu, né? Porra! Ok, estou muito exaltada, talvez não tenha sido uma boa ideia falar sobre minha escola, mas a realidade é foda.

Cheguei em casa 15 minutos depois que pisei para fora da cadeia. Tivera educação física, então, estava toda suada e cansada. Vida de nego é difícil, gente! Joguei minha mochila no sofá e fui direto para o banheiro, me despindo antes mesmo de fechar a porta. Liguei o registro de água a adentrei o box. A água morna, mais para gelada do que para quente, caía sobre meu corpo refrescando ele inteiro. Estava muito bom, mas lembrei que ainda tinha que me arrumar. Não ia como se estivesse indo para uma festa, porque não estava. Ia vestir apenas uma roupa confortável, que me sentisse bem e que me deixasse bonita.

Infelizmente, o dia estava gelado hoje. Eu amo frio, minha época favorita do ano, mas queria que estivesse calor – nem bem sei por quê. Vesti um jeans de lavagem clara com uma blusa da Minnie com um bigodinho, achei a blusa uma meiguice assim que vi na vitrine da loja, em mim então... Ficou perfeito! Calcei um All Star qualquer que vi no meu sapateiro. Sentei-me à minha penteadeira e passei lápis de olho, rímel e um gloss transparente. Não queria ir muito arrumada, me arrumei bastante só porque iria rever Justin, isso é uma data especial. Talvez devesse me arrumar melhor devido ao lugar em que íamos nos encontrar, o Unique não deixa de ser um hotel apenas para a classe A.

Alfredo ficara de me pegar na minha casa. Já era quase 14h e ele ainda não tinha chegado. Deitei no sofá após estar pronta e fiquei mexendo no meu iPhone, apenas a procura de novos livros e novas capinhas. Minha coleção já estava ultrapassada e eu queria capinhas novas, nada melhor! Quando deu 14h30, a campainha soou. Levantei do sofá e fui até a porta, nem olhar no olho-mágico olhei, apenas abri a porta. Era Alfredo ali na frente vestindo uma bermuda – não sei da onde tirou coragem de vesti-la – uma blusa preta de manga comprida escrita “SWAG!” e calçando um All Star. Estava “SWAG!” como dizia sua camisa.

- Fredo! – Ele me puxou para um abraço.

- Como está, Vic? – Sim, durante esses últimos dias nos aproximamos bastante e ele começou a me chamar de Vic.

- Estou bem e você?

- Ótimo! Mal posso esperar para ver você e Justin juntos novamente!

- Você fala como se fôssemos ex-namorados, Alfredo! Credo! – Disse fazendo uma careta.

- Fato! Preciso pensar em como montar melhor minhas frases – ele disse pensativo e nós rimos.

- Deixe isso para outra hora, agora eu preciso ir o mais rápido possível para o Unique! – Falei desesperada.

- Verdade! Vamos, vamos! – Ele disse me apressando.

Peguei uma bolsa da Victor Hugo transversal onde tinha apenas minha carteira e saí de casa com Alfredo. Estava muito nervosa, as borboletas no estômago estavam mais movimentadas do que nunca. Sentia como se a qualquer momento fosse vomitar de nervosismo, mas graças a Deus nada disso aconteceu. Cheguei ao hotel sã e salva, sem nenhum acidente durante o caminho.

Victória Franchescci’s P.O.V.