História Out of Town Girl - Nothing else matters

Victória Franchescci’s P.O.V.

Mais duas horas depois, chegamos à nossa casa de praia. Ficava do outro lado da rua que a praia ficava. Olhei no relógio e já era quase 19h. O dia ainda estava claro graças ao horário de verão. Saímos do carro e eu olhei para a praia, o óculos escuro no topo de minha cabeça. Inspirei fundo sentindo o cheiro da maresia invadir minhas narinas. Como senti falta daquele cheiro! E, então, olhei para a casa. Continuava do mesmo jeito, só que recém pintada.

A porta de vidro com uma tela de renda para evitar mosquitos atrás e depois mais uma porta. A casa era branca com o redor das janelas pintado de bege. O telhado era de um bege escuro, quase marrom. Olhei para o andar de cima e identifiquei meu quarto. A janela tinha vista para o mar. Sempre consegui os quartos de melhores vistas, tenho sorte. Fiquei olhando para a casa e sorri. Justin me abraçou por trás e beijou minha bochecha. Olhei para ele.

- Eu te amo tanto – sussurrei. – Não faça nada que vá te prejudicar, por favor. – Virei para ele e coloquei minhas mãos em seus braços. – Por favor – apenas sibilei.

- Não farei, Vic. Eu amo você, muito! – Ele me abraçou e ficamos daquele jeito por um tempo.

Desde que Justin chegara, nós não tínhamos nos beijado. Eu sentia falta de seus lábios macios e o seu hálito de menta se misturando com o meu hálito de morango. Sempre fomos duas coisas tão diferentes, opostas, de realidades diferentes, mas sempre nos completamos tanto. Não faz sentido. Lembro-me que um dia minha mãe disse: “Victória, essa história de que os opostos se atraem não existe.” Então talvez nós não sejamos tão opostos assim. Talvez sejamos um pouco parecidos, ou bastante. Talvez nossa normalidade seja parecida, nossos gostos musicais sejam parecidos, talvez várias coisas sejam parecidas, mas nós nunca nos tocamos disso – ou eu talvez não tenha me tocado.

- Vem, vamos entrar. – Puxei-o pela mão e entrei na casa.

Os móveis continuavam no mesmo lugar que deixáramos da última vez que fôramos para a casa. O cheiro de casa limpa exalava. Provavelmente o perfume que mamãe comprara de seu amigo – cravo. 

- Meu quarto fica lá em cima, mas acho que você vai dormir no quarto da minha irmã. – Dei um meio sorriso.

- Com... – Ele tossiu. – Ela?

- Não, bobinho! – Gabi chegou na sala. – Eu vou dormir com a Vic e você dorme no meu quarto, assim todos ficamos bem.

- Não vejo ninguém bem aqui – ele falou emburrado.

- Justin, pare de ser revoltado! Você não vai dormir com a minha irmã! – Gabi exclamou revoltada, ou fingindo que estava revoltada. Comecei a rir.

- Calma aí, Gabizinha. – Ri mais ainda. – Não farei nada com a sua irmã, nós apenas somos grandes amigos. – Ele deu ênfase em “grande”. Ri fraco e dei um sorriso malicioso.

- Não quero ser tia, eu ainda sou a mais velha! – Ela exclamou visivelmente ofendida.

- Você será mãe antes de mim, Gabi, fique tranquila. – Dei risada e Gabi me acompanhou.

- Justin, querido, pode me fazer um favor? – Mamãe apareceu na sala com sua bolsa e uma nécessaire.

- Claro. – Ele sorriu.

- Me ajude com as malas. – Minha mãe inclinou a cabeça e sorriu fofamente. Nós três rimos.

- Claro, fique aqui e eu pego as malas.

Justin saiu e minha mãe sorriu para mim.

- Filha, case com ele, pelo amor de Deus!

- Mãe, se aquiete! – Falei rindo.

- Por favor, Vivi?

“Vivi”? Que porra de apelido é esse? Ela deve achar que me chamo Viviane ou que tenho cinco anos novamente, só pode!

- Mãe, o que seria “Vivi”? – Perguntei fazendo aspas.

- Ah, eu chamava você assim quando era menor, não se lembra?

- Não! – Falei como se fosse óbvio.

- Ah! – Gabriela exclamou. – Eu me lembro disso, era engraçado. Todos chamavam você assim, até que você ficou grande e pararam.

- Ainda bem! Imagina ter que conviver com esse apelido até hoje?! Seria... Seria... Seria horrível!

- Pessoal, as três malas estão aqui. – Justin entrou na sala, uma mala em seu braço e as outras duas puxando pela rodinha.

 - Obrigada, querido. – Minha mãe beijou a bochecha de Justin, que corou na hora. Nós rimos.

- Vou subir gente, se precisarem de mim estarei no melhor lugar da casa: meu quarto! – Sorri vitoriosa para Gabi, que mostrou a língua, e subi para o meu quarto.

Com minha mala na mão, tentei subir as escadas, o que foi uma tarefa difícil. Quando, finalmente, cheguei ao meu quarto, joguei minha mala em um canto qualquer e me joguei na cama. Coloquei meus fones e fiquei ouvindo Last First Kiss da One Direction. A música é perfeita, só digo isso.

Enquanto ouvia a música, meus pés se mexiam conforme o ritmo. Pelo menos se mexiam antes de alguém pegá-los e colocá-los em cima de sua coxa. Abri os olhos e Justin sorria enquanto cantarolava a música que estava no refrão. Ele chegou perto e sussurrou:

- Baby, let me be your last, your last first kiss.

E me beijou. Nossos lábios finalmente se tocaram, nossos hálitos finalmente se misturaram, nossas línguas finalmente traçavam a batalha que eu anseio cada vez mais. Suas mãos me puxaram pela cintura me deixando mais perto dele, minhas mãos em seu cabelo bagunçando-os e o nosso amor. Todo o nosso amor naquele beijo, toda a nossa saudade naquele beijo, tudo que sentíamos estava ali: o nosso amor, a nossa saudade, o ódio que eu sentia de Justin por não ter me ligado, o ódio que ele sentia de mim por ter dito várias baboseiras. Mas, acima de tudo, o nosso amor estava ali. E nada mais importava.

Victória Franchescci’s P.O.V.