Somente mais uma das diversas tardes sem o brilho cegante do sol. As árvores em tua volta ganhavam aos poucos o alaranjado embriagante e belo, plantas queimavam a cada passo teu. Tudo passava a ficar distorcido, vozes eram ouvidas mas não se sabia quem as proferiam; dizia tu, totalmente assustado.
O outono de 1968 foi tão desprezado por ti. Nenhuma outra estação e ano foi capaz de lhe provocar tal sensação. Era fato que 1968 emanava uma aura sombia, e tudo que tu queria era ter alguém próximo, para abraçar-te forte e lhe dizer que a infância não havia de fato sido acabada. Tu havia descoberto que fantasias não existiam mais, e que de alguma maneira, estavas navegando além do mar, distante de tudo, inclusive de meus braços.
Em tuas mãos, a flor rosada e queimada lhe parecia a menos horrenda daquele jardim morto. Te recordava das coisas perdidas. Percebido os olhos marejados, as nuvens negras corriam o céu nos tons de cinza, os pássaros gritavam e 1968 desejava te agarrar tristemente em um abraço, compartilhar do rock de melodias sinistras e letras puramente filosóficas sobre a vida.
O fim da infância era um pesadelo impossível de acordar. Vagando e vagando sem rumo algum, os choros desesperados me agonizavam. Desejava ser capaz de por um fim naqueles seres sem face que te assombravam em cada tentiva frustada de descanso.
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