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História Outro Mundo - Próximos


Escrita por: KateMoura

Notas do Autor


Para recompensar o tempo que eu passei fora, eu tentei adiantar o capítulo e consegui <3 Me amem
Boa leitura.

Capítulo 14 - Próximos


 Estava conversando com Lissa e indo para o treino. O fim de semana passou rápido, de novo, e eu fui para a missa, que inclusive é a coisa mais chata do mundo, mas a maioria dos alunos vão e depois eles combinam de ir para qualquer outro lugar. 

    Antes do Dave ir, ele me disse que se eu quisesse saber mais sobre o laço era para eu ia à missa, mas eu não faço ideia do que ele quis dizer. O padre só falou do Santo Vladimir e mencionou algumas vezes a sua Guardiã Anna, e do quanto eles eram próximos e ela o conhecia bem e eles eram super amigos. Sério? Ugh. Juro que quase durmo no meio da pregação, sermão, sinceramente não sei o que era aquilo. 

    Lissa estava me perguntando como tinha sido meu encontro com Mason. Eu contei para ela que fomos assistir um filme e ela não me deixou mais em paz desde ontem. 

  -Ele beija bem? - Ela estava curiosa e queria saber de tudo nos mínimos detalhes. 

  -Beija. - Eu respondi rindo - E é fofo.

    Mason na verdade era muito fofo e respeitoso, me lembrava o meu último peguete. Durante o filme ele apenas me abraçou e não tentou me beijar. Quando o filme terminou nós ficamos conversando sobre a minha vida humana e ele me consolou um pouco, mesmo não sabendo o real motivo por eu estar ali, mas ele sabia que eu não estava por livre e espontânea vontade. Depois da conversa séria veio os flertes, que foram correspondidos e acabaram em beijos, vários beijos, mas não passamos disso. Mason não tentou fazer nenhum avanço e quando o clima estava ficando quente, ele me acompanhou até o meu quarto, mesmo correndo o risco de ser pego e estar bem encrencado. Foi um bom encontro. 

  -Você gosta ou está gostando dele? Tá pensando em dar uma chance para ele? Quer dizer, tá na cara que ele gosta de você e tudo mais. - Lissa parecia que ia explodir de tanta empolgação, e eu sabia disso não só pelo modo como ela estava agindo. Suas emoções estavam passando para mim de maneiras tão intensas que eu estava sendo contagiada também. 

  -Meu deus, se acalme, você está me deixando empolgada também, e isso tem a ver com o laço e não com Mason. - Eu disse rindo e paramos perto de uma parede onde tinha um pouco de neve acumulada. 

  -No meio de tudo isso é bom você arranjar um namorado. - Ela disse olhando para a neve que já estava um pouco lamacenta - Isso está nojento. 

  -Você acha que com tudo que está acontecendo eu vou me preocupar com namorado? - Eu perguntei rindo e não acreditando no que ela estava propondo - E realmente isso tá bem nojento. Nunca pensei que neve fora de época pudesse ficar tão nojenta enquanto derrete. 

  -O final do inverno é pior. - Ela disse enquanto eu levantava as mangas do meu blazer e me agachava para tirar um pouco de lama do meu sapato - Ei, o que é isso? - Ela apontou para um roxo no meu braço.

  -Ah... - Eu dei de ombros - Apenas um acidente nas aulas de combate. Eddie tem um bom chute. - Eu ri. Era comum alunos Dhampirs se machucarem durante as aulas. 

  -Me deixe ver. - Ela disse preocupada.

    Eu estiquei meu braço e ela observou durante um tempo, depois colocou a mão em cima e senti um enorme preocupação passar pelo laço. 

  -Liss, está tudo bem. - Eu tentei tranquilizar ela - É só um roxo, logo some. 

    Ela não respondeu e eu senti dúvidas passarem através do laço, também senti um pequeno pensamento se ela poderia ou não confiar em mim para o que viria a seguir. Antes que eu pudesse responder, ela fechou os olhos e eu senti uma onda de emoções boas. Bondade e paz eram apenas algumas delas. Eu estava sentindo tudo isso através do laço e era bom. 

  -Não conte para ninguém, apenas o Chris sabe disso. - Ela abriu os olhos e apontou para o meu braço. 

    Eu fiquei boquiaberta com o que eu vi. O roxo tinha sumido. Ainda incrédula, eu apertei a região e não senti nenhum tipo de dor. 

  -Como você fez isso? - Senti minha cabeça rodopiando. Tive a impressão de ser um computador recebendo uma enxurrada de downloads. 

    Ela é vampira. Eles são seres mágicos. Se duvidar ela pode até te transformar em sapo e você não sabe.   A vozinha do meu subconsciente gritava. 

  -Eu não sei, eu descobri isso tem um tempinho. São apenas algumas habilidades... 

    Eu ainda olhei para o meu braço sem acreditar no que vi. Olhei ao redor para ver se alguém tinha visto mas o corpo de Lissa bloqueou tudo, se alguém visse a cena apenas viriam que meu braço estava entre nós duas. 

    Foi quando eu vi Mia olhando fixamente para nós, não era bem para nós, era para um ponto acima de nós. Ela estava bem concentrada e seus amiguinhos nos olhavam com empolgação e segurando o riso. Segui o olhar de Mia e vi um punhado de neve flutuando de forma desajeitada em cima de nós, mais em Lissa do que em mim. 

  -Liss! - Eu gritei e empurrei ela quando eu vi o punhado de neve descer de forma natural para acertá-la. Só não pensei na hora que empurrando ela, a atingida ia ser eu. 

  -Rose? - Lissa falou chocada enquanto os amigos de Mia riam e alguns outros se aproximavam. 

  -Puta que pariu! - Eu falei e soltei um grunhido.

    Precisou de pouco para Lissa assimilar tudo. A especialização de Mia era água, e os seus amigos estavam rindo e atraindo a atenção de outros alunos. Ela que planejou aquilo e Lissa imediatamente percebeu. 

    Olhei para cima e vi que tinha um pouco de neve derretida no telhado da parede onde estávamos encostadas, facilitando o escorregamento da neve que não estava. Mia só deu uma mãozinha para arruinar tudo. Cara, eu tinha lavado meu cabelo hoje cedo. 

  -Vamos sair daqui, você tá tremendo. - Lissa disse puxando meu braço - Vamos para o seu quarto.

    Realmente eu estava com impressão que ia morrer congelada. Era 5 horas da manhã, um vento gelado passava por nós só piorando tudo e eu estava toda molhada

  -Espera... - Eu disse com dificuldade pois o meu queixo começou a tremer de forma descontrolada - O ginásio está mais perto do que o meu quarto - Eu abri minha mochila e percebi que meus dedos estavam doendo de tanto frio que eu sentia - Eu tenho umas roupas aqui dentro da minha mochila. Vá no meu quarto - Eu lhe entreguei a chave - E pegue roupas de baixo para mim. Te espero no ginásio e, por favor, não demore. 

    Ela acenou e praticamente saiu correndo. Procurei fazer o mesmo, ignorando o riso dos alunos e fui para o ginásio. Cheguei lá e Dimitri estava sentado em uma das arquibancadas, com fones de ouvido e me mexendo no seu celular. Quando ele me viu e observou meu estado, Dimitri deu um pulo e veio rápido na minha direção. 

  -Rose, o que aconteceu? Por que está molhada? 

  -Camarada, ninguém nunca disse que ensino médio era fácil. - Eu tentei sorrir mas o meu estado era péssimo. 

  -Venha. - Dimitri colocou suas mãos na minha cintura e me puxou para sentar - Agora me explique o que aconteceu. - Ele estava visivelmente preocupado e pegou o seu sobretudo e colocou em mim. 

    Ver toda a preocupação dele comigo e ainda sentir o seu maldito cheiro me fez sorrir e até esquecer que eu estava praticamente morrendo congelada. 

  -Mia. - Eu disse com um pouco de dificuldade - Eu e Lissa estávamos perto de uma parede e ela se aproveitou da neve derretida no telhado para acertar a liss, mas eu percebi antes e empurrei ela, só que quem levou fui eu. - Eu sorri e esfreguei minhas mãos uma contra a outra. Elas estavam doendo de tão frias. 

    Dimitri falou alguma coisa em russo que eu presumi ser um palavrão. Ele pegou minhas mãos, juntou nas suas e levou até os seus lábios, e ficou soprando como forma de esquentá-las. 

  -Está tudo bem, Roza. - Ele disse esfregando minhas mãos nas suas e depois voltou a soprar. 

   Céus, apesar da mão dele ter calos e as juntas dos dedos serem um pouco esquisitas por causa dos anos de treinamento, sua pele era extremamente macia e no momento era tão quente quanto o ar que saía dos seus lábios. 

  -Ensino médio para os vampiros é algo extremamente perigoso. - Eu sorri e ele sorriu de volta. Dessa vez não era aqueles meios sorrisos que ele me dava, foi um sorriso aberto que me deixou fora de órbita por alguns segundos.

    Por que Dimitri tinha que ser tão lindo?

    Ele continuou soprando e eu me concentrei nele. Apesar de estar morrendo de frio e batendo meus dentes sem parar, eu não pude deixar de me sentir quente com aquilo. Seus lábios eram tão macios contra a minha pele que eu imaginei eles na minha própria boca. 

    Fechei os olhos me repreendendo por tal ato e tentei puxar assunto como outra forma de distração:

  -Eu pedi para Lissa pegar algumas roupas para mim, daqui a pouco ela chega. 

  -Você não devia ter feito isso. - Seu tom não era de repreensão, mas sim de preocupação - Seu corpo não é acostumado com tanto frio assim. 

  -Você deve tá querendo rir da minha cara, né? - Eu sorri e ele me olhou confuso - Quer dizer, você é da Sibéria. Aposto que quando você morava lá, você saia correndo só de cueca e pulava naqueles buracos que as pessoas fazem no meio do rio congelado para pescar peixe. 

    Com isso ele gargalhou, era a primeira vez que eu conseguia fazer ele rir de verdade. E nossa, a risada dele era linda, perfeita. Soltei um sorriso ao pensar que ele deveria sorrir mais vezes. 

  -Você imagina a Sibéria assim? - Ele ainda sorria e voltou a soprar minhas mãos, me senti agradecida por isso.

  -Nem vem, Dimitri. Quando eu ficava entediada e descia para perturbar os outros guardiões, eles sempre estavam com a TV ligada naquele canal que mostra uns homens na Sibéria pescando e derrubando umas árvores. - Eu sorri e ele balançou a cabeça. 

    Ele continuou me observando e acho que viu que só estava conseguindo esquentar minhas mãos, pois ele tirou seu sobretudo de cima de mim e soltou minhas mãos. 

  -Não está resolvendo. Seus lábios estão arroxeados e você não para de tremer. Venha comigo. - Ele falou sério e agarrou minha mão.

    Eu o segui, praticamente correndo porque ele estava andando rápido e eu não conseguia acompanhar. Ele percebeu que segurava minha mão e a soltou. Nós entramos no vestiário e ele me guiou para um dos box. 

  -Ela vai tá um pouco fria, inicialmente, mas depois ela vai esquentando aos poucos. Eu não posso te jogar na água quente de uma vez. - Ele falou isso e ligou o chuveiro em cima de mim. 

  -Dimitri! - Eu soltei um gritinho ao sentir a água gelada em mim. 

  -Calma, Roza. - Ele colocou sua mão no meu ombro de forma carinhosa e olhou nos meus olhos - Vou regular a temperatura agora. 

  -Roza? - Eu sorri um pouco boba com o apelido e relaxei quando eu senti a água esquentando.

  -É o seu apelido em russo. Desculpe. - Ele desviou os olhos dos meus e olhou para cima, onde ele regulava a temperatura. 

  -Ah, tudo bem. - Eu apertei meus braços em volta de mim e tentei agir de maneira casual - Eu gostei. 

  -Não se acostume, Rose. - Ele disse sério e eu sorri olhando para baixo. 

    Foi quando eu me dei conta da minha situação. Minha blusa branca estava completamente transparente, fui salva porque hoje eu resolvi colocar uma regata branca por cima. Rindo da minha situação, e me sentindo mais relaxada porque agora a água estava morna, eu comecei a tirar meus sapatos e minha meia por cima da saia. Dimitri percebeu o que eu estava fazendo e se afastou. 

  -Vou te deixar sozinha. - Ele terminou de regular a temperatura e saiu de dentro do box, mas continuou me observando enquanto eu tentava desabotoar a minha camisa. Minhas mãos ainda estavam tremendo e eu percebi elas levemente dormentes. 

    Dimitri se aproximou de novo e fez menção que ia me ajudar. 

  -Você podia aumentar mais a temperatura, aí quem sabe eu descongelo um pouco e sou capaz de tirar minha própria blusa. - Eu resmunguei mas foi só para disfarçar o calor que se formou entre as minhas pernas. 

    Apesar de estar com uma regata por baixo, a mesma era branca e de tecido fino, mostrando meu sutiã da cor nude com alguns detalhes de renda. 

  -Eu não posso deixar mais que isso. - Ele respondeu desabotoando o primeiro botão - Não sei se você percebeu, mas você está tendo um começo de hipotermia.

    Seus dedos roçavam pela minha barriga, mesmo com a regata impedindo o contato direto das nossas peles, mas o tecido era fino e era quase como sentir seus dedos realmente sobre a minha pele. A medida que suas mãos iam abrindo os botões e indo em direção aos meus seios, eu comecei a ficar ofegante e eu não sabia se o arrepio que percorria minha pele era por causa desse contato ou ainda eram resquícios da minha quase hipotermia. 

    Durante todo o tempo, Dimitri se manteve um pouco distante para evitar se molhar um pouco, mas agora ele se aproximava mais e mais enquanto ele abria o último botão de cima da minha blusa e me ajudava a tirar ela. Ele olhou nos meus olhos e continuou se aproximando. Eu me sentia nervosa, mas não queria me afastar. Eu não sabia se ele estava chegando mais perto para mexer na temperatura do chuveiro ou para avaliar alguma coisa em mim, mas ele não tirava seus olhos dos meus e eu não queria quebrar aquele contato. 

    Senti Lissa entrar no ginásio através do laço e ela me mandou uma mensagem perguntando onde eu estava. 

    Droga. Ou não.

  -Lissa chegou. - Eu disse em um sussurro e Dimitri virou-se assustado. 

    Nós não estávamos fazendo nada de errado, mas ele estava perto demais para quem quer que visse interpretasse isso de forma maldosa. 

  -Aqui não. - Eu evitei soltar uma risadinha, me limitando apenas em sorrir - Lá fora. Ela está perguntando onde eu estou. 

  -Claro. - Ele se afastou e evitou me olhar - Vou lá fora dizer que você está aqui. Só saia da água quente quando for para se secar e trocar de roupa. Nós ainda vamos treinar para o sangue circular melhor. - Ele disse neutro e com a máscara que eu já estava acostumada - Você tem certeza que foi a Mia e que ela fez isso para atingir Lissa?

  -Claro que eu tenho! - Eu revirei os olhos e notei que ele fazia um grande esforço para não olhar para mim - Eu só consegui evitar que Lissa passasse por isso porque eu percebi Mia olhando fixamente para cima, e quando eu vi a neve, ela estava meio que flutuando em cima de Lissa, e depois ela desceu de forma natural. 

  -Mais ninguém viu?

  -Os amigos dela viram e começaram a rir, depois outros alunos foram chegando. - Eu revirei os olhos de novo - Agora eu posso bater nela? 

  -Não. - Ele disse sério e foi em direção a porta - Vou chamar a princesa. Não tenha pressa. 

    Ele saiu e alguns poucos minutos Lissa chegou com minhas roupas e um secador. 

  -Desculpe a demora. - Ela disse quando me viu - Demorei para achar a sua gaveta de roupas e achar o seu secador. Achei que poderia ajudar a te esquentar. 

  -Claro. - Eu sorri - Obrigada. 

    Ela me entregou as roupas e minha mochila e se afastou para que eu me secasse e trocasse de roupa, depois ela voltou e fez questão de secar os meus cabelos, mesmo eu dizendo que não era necessário e que ela poderia ir embora. 

  -Você não devia ter feito isso. - Ela disse e eu vi que ela ainda estava preocupada - Era para ser eu a atingida. 

  -Hey, não é você quem quase teve uma hipotermia. - Eu brinquei. 

  -Obrigado. - Ela disse e olhou para baixo - Mia vive me perseguindo porque acha que eu ainda tenho interesse no Aaron. Me afastei da panelinha da realeza assim que comecei a assumir Christian publicamente. Apesar dele ser da realeza, as pessoas ainda tem muito preconceito com ele. Por isso que ele é daquele jeito, mas ele é uma ótima pessoa.

  -Uma ótima pessoa que ameça por fogo no meu cabelo todo dia. - Eu ri e ela me acompanhou - Mas eles são estúpidos! Christian não é que nem os pais dele. 

  -Eu sei. - Ela sorriu e passou as mãos nos meus cabelos que agora estavam secos - Obrigada.

  -Não tem o que agradecer. - Eu me virei para ela fechando o zíper do meu casaco - Vocês vêm primeiro. Lembra?

  -Você não está treinando para ser uma Guardiã de verdade. - Ela riu e me ajudou a guardar alguns cremes que ela trouxe. 

  -Mas no meu mundo, - Eu olhei bem fundo naqueles olhos cor de jade - Meus amigos vêm. 

    Quando eu falei isso seu rosto se iluminou e ela me abraçou. Não precisaria nem de laço para saber que ela ficou feliz com aquela declaração. Nos conhecíamos a pouco tempo, mas por causa do laço nós nos aproximamos muito e já agíamos como melhores amigas. Era estranho, considerando que há quase três semanas nós nem nos conhecíamos. 

    Eu tinha um carinho muito grande por Lissa, e eu não sabia o que acontecia, se era por causa da minha natureza protetora ou por causa do laço que me permitia ver suas fraquezas, mas eu estava desenvolvendo a necessidade de proteger Lissa. Eu sei que ela sofre até hoje com o acidente dos pais delas, ela até já conversou comigo sobre isso, e isso a torna frágil, e as vezes eu desconfio se ela não sofre de nenhum transtorno psicológico. Sei também que ela não é nenhuma fraca. Como uma Dragomir, ela é forte e aguenta muito bem a pressão de namorar um Ozera, um suposto Strigoi em formação. Sei também que ela já planeja formas de unir forças para quando ela se formar e manter o nome da sua família bem visto. Lissa era muito forte e tinha um carisma incrível. 

  -Precisamos falar sobre o que aconteceu antes da Mia fazer tudo isso. - Eu disse desfazendo o abraço e olhando sério para ela - Como você fez aquilo?

  -Eu não sei. - Ela se encolheu e eu vi que nem ela sabia como fazia isso - É só uma habilidade que eu tenho. Eu consigo fazer com plantas e alguns pequenos machucados como o seu. - Ela deu de ombros - Mas você não pode contar para ninguém, ok?

  -Ok. - Eu disse concordando e decidida que eu ia pesquisar sobre isso. 

    Definitivamente essa coisa de vampiro vai me enlouquecer. 

    Fomos para fora do vestiário e encontrei Dimitri sentado e lendo um livro, aparentando uma calma que eu invejava. Lissa se despediu e levou minhas roupas molhadas para a lavanderia e disse para eu procurá-la no prédio comunitário depois. 

    Dimitri e eu treinamos e não falamos sobre o ocorrido no vestiário. Acho que pela primeira vez o silêncio ficou constrangedor para ele, pois quando acabamos, ele se virou e fez uma pergunta um tanto curiosa:

  -Para uma pessoa da sua idade e com o seu nível, você deveria estar na faixa azul ou verde, dependendo de qual critério sua mãe e David utilizavam com você. - Ele disse me analisando.

  -Na verdade era mesmo. - Eu ri - Eu briguei na escola, Camarada. - Eu sorri e ele ergueu uma sobrancelha - Quebrei o nariz de uma vadiazinha porque ela espalhou coisas desagradáveis sobre mim. 

  -Você acha que tudo se resolve com violência? - Ele perguntou calmo, e depois bebeu água.

  -Quando se é acusada de dormir com alguns imbecis do time de futebol, todos ao mesmo tempo, eu acho que sim. Nesse caso violência é a única solução. - Eu vi Dimitri arregalar os olhos e eu revirei os meus - Eu não fiz isso. Não sou uma vadia como todos pensam. 

  -Eu tenho certeza que você não fez isso. - Ele se aproximou e falou sério - Eu jamais duvidaria de você, Rose.

    Eu o encarei e desejei que estivéssemos mais próximos só para eu olhar naqueles olhos castanhos melhor.

  -Mas de qualquer jeito... - Eu suspirei e olhei para baixo - Na época eu perdi minha faixa laranja, quase verde, e voltei para a amarela. Dave disse que ia me devolver a faixa mês que vem. - Eu dei de ombros - Ele também disse que ia observar em como eu me saía por aqui. Acho que isso quer dizer que você será os olhos dele, né camarada? 

  -Sim. - Ele cruzou os braços e sorriu abertamente de novo. Acho que eu amo o sorriso dele. - Por isso se você quiser sua faixa de volta, você não poderá bater na Mia. Ela já será punida de forma correta. 

  -Duvido - Eu disse baixo e suspirei. 

    Olhei para Dimitri e ele estava com o cabelo preso. Lembrei de quando Eddie e Mason mencionaram as marcas molnija dele e lembrei também que eu quase nunca via as marcas da minha mãe. 

  -Dimitri, posso ver suas marcas molnija? - Eu pedi um pouco tímida. 

  -Você nunca viu as da sua mãe? - Ele não me respondeu e devolveu minha pergunta com uma outra pergunta. 

  -Não. - Eu me senti desconfortável e olhei para baixo - Se eu vi duas vezes na vida foi muito. Ela não passa muito tempo comigo, e o pouco tempo que passamos juntas eu não procuro me concentrar na nuca dela, que sempre tá coberta com os cabelos. 

  -Tudo bem. Venha. - Ele disse após alguns segundos de silêncio. 

    Ele sentou-se em um banco de costas para mim e eu me aproximei um pouco devagar, e afastei seus cabelos presos por um elástico. Tocar nele era tão bom quanto ser tocada por ele. 

    Dimitri tinha seis molnija e no meio da nuca ele tinha uma tatuagem que parecia um S.

  -O que significa essa? - Eu perguntei passando meus dedos por ela. 

  -É a marca da promessa. Todo guardião, quando se forma, recebe uma dessas. - Ele respondeu neutro, mas eu via a nuca dele se arrepiar a cada toque meu. Eu sorri com aquilo. 

  -Elas doeram? - Eu perguntei passando o dedo nas outras - Elas são legais. - Eu comentei depois de segundos em silêncio.

  -Não, é apenas um pouco desconfortável. 

    Tirei meus dedos da nuca dele e ele se virou de frente para mim. Dimitri me encarava de maneira profunda, sem tirar seus olhos dos meus nem por um segundo. Parecia que estávamos de volta ao vestiário, e como lá, eu não ousei desviar meu olhar. Me senti nervosa de novo e me xinguei pois logo percebi o que estava acontecendo comigo. 

  -Eu já pensei em fazer uma tatuagem de verdade, mas o máximo que eu consegui foi de Henna. Alguns hippies fizeram enquanto eu estava na praia. - Eu falei me afastando dele e pegando minha mochila, desejando sair logo dali. 

    Ele não me respondeu e pegou sua bolsa também. Seguimos em silêncio e eu me permiti pensar no que tanto me incomodava: Eu estava me apaixonando pelo meu mentor. Eu estava me apaixonando por um Russo chato e cheio de lições zen. 

  -O que você fez hoje pela Lissa... - Ele comentou quando já estávamos perto de nos separar - Foi muito corajoso. Você seria uma ótima guardiã. 

  -Não foi nada, Camarada. - Eu me senti um pouco desconfortável e os meus recém descobertos sentimentos foram deixados de lado - Lissa é minha amiga e eu faria isso por qualquer amigo. 

  -Rose, você teve um começo de hipotermia e mesmo assim agiu como se não fosse nada. Se não fosse você, seria Lissa e ela até agora estaria enrolada em um cobertor estabilizando a temperatura corporal. Aliás, - Ele me olhou preocupado - Não tenho certeza se consegui estabilizar a sua temperatura. Passe na cantina e peça alguma coisa quente e fique bem aquecida hoje à noite.

  -Tudo bem, e obrigada. - Eu sorri e ele apenas acenou e foi embora.

    Dimitri me elogiou. Ele disse que eu seria uma ótima guardiã. Aí meu deus! Naquele momento eu quase que vou para a cantina dando pequenos pulos, mas parei assim que outro pensamento me veio na mente: Eu estou me apaixonando pelo Dimitri.

    O quão ferrada eu estou?

  


Notas Finais


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