História Paciência - Bônus 1

Try try try, to follow the rules
I break every one of them with boys like you
My oh my, doing what I always do
Yeah I'm crossing every line to get to boys like you
Boys like you, you, tripping, freaking falling over boys like you

Eu tenho tendência a ser um menino calmo, não calmo como Mark ou Jinyoung, mas eu tinha meus momentos de calmaria. Eu tentava me manter positivo e paciente, afinal tudo tinha seu tempo e não era saudável ficar obcecado com uma coisa só.

Eu tinha somente uma única regra: sempre manter a calma.

Ah, mas quem disse que Im Jaebum se importava com essa regra? Ele fazia questão de tirar a minha calma cada segundo só por respirar. Talvez eu estivesse um pouco obcecado o que, novamente, não era nem um pouco saudável.

Me lembro da primeira conversa que eu tive com ele, eu era novo na escola e logo Yugyeom e Bambam fizeram questão de me incluir no grupo, e quando eu vi Jaebum eu pensei: fudeu.

- Eu sou Im Jaebum, pode me chamar de hyung se quiser. – Ele me deu tapinhas no ombro.

E eu só conseguia pensar: fudeu mesmo.

Sorri tímido, me apresentando e logo depois sendo arrastado pelos mais novos para conhecer o resto da escola, Bambam e Yugyeom eram muito energéticos e sinto que me contaminei com essa energia deles, e então chegou Jackson eu praticamente explodi com tanta agitação ao meu redor, eu não estava acostumado com pessoas que falavam muito, mas eu tinha gostado desse contraste.

Logo fui me soltando e me tornando tão falante quanto eles, minhas risadas com o tempo iam ficando mais altas e escandalosas. O que não era necessariamente bom, já que eu tinha me tornado tudo que Jaebum mais odiava: um de seus amigos.

E toda vez que eu tentava me aproximar ele falava “não gosto que me toquem”, “não gosto que mexam no meu cabelo” “pipipi popopo”, nossa como Im Jaebum era chato, por que eu gostava dele mesmo? Ah é, porque ele era lindo, inteligente, divertido, sincero, talentoso e cheirava bem pra caramba.

Que vida difícil a minha.

Com o tempo, quando eu parei de tentar, ele começou a se abrir mais comigo, e eu até tentei parar de gostar dele, mas era um sentimento que sempre acabava voltando para mim, foi mais ou menos um ano nesse vai e vem de sentimentos confusos.

Mas a gota d’água foi quando Jinyoung resolveu que seria uma ótima ideia fazer uma pequena social na casa de Jackson, até ai tudo bem. Porém, Yugyeom trouxe bebidas, onde esse garoto conseguia isso? Ele tinha só 16 anos, ele não tinha idade pra comprar esse tipo de coisa, mas em compensação ele era alto pra caralho, provavelmente o confundiram com algum jogador de basquete famoso.

- Yugyeom, se eu descobrir que você ta metido com tráfico eu te mato. – Jinyoung ameaçou, pegando as garrafas da mão do mais novo.

- Tráfico de bebida, Jinyoung? Sério? – Zombou o mais novo.

- Pode até não existir tráfico de bebidas, mas existe tráfico de humanos Yugyeom, fica esperto. – Ameaçou o Park, naquele tom perigoso e assassino que só ele sabia fazer.

Eu ri, daquele jeito engasgado e alto, e logo ouvi a risada fina e esganiçada de Jackson. A social não chegava nem a ser uma social, era só a gente bebendo, comendo pizza e nadando na piscina do Jackson. Alguma música do Chris Brown tocava na caixinha de som do Yugyeom, dançávamos um pouco. Foi então que resolveram fazer aquelas brincadeiras com bebida, eu já sabia que ia dar merda, mas também não recusei.

Eu estava deitado a beira da piscina com a cabeça no colo de Jinyoung, enquanto o mais velho acariciava meus fios.

- Vamos fazer assim, quem rir primeiro pula na piscina. – Declarou Jackson, revirei os olhos.

- Já perdeu, Jackson. – Mark disse.

- Não ta valendo ainda né? – Bambam ria de um jeito meio retardado.

- Ainda não. – Jackson riu também.

Os dois ficaram nas risadinhas por mais um tempo.

- Tá, chega, vamos começar. – Declarou Jaebum. – E vocês dois na piscina? Não vão jogar?

- Eu não, tenho que filmar os micos da noite. – Disse Jinyoung.

- E você Youngjae? – Jaebum perguntou.

Eu quis recusar, quis muito, mas o que Jaebum não pedia que eu não fazia correndo? Logo me levantei e fui em direção à pequena mesinha em que eles estavam em volta. Logo Yugyeom me olhou com os olhos cerrados, eu não entendi, então ele sorriu e olhou para os outros.

- Eu acho injusto, ele não está bêbado que nem a gente.

- Verdade. – Mark concordou.

- Toma umas três doses aí Youngjae.

Revirei os olhos, mas o fiz, já que dos meus amigos eu tinha a maior tolerância a álcool. Tomei todas de uma vez e eles ficaram me olhando com a expressão assustada, eu ri.

- Olha aí! Já perdeu! – Bambam riu de mim.

- Ei! Não ta valendo ainda.

- Beleza. – Jackson respirou fundo. – Agora esta valendo.

Em segundos todos incharam as bochechas, tentando evitar as risadas, as caretas eram uma mais engraçada que a outra, mas Jaebum era o único que não encarava nada em específico, e sua expressão continuava neutra, eu sabia que ele entrava nas brincadeiras pra ganhar, mas eu estava disposto a fazê-lo perder. Me virei para o hyung, já que ele estava do meu lado, e fiquei encarando aqueles olhos escuros.

As borboletas já dançavam no meu estômago e eu sentia a necessidade de desviar o olhar, já que eu podia jurar que ele poderia ler até mesmo a minha alma com aquele olhar tão intenso, tive que segurar a vontade de rir de nervoso também.

Eu vi os olhos de Jaebum ficarem pequenos, quase invisíveis, e os lábios se pressionarem um no outro, ele queria rir, as bochechas ficaram proeminentes e assumiram um tom rosado, provavelmente porque ele já estava bem bêbado, foi então que eu desviei o olhar, respirando fundo, tentando manter a calma e ouvi o riso de Jaebum.

Jackson explodiu em risada, apontando para o Im.

- O Jaebum sorriu primeiro! Ele perdeu! – Acusou, enquanto ria alto, os outros também começaram a rir e eu ri junto.

- É verdade. – Concordou Jinyoung, rindo discreto.

- Traidor! – Acusou Jaebum.

- Pula! Pula! Pula! – Os outros começaram a gritar.

Ele revirou os olhos, se virou para a piscina e começou a correr, até pular nela. Daquele jeito extra que ele conseguia ser. Eu ri, me aproximando da piscina.

- Perdeu hyung. – Ele jogou água em mim e eu ri mais ainda.

Parei de rir quando percebi seus olhos focados em mim e um sorriso discreto se formar em seus lábios, eu quis explodir. Desviei o olhar e voltei para a mesa, logo tomando mais uma dose para ver se eu sumia.  Eu estava muito fodido.

 No dia seguinte eu fui a casa de Yugyeom, determinado a assumir meus sentimentos por Jaebum para o meu melhor amigo, eu não enrolei, assim que cheguei na casa do Kim eu o disse sobre como me sentia, e sabe o que o cretino disse?

- Eu sei. – E riu da minha cara, me convidando para entrar. – Como você demorou tanto tempo para cair na real? E o que te fez perceber isso? Foi o hyung na piscina né? Eu sei de tudo.

Eu fiquei chocado em como ele era rápido assimilando as coisas.

- Mas eu sei como te ajudar Jae hyung. – Ele falou sussurrando. – Eu tenho o plano perfeito.

Aí vem merda.

Mas o pior não foi o plano, o pior foi eu ter aceitado, eu devia estar muito desesperado. Kim Yugyeom fez uma lista de 20 coisas que Jaebum mais odiava, esse menino era muito obcecado. “Se te deixa mais tranquilo, eu tenho uma lista de 20 coisas que todos os hyungs odeiam”, não me deixou, mas resolvi ignorar e prestar atenção em seu plano.

Se eu fizesse todas as coisas que Jaebum odeia e ele não parasse de falar comigo eu teria certeza de que ele gosta de mim. E se desse errado? Bem, Yugyeom prometeu que assumiria toda a culpa.

Já tentaram dizer não para Yugyeom? Não? Pois é, é impossível fazer isso, ele tinha o dom do rostinho bonito e da lábia. Era um lobo em pele de cordeiro.

Item número 20: Ele odeia pombas.

Mas quem não odiava?

Comecei pelos mais leves, para que ele não notasse o que eu estava fazendo, o hyung era bem observador, então era necessário que as ações fossem os mais naturais possíveis.

Em um dia qualquer ele resolveu que me acompanharia na saída da escola, eu inventei que eu queria fazer outro caminho e passei por uma praça cheia de pombos, eu peguei um pedaço de pão velho que eu tinha trazido na bolsa e comecei a alimentar os ratos com asas.

- É sério isso Youngjae? – Ele perguntou, cruzando os braços.

- Sério o que hyung? Eu tinha um pão velho e vou dar pros pombos, melhor do que jogar fora. – Respondi, me agachando.

Até que, quando você não estava ocupado sentindo nojo dos pobres ratinhos com asas eles até que eram fofos, comendo migalhas e tudo mais, afinal eles eram animais como quaisquer outros né? Só não tinham a sorte de nascer com penas coloridas e bonitas como as outras aves.

Isso não significava que eu era presidente do fã clube das pombas, só significava que eu não mais sentia uma total vontade de chutar todas as pombas do universo.

- Você é impossível, Youngjae. – Ele suspirou, e logo se agachou ao meu lado, pegando o pão da minha mão, arrancando um pedaço e logo depois me devolvendo metade.

E mesmo que ele odiasse os ratos com asas, lá estava ele, os alimentando ao meu lado. Não pude conter o sorriso, meu hyung era muito gentil, e eu juro que me apaixonei por ele mais um pouco naquele dia.

Item número 19: Ele odeia crianças

Eu não entendi como ele poderia odiar criaturinhas tão puras e fofas banhadas em sorvete e arco-íris, mas tudo bem. Para a minha sorte uns tios distantes resolveram nos visitar, o que significava que os priminhos iriam vir também, consegui convencer minha mãe de deixar o Jaebum vir almoçar com a gente. O que me ajudava a eliminar dois coelhos numa cajadada só:

Item número 18: Ele odeia reuniões de família

O hyung recusou três vezes o meu convite, na quarta vez eu resolvi chantageá-lo, dizendo que se ele não fosse minha mãe ficaria extremamente chateada com ele e eu também, fiz a carinha de cão abandonado e ele por fim concordou em vir.

Ele chegou era meio dia em ponto, o hyung era sempre extremamente pontual, desci as escadas com calma indo em direção a porta quando Changbin, meu primo de 8 anos, passou correndo em direção a porta e escancarou, quase quebrando ela.

Changbin era muito energético.

O mais novo ficou parado a porta encarando Jaebum, que também o fitava com as sobrancelhas franzidas, ambos se estranhavam e eu dei um sorriso discreto, era engraçado ver como uma criança era capaz de ser tão confiante e abusada.

- Quem é você? – Ele perguntou, fazendo uma careta.

- Quem é você? – Rebateu Jaebum, é, o plano estava indo muito bem.

- Changbin esse é o Jaebum, Jaebum esse é o Changbin. – Eu os apresentei, ficando do lado do mais novo e bagunçando seu cabelo castanho.

- Esse é o seu namorado hyung? – Ele me olhou, descarado e eu senti ficar vermelho dos pés a cabeça, puxei seu cabelo de leve. – AI AI HYUNG!

- A tia não ensinou que não se deve fazer perguntas indelicadas na frente de visitas? – Dei um puxão em sua orelha e ele começou a chorar.

Changbin saiu correndo pra cozinha gritando que eu tinha chutado a cara dele, e por um momento quase o fiz mesmo pela vergonha que ele me fez passar, gritei a resposta padrão: É MENTIRA!  Pude ouvir a risada das minhas tias e da minha mãe, revirei os olhos e puxei Jaebum pelo pulso até o meu quarto, ele também estava rindo do que estava acontecendo.

- Seu primo é engraçado. – Ele comentou.

- Ele é inconveniente. – Bufei me jogando na cama, Jaebum se sentou na ponta.

Ficamos conversando até a hora do almoço, meus parentes não paravam de fazer perguntas constrangedoras e por um momento me perguntei se o universo estava se vingando de mim por ter entrado em um plano tão maluco. Jaebum, o maldito traidor, só ria da minha cara e vazia piadinhas de duplo sentido alimentando a imaginação fértil da minha família intrometida.

Depois fomos para o jardim e ficamos brincando com os meus primos, além de Changbin tinha Hyunjin, Jeongin e Minho, eles eram verdadeiras pestes, mas eram divertidos. Brincamos de pega-pega, esconnde-esconde e outras coisas de criança, até tive que pular corda.  Claro que no final do dia eu estava exausto, já que eu normalmente era bem preguiçoso.

- Eu acho que eu nunca vi você fazer tanto exercício. – Jaebum riu. Eu estava com a cabeça deitada no seu colo, estávamos debaixo da pequena árvore que tinha no quintal.

- Felizmente eles só vêm duas vezes ao ano. – Comentei, suspirando.

O dia não foi de todo ruim e Jaebum não se estressou o dia inteiro, na verdade ele parecia bem feliz, e isso me deixava feliz também. 

Isso significava que estávamos progredindo? 

Senti o mais velho acariciar meu cabelo e fechei os olhos, satisfeito.

Yugyeom não era um completo idiota afinal.