— Aqui é o nosso quarto e mais para frente fica o banheiro. Estão terminando de colocar a bancada na cozinha e temos que escolher as cores para pintarmos as paredes. Ah, e também estou pensando em instalar uma banheira na suíte, você gosta?
— O que você quiser está bom – respondi, desanimado. – Podemos voltar para a mansão agora?
— Não quer terminar de ver o apartamento? Podemos dar uma volta pelo prédio também. – Jessie insistiu. Tentou pegar em uma das minhas mãos, mas me afastei e cruzei os braços.
— Eu já vi tudo o que queria. Vamos nos mudar só semana que vem, não é isso? Não precisa de pressa.
Ele bufou de impaciência, colocou as mãos no bolso da calça e me olhou sem esconder o quanto estava decepcionado.
— Não está tornando as coisas fáceis, Júnior.
— É melhor me chamar de Thiago – reclamei, sem desviar o olhar. – Meu pai não está por perto para ouvir, se é disso que você tem medo.
— Eu não tenho medo do seu pai. Eu tenho respeito. Coisa que você também deveria ter.
— Ele me espancou, e não foi a primeira vez.
— Júnior…
—A BOSTA DO MEU NOME É “THIAGO”!
Gritei tão alto que senti minha garganta doer.
Jessie baixou o rosto e só suspirou. Vi que ele estava se controlando, era mais ou menos aquela cara que ele fazia quando estávamos na cama e ele queria ir além do meu limite. Mesmo assim não tive medo.
— Aprenda a calar a boca – ele disse, me encarando – Eu estou sendo um ótimo esposo até agora e se fosse você aprendia a ficar na linha e aproveitava o fato de eu gostar de você.
— Se gostasse de mim de verdade não teria ficado parado, viu as marcas que o Rey deixou nas minhas costas?
— Acha que eu não queria entrar lá e te ajudar? Acha mesmo que eu gostei de ouvir seus gritos?
— Na cama você gosta. Provavelmente ficou excitado com o meu pai me batendo!
Vi uma veia saltar da testa dele, Jessie levantou a mão aberta na minha direção e eu dei um passo à frente.
— Bate! – falei, sem mover mais nenhuma músculo. – Sei que você quer, então me bate logo. Seu canalha!
Ele baixou a mão, se controlando um pouco e esperando alguns segundos antes de voltar a me olhar.
Vi a tristeza estampada em seu olhar e declinei um pouco de toda a raiva que estava sentindo. Talvez eu estivesse sendo um pouco duro demais com ele… Afinal éramos casados, deveria existir uma maneira da gente ficar junto sem todo aquele clima desolador.
— Desculpe – ele falou, mais calmo. – Eu sinto muito, mas você não facilita as coisas! Eu estou tentando fazer tudo isso dar certo e você fica o tempo inteiro me lembrando do meu irmão!
— Não vai começar a falar dele, o TK não tem nada a ver com o que está acontecendo.
— Não? Tem certeza disso?
Ele levou as mãos ao rosto, limpando o suor e depois coçando o cabelo antes de ir até um outro cômodo e abrir uma janela para que o cheiro de tinta parasse de incomodar.
Esperei que ele começasse a falar, mas Jessie pareceu relutante. Fiquei me perguntando o que ele estava escondendo de mim. Sabia que a relação dos Kilians nunca foi a da melhor, tinha muito naquela família que eu ainda não sabia. Parecia cada vez mais estranho eu estar casado com um deles.
Jessie olhou para a janela e ficou vendo o céu escurecendo, mostrando que logo haveria chuva. Depois ele pigarreou e começou a falar.
— Não é a primeira vez que TK e eu gostamos da mesma pessoa. Isso já aconteceu antes, com Amanda.
— A sua noiva? A que morreu com o seu bebê?
— Sim. E aquele não era o meu bebê… Aquela criança era do TK.
A revelação foi como um choque para mim.
Fiquei um momento sem entender do que ele estava falando, até que Jessie continuou.
— Amanda era uma amiga, nós nos conhecemos no ensino médio e começamos a namorar depois de um tempo, gostávamos um do outro, mas quando eu a pedi em casamento ela acabou relutando e disse que não me amava do mesmo jeito que eu a amava.
— E onde o TK entra nessa história?
— Eles começaram a se encontrar uma semana depois que rompemos, eu não aceitei bem isso e acabou que nossa família se dividiu um pouco. Acho que deve ter sido nessa época que meu irmão passou a se aproximar da gangue do seu pai. Amanda me disse que as coisas entre eles estavam indo bem e eu acabei deixando de ir contra e aceitei que eles estavam tendo uma relação que significava algo para os dois. Pelo menos eu acreditei que significava algo para o TK.
Ele parecia relembrar.
Me aproximei, temendo como aquela história se desenrolaria.
— Quando a Amanda ficou grávida ela me procurou e disse que o TK tinha se afastado dela, que ele não ia assumir o bebê. Ele a abandonou depois de engravidá-la! Sabe como eu senti raiva dele depois disso? Quase matei o TK. Literalmente. Eu esfaqueei ele, mas TK se safou e cada um foi para um lado. Eu pedi Amanda em casamento novamente e ela aceitou, vivemos meses incríveis e eu estava começando a me acostumar com a ideia de ser pai. Eu ia assumir aquela criança, e estava feliz com aquilo. Até que ela morreu... – ele enxugou os olhos e fungou. – E TK sequer apareceu no enterro.
— É por isso que vocês se odeiam?
— Não odeio o meu irmão. Mas ele me tirou a única pessoa que eu amava – Jessie veio até mim devagar e pousou a mão no meu ombro, deslizando a mão pelo meu pescoço e acariciando meu cabelo. – Só não quero que ele tire isso de mim de novo.
Senti algo diferente, a raiva que eu sentia a poucos minutos de Jessie desapareceu e me perguntei por quantas coisas ele poderia ter passado. Não achava que ele fosse o bonzinho de toda a situação. Jessie era apenas uma pessoa normal, ele errava
Eu deveria dar uma chance para ele. Nós íamos morar juntos como pessoas casadas, não haveria mais o meu pai para nos atrapalhar. Talvez as coisas fossem melhores dali pra frente.
— Me desculpe – ele pediu, me abraçando. – Vou ser um bom marido, eu te prometo.
— Eu… - pensei no que dizer. Olhei para os lados e em seguida para ele, imaginando o que deveria falar. – Sobre… Sobre o banheiro. Em que lugar você quer que a banheira fique mesmo? Porque o espaço lá não é muito, e vou querer o chuveiro para…
Ele me beijou antes que eu pudesse continuar falando aquele monte de coisas sem sentido. Ele ficou feliz por eu deixar que continuasse, sorria durante o beijo e então me levou até onde seria o nosso quarto. Suas mãos passaram pela minha cintura colando seu corpo ao meu e me deixando sentir o processo da sua ereção nascendo. Tirei a minha blusa deixando que o beijo continuasse em seguida, arrastava a minha língua pela dele, Jessie mordiscava meu lábio e continuava deixando que suas mãos entrassem na minha roupa e apertou minha pele me agarrando um pouco mais forte.
— Não vamos transar aqui, vamos? – perguntei, olhando para o chão e vendo como a minha voz ecoava no quarto vazio.
— Com certeza vamos. E não vai ser só uma vez…
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