História Para sempre te pertencerei - Capítulo 4

Capítulo 4

Dunvegan Castle

Escócia,

Highlands

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Eles saíram ao meio dia e seguiram viagem lentamente, para que os cavalos não se casassem demais e para que eles mantivessem suas forças para a luta imediata. Assim que avistaram o castelo, apagaram suas tochas e amarraram os cavalos onde ainda era floresta.

Quando anoiteceu, as três agradeceram silenciosamente pelas armaduras quentes. O ar ficou gélido e uma leve garoa os acompanhou. Elas ficaram caladas durante todo o caminho, com medo de denunciarem-se ao falar.

Naruto tomou a frente dos homens.

— Seguiremos caminho por terra, aproveitaremos a escuridão para mascarar nossa visita! Mas antes de tudo, gostaria que lembrassem nossas regras! — Ele falava baixo, mas sua voz forte era ouvida por todos. — Homens MacDonald não cometem estupro. — Seu olhar era duro. — Não entraremos no castelo a menos que seja estritamente necessário! Saibam que viemos aqui para uma retaliação!

Os homens concordaram, mesmo que não pudessem ver seu rosto, sabiam que a palavra do Laird era lei.

— Os Uzumaki MacDonald irão comigo. — Hinata sabia que estava inclusa dentre os mesmos.

— Os Uchiha MacDonald irão comigo! — Sasuke comandou aos seus homens.

— E os Sabaku MacDonald seguirão a mim. — Gaara falou por ultimo.

Os homens anuíram.

Eles seguiram caminho pela área aberta, elas não sabiam se ficavam impressionadas por tantos homens andarem juntos sem fazer um único barulho, ou se ficavam orgulhosas por estarem indo lutar ao lado de guerreiros tão bem treinados.

Ah... Como sentiram falta daquela terra e dos escoceses. A vida entre os ingleses fora monótona, aguentavam bailes e mais bailes. Não podiam falar que eram das Highlands e nem sobre sua família. Eram vistas como duas jovens órfãs e ricas que viviam com uma governanta. Porém, a mulher havia voltado para seu clã quando elas completaram vinte anos, apenas um ano antes da carta, deixando as três por si mesmas, confiando nelas e em seu treinamento.

Agora poderiam lutar por algo que não fosse treinamento. Poderiam vingar um jovem que não estava pronto para sofrer o que o obrigaram a sofrer. E poderiam finalmente saber se todos os anos que treinaram para proteger a si mesmas seriam de alguma utilidade.

Assim que chegaram as muralhas, esconderam-se nos últimos vestígios de arvores e Sasuke virou-se para Gaara.

— Acha que consegues atirar uma flecha no muro?

— Não sei... — O ruivo estudou a estrutura, ele conseguia atirar longe, mas estava muito escuro. Algo que ajudava a escondê-los e ao mesmo tempo dificultava a invasão.

Ino, ao ouvir aquela frase, não conseguiu se conter.

— Meu companheiro pode fazer!

Hinata arregalou os olhos, acotovelando a prima quando os três as olharam. Ino percebeu que sua voz saiu levemente afeminada, por isso completou, com a voz mais forte e grave.

— Ele sempre foi bom em arco e flecha.

— Mesmo no escuro? — Naruto questionou, estudando o jovem que o outro apontava.

Hinata viu-se obrigada a assentir.

— Pois então venha, homem!

A morena deu um passo à frente e pegou o arco e a flecha das mãos de Gaara, a ultima era de aço e tinha uma corda amarrada na ponta. Ela posicionou a flecha, ergueu o arco e mirou.

Hinata podia sentir os olhos em suas costas, mãos e rosto. Mas sabia que estava escuro e ninguém a reconheceria, por isso relaxou os músculos, respirou fundo, mirou com precisão e quando Naruto ia perguntar se ela conseguiria mesmo, soltou a flecha.

A seta voou pelo ar, um leve assobio da mesma cortando o ar pôde ser escutado. E então, ela fincou-se na muralha, bem no alto, a apenas poucos centímetros do topo.

Um assobio baixo saiu dos lábios de Naruto.

— Isso foi muito bom garoto! — O loiro apoiou a mão direita no ombro da morena e deu dois tapinhas, inconsciente do arrepio que atravessou o corpo da mesma. — Para um jovem tão pequeno e magricela, acabou de provar o seu valor!

Hinata sorriu, mas sabia que ele não pôde ver por ela estar de cabeça baixa.

— Agora vamos! — Sasuke ordenou, seguindo a frente com cuidado, para manter sua presença em segredo. O moreno agarro a corda, testou as firmeza e subiu primeiro, sendo seguido por Gaara e depois por Naruto. Logo mais duas cordas surgiram, Hinata pegou uma, Ino a outra e Sakura a ultima. Subiram rapidamente e chegaram ao topo da muralha, encontrando os outros três no corredor que havia lá no alto, onde os vigias passavam.

Sakura olhou para a direita e não se assustou quando encontrou dois homens, no caso os vigias, caídos ao chão com uma poça de sangue os rodeando. Eles seguiram caminho para as escadas de madeira que haviam um pouco a frente e desceram, um a um.

Os líderes ficaram ao lado da escada estudando cada homem que descia, somente para ter certeza de que tudo estava indo como o planejado. Elas ficaram enfileiradas contra a muralha para manterem-se na escuridão e observaram o enorme pátio.

Quando o ultimo homem tocou o solo, um grito feminino reverberou pelo pátio.

Todas as cabeças viraram-se em direção aos estábulos. A porta se abriu e uma mulher apareceu e gritou novamente quando braços fortes a rodearam.

— Não! Solte-me! Socorro!

E antes que qualquer um tomasse uma atitude, três figuras pequenas correram pela escuridão a toda velocidade. Elas jamais permitiriam um estupro enquanto pudessem impedi-lo.

***

A mulher sentia suas pernas tremerem. Isso não podia estar acontecendo com ela... Não com ela... Como seu pai pôde fazer isso? Como ele permitia isso?

— Finalmente será minha mulher. — Sua respiração fétida bateu contra seu rosto e a vontade de vomitar aumentava cada vez mais. Suas mãos grandes e cheias de calos ergueram suas saias e agarraram suas cochas. — Irei foder-te e acabar com isso. Já és minha.

Ela sentiu lágrimas em seus olhos e mesmo que seu rosto queimasse pelo soco que recebera, que seu couro cabeludo ardesse pelos puxões que recebeu e que ele já estivesse soltando o cinto que prendia sua espada para que ele pudesse descer suas caças, elas não deixou de lutar. Esperneou, gritou e tentou bater nele, mas ele ergueu a mão novamente e desferiu outro tapa. Agora do outro lado do rosto.

— Por favor... — Pediu, mas logo se engasgou pelas lágrimas.

A primeira a chegar fora Hinata. A morena sempre era a ultima a entrar em uma luta corpo a corpo, sempre preferiu o diálogo antes da briga, mas quando ele viu aquele homem enorme subjugando a mulher morena e pequena, ela perdeu todo o controle que tinha.

Seu grito de ódio reverberou pelo estábulo. Quem de fora ouvisse, pensaria que pertenceria a mulher debaixo daquele monstro, mas ele não... Agindo rápido, o homem agarrou sua espada e se ergueu, suas calças foram ao chão, mas ele não se importou. Saiu delas enquanto aparava o golpe feroz que Hinata desferiu.

Os dois trocaram golpes, Hinata utilizando sua rapidez para atacar e o homem sua força. A menina observava seu salvador sem acreditar no que via.

Hinata desviou-se de um golpe e foi para trás dele, atingindo-o no braço direito e fazendo-o urrar de dor e raiva. Quando isso aconteceu, a vítima puxou o ar com força, fazendo a morena desviar o olhar por apenas alguns segundos do oponente. E esses poucos segundos foram cruciais.

O homem atingiu seu rosto com a costa da mão, fazendo sua cabeça girar com a força do golpe e seu corpo cair ao chão. No momento que isso aconteceu, Sakura e Ino apareceram na porta.

A rosada viu sua irmã indo ao chão em câmera lenta e uma raiva sobre-humana tomou conta da mesma. Ela correu, agarrou os ombros do homem, fazendo-o de trampolim, ergueu o corpo e sentou-se em seus ombros. Ao mesmo tempo Ino correu, desferiu um golpe na parte de trás de seus joelhos, o que o fez cair sobre os mesmos. E Hinata, recuperada do golpe, agarrou sua espada e a ergueu, descendo-a com força e rapidez sobre sua mão. A mão que atingiu seu rosto e o da mulher atrás dela.

O homem observou tudo com os olhos arregalados, sem saber o que o derrubou em tão pouco tempo. E quando viu sua mão cair no chão, um grito forte de dor saiu dos seus lábios, mas antes que ele ficasse alto o suficiente para que percebessem que era de dor e consequentemente denunciasse a emboscada, Sakura agarrou sua cabeça e fez um movimento rápido, quebrando seu pescoço.

A rosada pulou de seu ombro e as três observaram em silêncio o corpo do homem caindo ao chão. Essa foi a primeira vez que elas mataram alguém em suas vidas. E por mais que o peso agora jazia sobre seus ombros, elas esqueceram-no quando ouviram um soluço no canto do estábulo.

— Obrigada... — A mulher abraçou suas pernas, seu corpo tremia. — Obrigada...

E sem perceber, as três ajoelharam-se na frente dela, ergueram as mãos e agarraram seus elmos, os retirando. A mulher arregalou os olhos quando viu seus longos cabelos caindo sobre seus ombros e suas feições femininas ficando visíveis.

— O... O que...

— Qual é o seu nome? — Hinata perguntou, segurando uma de suas mãos.

— Ten-Tenten...

— Pois bem Tenten, eu sou Hinata.

— Eu sou Sakura. — A rosada segurou sua outra mão.

— E eu sou Ino. — A loira apoiou a mão em seu ombro.

— Agora estas conosco. — Hinata sorriu docilmente.

— Eis o que resta a se fazer... — Todas viraram em direção à porta e arregalaram os olhos quando perceberam que todos os homens com quem vieram estavam lá. Naruto deu um passo à frente — Quero que respondam a três perguntas: Quem são? O que pretendem infiltrando-se entre meus homens? E o que três mulheres disfarçadas estão fazendo em uma luta que não é delas?

Sasuke aparecera na porta no momento em que a rosada corria em direção ao homem muito maior que ela, observou quando pulou e parou nos ombros do homem.

Gaara chegara quando a loira ajoelhou no chão e desferiu um golpe rápido nas pernas dele, fazendo-o cair de joelhos.

Naruto chegou quando a morena ergueu a espada e cortou a mão do homem.

Os homens chegaram quando Sakura agarrou a cabeça do homem e a torceu, quebrando seu pescoço.

Mas nenhum deles falou nada, não estavam surpresos por aquilo. Acharam estranho até, já que normalmente somente um homem lutava contra outro... Mas então elas caminharam em direção à mulher que foi salva e no momento em que ergueram as mãos para seus elmos, ergueram os mesmos e liberaram seus cabelos... Olhos se arregalaram e respirações ficaram presas em gargantas. Eles reconheciam as cores daqueles cabelos.

A que matou tinha o cabelo rosa da mulher que ficou apaixonada de cara pelo homem mais bonito do clã. A de cabelo negro-azulado fora a que andara como uma dama e agiu como uma. A de cabelo loiro fora a tagarela que arrumara problemas durante toda a viagem de volta com Konohamaru.

Eram três mulheres, três desconhecidas e que eram capazes de matar.

Elas eram um perigo para o clã.

As três agarraram seus elmos do chão, ergueram-se, prenderam seus cabelos no alto da cabeça e botaram os elmos.

— Creio que teremos de conversar sobre isso depois. — Hinata deu um passo à frente, confrontando Naruto nos olhos.

— Até por que, temos que lutar. — Ino seguiu a prima, encarando Gaara desafiadoramente.

— E nosso inimigo esta bem atrás de vós. — Sakura seguiu as outras duas, olhando arrogante para Sasuke.

Todos se viraram de supetão, vendo uma luz bruxuleante vindo pelos fundos.

— Para a escuridão! — Naruto sussurrou para seus homens, já que foi o primeiro a sair do estupor.

E mais uma vez, aqueles homens andaram rápida e silenciosamente até o muro, mantendo-se escondidos. Os três líderes entraram nos estábulos, pegaram o homem como se ele nada pesasse e o jogaram silenciosamente em um estabulo vazio. Sakura, Hinata e Ino trocaram um olhar quando ouviram a voz do lado de fora chamar baixinho.

— Senhorita Tenten?

A morena arregalou os olhos para as três e acenou freneticamente para que se escondessem.

Seguindo o que ela disse, as três correram e derem de cara com Naruto, Gaara e Sasuke. Hinata espalmou as mãos no peitoral do loiro e empurrou-o de volta para o estabulo onde o morto estava, Sakura e Ino fizeram o mesmo com Sasuke e Gaara, respectivamente. Os três ficaram tão abismados que nada fizeram.

Elas caíram em cima deles no exato momento em que Tenten se levantou, jogou feno em cima da poça de sangue e secou as lágrimas. A porta se abriu.

— Estas bem, senhorita? — Reya, a moça da cozinha, questionou, olhando envolta. — Ele já partiu?

— Sim Reya, e eu irei também. Mas preciso de um momento sozinha. Para me recuperar...

Eles ouviram o chora da mulher começando e ouviram a cozinheira entrar.

Sakura apoiou o cotovelo no peito de Sasuke e descansou a cabeça na palma, encarando descaradamente o rosto do moreno, que se mantinha inerte no chão, com os olhos focados no teto alto e de madeira. Em sua cabeça não estava fazendo nada demais, mas na de Sasuke aquela mulher estava sendo muito invasiva.

Hinata manteve o olhar no peito de Naruto, com medo de erguê-lo e enfrentar as safiras. Sabia que ele estava irritado, suas mãos apertavam sua cintura com força e ela não ousou reclamar, com medo de que fossem descobertos.

Ino estava literalmente deitada em cima do ruivo, com o rosto virado para a cara do morto e uma careta de nojo na face delicada. A loira estava sentindo que iria ter muitos problemas depois dessa descoberta por parte do líder do clã e de seus braços. Ela estava tão concentrada imaginando as mil e uma maneiras que elas poderiam ter fugido antes de tudo aquilo ter acontecido que ignorou totalmente a mão apoiada na base de suas costas.

— Me deixe só, Reya, por favor... — Ouviram a mulher que salvaram pedir.

— Tudo bem, senhorita. Fique bem e depois entre, farei um caldo para ti.

Ouviram a porta fechar, mas mantiveram-se sem mover um único músculo.

— Já podem sair. — Tenten apareceu em frente ao estábulo e observou a cena a sua frente. Uma nem um pouco apropriada, já que havia três damas no meio. Todos se levantaram e agiram como se nada tivesse acontecido.

— Por que não nos denunciou? — Sasuke questionou interessado.

— Por que desejo que destruam os homens horríveis desse clã e que me levem para o de vós.

Naruto piscou.

— Como?

— Esta é minha troca. — Tenten informou. — Levem-me ou vos delatarei.

— Poderíamos mata-la agora mesmo, mulher! — Gaara esbravejou.

— Pois então me mate. — Tenten foi direta. — Prefiro morrer a ficar aqui, um lugar onde meu próprio pai me entrega para ser diversão de outros homens com quem não estou casada!

As três arregalaram os olhos.

— Então...? — Sakura fez a pergunta subentendida, mas Tenten negou.

— Não... Não chegou a se concretizar, salvaram-me antes.

— Pois bem. — Naruto deu um passo à frente. — Podes vir conosco. Mas precisa sair daqui antes que a batalha comece. — Ele desviou o olhar para as outras três. — Vós também.

— O que!? — A pergunta foi feita em uníssono.

— Não lutamos ao lado de mulheres. — Sasuke rosnou e caminhou a passos duros em direção à porta. As três nunca se sentiram mais indignadas em suas vidas. Ele abriu a porta e observou o pátio, ao constatar que estava vazio, chamou três de seus homens.

— Escoltem-nas até o outro lado do muro e depois voltem. — Naruto rosnou sem olhar para elas.

Cada um deles pegou uma das três guerreiras e Tenten os seguiu de perto.

— Não acredito que isso esta acontecendo em um momento como este. — Naruto passou a mão pelos cabelos curtos.

— Precisamos nos livrar destas mulheres antes que nos tragam problemas! — Gaara rosnou, repetindo o gesto do primo.

— Vamos para fora, já acabamos com elas. — Sasuke afirmou, saindo do estábulo com os primos atrás.

***

— Isto é inadmissível! — Sakura rosnou enquanto tentava chutar a perna do soldado que a carregava pela cintura e ao mesmo tempo descia-os pela corda, com facilidade, como se ela nada pesasse. Ah... Como isso a irritava mais ainda.

— Inadmissível é o fato de a senhorita e suas comparsas terem se infiltrado entre nós. — O moreno, que só agora ela percebeu se tratar de Lee, ralhou.

— E qual o problema disso? — Perguntou, mesmo que já soubesse a resposta.

— Fora o fato de que o lugar das mulheres é em suas casas, cuidando de sua família?

A rosada apertou os dentes e se afastou dele com brutalidade, no exato momento em que tocaram o chão.

— Pelo que vê hoje, isto já não é mais um fato! — Tentou chutar sua canela, mas o homem conseguiu desviar a tempo.

— É um fato sim, senhorita! E, além disso, vós sois um perigo a nossa missão e ao nosso clã! Não podemos confiar em qualquer um, homem ou mulher, que é capaz de matar, trair ou ser um espião!

Hinata e Ino haviam acabado de ser postas no chão quando Sakura cruzou os braços.

— E o que espiaríamos? O fato de estarem ao lado de Robert?

Lee arregalou os olhos.

— Cale-se e espere aqui, mulher! — O moreno rosnou e agarrou a corda novamente, ao mesmo tempo em que Tenten se firmava no chão. Os outros homens seguiram o exemplo de Lee e subiram.

Mas, diferente do que elas achavam, eles foram espertos. Ao chegarem ao topo, cortaram as cordas das flechas e desapareceram no escuro.

As quatro olharam envolta, três delas com o sangue fervendo de indignação e raiva, já Tenten ainda estava movida a pura adrenalina.

— Tenho que conferir uma coisa. — A McLeod afirmou, já se afastando dos muros e indo em direção à floresta mais adiante. Intrigadas, as três a seguiram de perto, fazendo de tudo para manterem-se escondidas.

Ao chegarem em um montículo de terra, alto o suficiente para ajudar a ver uma vasta extensão de floresta adiante, subiram atrás de Tenten e estudaram o horizonte.

— O que fazes? — Ino pergunto, estreitando os olhos e tentando enxergar na escuridão.

— Se meus cálculos e os cálculos de todo o clã estiverem certos, metade dos homens do castelo logo chegarão.

Hinata apoiou a mão no ombro dela.

— Tens certeza?

— Sim.

— Então precisamos avisar aos homens. — Ino deu voz ao que suas mentes diziam.

— Por mais que eu queira sumir daqui enquanto ainda temos chance... — Sakura resmungou enquanto descia lentamente. — Minha honra não me permite.

— Silêncio! — Hinata sussurrou enquanto movia a mão por sobre o ombro e pegava uma flecha.

— O que aconteceu? — Tenten sussurrou a pergunta enquanto Sakura voltava para o próprio lugar. Porém Hinata nada respondeu.

Ino e Sakura trocaram um olhar, sabiam que a morena tinha uma ótima visão e percepção, por isso devia ter visto o inimigo antes delas. A morena mirou e puxou o arco, todas aguardaram em silêncio e observaram a parede de arvores a alguns metros de distancia. No momento que um movimento se fez dentre as arvores e um homem a cavalo surgiu, Tenten reconheceu o tartan.

— São eles! — Sussurrou o aviso para, no segundo seguinte, a morena soltar a flecha. O silvo suave da flecha cortando o vento soou como um grito no silencio da noite, assim como o som do baque surdo do corpo caindo ao chão. A flecha o acertou bem entre os olhos.

Todas ficaram em silencio e viram o cavalo seguir seu caminho, como se não percebesse a falta de seu cavaleiro.

— Vamos. — Sakura quebrou o momento e voltou a descer silenciosamente. — Ganhamos alguns minutos de vantagem, vamos torcer para que eles não escutem a gritaria antes de avisarmos aos MacDonalds.

— Rápido! — Ino começou a correr, assim como as outras três. Não estavam muito longe, mas precisavam aproveitar cada segundo que tinham. O som da luta ia ficando cada vez mais alto.

— Como vamos fazer para subir? — Tenten questionou, sua voz saindo ofegante.

— Não se preocupe. — Sakura sorriu. — Foi a minha irmã que os botou lá dentro.

— E eles esqueceram-se disso. — Hinata parou em frente ao muro e pegou a corda no chão, amarrando as cordas que caíram ao chão anteriormente na flecha. Ela nem mesmo se afastou, simplesmente mirou, acertou e testou para ver se ela estava firme. — Vou subir primeiro para dar cobertura a vós.

Ela subiu rapidamente e quando chegou lá em cima, Ino subiu também.

— Suba primeiro. — Sakura incentivou Tenten, que seguiu seu conselho e subiu.

Assim que chegou ao lado da prima, Ino viu Hinata acertar um homem que vinha na direção delas. A loira pegou um punhal que havia em sua bota e o lançou, acertando outro que estava logo atrás.

— Isso está mais mortífero do que imaginei. — Tenten afirmou enquanto parava atrás de Ino e Hinata.

— E eles melhores do que imaginei. — Sakura afirmou, quando chegou ao lado delas.

E a rosada estava muito certa.

Naruto, Sasuke e Gaara lutavam lado a lado. Nenhum homem que chegava perto deles voltava vivo, suas claymores dançavam no ar, o brilho do sangue e do reflexo das tochas podia ser visto de longe.

Enquanto Naruto lutava furiosamente contra um homem, seu rosto com uma expressão feroz e sua capa branca, agora com machas de sangue, se movia junto de seu corpo forte, outro veio ataca-lo pelas costas. Antes que Hinata pudesse erguer seu arco e acertá-lo, Sasuke soltou um rosnado alto e furioso, seus olhos negros brilhavam e, de onde estavam, pareciam quase vermelhos, junto com seus cabelos negros e sua capa do mesmo tom, o moreno assustava a qualquer um, principalmente quando sua lâmina desceu, sem piedade e hesitação, pelo pescoço do homem que tentava atacar seu primo.

Gaara, ao ver que os primos estavam bem, correu em direção a um highlander rival que estava prestes a enfiar a espada no pescoço de um jovem MacDonald, seu corpo grande e forte se movia com destreza, e sua sede por sangue se tornava até mesmo graciosa enquanto ele saltava e cortava o braço do outro de forma precisa. E antes mesmo que o homem pudesse reagir à própria dor, ele girou, fazendo sua capa cinzenta voar com o vento ao redor do seu corpo, e enfiou sua espada no peito do outro.

— Muito melhores... — Ino sussurrou em transe. Assim como todas as outras estavam.

Por mais assustador e estranho que fosse, ver aqueles homens poderosos e ferozes lutar fazia com que todas elas sentissem um comichão no estômago. A dança da luta, seus corpos fortes e ágeis, seus movimentos precisos e certeiros, suas expressões faciais... Era hipnotizante e bonito. Porém, aquele transe foi quebrado quando um highlander grande chegou ao corredor que havia em cima do muro e as encurralou.

— Ora, ora, se não é a senhorita Tenten... — O homem sorriu, ele poderia até mesmo ser bonito, se sua expressão cruel não acabasse com todo o seu encanto. — Vejo que foi raptada... Mas não se preocupe, irei leva-la de volta para casa e me divertir um pouco.

Ele deu um passo à frente, mas não esperou o que lhe aconteceu a seguir.

Antes que qualquer uma tivesse uma reação, Sakura, que sempre teve o pavio mais curto e o gênio mais forte, soltou um grito de puro ódio e correu em direção ao homem. O mesmo riu e ergueu a espada, o som metálico do choque foi alto, assim como a força usada pelo homem fez os músculos da rosada estremecerem.

Mas Sakura sempre tivera uma força acima do normal em comparação com as outras mulheres. Urrando alto para lhe dar forças, a rosada girou e tentou dar um golpe no homem, que abaixou, fazendo exatamente o que ela queria que ele fizesse. Ela usou os milésimos de segundos ao seu favor e pisou no joelho dobrado do homem, dando impulso para que ela se sentasse em seus ombros e apertasse as cochas em seu pescoço, fazendo-o asfixiar quanto mais ela apertava. E quando ele começou a tombar pra frente, a rosada ergueu a espada no alto e enfiou-a em seu crânio.

— Vamos ver agora quem se divertiu. — A rosada cuspiu e saiu de cima do corpo inerte, olhando para as outras. — Hinata, nos dê cobertura enquanto pode, depois corra através do muro e desça daquele lado. — A rosada apontou para um canto afastado da batalha. — Iremos para lá quando entregarmos a mensagem. Fique viva.

A morena assentiu.

— Vós também. Todas.

E então elas se infiltraram no meio da batalha enquanto a Hyuuga eliminava o máximo de inimigos em seu caminho.

Ino foi à frente, Tenten logo atrás dela e Sakura na traseira. Ino desferiu um golpe mortal em um homem que vinha em direção a Tenten, cortando-o em diagonal do ombro direito até a cintura esquerda, ele caiu instantaneamente e Tenten agarrou a espada dele, mas como era pesada demais a morena usou somente para enfiá-la no estômago do homem que estava se lançando sobre ela como um leopardo.

Todos os homens do clã McLeod estavam furiosos; quando viam a morena ao lado dos inimigos ferviam de ódio e iam a sua direção para mata-la. Sakura, num certo momento, teve que cortar o pescoço de um enquanto Ino parava a espada do outro e Tenten o golpeava no peito.

Quando já estavam cansadas e banhadas em sangue, um homem surgiu em frente a elas. Ele era mais alto que todos os outros com quem lutaram, pesava mais de cem quilos de puro músculo.

— Ah meu Deus... — Tenten sussurrou com seus olhos arregalando.

— O que foi? — Ino olhou para a morena por um segundo antes de voltar a olhar para o homem.

— Ele é o Morte Negra, o homem mais forte do nosso clã... —Ela sussurrou assustada. O homem ergueu o braço forte, sua mãozorra apertando com força e ódio o cabo de madeira da espada. Ele a desceu com velocidade, Sakura saltou para o lado assustada e se preparou mentalmente para enfrenta-lo. Podia morrer, mas jamais desistiria. Ele ergueu a espada novamente e a rosada se empertigou toda, erguendo a espada para lutar contra ele. Foi nesse momento que um zunido baixo e familiar passou por sua orelha, um fio de cabelo solto voou após ser cortado pela ponta da flecha, que acertou a perna grossa do homem.

A Haruno olhou por sobre o ombro e encontrou Hinata deitada no chão, coberta de sangue com um homem caído ao seu lado. Porém com o arco na mão. As duas trocaram um aceno e a morena se ergueu, voltando a atirar em alguém ao lado de Ino.

Ela estava fazendo a sua parte.

Sasuke abaixou-se para desviar de um golpe e enterrou a espada até o punho no estômago do adversário, quando a estava puxando de volta ele escutou o urro enraivecido e olhou instintivamente para lá.

O mundo pareceu parar naquele momento.

Um rapaz pequeno estava enfrentando um homem gigante, que arrancava uma flecha da perna direita e voltava a erguer a espada.

— O que estás fazendo? — Naruto berrou ao seu lado enquanto parava uma espada e trocava golpes rápidos com outro adversário, para logo cortá-lo de lado a lado e virar-se para o primo. O Laird seguiu o olhar do mesmo e observou confuso por um momento, o homenzarrão descer a espada outra vez, porém no ultimo segundo uma nova flecha surgiu em sua mão direita.

— Uma... Uma... — O loiro balbuciou sem desviar o olhar da flecha. Eles não haviam trago nenhum arqueiro além da...

O loiro desviou o olhar para a origem da flecha e encontrou um rapaz atravessando o arco nas costas e erguendo a espada, antes de se jogar em uma luta com um homem no alto da fortaleza e o jogar de lá de cima depois de apunhala-lo.

E foi aí que eles, finalmente, perceberam quem eram os “rapazes”.

Sem trocar nenhuma palavra, cada um correu para um lado, cortando os homens em seus caminhos até chegarem a seus destinos. Sasuke estava mais próximo, por isso chegou primeiro, aparecendo por trás de Sakura. Ele a contornou e aparou o golpe do homenzarrão, os dois trocaram golpes tão fortes que faíscas pareciam sair de suas espadas e o barulho ultrapassava os berros da batalha. Sakura o observava por trás, completamente surpresa. Mas a rosada logo saiu do próprio estupor e aparou um golpe de um homem que ia atacar Sasuke pelas costas. Um homem que não tinha nem mesmo honra.

Sasuke cortou a mão do homem em um golpe rápido, girou e enfiou a lâmina de sua claymore em seu crânio. Quando ele finalmente virou-se, encontrou a mulher puxando a lâmina do peito do outro.

— O que estas fazendo aqui?

Sakura voltou-se para ele assustada com a voz de trovão, mas ao mesmo tempo ela sentiu algo se remexer na boca do estômago. Ela deu um passo à frente e ergueu seu rosto para o do moreno, apoiando as mãos na cintura.

— Deverias agradecer por eu estar aqui!

Sasuke curvou o corpo para frente com uma expressão de fúria completa.

— Pois não estou. Vá embora antes que eu mesmo a mate!

Sakura ergueu uma sobrancelha.

— É mesmo?

O rosto de Sasuke se contorceu ainda mais. Jesus! Trocara três palavras com a mulher e ela já o havia exasperado!

— Pare de infantilidade, Sakura! — Ino ralhou enquanto puxava Tenten para perto deles e falava com Sasuke ao mesmo tempo em que acertava um homem que se aproximava na testa com sua ultima adaga.

— A outra parte do clã está nas proximidades.

***

Naruto correu, só o pensamento de que uma mulher estava entre eles e que poderia ser morta a qualquer momento o fez se mover como se estivesse pegando fogo.

O loiro subiu as escadas como um touro e ao chegar lá em cima encontrou-a lutando contra um homem de pele negra, com o dobro do seu tamanho. Naquele momento ele nem mesmo reparou na graça com a qual ela lutava, a única coisa na qual conseguia pensar era na loucura que aquela mulher suicida estava cometendo. Ele correu em sua direção, agarrou sua cintura com um braço, girou o corpo para botá-la atrás dele e aparar a espada ao mesmo tempo.

Hinata olhou para ele indignada e esse sentimento só aumentou enquanto o loiro virava-se por completo para o outro e o acertava com golpes fortes e majestosos, a ponto de fazer o inimigo dar passos para trás e cair de uma altura de vinte metros. Ao chegar ao chão um homem MacDonald enfiou a espada em seu peito.

Naruto virou-se para Hinata com os olhos azuis fervendo.

— O que pensas que está fazendo?

Mas a morena não se importou nem um pouco com a forma ríspida com a qual ele falou, ela simplesmente ergueu o braço e apontou.

Ao longe um mar de tochas iluminava a floresta. Ainda não estavam em movimento por que provavelmente esperavam o homem que ela havia matado.

— Os outros homens do clã logo estarão chegando. Aconselho que saiamos daqui logo antes que sejamos encurralados. — Ela desviou seus belos olhos da cor da lua para ele. — Viemos preparados para poucos homens, não para centenas.

O Uzumaki anuiu confuso com a forma com a qual ela falou com ele. Tão... Calma e decidida que até mesmo ele, que era tão cabeça dura, a escutou.

***

Sasuke olhou para Ino e depois para Sakura, que desfez a careta arrogante e falou, olhando no fundo dos seus olhos.

— Precisamos sair em retirada silenciosamente, mas não sem deixar nosso aviso.

O Uchiha ficou perdido em seus olhos verdes brilhantes por alguns momentos, até que balançou a cabeça. Seu rosto cheio de sangue aumentava ainda mais a intensidade daqueles orbes. Até demais.

— Isso quem decide somos nós, garota.

Ele passou os olhos pela multidão sangrenta e encontrou Naruto em cima do corredor que havia no topo da fortaleza. Com a outra mulher ao lado. O loiro olhou para o pátio e seus olhos se encontraram com os do moreno, para logo em seguida parar nos de Gaara, que estava indo em direção ao Uchiha. Os três conversaram através daquele olhar.

— Homens! — Gritaram ao mesmo tempo, fazendo os seus homens olhar. — Terminem logo com isso, temos até o portão ser aberto para acabar!

Naruto agarrou o braço de Hinata e a arrastou até a escada, descendo rapidamente ao mesmo tempo em que Sasuke agarrava o braço de Sakura e a arrastava até os portões. Ino e Tenten iam segui-los quando Gaara apareceu ao lado da loira agarrando um braço e Lee agarrava o de Tenten.

Sasuke e Gaara se livravam dos inimigos que apareciam em seu caminho com tanta facilidade e sintonia que elas só faziam olhar. Lee, mesmo que não fosse tão espetacular quanto os outros, era realmente bom e forte.

Eles abriram caminho até a porta e encontraram Naruto lá. Ele soltou Hinata ao mesmo tempo em que os outros as soltaram.

— Vamos abrir.

O portão era de madeira maciça e pesada, precisava de mais de cinco homens para abrir, mas eles quatro apoiaram as mãos nele e começaram a empurrar. Percebendo a vulnerabilidade deles (e tentando desviar a atenção daqueles braços fortes e espetaculares), as duas irmãs e a prima se puseram em posição de combate e lutaram com que entrava em seu caminho. Elas os protegeram assim como eles as protegeram. Olho por olho, dente por dente.

Em exatos dois minutos, os portões foram abertos, elas saíram do caminho e os homens começaram a passar de forma rápida e silenciosa, se perdendo na lateral do castelo e sumindo na escuridão.

Estranhando a falta de perseguição, as quatro olharam para o pátio e arregalaram os olhos. Homens mortos em todos os lugares, membros decapitados e possas enormes de sangue tingiam o chão. Um mal estar se alojou na boca do estômago delas.

Ter o conhecimento de que haviam matado naquele espaço mais do que imaginaram em vida as fez querer vomitar. Ainda mais quando um lamento sofrido e feminino tomou conta do silencio, seguido de outros.

Às vezes, o silencio após a batalha consegue ser o pior momento.

Antes que seus braços fossem agarrados e elas fossem puxadas em direção à noite, todas ergueram seus olhos e encontraram rostos nas janelas. Mulheres e crianças aterrorizadas e chorosas.

Então era assim a guerra?

Elas não queriam mais a guerra.

Mas sabiam que a paz só viria a partir dela.

E elas trariam a paz.