"Tarde demais o conheci, por fim; cedo demais, sem conhecê-lo, amei-o."
—William Shakespeare
Batidas fortes na porta interrompem a minha linha de raciocínio para um exercício da faculdade e eu me levanto com certa dificuldade por estar há muito tempo sentada no chão. Suspirei baixinho e abri a porta. Alice mantém um sorriso largo entre os lábios e me olha com os olhos brilhando.
— Alice — sorri quando ela me abraçou. — O que faz aqui? — digo e abro a porta para deixá-la passar.
— Bem, eu acho que devo uma explicação a você, não é mesmo? — ela sentou-se no sofá e cruzou as pernas, passando as mãos delicadamente por sua saia, abaixando-a.
— Acho que sim — dei de ombros. — Mas eu tenho quase certeza de que era algo em relação ao seu namorado, certo? — ela assentiu.
Sentei-me ao seu lado e a olhei; sua testa está franzida e seus lábios estão levemente puxados para baixo.
— Bem, no dia que eu vim para cá, eu havia brigado com o meu namorado, Jack. Ele falou um monte de coisas para mim e tal, mas depois ele me ligou e explicou que era tudo um mal entendido e que ele fez tudo o que fez para me proteger.
— E você acreditou nele? — arqueei uma sobrancelha.
— Sim, acreditei — ela deu de ombros. — Jack nunca foi de mentir para mim, por que ele mentiria agora?
— Espera, qual é o sobrenome dele?
— É Gilinsky, Jack Gilinsky. Por quê?
— Eu o conheço. É um dos melhores amigos do meu ex-namorado, Cameron — dei de ombros, indiferente.
— Que legal isso — ela sorriu. — Ang, eu tenho que ir agora. Eu só passei aqui por que lhe devia uma explicação mas a verdade é que estou atrasada para um encontro com o Jack — ela ri, se levanta e arruma sua saia(1).
— Tudo bem. Até outro dia — a acompanhei até a porta.
— Até — ela acena e entra em seu carro, logo saindo do meu campo de visão.
Entro novamente e me sento no chão, voltando a fazer o exercício para a faculdade.
— Boa tarde, Ang! — Kath pula e senta-se feliz ao meu lado.
— Qual o motivo de tanta felicidade? — arqueio uma sobrancelha, rindo.
— Credo! Não pode mais ficar feliz? — ela disse no mesmo tom de brincadeira.
— Pode, mas assim tão de repente? Por acaso você...? — ela corou. — Ai meu Deus! Por que você não me contou? — empurro seu braço de leve e ela ri.
— Você não me deu tempo!
Ficamos conversando por mais um tempinho até dar a hora de ir para a faculdade. Kath e eu subimos para tomar banho e nos arrumarmos.
Tomo um banho rápido e me visto(2), logo em seguida arrumando o meu cabelo. Pego a minha bolsa e coloco as minhas coisas dentro. Me maquio e desço as escadas, esperando por Katherine. Assim que a mesma desce as escadas, pego as chaves do carro e saímos, trancando a porta em seguida e indo em direção ao carro.
Não demora muito até chegarmos a faculdade.
— Podemos passar em algum lugar antes de ir para casa? Estou faminta — Kath fez drama, segurando sua barriga de um modo engraçado. Ri.
— Claro — balanço a cabeça. — Onde você quer ir?
— Hum... Não sei, qualquer lugar — ela pensou mais um pouco. — Uh, uh! Vamos na pizzaria! — ela diz animada, dando pulinhos.
— Tudo bem. Aquela de sempre?
— Uhum.
Assenti e procuro a chave do carro dentro da bolsa enquanto caminhamos em direção ao mesmo.
Levo um susto quando ouço uma buzina de carro atrás de mim e viro-me bruscamente, saindo da frente do carro e puxo Katherine junto. O carro parou ao nosso lado e a porta do carona se abriu.
— Angel, pode vir comigo? — uma voz conhecida soa alto e eu chego perto, abaixando-me para descobrir quem é.
Justin.
— Agora? É que eu...
— Por favor — ele me interrompe.
— Tudo bem. Toma Kath — digo, entregando as chaves do carro à Katherine. — Se ainda quiser passar na pizzaria, tem dinheiro no porta-luvas — ela assentiu.
Entro no carro e bato a porta. Justin acelera e saí do estacionamento cantando pneu. O encaro. Ele está com os olhos semicerrados, encarando a estrada.
Sinto meu coração acelerar e minha respiração se descompassar. Minhas mãos suam e minhas pernas começam a tremer. Eu estou nervosa.
— Onde você está me levando? — pergunto, com um tom de desconfiança.
Ele não responde, apenas continua com seus olhos grudados na estrada. Suspiro e sento-me direito no banco. O carro corre por mais alguns minutos e, gradativamente, vai parando. Estávamos no mesmo parque abandonado no qual eu estava no dia anterior.
Justin tira a chave da ignição e saí do carro. Saio logo em seguida, deixando minha bolsa sobre o banco do carro. Ele anda até um dos bancos cinzas e senta-se. Com um gesto, ele convidou-me a sentar ao seu lado e assim o fiz. O encaro e seus olhos cor-de-mel encaram a lua cheia e o vento chicoteia-se em seu rosto, bagunçando seus cabelos louros levemente. Ele suspira e vira seu olhar para mim.
— Eu... — ele passa a língua entre os lábios antes de continuar. — Eu quero te pedir desculpas — ele diz tristonho e abaixa seu olhar. — Eu percebi que não consigo ficar tanto tempo longe de você, Angel.
— Por que você está me pedindo desculpas? Você não tem culpa, Justin — seguro seu rosto firme entre minhas mãos, obrigando-o a olhar para mim.
— Não... eu tenho culpa, sim. Pelo menos um pouco eu tenho — ele diz e pousa suas mãos em cima das minhas, traçando ali, pequenos círculos imaginários. — Me desculpe mesmo, eu nunca quis brigar com o Cameron mas eu não consigo, simplesmente não consigo, ficar relaxado perto dele. Cameron me dá nos nervos e eu odeio isso! — ele suspirou outra vez. — Por favor, diga que me perdoa — ele passou a língua entre os lábios.
— Eu te perdoo, Justin. Mas é claro que eu te perdoo — sorri.
Assim que terminei de falar, Justin tomou meus lábios para si. Sua língua contornou meus lábios levemente, fazendo-me arrepiar e ele logo tratou de entrelaçar sua língua a minha.
Confesso, eu fiquei com saudades do beijo de Justin e senti-lo novamente, me arrepiou até o último fio de cabelo. Meu coração parece que irá pular para fora do meu peito a qualquer minuto e a sensação de beija-lo é tão boa, que mal liguei quando o ar nos faltou.
— Você pode me deixar em casa? — perguntei para Justin quando nos separamos.
— Com todo o prazer — ele sorri.
Justin levanta-se e estende sua mão para mim. Pego-a e me levanto em seguida, tendo uma pequena surpresa: Justin puxa-me e circula minha cintura com seus braços, puxando meu corpo para perto de si, eliminando todo e qualquer espaço entre nós.
Acomodo meu rosto na curvatura de seu pescoço e inalo o cheiro de seu perfume, ficando quase que completamente entorpecida por seu cheiro. Eu estou imóvel, não quero e nem vou mover um músculo.
Justin relaxa seus braços envolta da minha cintura e encosta sua testa na minha. Eu pude sentir sua respiração quente contra meu rosto e meu coração bate ainda mais forte. Suspiro e em seguida, Justin sela nossos lábios mais uma vez.
Hoje, sim, estava sendo um bom dia...
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