"– Vá firme na direção da sua meta... Porque o pensamento cria, o desejo atrai e a fé realiza!
– Anônimo"
Tamborilei minhas unhas sobre a mesa e bufei, revirando os olhos enquanto ouvia do andar de baixo Katherine berrar com seu namorado, Kyle. Eles já estavam lá, brigando, há muito mais de meia-hora.
– Ah! Seu idiota! Desgraçado! Filho de uma puta! Vai embora. Sai da minha casa, agora! – ouvi-a berrar mais alto e fiquei pensando como essa garota consegue gritar tanto e assim tão alto.
– Eu vou sim, e com prazer, Katherine! – ouvi Kyle gritar enquanto descia as escadas com Kath logo atrás. – Quando você pensar direito e tiver com a cabeça fria, eu dou um jeito de vir aqui – ele disse, nervoso.
– Não – balançou a cabeça negativamente – Não, você não virá mais aqui. Eu não vou pensar em nada e não vou esfriar minha cabeça, porque o que aconteceu entre a gente, acaba agora! – arregalei os olhos, vendo ela abrir a porta.
– O quê?! – Kyle gritou.
– Você é surdo? Ou o quê? Eu estou terminando com você. Eu nunca mais quero ver você ou ter notícias de você, seu otário. Não quero nem ouvir o seu nome. Eu cansei Kyle, cansei de ter você brincando com meus sentimentos, cansei de ser traída todas as semanas. Cansei das suas desculpas esfarrapadas. Eu cansei de você – ela suspirou e pude perceber que ela segurava o choro. – Eu não quero um coração partido. Eu não quero mais você.
– Não! Não! Você não pode fazer isso comigo, Katherine!
– Sim, eu posso. Você não tem mais poder sobre mim, Kyle. Eu te amei muito e ainda te amo, mas com o tempo, esse amor foi desaparecendo aos poucos, graças as suas mentiras. Por isso, vá embora, e nunca mais me procure – Kath disse séria.
– Isso não vai ficar assim, Katherine. Você sabe disso – ele ficou de frente para Katherine e segurou forte em seu braço. Me levantei rapidamente e corri até lá.
– Kyle – o olhei. – Vá embora.
– Cala a boca, Angel! – ele gritou, direcionando seu olhar para mim.
– Não grite com ela! Vai embora, Kyle! Agora, antes que eu chame a polícia – Kath o ameaçou.
– Você não se atreveria – ele estreitou os olhos, apertando mais o braço dela.
– Ah, não? Veja isto, então – ela o desafiou, sacando o celular do bolço de seu short's e discou o número da polícia.
– Isso não vai ficar assim – ele repetiu, soltando o braço de Kath.
Kyle correu porta á fora, subiu em sua moto, saindo de lá cantando pneu. Katherine fechou a porta, suspirou fundo, desligou o celular e logo em seguida jogou-se em meus braços, chorando.
– Kath, não chora. Eu odeio ver minha melhor amiga assim e você sabe – disse na tentativa de tentar lhe consolar.
Katherine já estava chorando em meu colo há uma hora e eu já estava mal por vê-la naquele estado. Acho que nunca havia visto-a assim, tão deprimida.
– Vamos – disse sorrindo e peguei sua mão, puxando-a escada acima.
– O quê você vai fazer, sua doida? – ela perguntou, sendo escandalosa como de costume.
– Vamos nos arrumar. Temos uma festa pra ir – encarei-a e ela fez uma cara nada boa.
– Não! Eu não vou sair hoje, estou deprimida demais para ir em festas – ela se jogou na cama.
– Por favor, Kath. É só uma festa. Prometo que se não estiver se divertindo, te trago pra casa no segundo que me pedir. Por favor, por favor, por favor! – fiz bico.
– Ah, tudo bem! Você venceu. Eu vou com você – ela suspirou e sorriu tristonha.
Dei de ombros, empurrando-a para dentro do banheiro e fui para seu closet, separar uma roupa legal para que ela vestisse.
Assim que ela saiu do banheiro, sua roupa já estava separada e eu fui para o meu quarto, de frente ao seu, para que eu pudesse me arrumar. Antes de ir tomar banho, separei uma roupa para mim, deixando em cima da cama.
Caminhei até o banheiro e me despi, entrando no box em seguida. Liguei o chuveiro e senti a água morna escorrer por minhas costas. Meu banho foi rápido, apenas me ensaboei e lavei meu cabelo rapidamente.
Me enrolei em uma toalha e voltei para o quarto. Vesti a roupa em cima da cama, sequei meu cabelo, passei chapinha e fiz babyliss nas pontas. Me maquiei rapidamente e calcei meus sapatos (1).
Peguei minha bolsa e coloquei algumas coisas lá dentro. Peguei as chaves do carro e fui até o quarto de Kath. Ela estava terminando de passar um batom vermelho bem chamativo. Ela me olhou, passou as mãos por seu vestido (2) e mexeu em seu cabelo, jogando a franja para o lado.
– Vamos? – perguntei, empolgada.
– Só um minuto – ela disse e correu pra dentro do seu closet, voltando minutos depois com sua bolsa favorita em mãos.
Descemos a escada e desligamos as luzes da casa antes de sair. Desalarmei meu carro e entrei no mesmo enquanto Kath trancava a porta de casa. Ela entrou no carro e eu dei a partida em seguida, dirigindo até uma das boates mais famosas do país: Turn Me On, Nigth Club.
Estava lotada, como sempre. Quase não havia lugar para estacionar. Coloquei o carro na parte de trás da boate e tirei as chaves de dentro da bolsa, destranquei a porta e subi as escadas, para o apartamento de mamãe.
A música estremecia o chão do apartamento e até ali era quase impossível de escutar algo.
Essa é uma das vantagens de ser filha de uma dona de boate. Você pode entrar e sair quando bem quiser, tomar tudo o que quiser e ainda se divertir até o sol nascer.
– Angel! Katherine! – ouvi a voz de mamãe soar pelo apartamento quase sem mobília alguma.
– Mamãe! – corri para abracá-la.
– Tia Jade! Que saudades – Katherine abraçou-a assim que me soltei dela.
– Também estou com saudades de você – mamãe falou, pegando suas mãos. – Olha só pra você, querida! Está linda!
– Oh! Obrigada, tia – Kath estava com suas bochechas mais vermelhas que o normal.
Ficamos conversando ali por alguns minutos e descemos para a boate. Kath sumiu entre meio a multidão logo que colocou os pés no salão principal. Isso é porque estava deprimida demais para ir em festas hoje. Fui até o bar e pedi uma bebida para Jack, que me deu um copo com vodca pura segundos depois.
Tomei de uma vez e pedi um copo de Jack Daniel's. Pedi para que ele guardasse minha bolsa embaixo do balcão e fui para a pista de dança.
Em um canto reservado do salão, pude ver Katherine agarrando algum rapaz. Em outras partes, mais pessoas se pegavam e algumas discutiam entre si por estarem bêbadas.
Enquanto eu dançava, olhei para a porta de entrada e pude ver esse cara, acompanhado por pelo menos, cinco seguranças, que pareciam mais com armários. Ele rodou seus olhos por toda a boate e foi até o bar, e claro, seus seguranças o acompanhavam a cada minimo centímetro.
Dei de ombros e voltei a dançar. Senti a mão de alguém em meu ombro e me virei, dando de cara com Katherine.
– Arruma uma garrafa de Daniel's pra nós, Ang – Kath gritou perto do meu ouvido para que eu pudesse ouvir.
– Vem cá – puxei-a até o bar. – Jack, pode me dar uma garrafa de Daniel's? – perguntei, fazendo manha.
– Tudo bem – ouvi Jack suspirar quando deu as costas pra pegar uma garrafa.
– Obrigada, Jack – sorri de lado e me inclinei sobre o balcão, dando um beijo em sua bochecha.
Já se passava das duas da manhã quando percebi que só havia bebido um copo de vodca pura, um de Daniel's e mais alguns goles da garrafa que peguei pra Kath.
Muitas pessoas já tinham ido embora e a boate não estava mais tão cheia. Mas eu estava curiosa, o tempo todo fiquei prestando atenção no cara que entrou acompanhado de cinco armários. Eu estava com vontade de chegar e matar minha curiosidade em saber quem era ele, mas seus seguranças não me deixariam chegar nem perto, então, eu nem tentaria a sorte.
Enquanto dançava, senti alguém apertar minha bunda com força e me virei para reclamar, mas não deu. Ele tapou minha boca e foi me levando até a parede, onde me imprensou. Quando ele tirou a mão da minha boca para poder beijar meu pescoço eu tentei empurra-lo, mas não consegui. Tentei empurra-lo mais vezes, mas nem adiantava.
– Cara, solta ela – ouvi uma voz rouca soar.
– Arruma outra, essa aqui já tem dono se você não percebeu – o cara retrucou, tirando seus lábios do meu pescoço e olhando para o outro e pude ver que atrás do mesmo tinha cinco seguranças.
– Solta ela – ele arqueou as sobrancelhas, fechando as mãos em punhos.
– Já falei pra procurar outra, otário.
– Eu vou falar só mais uma vez. Solta ela agora – ele falou pausadamente e pude ver os seus seguranças tentando vir tira-lo de cima de mim, mas ele os impediu. O cara que me agarrava o encarou sério. – Cara, você é surdo?! Solta ela! – ele berrou nervoso e o homem que ainda tentava me agarrar se assustou, jogando as mãos pra cima, em sinal de rendimento e se afastou.
– Obrigada – agradeci, ajeitando meu vestido.
– Não foi nada – ele disse com a voz sexy, sorrindo de lado.
– Ei – ouvimos alguém falar e nos viramos. O mesmo cara de segundos atrás acertou um soco forte no rosto do homem ao meu lado. Ele cambaleou para trás e devolveu o soco ainda mais forte.
Seus seguranças tentaram intervir naquela briga, mas outra vez, ele os impediu de chegar perto. Naquele momento, a música já havia acabado e as pessoas assistiam ao pequeno show no meio da boate.
Corri até a porta e pedi a Michael, um dos seguranças da boate, para que ajudasse a separar a briga e logo ele havia os separado. Michael carregou o rapaz para fora da boate e deixou o outro lá mesmo, por ter visto os seus seguranças.
– Ai meu Deus! Você está bem? – perguntei, vendo os machucados no rosto dele.
– Estou, eu estou bem – ele disse e limpou o canto de sua boca, onde escorria um pouco de sangue.
– Vamos, deixe-me te ajudar – disse, pegando em sua mão e o puxando para a escada até o apartamento.
Deixei-o sentando no sofá, fui ao armário do banheiro, peguei a maleta de primeiro socorros e voltei para a sala.
– Você é alguma coisa do dono dessa boate? – ele perguntou, olhando ao redor.
– Sim, sou filha da dona – respondi com um sorriso de lado, abrindo a maleta e pegando algumas coisas.
– Filha da Jade? Jade Phillips?
– Ela mesma. Espera, você a conhece? – arqueei uma sobrancelha, curiosa.
– Mais ou menos. Tentei fazer negócios com ela uma vez, mas não deu muito certo – ele coçou a nuca.
– Você é o cara que tentou comprar as boates? – perguntei, lembrando da vez que mamãe me contou que havia um cara querendo comprar suas boates.
– Em carne e osso – ele sorriu sem graça.
– Justin, certo? Justin Bieber? – perguntei, pegando um pedaço de algodão e molhando no álcool.
– Isso – ele assentiu. – Ai! – ele gritou quando comecei a limpar seus machucados. – E você? Ainda não sei o seu nome.
– Angel – disse indiferente.
– O nome é tão bonito quanto quem o tem – ele me cantou, sem nenhum pingo de vergonha. Ri sem graça, sentindo minhas bochechas arderem.
Continuei a limpar seus machucados com Justin reclamando de dor a todo momento e assim que terminei, coloquei um band-aid em um pequeno corte em sua testa.
– Obrigado – ele agradeceu, com um sorriso de tirar o fôlego.
– Que isso Justin, eu que agradeço – dei de ombros e o ajudei a se levantar.
– Ahn, você mora aqui? – perguntou enquanto descíamos as escadas.
– Não. Não mais. Moro com a minha melhor amiga, no sul da cidade.
– Hum, bom saber.
Sentamos nos banquinhos do bar e ficamos conversando mais um pouco. Ele me contou do trato que tentou fazer com mamãe. Contou que ofereceu quase dez milhões de dólares e que no contrato os lucros da boate seriam divididos, cinquenta por cento para um e cinquenta por cento para o outro, mas minha mãe não quis aceitar.
– É muito difícil fazer negócios com a minha mãe, principalmente quando se trata de suas boates. Não me admira que ela tenha rejeitado – ri do jeito que ele estava me contando.
– Foi a única pessoa com quem não consegui fazer negócios até hoje – ele balançou a cabeça, rindo.
– Quantas horas?
– Quatro e meia da manhã – arregalei os olhos, murmurando um "Nossa". – Eu tenho que ir. Preciso resolver algumas coisas às sete e não posso me atrasar – ele coçou a nuca. – Pode me deixar ali fora? – perguntou, com uma expressão pra lá de fofa.
– Claro – me levantei logo depois dele e fui andando até a saída.
A boate não estava cheia. Tinha no máximo, cem pessoas ali. Justin pediu para que eu esperasse e foi chamar seus seguranças. Os seguranças se dividiram em dois carros: três em um e dois em outro.
– Podemos sair qualquer dia desses? – perguntou, tirando um chaveiro do bolso da jaqueta de couro.
– Claro, por que não? – sorri de lado. – Me empresta o seu celular – pedi e logo ele me deu o celular, sem entender. Digitei o meu número e salvei na sua agenda. – Pronto – disse e entreguei para ele.
– Bom, eu vou indo. Até mais – ele se despediu sorrindo de lado, deixou um beijo na minha bochecha e foi para sua moto, deu a partida e saiu, com seus seguranças logo atrás.
Suspirei e voltei para dentro da boate. Katherine estava sentanda em uma das mesas e dormia em cima da mesma. Ri com a cena e confesso que até fiquei com dó de acorda-la, mas era preciso, tínhamos que ir para casa.
Kath acordou assustada e quase me bateu por ter a acordado, e a única coisa que fiz foi rir da cara que ela fez. Peguei minha bolsa com Jack no bar e fui para o carro. Katherine já me esperava lá, encostada no carro com seus sapatos na mão, quase dormindo em pé. Desalarmei o carro e Kath levou outro susto.
Entramos no carro e em menos de meia-hora estávamos em casa. Katherine não fez nada, apenas jogou seus sapatos no quarto e se jogou na cama. Ela estava completamente esparramada na cama, dormindo em cima do braço e com a cabeça para fora da cama. E eu, como a boa amiga que sou, a arrumei na cama direito e a cobri.
Depois, fui pro meu quarto, já tirando meus sapatos e minha roupa. Fui para o banheiro e tomei um banho rápido, apenas para não dormir soada. Vesti um dos meus pijamas e tirei minha maquiagem. Quando terminei tudo isso, já eram quase seis da manhã e eu ainda desci para comer algo. Esquentei um pedaço de pizza que estava na geladeira e comi, junto com um copo de coca.
Tranquei a porta e apaguei as luzes de casa. Escovei meus dentes antes de deitar e me cobri. Em menos de cinco minutos, eu apaguei completamente.
Eram exatamente duas tarde quando eu finalmente consegui acordar, mas foi como eu não tivesse acordado. Não estava com disposição para nada e minha cabeça estava para explodir de tanta dor. Sem contar a merda de cólica que eu estava sentindo.
Me levantei mal-humorada e coloquei a banheira para encher. Enquanto isso, tomei dois comprimidos para minha dor de cabeça e um para a cólica.
Fiquei de molho na banheira por pelo menos meia-hora. Quando sai, vesti uma roupa um tanto quanto confortável e desci. Peguei o meu celular, as chaves do carro, as chaves da casa e sai, trancando a porta.
Quando cheguei em casa, já era cinco da tarde. Katherine estava na sala, jogada no sofá com um saco de gelo na cabeça.
– Você sabe que isso não adianta, Kath. Tem aspirina no meu quarto se quiser – disse, colocando umas sacolas em cima da mesa.
– Angel, sua desgraçada! Para de fazer isso! – ela gritou.
– O quê eu fiz agora?! – me defendi, tirando nosso jantar da sacola.
– Me assustou. Você adora fazer isso – ri.
Guardei o refrigerante e algumas outras coisas na geladeira. Deixei o resto das coisas em cima da mesa e fui para a sala. Me sentei em uma das pontas do sofá e Katherine colocou suas pernas no meu colo.
– Acho que não vou pra faculdade hoje – Kath falou, massageando suas têmporas e entortando o nariz.
– Eu também não vou. Estou muito cansada – suspirei.
– Pegamos o conteúdo com a Alice depois – Kath sorriu cínica.
Balancei a cabeça, rindo de sua cara.
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