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História Pequena curandeira (Marcas de ontem) - A luz que acende o olhar


Escrita por: Rainha_de_Mirkwood

Notas do Autor


Capítulo extra agora, por favor valorizem!!!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Bora lá, nesse aqui eu roubei o pote de mel do ursinho Pooh e derramei com gosto aqui.
Aviso que tem um bom trecho de letra de música também.
Cuidado com sua glicemia!
Advertências dadas, boa leitura.

Capítulo 14 - A luz que acende o olhar


Luna saiu da biblioteca sem ver direito por onde andava, onde ele tocara com seus lábios sentia formigar, lembrava dele ter depositado um beijo em sua mão na enfermaria, mas dessa vez tinha sido diferente, tinha que repetir a si mesma que isso não significava nada, afinal de contas era apenas sua mão. Sabia no fundo que desejou sentir seu beijo não só em suas mãos, queria provar um pouco mais, era insano, se tratava de um rei, era apenas uma “curandeira”, era assim que ele a enxergava, as impressões de ter visto desejo em seu olhar e ações eram apenas fruto de sua imaginação fértil, porém evitaria se cobrar em excesso, qual mulher conseguiria autocontrole o bastante para não sentir que fosse uma leve pontinha de atração pelo rei élfico.

Chegando em seu quarto se jogou na cama, estava se sentindo infantil, era apenas sua mão, ela repetia isso mentalmente, mas mesmo assim algo difícil de lidar. Luna já havia beijado antes, mas estranhamente o beijo no dorso de sua mão conseguia ser melhor que qualquer beijo mais profundo e com volúpia.

‘Ele é meu patrão, apenas isso...’ repetiu por um tempo, até que conseguiu desviar seu pensamento disso, tomaria outro banho, era a melhor forma de se distrair no momento.

Imersa em água morna relaxou, senti a súbita vontade de se tocar, não tinha pudores quanto a isso, porém com a imagem de Thranduil em sua mente, considerava errado, seria nutrir algo, banhou-se com esmero, esfolheando até quase ficar vermelha, era sua maneira de se ocupar. Já devidamente vestida em sua camisola, em um tom extremamente claro, que mais parecia um vestido longo, atirou-se em sua cama, inquieta percebeu Ivan subindo ali, resolveu dar atenção a ele, havia um pequeno recipiente com castanhas e nozes sobre a penteadeira, mais parecia uma caixinha de joias, deixara ali com esse objetivo. Depositou duas castanhas e o viu devorar a primeira, a segunda carregou dali e saiu correndo.

Depois de algumas horas, percebendo que não dormiria saiu do quarto, mas não sem antes colocar uma capa, tamparia quase por completo, evitaria o frio e exposição, pois não estava disposta a colocar um vestido. Iria para o jardim, passar um tempo ali a acalmaria, tinha certo sucesso em não pensar no rei, pois repetia que era tolice e de fato acreditava que o era.

Thranduil permanecia na biblioteca, estava distante de si mesmo, sem qualquer senso de horário, implorava que a noite fosse breve, queria ocupar-se, não tendo grande opções no momento preparou-se para escrever, expressar-se-ia em palavras, era uma maneira de não se afogar em emoções, buscou pensar em Calen, apesar de sempre evitar levar seu pensamento a sua amada rainha, necessitava disso nesse instante. Poucas palavras saíram, não havia grande nexo, pouco parecia poesia.

A enfermeira se sentou em um banco de madeira, não havia nenhum recosto no mesmo, estava mais que grata de aquele lugar ser tão deserto, esticou as pernas em verdadeira preguiça. Pensou em usar uma daquelas emulsões para dormir, mas detestava usar desse tipo de artifício, para um objetivo tão simples quanto pegar no sono, ela já tomara remédios em sua casa, por um curto período foi necessário, sabia que os efeitos depois por mais natural que fosse viriam, isso ela temia.

O cheiro no ar era agradável, jasmim e dama-da-noite, de certa forma estimulante. A lua não estava cheia, mas se fazia presente, o jardim não contava com grande iluminação, havia luminárias, mas essas só eram acesas em momentos especiais, dessa forma Luna estava praticamente no escuro. Arale tinha dito que ali era praticamente exclusivo, poucas pessoas tinham acesso e já era bem tarde, estava tranquila e sentia ter alguma privacidade.

Começou a cantar, era uma música que a deixava calma, era confortável e remetia a sua infância, época doce e que jamais voltaria, um tanto de saudades, lembrou de sua mãe naquele momento, estava cada vez mais difícil lidar com a saudades. 

“A luz que acende o olhar

Vem das estrelas no meu coração

Vem de uma força que me fez assim

Vem das palavras, lembranças

E flores regadas em mim...”

Thranduil olhava as poucas palavras que havia escritos, falava sobre doçura, afeto, saudades, sua doce rainha, fitando tudo que estava escrito ficou suspenso processando o que cada uma dessas palavras representava.

Abandonou a pena, fechou por uns segundos os olhos, qual não foi sua surpresa ao ouvir a melodiosa voz de sua diminuta dama, já era tarde, a essa hora era de se esperar que estivesse dormindo, pouco tempo antes na ala de reabilitação ela tivera insônia, mas estava sob pressão por conta de sua enorme empatia, resumo de sua bondade praticamente exacerbada.  Levantou-se a procurando, pelo som, ela se encontrava no jardim, apagou as velas próximas as janela e a sacada, da última vez que ela o pegara catando tinha passado impressão errada, queria ouvi-la em cada palavra, cada vogal, secretamente relutava, quanto mais a ouvia, mais desejava ouvir. Apesar de já estar posicionado na sacada, ela não o veria sem a luminosidade e com tamanha falta de foco de que era tão bem dotada quando cantarolava.

“O tempo pode mudar

A chuva lava o que já passou

Resta somente o que eu já vivi

Resta somente o que ainda sou”

O corpo de Thranduil estava dividido entre tenso e empolgado, algo que o fazia retesar no lugar, sabia apenas que ficaria ali enquanto ela cantasse.

“A força vem de onde eu venho

De tudo que acende e a vida calada

Me olha, e entende o que eu sou

Tudo o que é maior

Vem do amor, vem do amor

A luz que acende o olhar

Vem dos romances que viram poesia

Vem como um passe de pura magia

Como se eu visse e jurasse

Que há tempo já te conhecia

Vem do infinito, da estrela cadente

Do espelho da alma

Dos filhos da gente

De algum lugar”

Só pra iluminar- Senhorita Luna! – era voz de Légolas, o rei ergueu uma sobrancelha, já sabia que seu filho tinha conhecido sua pequena curandeira no estábulo, mas o que falaria com ela a essa hora?

— Vossa alteza... – estava constrangida, de fato aquele lugar era exclusivo até a página dois, mas o que poderia esperar? Se era a ala nobre como Arale dissera antes, poderia brotar um membro da realeza ali a qualquer momento e quem era a “intrusa” nesses termos era ela, apenas ela.

Légolas havia notado o pai na sacada, mas nada disse nem voltou seu olhar naquela direção, era evidente o soberano não queria ser notado. Estava curioso sobre humana a sua frente, seus olhos bateram de cara nos pequenos pés descalços, ela usava uma camisola que apesar de ter um tecido quente, naquele momento não parecia adequado, porém a capa que a usava a deixava apresentável e decente o suficiente e quase elegante.

— Há quanto tempo está aqui? – sentou-se, percebendo que a humana ficara tensa.

— Não muito tempo... – agora reparara que estava cada vez menos conectada a sua noção de tempo, totalmente anacrônica, assim como era na cabana.

Thranduil escutava cada palavra, Légolas era a pessoa mais importante em sua vida, o que ele pensaria sobre ter uma humana naquele local, não sabia.

— Entendo... – apesar de achar observar a humana algo fora do rotineiro, o que mais o intrigava era seu pai, se ela estava ali com certeza seu genitor sabia e aprovava isso.

— É dona de uma bela voz. – de fato gostara do tom e também da letra que fora entoada.

A alma de Luna estava corada no momento, não estava acostumada a receber esse tipo de elogio, o príncipe gostara de sua voz, seu pai pedia para ouvi-la. Passou pela sua cabeça coisas sobre a pequena sereia, era tão ridículo de imaginar, acabou rindo. A sua frente Légolas pareceu não a ter compreendido.

— Desculpe, é  que minha voz não nem de longe bonita, mas agradeço sua gentileza! – Luna nunca fora dotada de falsa modéstia, só não esperava muito além do que deveria esperar, evitava decepções a seu modo, era uma maneira um tanto defensiva de viver, mas é o que mantinha relativamente ilesa em suas emoções, por tudo que conseguia, pois era de fato sentimental, não criar expectativas era o que sempre tentava.

Ele não tensionava convencê-la, passara de forma rápida, rapidamente se despediria.

— Apenas tome conta para não se resfriar, ou vai prejudicar sua voz... – dizendo isso se despediu e saiu, mas não sem antes fitar discretamente seu pai.

Luna ainda estava sem sono e por estar sozinha decidiu permanecer ali um tempo a mais. Certificando-se que estava só, deitou sobre o banco, o céu estava tão lindo, inspirador.

Thranduil se dirigiu ao jardim, seus passos não seriam notados facilmente, a figura de Luna a sua frente, deitada, seus pequenos pés expostos, aquela noite estava um tanto fria, um banco duro não a aconchegaria o suficiente.

Luna apenas fitava o céu, estava distraída, algumas vezes pensara em Thranduil, pensava também na cabana, apesar do quarto em que agora vivia ser muito luxuoso e ter vestidos lindos, sentia-se atada, era inquietante, o rei era tão frio e as vezes áspero, mas tinha horas que era quase doce, era difícil lidar com ele, ainda mais percebendo que havia uma fagulha de desejo vindo de si mesma, coisa que ela sabia a podia fazer florear as coisas e enxergar coisas inexistentes.

Mais alguns passos e estava a lateral do banco, não muito próximo, podia ver os orbes dela, voltados para o céu, uma expressão desconhecida se passava por eles.

Observara ela virar a cabeça em sua direção, ainda estava deitada, sua face parecia mais bonita que da última vez, ele tinha essa impressão, ela sempre fora bonita, mas tudo parecia gritar que bonita não era a definição correta no que concerne a humana.

O vendo a enfermeira sorriu, o que poderia ele esperar?

Em um flash a imagem de Calen se fez presente na mente de Thranduil, deixou-o imóvel, era um sorriso conhecido, até mesmo o olhar, teve essa sensação, por certo se irritou, era apenas uma humana, mas como o fez lembrar de sua amada?

— Não deveria estar aqui a essa hora! – sua voz soara dura e fria, a estava repreendendo, foi o que notou apenas após se pronunciar.

— Há um toque de recolher aqui? – sentando-se perguntou. Detestava aquele tom de voz, fazia sentir como se fosse culpada por algo que não tinha feito.

Thranduil respirou fundo, a imagem da curandeira e da rainha se mesclando em sua mente o deixou confuso, controlando-se, ela não merecia ser tratada com menos que verdadeiro respeito e afeto...

‘Afeto?’ se interrogou mentalmente, era a primeira vez que essa palavra surgia diretamente ligada a curandeira.

— Vai se resfriar... – emendou – Vamos! – ele estendeu a mão para ajudá-la a ficar de pé.

Relutante a moça aceitou a ajuda, vendo-o andar na mesma direção que ela iria o seguiu, então sentiu uma fisgada a dor se fez presente, estacou no lugar, um pequeno gemido de reclamação se soltou de seus lábios.

Ao escutar, o rei élfico se voltou para ver o que se passava, estava parada e tinha se inclinado um pouco.

— O que foi? – perguntou em tom agora mais brando.

— Acho que pisei em algo... – estava ardendo, não era intenso, mas incomodava.

— Deixe-me ver. – o elfo se apressou em direção a fêmea.

— Estou bem... – realmente achava desnecessário que ajudasse, ainda com a impressão de que ele a queria longe.

Sua pequena curandeira era teimosa, mesmo assim ele se aproximou, notando o lado que parecia machucado, como estavam há poucos metros do banco se aproximou, a tirou do chão, não a pegando no colo, mas sim a abraçando, erguendo-a e carregando assim mesmo para o banco, sentou-a então.

Luna sentiu o calor de Thranduil quando ele a pegou, sabia o que ele estava fazendo, ele não estava facilitando muito as coisas para ela. Já devidamente sentada, viu o rei baixar-se a sua frente, um joelho do chão e outro flexionado.

— Deixe-me ver... – repetiu-se, com cuidado tomou o pé da humana em suas mãos, o tecido da camisola revelara um parte mínima de sua perna, por conta do movimento feito pelo monarca, procurou e encontrou um espinho que tinha entrado um bocado na carne macia e suave, havia algum resquício de sangue. Ergueu seu olhar a face da jovem, o olhava diretamente, parecia envergonhada. – Seus pés são delicados, com a pele como a sua é fácil que se machuque...

Luna corara, era estranho ter ele praticamente ajoelhado a sua frente enquanto tocava seu pé de forma tão cuidadosa, acabou desviando o olhar para não ter ideias erradas.

— Está tudo bem? – perguntou ao notar que ela desviara o olhar, queria fitá-la, sabia que aquele ferimento não era nada. Levou uma mão a face de sua cativante curandeira, guiando para que para ele diretamente olhasse. – É frio agora, você é livre para transitar por onde quiser... – fez uma pausa – Não estou bravo com você. – ele pegou uma de suas mãos, ela era frágil, mas achava que se dissesse isso a ofenderia. – Eu te levarei de volta a seu quarto. Consegue ficar em pé? – deu suporte para que levantasse.

— Consigo sim. – ele parecia ter removido com habilidade o desconforto que ela sentia devido a seus modos. Tinha a impressão de ele tinha sido temporariamente substituído por uma versão sua mais gentil e aberta.

Ele queria pegá-la no colo e leva-la dali, o faria com prazer, mas somente a acompanhou de volta, antes de ela entrar, pegou uma de suas mãos e a puxando de leve para si depositou um beijo em sua testa.

Aquela noite estava sendo estranhamente longa, tanta coisa acontecera, o que mais o inquietava foi a impressão causada pelo riso de Luna, era pouco racional perto dela, se policiaria melhor.

Recolheu-se a seu quarto, já estando ali puxou a cortina que cobria o perfeito quadro pintado, era sua rainha. O cabelo ruivo brilhante, tão longo e sedoso, o verde folha de seus olhos, o olhar sempre curioso e interessado. Dificilmente olhava aquele quadro que aliás, somente ele conhecia. Semelhança física entre Calen e a curandeira eram praticamente inexistentes. Fechou as cortinas encobrindo a linda imagem de sua elfa amada.

Continua... 


Notas Finais


O que você achou???


Vamos jogar, essa é a hora da verdade!!! Quem leu as notas finais escreva nos comentários a palavra chave; LUZ


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