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História Pequeno segredo - Capítulo 4


Escrita por: Apenasilusoes

Notas do Autor


E aqui estou com mais um capítulo 24 horas depois hahaha

Capítulo 4 - Capítulo 4


Ela terminou de organizar o resto dos seus pertences enjoada, na verdade se encontrava naquele estado desde que o navio começou a demonstrar o mínimo movimento. Paulo se encontrava deitado na cama quase caindo no sono, o que deixava a Gusman irritada, já que ele prometera procurar algum remédio para ela.


- Argh você é o pior namorado de todos. - Gritou batendo com o travesseiro nele que despertou assustado.


- O que foi? O navio está afundando? - Perguntou atordoado vendo a cara da amiga que estava vermelha de raiva, mas a Gusman não pode falar muito pois na hora que olhou para a pequena janela e viu as ondas em um ritmo constante correu para o banheiro e colocou para fora todo o café da manhã.

Paulo se levantou rápido e foi ajudá-la, ele sentou ao seu lado no chão e a abraçou pela cintura depois que ela já havia terminado de vomitar.


- Obrigada. - Agradeceu sentindo a pressão que ele fazia aliviar a sensação.


- Por que você não fecha a janela? É só não olhar para o mar.


- Ah claro, não sei se você percebeu, mas estamos cercados por água. - Ironizou sentindo a risada dele abafada em seu cabelo. Antes que eles falassem mais alguma coisa a porta do quarto abriu de repente os assustando.


- Bom dia meus amores. Enjoos, sinto muito querida. - Disse uma mulher morena de cabelos cacheados, que aparentava ter por volta dos trinta anos, ela segurava uma prancheta na mão com um sorriso compreensivo estampado no rosto. - Muito bem, Paulo Guerra e Alicia Gusman, eu sou Sílvia Nunes muito prazer. Daqui a pouco vai haver o encontro de todos os futuros papais no salão três, encontro vocês lá. Isso é ótimo para enjoo. - Falou entregando uma cartela de comprimidos para a morena, ela já estava de saida quando se virou e disse séria. - Na próxima vez fechem a porta, pode ser que entre alguém não convidado. - Falando isso ela saiu do mesmo jeito que entrou, deixando para trás o fictício casal atordoado.

No salão os futuros pais se encaravam apreensivos, alguns animados pela possibilidade de compartilhar essa nova e surreal experiência, outros desanimados e ansiosos para que essas duas semanas passem rapidamente.


- Nossa que silêncio, sei que o grupo é pequeno, mas pensei que vocês já estariam compartilhando histórias nesse momento. - Disse Sílvia entrando e puxando uma cadeira para o meio circulo que tinham formado. - Bom, vamos começar pelas apresentações óbvio, meu nome como já sabem é Sílvia Nunes e eu sou a responsável por vocês nesse cruzeiro, então por favor não aprontem nada e nem façam nada que possa comprometer vocês, pois tudo o que vocês fizerem terá efeito direto em mim. - Avisou séria enquanto todos concordavam rapidamente. - Ótimo. Vamos começar por esse casal fofo aqui. Nome, meses e situação por favor.


- Meu nome é Valéria Ferreira e esse é o meu namorado Davi Rabinovich. - Respondeu animada olhando para todos, Alicia a encarava com um sorriso, tinha certeza de que se dariam bem se não fosse um pequeno problema, o fato de ela não estar grávida. - Eu estou esperando gêmeos bivitelinos, já estou no 4° mês de gestação. A situação tanto financeira quanto familiar não está nada boa, meus pais demoraram para se conformar com a notícia. Eu até entendo, caramba nós só temos 17 anos, mas tem mães que tem os seus filhos mais novas e dá tudo certo, por que não daria comigo? Meus sogros dizem que eu sou muito emotiva e deveria pôr os pés no chão se quiser criar uma criança. Já eu acho que ser racional demais piora tudo.


- Você não sabe de nada. - Interrompeu uma voz chamando a atenção para uma garota de cabelos curtos e óculos pretos, ela aparentava uma calma extrema, mas Alicia conseguia notar o quão nervosa ela estava pelo simples fato de ela apertar o braço da cadeira tão forte que seus dedos ficavam brancos. - Você acha que é fácil cuidar de uma criança? Os gastos, preocupações, stress, agora multiplique por dois. Duas vidas, duas responsabilidades, duas mamadeiras, carrinhos, berços, sem contar no leite e fraldas. Você acha que vai ser fácil também deixar seus sonhos de lado, a carreira que você queria seguir, os passeios com os amigos, para ficar o dia todo trocando fraldas, escutando choros e se desesperando por não ter a mínima noção do que está fazendo? Se você disser que sim pode ter certeza de que está mentindo pra si mesma. - Disse tentando controlar a respiração enquanto seu namorado segurava sua mão carinhosamente. Valéria a encarava derramando algumas lágrimas de raiva.


- Você acha que eu não sei de tudo isso? Acha mesmo que eu nunca pensei em como minha vida vai virar de ponta a cabeça quando essas crianças nascerem? Eu sei o que vai acontecer, sei que terei de sacrificar muitas coisas por eles, mas farei e faço quantas vezes forem necessárias. Eu os amo, amo mais do que a minha própria vida. Só tenho 17 anos, mas tenho mais amor dentro de mim, do que qualquer um nesse lugar. - Falou com a voz embargada se recostando na cadeira e deitando a cabeça no ombro do namorado.

Sílvia encarava a todos apreensiva, na verdade aquele era o primeiro grupo que ela montava e era responsável, nunca havia passado pela sua cabeça que tudo seria tão complexo. Os minutos se arrastavam e ninguém ousava falar mais nada. Paulo e Alicia conversavam baixinho entre si, do mesmo jeito que alguns faziam.


- Paulo a gente não pode fazer isso. - Constatou inquieta, ele a abraçou pela cintura e falou em seu ouvido.


- Por acaso eu não li umas letrinhas miúdas, Aly nós não podemos sair no início, só depois de uma semana.


- Oi? - Perguntou se afastando devagar. - Paulo Guerra pra que merda você me arrastou?


- Pra merda nenhuma. Você veio porque quis. Eu por acaso te ameacei ou te trouxe a força? Não, então não venha colocar a culpa em mim. - Respondeu irritado, ela respirou devagar e afundou o rosto nas mãos frustada.


- Você tem noção do quanto a gente é burro? - Perguntou vendo ele a encarar confuso. - Essas pessoas estão passando por um problema maior do que a gente jamais poderia imaginar, nós estamos mentindo.


- Isso, fala mais alto acho que a população da China ainda não ouviu. - Ironizou a interrompendo, foi quando ela percebeu que uma das garotas os encarava curiosa. Alicia somente lhe lançou um sorriso simpático que foi retribuído na mesma hora.


- A gente termina essa conversa depois. - Decretou para ele que revirou os olhos impaciente.

Sílvia resolveu que estava na hora de dar o encontro por encerrado, o clima estava tão tenso que ninguém se opôs.


- Então meus amores, aproveitem esse resto de tarde e amanhã a gente se encontra. Carmen e Daniel será que eu posso falar com vocês rapidinho? - Avisou os levando para um canto da sala.


- Que garota insuportável. - Disse Valéria que saia ao mesmo tempo que Alicia encarando a garota que conversava com Sílvia.


- Talvez ela tenha os motivos dela para ter dito aquilo. - Falou a Gusman automaticamente, a Ferreira só a encarou por alguns segundos dando de ombros em seguida.


- Não tô a fim de brigar. Meu nome você já conhece, mas qual é o seu? - Perguntou simpática apagando qualquer resquício de raiva que tinha.


- Alicia Gusman, e aquele é o meu namorado Paulo Guerra. - Respondeu apontando para o amigo que conversava animado com um garoto ruivo baixinho e Davi.


- Parece que já viraram amigos. - Afirmou Valéria rindo. - Vamos almoçar no nosso quarto, por que vocês não vem com a gente? - Perguntou animada enquanto a morena ponderava.

Não ir e provavelmente afastar uma nova amiga ou ir e se preparar para se afundar mais ainda nas mentiras? Perguntava pra si mesma quando decidiu ir pelo caminho mais fácil.


- Claro, só vou falar com o Paulo rapidinho. - Avisou se fastando devagar.


- Ótimo, vou convidar o resto das meninas. Meu quarto é o 206. - Gritou por conta da Gusman já estar distante, Alicia só confirmou com a cabeça e se virou em direção ao amigo.


- Temos um almoço marcado. - Informou com um sorrisinho.

Ao meio-dia eles bateram na porta do quarto. Haviam se arrumado em silêncio para evitar uma possível briga que os dois sabiam que iria acontecer em algum momento. Valéria abriu a porta animada e deu passagem para eles entrarem. Eles perceberam que estava todo mundo lá, até mesmo Carmen e Daniel que se encontravam em uma pequena mesa no canto do quarto.


- Eu chamei todos vocês para a gente recomeçar. Vamos tentar conversar longe da Sílvia, ela é legal, mas pelo visto não tem muita experiência para cuidar de 5 adolescentes grávidas. - Constatou recebendo acenos afirmativos. - Agora eu quero saber tudo sobre os babys de vocês. - Terminou de falar pegando uma bandeja que estava no carrinho.


- Meu nome é Maria Joaquina, mas podem me chamar do jeito que vocês quiserem. - Disse sorridente arrancando alguns sorrisos. - Vou fazer 17 anos e estou grávida de 16 semanas, sou mãe solteira, e não faço ideia do que fazer daqui pra frente. - Declarou em um suspiro recebendo sorrisos compreensivos.


- O que foi? - Perguntou Alicia para o amigo que contava algo nos dedos.


- 16 semanas são 4 meses? - Indagou vendo ela sorrir assim como todos.


- Cara eu nunca me acostumei com isso, outro dia uma mulher chegou e disse que estava com 28 semanas, passei meia hora contando pra saber quantos meses eram. - Disse Davi rindo junto com ele.


- Bom, meu nome é Bianca Smith e esse é o meu namorado Kokimoto Mishima. Eu estou esperando uma menina, já estou no 5° mês. Fora isso não quero prolongar muito o assunto. - Disse apertando a mão do namorado apreensiva. Carmen que estava próxima dela percebeu os olhares sobre si e bufou revirando os olhos.


- Meu nome é Carmen Carrilho e estou com 2 meses. A gente não esperava por isso, mas aconteceu e agora só resta seguir com a vida. - Falou dando de ombros fitando o chão.


- Você não ama essa criança? - Perguntou Maria triste.


- Não é isso, é só que nesse momento ele deve estar do tamanho de uma jabuticaba e. - Foi interrompida pela gargalhada do namorado.


- Eu não acredito que você vai comparar nosso filho a comida por toda a gravidez, quando ele nascer vai ser o quê? Uma pequena melancia? - Perguntou descrente arrancando um riso dela.


- Não seu bobo, mas é desse tamanho que ele está agora. É estranho saber que têm uma vida dentro de você, um pequeno ser dependente que não faz ideia de que esteja vivo ou do que o espera. Nós vamos sofrer muito preconceito, vocês sabem disso, e eu fico muito preocupada quando começo a pensar pelo o que ele vai passar. Por isso prefiro não pensar em nada agora se não eu surto. - Disse respirando fundo.

Alicia escutava a todas atentamente tendo mais certeza ainda de que não era justo estar vivendo aquela mentira enquanto aquelas garotas não poderiam nem sequer pensar em escapar daquela situação. Foi tirada dos seus pensamentos por Valéria que praticamente gritava o seu nome.


- O que foi? - Perguntou meio confusa.


- Eu estou te chamando a horas e você aí no mundo da lua. - Respondeu a Ferreira rindo. - Agora é a sua vez de contar um pouco da vida de vocês. - Disse apontando para os dois que se entre olharam abrindo um sorriso em seguida.


- A nossa história é quase a mesma de todo mundo. Aconteceu de repente e aqui estamos. - Falou vendo elas lhe encararem descrentes.


- Até eu que não disse muita coisa falei mais do que você. - Comentou Bianca recebendo apoio de todos, até mesmo de Paulo que se encolheu diante do olhar da Gusman.


- Tá legal. Eu estou grávida de 2 meses, não foi planejado e sinceramente nesse momento eu não faço ideia do que eu estou fazendo aqui. - Disse a última parte com total sinceridade.


- Acho que na verdade ninguém aqui sabe o que realmente está fazendo aqui, quem dirá o que está fazendo da vida. - Declarou Carmen cansada assim como todos.


- Deve ser por isso que estamos aqui. - Falou Maria vendo os olhares confusos. - Somos pessoas diferentes, com problemas e vidas diferentes, mas temos algo em comum, estamos totalmente perdidos. - Declarou com um sorriso triste que foi compartilhado por todos.

Eles conversaram mais um pouco e resolveram descansar para estarem renovados para uma festa de boas-vindas que ocorreria a noite. Assim que sairam do quarto, Paulo e Alicia resolveram voltar pelo deque, ele acabou esbarrando em uma senhora que carregava algumas coisas e parou para ajudá-la, nesse meio tempo um garoto se aproximou de Alicia sem ela perceber.


- Oi. - Falou próximo demais a assustando. - Meu nome é Vitor e o seu? - Perguntou sem se importar com o olhar que a garota lhe lançava.


- Não é da sua conta. - Respondeu grossa vendo ele soltar uma risadinha baixa que só a deixou mais irritada.


- Sabe, eu gostei de você. A gente se vê por aí. - Disse saindo rapidamente quando avistou Paulo se aproximar.


- O que ele queria? - Perguntou com a cara fechada fitando o garoto que sumia em uma das portas do deque.


- Nada, esquece. Agora vamos deitar porque eu já estou enjoada de novo. - Reclamou enquanto ele a puxava para um abraço caminhando juntos para o quarto.


Notas Finais


Estou aproveitando uma acalmada nos estudos, último ano é foda, mas escrever me distraí e eu amo isso...
Espero que tenham gostado, bjs.


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