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História Pequenos Infinitos - A Lua e o Sol


Escrita por: WilkensOficial

Notas do Autor


Eu realmente estou muito surpreso com os resultados de leitura de Pequenos Infinitos no Amazon Kindle, não pela monetização, porque isso nunca foi meu foco principal, mas por saber que muita gente gostou e veio até mim pedindo mais dessa narrativa tão incrível. Só tenho a agradecer.

Uma coisa que me deixou bastante extasiado foi o número de leitores em Pequenos infinitos no Kindle que conseguiram superar os de Olhares na Escola... sinceramente eu previa o contrário.


Venho ainda compartilhar com vocês que essas duas histórias deverão estar disponíveis no catálogo da Saraiva entre maio e junho com o selo da Editora Viseu (os preços do físico serão bem mais em conta em todos os sites disponíveis).



Enfim, não vou me prolongar, só queria compartilhar um sentimento bom com vocês.


Boa leitura.


<3

Capítulo 11 - A Lua e o Sol


Fanfic / Fanfiction Pequenos Infinitos - A Lua e o Sol

Meu coração batia forte, estava muito acelerado e mesmo não encostando nada além dos meus lábios nele, eu podia sentir seu calor.

Vinícius ficou tão imóvel quanto eu. Sua respiração tinha parado e mesmo sabendo que estava arriscando minha vida, continuei beijando, quer dizer, não era exatamente um beijo, já que não tinha língua nem movimento nos lábios, era mais como um selinho demorado.

Depois de quase dez segundos ele caiu em si e me empurrou com as mãos nos meus ombros, apertando com força e então se jogando pra cima de mim com fogo nos olhos.

- VOCÊ TÁ DOIDO? RESPONDE? TÁ DOIDO? O QUE VOCÊ FEZ? – disse cuspindo e berrando na minha cara.

- Foi mal, foi mal. Eu não sei o que deu em mim. – Estremeci dos pés à cabeça diante daquele olhar raivoso.

- Seu idiota desgraçado! O que você fez? – ele parecia não acreditar no que tinha acabado de acontecer e nem por um momento aliviou a pressão que fazia sobre meus ombros com a palma das mãos.

- Foi mal, eu… - a essa altura, eu tinha certeza de que levaria uma surra até desmaiar.

Meus olhos marejaram. Eu estava com medo, mas reuni todas as minhas forças para conter as lágrimas que queriam cair.

Algum tempo passou, ele ainda me segurava com força e raiva, porém, a respiração dele ficava menos ofegante.

- É sério, me desculpa. Eu sou um burro. Prometo que nunca mais olho pra você. Juro que ninguém vai ficar sabendo, me desc…

E então ele me puxou pra perto dele com violência, ainda me apertando forte e com pequenos gemidos ele me beijou, mas dessa vez era um beijo de verdade, cheio de desejo e lágrimas que escorriam do rosto dele.

- Porque você tá fazendo isso comigo? – ele me beijava descontroladamente e fazia pausas para repetir a mesma pergunta.

Eu tentava tocá-lo, mas ele me apertava e me empurrava pra longe.

- Porque… você tá fazendo isso comigo? – mais uma vez ele me olhava cheio de raiva e me empurrava com violência, sem se importar em me machucar – Naquele dia, quando dei aquele selinho em você, foi só por uma brincadeira de mau gosto que a Vanessa sugeriu, mas pelo jeito você gostou seu veado! Eu vou te matar!

- Vai me matar porque te dei um beijo ou porque você gostou? – falei tentando tirar as mãos dele dos meus ombros, sem sucesso – Se vai me matar, então me beija de novo. Acho que tenho direito a um último desejo. – quando eu disse isso, ele inevitavelmente sorriu.

Acho que foi a primeira vez que o vi sem aquela expressão arrogante de sempre e cheguei à conclusão de que ele tinha o sorriso mais bonito que eu já tinha visto em toda a minha vida.

- Cara, eu não tô me sentindo bem. Tô muito bêbado. Acho que isso é um pesadelo. – disse se debruçando sobre mim e finalmente aliviando a pressão em meus ombros.

- Eu acho que também estou. – falei rindo daquela situação.

- Nossa, eu nunca tinha feito isso antes, não de verdade. – disse com uma voz chorosa.

- Nem eu. – mentira.

- Imagina se o Gustavo ou a Amanda nos pegam aqui? Não quero nem pensar. Anda, me leva pra algum lugar que não seja a república.

- Pra onde você quer ir? Não tem medo que eu te abuse sexualmente?

- Eu te mato antes. Agora cala a boca e dirige! – disse ele se sentando no banco do passageiro e sorrindo mais uma vez. Seus olhos giravam como se ele reunisse todas as suas forças para se manter acordado.

Dirigi pra um lugar não muito longe dali, um lugar onde estive uma vez.

- Que lugar é esse? – perguntou ao perceber que eu estava parando o carro.

- É aqui que eu vou morar com meu pai. – falei saindo do carro e o ajudando.

- Essa casa é muito bonita.

Como eu tinha as chaves do lugar, não foi difícil acessar.

Entramos e seguimos para a parte de trás, onde havia o gramado e a descida até a praia.

Ficamos calados por alguns instantes, embora Vinícius às vezes me olhasse com um olhar perdido, como se não acreditasse que estávamos ali, juntos.

- Você precisa prometer que não vai contar nada sobre isso com ninguém. – disse ele me encarando com a velha expressão arrogante.

Olhei para ele sem dizer nada e ficamos mais uma vez em silêncio.

Sorri.

- Tá rindo de quê?

- Nada, só que… é muito irônico tudo isso. Quer dizer, eu pensei que você me odiasse.

- Eu te odeio. – disse ele sério, mas ignorei o comentário.

- Há algumas semanas eu tava com a minha mãe, me entupindo com cigarros e tentando acabar com a minha vida e agora eu estou vivendo coisas que nem em meus mais belos e loucos sonhos eu imaginei que fosse viver, ainda mais com um metido como você.

Ele me olhou com o canto do olho e então respondeu:

- Eu confesso que você não é a minha pessoa favorita no mundo, aliás, eu nem te conheço. Sei lá, devo estar muito bêbado ou com muita raiva da minha namorada.

- Pois é. A Bruna pegou pesado lá na festa.

- Eu sei. Nós brigamos muito e acho que ela tentou descontar a raiva dela em vocês. Eu sinto muito. – quando ele disse isso, percebi que ele era muito mais do que um rostinho bonito de alguém antipático, ele parecia ter um coração que batia e sentia pelos outros, embora ele disfarçasse quase sempre – Ela é uma vadia! Descobri que ela andou me traindo.

- E você gosta dela?

- Sei lá. A gente vive brigando e fica o tempo todo nesse vai e volta. Acho que gostar nunca é o suficiente, mas preciso estar com alguém pra me fazer acreditar que sou uma pessoa normal.

- Você merece alguém melhor do que ela.

- E sei. Ela é uma puta barata igual a mãe dela! – disse deitando na grama.

Fiquei calado por algum tempo e então respondi.

- Eu prometo que não vou contar pra ninguém. – falei isso e então me aproximei dele, com minhas mãos no ombro dele.

- E não tem que contar mesmo! Eu não sou veado! – disse fazendo careta. Não consegui conter a risada.

- Eu também não sou e não estou dizendo que você é. – respondi tentando acalmá-lo.

- Você não é veado? Então como você explica isso tudo? – fiquei calado, eu não tinha resposta, ou talvez não quisesse começar uma discussão. Ele arfou de repente, como se todos os seus escudos estivessem desarmados – Sabe, às vezes eu odeio minha vida. Tenho vontade de sumir.

- Você só precisa se libertar. – falei segurando a mão dele, que arregalou os olhos e se afastou lentamente.

- Tudo o que eu mais quero é ir embora dessa droga de cidade! Porque você veio morar aqui? Você não tem cara de quem gosta de praia.

- Eu não tive escolha. – falei me aproximando dele novamente.

- Quer parar de se esfregar em mim? Você é gay sim! – disse sério e depois de alguns segundos, começando a rir descontroladamente.

- O quê? Tá rindo de quê?

- Agora eu entendi tudo! Você é gay e armou tudo isso. Aposto que tava esperando a primeira oportunidade pra se aproveitar de mim né seu veado?

- Ora! E desde quando o mundo gira em torno de você? E você nem é tão irresistível assim. – falei cruzando os braços enquanto ele ainda ria.

- Tem certeza de que você não é gay? – disse Vinícius se jogando pra cima de mim e quase me beijando. Fiquei excitado na hora e ele logo voltou a rir quando percebeu.

- Vá se foder! – falei empurrando ele pro lado, que ria feito uma hiena – Será que só tem babaca nessa cidade?

- Não seja rabugento. – disse ele se contendo.

O silêncio tomou conta do lugar mais uma vez e ficamos assim por um longo tempo. Deitamos, ficamos olhando as estrelas e a lua, que aos poucos davam lugar ao alvorecer.

Sem perceber, Vinícius adormeceu e enquanto eu olhava pra ele, tudo o que eu conseguia imaginar era como ele iria reagir na manhã seguinte, se bem que ele não parecia estar tão bêbado quanto eu pensava.

Já era quase cinco e meia da manhã quando ele abriu os olhos e sorriu.

- Essa é a minha hora favorita do dia. – disse de repente.

- Porque?

- Lá no céu. É o momento em que a Lua e o Sol se beijam e só voltam a se encontrar no final do dia.

- Que poético. – falei encantado enquanto ele admirava os céus. Não demorou muito e ele voltou a dormir como um anjo. Até a expressão dele havia mudado, de arrogante para algo como um anjo.

Seus cabelos dourados agora estavam desgrenhados e nem assim lhe faziam ficar feio, sua pele era tão clara quanto as nuvens e seus lábios eram rosados e pequenos. Eu nem acreditava que tinha beijado ele.

Por volta das oito e meia da manhã voltamos para o prédio onde morávamo. Pra minha surpresa, Vinícius não ficou estranho comigo e nem ficou me tratando mal, na verdade, ele parecia ser outra pessoa.

Subindo as escadas, nos deparamos com Gustavo sentado no último degrau, debruçado sobre as pernas.

- O que tá fazendo jogado na escada? – perguntou Vinícius.

- Acho que esqueci minhas chaves no carro e não tem ninguém na república. – disse ele com uma cara de surpreso ao nos ver juntos.

- É um saco dividir carro com você. – Vinícius sentou ao lado do irmão e eu sentei logo depois.

- Cadê a Amanda? – perguntei tentando quebrar o silêncio.

- Sei lá, deve estar transando por aí. – respondeu Gustavo ainda com os olhos arregalados – E como vocês chegaram juntos aqui?

- De carro, seu idiota. – respondeu Vinícius, deixando Gustavo completamente sem graça.

- É que eu não esperava por isso. Pensei que vocês se odiassem. – ele inclinou a cabeça em minha direção com muito esforço e me encarou.

- Porque tá me olhando desse jeito? – falei suando frio.

- Eu fiquei te procurando por todo lugar. Você me deixou dançando sozinho e sumiu.

- Desculpa, é que eu… - comecei a gaguejar e Vinícius logo me cutucou, me ameaçando de morte subliminarmente.

- Eu tava muito bêbado e o Renan se ofereceu pra me trazer. Agora chega desse papo que eu quero dormir. – disse o loiro tentando se levantar – Droga! Minha cabeça tá girando.

- Senta aqui e conversa um pouco. – quando eu disse isso, ele me lançou um olhar cortante e sem dizer nada, sentou novamente.

Durante os primeiros minutos, ficamos em completo silêncio, estávamos exaustos, embora eu estivesse saltitando de alegria por dentro, não só por ter beijado Vinícius, mas por estar ali, com os dois.

- Há quanto tempo vocês moram aqui? – quebrei o silêncio sob os olhares dos dois.

- Acho que já tem uns dois anos. – respondeu Gustavo arfando – Mas nada disso importa porque eu quero me mandar desse lugar.

- Você também? Porque quer ir embora?

- Não tem nada pra mim aqui.

- Só sei que pra minha casa eu não volto! – disse Vinícius interrompendo o irmão.

- Porque? – perguntei de olhos fechados, já no automático.

- Não te interessa! Agora chega dessa conversa chata! Vou dormir! – disse Vinícius se levantando e indo em direção à porta da república.

Gustavo suspirou enquanto deitava no meu ombro sem se constranger.

- O Vinícius não fala com a mãe por causa do padrasto. – aquilo soava muito familiar para mim – Ela se juntou com um cara viciado em drogas que além de lhe fazer usar, também lhe batia sempre, até que um dia o Vinícius tentou defender a mãe e o padrasto o expulsou de casa. A mãe dele preferiu ficar do lado do padrasto e colocar o filho na rua.

- Então vocês não são irmãos de verdade?

- Somos filhos do mesmo pai. O papai era casado com a mãe do Vinícius e eu fui fruto de um relacionamento extraconjugal, por isso temos praticamente a mesma idade.

- E como vocês vieram parar nessa república?

- O Vinícius sempre foi muito retraído e talvez pelo papai ter deixado a esposa pra casar com a amante ele tenha ficado muito na defensiva com todo mundo. Depois que ele foi expulso de casa, o papai ainda tentou convencê-lo a morar com a gente, mas ele se recusava. Quando o Vinícius finalmente foi morar com a gente, todo dia tinha briga. Ele dizia que não havia espaço pra ele. No fundo, acho que ele se sentia mal por eu ter sido criado pelo papai e ele não, mas, mesmo assim, acho que ele gostava de ficar perto de mim. O Vinícius sempre foi meio carente de afeto, entende? Mas eu nunca desisti dele e quando eu ganhei a bolsa pra estudar aqui, eu sabia que meu irmão não poderia ficar desamparado. Com muito esforço ele aceitou que o papai custeasse as despesas aqui. Desde então a gente vem tentando ser irmãos próximos, acho que até agora tem dado certo. Ele é a minha maior motivação porque eu sei que por trás desse jeitão dele tem um cara carente. É minha obrigação cuidar dele.

- Nossa, eu… eu não sei o que dizer.

- Não precisa, acho que eu já falei muito. – disse Gustavo sorrindo.

- VOCÊ VAI ENTRAR OU NÃO? – berrou Vinícius para o irmão.

- Acho que eu vou nessa, não quero ficar trancado do lado de fora. – disse ele me puxando para um abraço e então beijando minha testa – Até mais, mano.

Fui aos céus e voltei quando Gustavo em chamou de mano.

- Mano. – repeti me sentindo a pessoa mais sortuda do mundo.


Notas Finais




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